Capítulo 21 - O Ataque dos Hunters
Quando Alice soprou as velas e fez seu pedido mentalmente uma luz muito forte começou a brilhar no lugar onde antes estava o fogo da vela. Essa luz flutuou até a garota, que estava chocada demais para se mexer, e entrou nela como se fosse um fantasma possuindo um objeto.
Alice engasgou e começou a tossir. Keith e Sophie correram até ela e, depois que parou de tossir, perguntaram o que ela tinha desejado. Ambos estavam com os olhos arregalados de preocupação.
— Eu pedi... pedi para que conseguisse controlar meus poderes, que tivesse mais concentração. – E tossiu mais um pouco. — O que foi essa luz?
— Esse lado do casarão Katzen é governado pela magia, dessa forma o desejo que fez foi atendido por meio de magia. – Sophie explicou, sorrindo. — Que bom que não pediu para não ter sido escolhida.
— Por que eu pediria isso?
— Porque está com raiva de mim por ser tão rígido no treinamento? – Keith sugeriu, arqueando a sobrancelha. — Ou simplesmente por não gostar de estar correndo risco de vida.
— Na verdade, não pensei nisso dessa forma... eu só queria ser mais útil para vocês e para Nyx. – Ela sorriu de leve, enquanto começava a se sentir melhor.
Depois da confusão o bolo foi servido e Alice finalmente teve tempo de abrir os presentes. Alina deu a ela um anel dourado com uma delicada pedrinha branca, Tom escolheu dar uma caixa de cupcakes enfeitados em forma de gatinhos, Sophie deu a ela um porta-retratos para que colocasse uma foto dela com os CATS, e Keith...
Keith deu a ela um colar de prata com um pingente que era o símbolo dos CATS.
Ela não contaria a ninguém, mas o melhor presente era que se seu desejo tivesse sido atendido, talvez não precisasse mais treinar tanto e mesmo assim seria capaz de proteger a todos.
Voltou para casa naquela noite, feliz da vida por toda a consideração que os CATS tiveram por ela, mas jamais imaginou que ao chegar em casa encontraria a cena que encontrou.
Seus pais, ambos no sofá da sala, paralisados em frente à TV como duas estátuas.
O grito ficou preso em sua garganta, assim como as lágrimas ficaram presas em seu coração por conta do choque. Keith estava com ela na forma de gato, mas assim que viu a cena se destransformou.
— Alice? – Chamou-a só para ter certeza de que não estava paralisada também. — Alice, por favor, responda!
A garota cerrou os punhos sem saber o que estava fazendo e partiu para cima do gato preto, agora um humano, socando seu tórax com raiva e finalmente deixando que o choro escapasse.
— É tudo culpa sua! Se eu tivesse voltado para casa nada disso teria acontecido! Eu estaria aqui e teria...!
— Teria sido sequestrada.
Por um segundo Alice parou seu acesso de raiva e o encarou com olhos confusos. Seu coração se apertou no peito e, por fim, caiu a ficha.
— Foram os inimigos dos CATS, não é? O que eles fizeram?
— Sim. Provavelmente foram eles. – Keith se afastou dela com cuidado. — E devem ter deixado algum bilhete ou alguma pista.
— Temos que chamar a polícia!
— Para que sua casa seja interditada e seus pais se tornem objetos de pesquisa sobre vida alienígena? Acho melhor não.
— E para quem nós vamos denunciar isso? Não podemos simplesmente deixar passar!
— Primeiro vamos resolver o agora. Vou procurar pistas e você responde as mensagens da secretária eletrônica.
— Mensagens? – E só nesse momento Alice notou que havia uma luzinha piscando no aparelho do telefone.
Ela apertou o botão para deixar as mensagens serem repassadas e percebeu que seus pais tinham planejado um aniversário surpresa para ela. Tinham convidado algumas tias e primos, seu único avô vivo e Liza, sua melhor amiga.
As tias e tios tinham deixado mensagens reclamando que vieram, mas ninguém atendeu a campainha ou o telefone. Vovô Beto deixou um recado desejando os parabéns para a neta e explicando que não poderia comparecer por conta de uma pneumonia.
A última mensagem, que Alice pensou ser da amiga Liza, na verdade era uma gravação ameaçadora de uma voz masculina sinistra.
“Esses não foram os primeiros a sofrer com suas escolhas, Alice Riedel. E se não se afastar dos CATS, muitas coisas piores irão acontecer com aqueles que ama e, por fim, com você. Liza Martin está na mira do próximo ataque.”
— KEITH! KEITH, VEM AQUI! – Alice gritou alto o suficiente para a vizinhança toda escutar, por sorte, os vizinhos sabiam que havia adotado um gatinho chamado Keith.
— O quê?!? – O garoto veio tão rápido da cozinha que acabou derrubando algumas coisas no meio do caminho. As mãos de Alice tremiam enquanto digeria o que havia acabado de ouvir. — Você está bem?
— Acho que encontrei a mensagem. – E colocou-a para tocar novamente.
🐾
Keith e Alice resolveram levar os pais dela para o casarão Katzen, o que não foi difícil por conta do horário avançado. Já era quase madrugada. Colocaram os dois em um dos cômodos do lado mágico e não houve qualquer objeção por parte dos outros líderes.
Todos compreenderam que Alice estava passando por muitos momentos difíceis ultimamente e o fato de seus pais terem sido transformados em estátuas vivas não era algo facilmente superável.
— Tem certeza de que não vai causar problemas a vocês meus pais estarem aqui? – Alice perguntou pela décima vez. Havia optado por permanecer em casa, ou no casarão, e não ir à escola.
— Não. É melhor que fiquem aqui por conta de seu estado. – Keith repetiu, exausto de tanto dizer a mesma coisa. — Alina vai cuidar deles e tentar descobrir uma maneira de voltarem ao normal.
— E quanto a Liza? Disseram que ela será o próximo alvo.... – Alice estava com um olhar preocupado que fazia Keith se lembrar de gatinhos assustados, com os quais ele frequentemente tinha que lidar.
— Tom está vigiando-a. Não se preocupe, ele é muito bom no que faz. – Keith chegou mais perto dela e passou a encarar seu rosto, analisando-o.
— O que foi? Tem algo de errado com a minha cara?
— Não.
— Então por que está me encarando?
— Você está com cara de quem precisa de um carinho na cabeça.
Aquela afirmação tinha saído tão naturalmente da boca dele que Alice não conseguiu, apesar de tudo o que havia acontecido, segurar o riso. Ver aquele mesmo cara tão mal-humorado, que a treinou com tanta rigidez, agora observando-a com olhar de piedade e dizendo que precisava de carinho... era demais para aguentar.
— Tem certeza de que sou eu quem precisa de um carinho na cabeça? – Alice estendeu o braço e acariciou os cabelos macios dele, como a pelagem de um gato.
— Isso te faz sentir melhor? – Keith observou seus movimentos, atento.
— Sim.
— Então pode continuar.
— Obrigada.
🐾
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