A deusa da noite sorriu para ela, mas seu sorriso durou pouco quando os quatro líderes entraram correndo no cômodo sem qualquer anúncio. Tom foi o primeiro a se destransformar e praticamente pular em cima de Alice, derrubando-a no chão.

— O que está fazendo aqui? Este cômodo é PROIBIDO!

— Tom! Saia de cima dela! – Keith se adiantou e puxou o outro com um pouco de força.

— Ela invadiu o Altar, Keith! Não finja que não é grande coisa! – Tom se recuperou do puxão e encarou o gato preto cara a cara.

— Parem de brigar, por favor! – Sophie pediu com olhar suplicante. — Respeitem a deusa!

— Deixa eles. Quero ver até onde a briga vai. – Alina sorriu de canto e cruzou os braços, observando os dois rapazes se medindo.

— Keith, Tom. – Nyx chamou os dois com um tom sério e ao mesmo tempo gentil. — Gostaria que se entendessem melhor e que respeitassem a minha presença. Além do mais, precisarão trabalhar em equipe para enfrentar o mal que está por vir.

— Só um minuto! – Alice falou de repente e todos olharam para ela. — Eu acho que deveria sair agora. Não tenho nada a ver com essa coisa de perigo e tal...

— Muito pelo contrário, menina. – Nyx sorriu docemente, seu olhar possuía um brilho de esperteza que fez Alice estremecer. — Você é a peça-chave disso tudo.

— Olha, moça... senhora... deusa, sei lá! Eu só estou aqui para ajudar os gatinhos a comprarem comida ou algo assim. Cheguei nesse cômodo por engano, eu não queria incomodar seu descanso, ou seja lá o que estivesse fazendo antes. – Alice deu alguns passos para trás, mas uma força invisível a impedia de continuar se afastando.

— Alice Riedel, chegou a hora de você saber parte da verdade. – Nyx gesticulou para que Keith se aproximasse. — Conte a ela, meu querido.

— Contar o que? Eu não quero falar com alguém que me trata como criança! – A voz dela havia subido algumas oitavas e o olhar de Nyx não era dos melhores.

— Algo típico de crianças humanas é elevar a voz quando estão inseguras. – A deusa cruzou os braços e a encarou. — Negar a verdade simplesmente por não quererem acreditar é outro fator tipicamente infantil.

— Não sou uma criança! – Alice vociferou, esquecendo-se completamente de seus modos.

— E essa é a nossa escolhida. Vamos todos morrer. – Tom comentou revirando os olhos, mas silenciou-se assim que Nyx o fitou irritada.

— Escolhida? – Alice olhou de Tom para a deusa e dela para Keith. — Do que estão falando? Que papo é esse de novo?

— Alice, você é a descendente herdeira de Morgana, a bruxa mais poderosa que já existiu. – Keith falou simplesmente, segurando seus ombros e obrigando-a a olhá-lo cara a cara.

— Descendente herdeira? Como assim?

— Obviamente a linhagem de Morgana é extensa por parte de sua irmã, que foi um tanto quanto... fértil. O sangue que corria nas veias da bruxa, minha antiga mestra, corre em suas veias por parte de Salete, que em algum momento do passado tornou-se parte da sua árvore genealógica.

— Você está insinuando que tenho sangue de bruxa? Olha, o fato de bruxas existirem não me assusta, já que me apresentou toda a magia dos CATS e desse casarão, mas querer que eu acredite que tenho sangue de bruxa? Não acha isso um pouco além dos limites?

— Por que as mocinhas demoram tanto para aceitar o óbvio? – Tom resmungou, fazendo com que todos olhassem para ele. — O quê? É a verdade! Tenho certeza que todo mundo pensa assim! É um saco!

— Suponhamos, então, que eu acredite. – Alice tornou a encarar Keith. — Como pode me provar? Eu não sei fazer truques de mágica!

— Uma bruxa não faz simples truques de mágica, Alice. – A voz de Nyx tomou o altar novamente. — Venha comigo. Precisamos acelerar o despertar dos seus poderes superiores.

— Ir com você para onde? Poderes superiores? Isso é seguro? Eu nem sabia que tinha poderes e já quer que eu pule de nível? Isso é loucura! – Mas ao perceber o olhar da deusa, achou melhor se corrigir. — Com todo o respeito, sei que é uma... deusa, mas não acha que está se precipitando?

— Não há o que temer, Senhorita Riedel. – Nyx sorriu gentilmente. — Keith será seu mentor.

— Ainda não disse para onde quer que eu a siga. – Alice olhou para a mulher, desconfiada.

— A escolha é sua: ou me segue para ganhar seus novos poderes ou provavelmente morrerá por conta daqueles que estão caçando-a.

— Beleza! Eu vou com você! – A garota se apressou, sem pensar duas vezes.

Mesmo que isso tudo fosse loucura, era muito melhor seguir uma deusa para ganhar poderes mágicos do que continuar teimando e acabar sendo morta por seja lá o que estivesse caçando-a.

A deusa pediu para que os líderes voltassem a seus afazeres e que apenas Keith as seguisse através do portal que os levaria ao verdadeiro altar divino da deusa da noite. Quando passaram pelo portal, Nyx os instruiu a darem as mãos para que não se perdessem no espaço-tempo.

— Eu não gosto de viagens por portais. – Alice resmungou sentindo-se um pouco enjoada, Keith a escorava com delicadeza.

— Tenho certeza de que seus novos poderes compensarão o enjoo que está sentindo. – O gato preto brincou e riu da expressão que a garota fez.

Nyx os guiou por todo o caminho que levava até seu templo e verdadeiro altar. Alice a seguiu de perto, sem deixar de admirar cada canto daquele lugar que parecia até mais bonito e vivo do que a Floresta Encantatio. Passaram por diversos caminhos com árvores roxas luminosas. O céu escuro vibrava com estrelas brilhantes e uma lua cheia perfeita e magnífica.

Os caminhos até o templo eram feitos com pedras pretas como o ébano, mas que cintilavam como diamantes. Era tudo tão bonito, que por alguns segundos Alice esqueceu-se de tudo o que estava acontecendo e do verdadeiro motivo pelo qual a tal deusa estava lhe presenteando com poderes novos e mais fortes.

— Chegamos à minha morada.

Nyx parou em frente a uma construção colossal, que parecia um castelo feito de cristais roxos e azuis. Possuía torres tão altas que pareciam tocar o céu e Alice pediu mentalmente para que houvesse um elevador lá dentro. A deusa abriu os portões do Palácio da Noite e os três entraram juntos para iniciar um caminho sem volta para Keith, Alice e todas bruxas e CATS.

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