Capítulo 26 - Solange, Diana e Milly
As quatro vassouras pousaram em uma das varandas das torres mais altas do Castelo de Morgana e os cinco desceram, fazendo com que seus sapatos fizessem um som de “Toc” ao atingir o solo.
Imediatamente as portas que fechavam a varanda se abriram e três mulheres de idades diferentes, vestidas tipicamente como bruxas, se revelaram. Cada uma delas tinha uma idade e uma aparência diferente. No mesmo instante, os quatro líderes se ajoelharam em sinal de respeito.
— Ahn... Quem são elas? – Alice achou melhor se ajoelhar também, mas imediatamente a mais velha delas a impediu.
— Não precisa se ajoelhar, menina. – A voz dela era rouca como as das bruxas das histórias infantis, mas seu toque era gentil. — Sabemos que não é um familiar, muito menos uma humana comum.
— Quem são vocês? – Ela perguntou meneando a cabeça e fitando cada uma das três.
— Somos as três bruxas da Primeira Ordem. As únicas remanescentes que viveram na Idade das Trevas. – A senhora continuou a explicar, sem tirar os olhos da garota.
— Você quer dizer a Idade Média? – Alice arregalou os olhos, espantada. As bruxas eram imortais? Então como Morgana morreu?
— Sim, querida. Você é tão parecida com ela. – A bruxa mais velha exibiu um sorriso amigável, seus cabelos grisalhos escapavam do chapéu preto e desgastado.
— Com ela quem?
— Morgana. – Com a menção ao nome da bruxa, as outras duas ficaram tensas e passaram a analisá-la com desconfiança.
— Solange, pare de dizer coisas sem ter certeza. – A bruxa do meio se intrometeu entre elas. Essa parecia ser uma mulher de cerca de 30 anos, e a mais nova, com cara de 15, a acompanhou.
— Não fale assim comigo, Diana. Sabe que minha idade significa que tenho mais experiência que você. – Retrucou a senhora de cabelos grisalhos, com olhar sereno. — Não é verdade, Milly?
— Tanto faz. – A mais nova deu de ombros como se não se importasse com nada, mas Alice percebeu que a jovem bruxa segurava a barra do vestido com nervosismo.
Solange parecia ter cerca de 60 anos, era a mais velha, com pele morena desbotada, muitas rugas, cabelos bagunçados e grisalhos e olhos castanhos muito gentis.
Diana era a do meio, possuía uma postura mais severa e parecia estar pronta para brigar. Tinha lindos olhos cor de violeta, cabelos bem pretos e cobertos por um capuz de mesma cor e lábios pintados de vermelho.
A mais nova delas era Milly, que parecia uma boneca. Tinha olhos azuis, cabelos mesclados entre preto, cinza e azul e a pele clara como porcelana. Ela também pintava os lábios de vermelho, parecia querer copiar Diana, mas era bem mais insegura e tímida.
— O que vocês vieram fazer aqui? – Diana se dirigiu diretamente ao Keith, sem cerimônias.
— Nós viemos apresentar a herdeira de Morgana e pedir permissão para lhe entregar o amuleto. – Keith respondeu num tom monótono, no mínimo se controlando para não pular em cima dela e acabar com aquela pose toda.
— Miau! Não vão nem nos convidar a entrar? – Alina cutucou num tom provocativo, roendo uma unha.
— Sigam-me. – Foi tudo que Diana respondeu, enquanto dava as costas a eles e se dirigia para o interior do castelo.
— Keith, nós não viemos aqui por isso. – Alice sussurrou enquanto seguiam as três bruxas para dentro de um enorme salão de cristal.
— Alice, fique quieta. Eu sei o que estou fazendo. – O gato preto retrucou com uma expressão preocupada.
Foram levados até uma mesa de cristal com cadeiras de cristal, no centro do salão. Todas possuíam tons de azul, rosa, roxo, lilás e salmão. Parecia um pôr do sol transformado em objetos.
Cada um sentou em uma das cadeiras, sendo que as duas bruxas mais velhas ocuparam as das pontas. Alice sentou-se ao lado de Keith, perto de Solange. Tom e Alina sentaram mais perto de Diana e Sophie ficou ao lado de Milly.
— Muito bem. Como pretendem provar que essa garota é descendente de Morgana? – Diana foi quem começou a discussão.
— Eu conversei com a deusa de vocês! Nyx, não é? Deusa da noite? – Alice se intrometeu antes que pudesse medir o que dizia. — Ela me disse que sou uma peça chave, a escolhida, e que sou descendente de Morgana.
— E o que nos garante que não está mentindo? – Diana pressionou, com olhar clínico para a garota tagarela.
— Diana, minha filha, preste atenção aos detalhes, veja os sinais e interprete-os corretamente. – Solange falou antes que qualquer outro deles pudesse responder. — Seu coração sabe a verdade, assim como o meu. Ela é a descendente de Morgana, escolhida para herdar a magia do medalhão.
— Eu ainda não confio nela. – Diana cerrou os punhos e bateu na mesa com força. — Para mim ela terá que provar na prática.
— Por mim ela não precisa provar nada. – Solange acrescentou com serenidade, e todos os olhares se voltaram para Milly.
— E-Eu acho que... – A voz dela vacilou com tantos olhares em sua direção e ela parecia querer se esconder.
— Você com certeza concorda comigo, Milly. – Diana sorriu para ela, mas não era um sorriso amigável e Solange a repreendeu, mas já era tarde demais.
— Sim. Concordo. – Milly assentiu veementemente com a cabeça, como uma marionete sendo controlada por sua dona.
— Perfeito! Então Alice irá ter que recitar o feitiço para desbloquear os poderes supremos do amuleto e colocá-lo no pescoço. – Diana declarou, se levantando. — Se realmente for a escolhida, tudo bem.
— E se eu não for? – Alice perguntou um pouco receosa.
— Então morrerá por conta da magia. Seu corpo será completamente consumido. – Diana possuía um sorriso diabólico e Alice começou a acreditar um pouco mais que nem todas as bruxas eram boas como Morgana.
— Eu não quero! Não posso fazer isso, Keith! Ela é louca! – Alice se dirigiu ao rapaz, assustada.
— O que disse?!? – Diana elevou a voz, fazendo as paredes tremerem.
— Alice, acalmem-se. – Keith foi obrigado a segurar o rosto dela com as duas mãos para que olhasse em seus olhos. — Minha missão, além de proteger o amuleto, é proteger você. Eu não permitiria isso se não tivesse certeza de que estará segura.
— Mas...! – Os olhos dela chegaram a marejar pelo medo que estava sentindo, seu coração batia forte no peito.
— Você confia em mim?
— Eu não quero morrer!
— Confia em mim? – Ele repetiu a pergunta e encostou a testa na dela. Era algo que Morgana fazia com ele quando estava assustado ou nervoso.
Alice assentiu com a cabeça e o abraçou forte. Isso o pegou tão desprevenido que suas bochechas ficaram vermelhas e Tom começou a zombar dele.
Todos se levantaram e seguiram Diana até o ponto mais alto do castelo: uma torre extremamente alta onde o gume havia sido transformado em campo de treinamento para as bruxas dali. Era o único lugar, por incrível que pareça, capaz de suportar a descarga de energia do amuleto caso tudo desse errado.
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