Capítulo 25 - Visita à Irmandade de Salém

No dia seguinte, Alice resolveu que não queria sair da cama, estava dando uma folga a si mesma por tudo o que passou no dia anterior. Não queria ver a cara de Lucian tão cedo e por isso não ia mexer nem no celular.

Tinha vontade de matá-lo.

Não conseguiria perdoar uma traição, ainda mais se quem estava sendo traída era sua melhor amiga. Tinha quase certeza de que Liza também não o perdoaria, mas não fazia ideia do que fazer para provar que Lucian era um canalha.

Mesmo sem vontade nenhuma de sair da cama, e havia dormido no casarão outra vez, Keith a convenceu a se levantar para irem juntos visitar a Irmandade de Salém.

Alice só não imaginou que ir para o reino escondido da Irmandade fosse fazê-la usar seus poderes de bruxa outra vez.

Para visitar as bruxas precisavam unir as quatro partes do amuleto de Nyx e Alice precisava recitar o feitiço que abriria o portal.

— Não tenho certeza se vou conseguir.

— Você vai. – Keith falou sem mais nem menos. Os quatro líderes formaram um círculo ao redor dela. Alice suspirou e começou a recitar o encantamento.

Transportatio Corpora
Locum Monasterii
Fratur Dicitur et
Fraternari Heks van Salem

Ela viu cada parte do amuleto brilhar. Primeiro foi o azul da água, depois, o vermelho do fogo, em seguida, o verde da Terra e, por fim, o branco do ar.

Ela foi capaz de sentir o poder de cada elemento superior: o calor do fogo, o frescor da água, a brisa do ar e os aromas da terra. Era uma sensação maravilhosa!

Quando abriu os olhos, notou um aro de energia roxa ao redor deles, e, conforme esse aro subia, eram transportados para o reino de Fortry, onde as bruxas restantes da Irmandade se refugiavam dos humanos e de sua crueldade.

Um dos problemas principais da Irmandade de Salém era o fato de acharem que todo e qualquer humano tinha a mesma mentalidade dos Hunters. Acreditavam serem todos cruéis e ambiciosos, esquecendo da época em que viviam em paz.

Ao chegarem em Fortry, Keith foi explicando para ela que naquele lugar só existiam Bruxas e seus familiares, os Gatos. O Reino era composto por um castelo central, uma vila que o rodeava, bosques e florestas, lagos e rios cristalinos, montanhas ao norte e uma linda praia ao sul.

O Castelo de Morgana foi como nomearam a enorme e esplêndida construção de cristal, em homenagem à bruxa mais poderosa que já existiu. Morgana era uma heroína para as demais gerações por conta de suas lutas para tentar manter a paz entre humanos e bruxas.

E por ser a única escolhida por Nyx, em todos esses anos, para guardar o amuleto da deusa.

Keith admirava muito sua antiga mestra e amiga, e a cada dia que passava desde a morte dela, seu coração pesava mais e mais. Morgana tinha sido uma Bruxa magnífica e também uma mulher incrível. Ela era o tipo de pessoa que sempre ajudava quem estivesse precisando.

— Então... este é o Reino Escondido de Fortry? – O feitiço do portal havia deixado-os no fim da floresta, às margens da vila de Incantix.

— Sim. É muito bonito, não é? – Sophie segurou um dos braços da garota e sorriu largo, estava muito feliz.

— Vocês já vieram aqui antes? – Ela perguntou, observando as expressões dos líderes.

— Só o Keith. – Sophie respondeu por todos. Tom e Alina estavam admirados demais para responder e Keith estava com um olhar pensativo e distante.

Alice observou o gato preto, que em sua forma humana se passava perfeitamente por um adolescente comum, e notou que aquele olhar trazia mágoa, tristeza, saudade.... Sentiu o coração apertar-se no peito e se aproximou dele, mas assim que fez um movimento para tocá-lo, ele se desviou e dirigiu a palavra aos demais.

— Quero que fiquem todos juntos. Nossa missão aqui é apresentar Alice às Bruxas da Primeira Ordem e fazer com que a reconheçam como uma delas.

— Espera! Não viemos por causa da situação dos meus pais? – E de repente algo importante a ocorreu. — Quem ficou com eles no casarão?

— Acalmem-se, por favor. – Tom pediu mais como um resmungo aborrecido. — Não somos irresponsáveis. Seus pais ficaram sob os cuidados de membros confiáveis da sociedade. Não que eles fossem se mexer.

Tom! Seja mais sensível! – Sophie protestou e rosnou para ele. — Não ligue para ele, Alice. Vamos!

Assim, os quatro líderes e a mais nova bruxa do reino seguiram pela vila atraindo olhares de estranhamento. Principalmente em direção à Keith e Tom, os únicos rapazes presentes ali. Os outros familiares do reino, mesmo que fossem machos, não eram capazes de se transformar em humanos.

O chão da vila era feito com areia batida e pedras cinzas, como paralelepípedos. As casinhas eram de madeira ou tijolos, mas eram muito bem-acabadas e davam um ar de cidade do interior ao lugar. As Bruxas ali usavam todo o tipo de roupas e acessórios, quase sempre em cores escuras, até aqueles modelos clássicos de vestido longo com chapéu pontudo.

Mas uma coisa era muito diferente das histórias contadas pelos humanos: as bruxas não eram todas velhas, feias, com narizes pontudos e verrugas. Algumas eram jovens e muito bonitas, até mesmo as mais velhas não eram criaturas horrendas como nas lendas.

Atravessaram metade da vila a pé, até que Alice começou a resmungar que seus pés estavam doendo e decidiram alugar um meio de transporte para chegar lá. A garota até pensou em transportar todo mundo com magia, mas ainda não sabia fazer isso e teve receio de que fossem parar muito mais longe.

— Agora nós vamos alugar as vassouras mágicas para ir ao castelo? – A garota questionou com tom zombeteiro, achando que seria uma boa piada.

— Claro. Achou que fôssemos de ônibus? – Alina retrucou sem muita paciência.

Cada um deles pegou uma vassoura, mas quando Alice as contou, percebeu que tinha uma a menos. Quando questionou onde estava sua vassoura Keith simplesmente respondeu que ela iria com ele, pois não tinha experiência com voo ainda e seria muito perigoso ir sozinha.

É claro que a garota reclamou muito, alegando que seria capaz de domar uma simples vassoura, mas quando subiu e Keith a fez voar, percebeu que a velocidade era acima do normal. Não era como pilotar uma simples bicicleta voadora.

Por isso se viu obrigada a agarrar a cintura dele com força e fechar os olhos forte, tinha um pouco de medo de altura e não era muito fã de velocidade.

— Não se preocupe, medrosa. Logo estaremos no castelo. – Keith a provocou com um riso leve e uma aceleração não necessária.

— Fique quieto e preste atenção para onde vai! – Foi tudo o que ela respondeu enquanto seu estômago se revirava pelo frio na barriga que aquele passeio aéreo estava lhe dando.

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