Capítulo 24 - Depois da tempestade

ALAN NARRANDO
A polícia levou o Padre Federico para a delegacia de San Diego. Já que a xerife e o Prefeito foram presos, não tem ninguém tomando conta daqui. Eles colheram nossos depoimentos e foram fazer uma operação no Bordel de EastCity. Finalmente vão fechar aquilo lá.

Solange foi com a polícia até a casa dela para falar com os seus responsáveis. Acho que vamos responder por invasão e arrombamento. Um policial disse que só vão comunicar o ocorrido.

- Escutem, vocês são menores de idade, então preciso que seus pais me acompanhem para o depoimento. - O policial falou.

- Senhor, eu sou emancipado. Acho que meu depoimento não precisa ser revisto. Posso ir pra casa? - Bello pergunta.

- Você pode. - Disse o policial para Bello. O policial saiu por um instante e me deixou sozinho com Bello.

- Você é emancipado? - Perguntei a Bello.

- Sim, meu irmão tinha medo de que ele morresse e eu fosse para um orfanto. Então ele fez 18, pegou minha guarda e me emancipou. - Ele me explica. - Bem... vou pra casa caçar notícias com o Samuel sobre como está meu irmão. Até mais.

SAMUEL NARRANDO
Em casa. Essa é a melhor sensação que há. Só de pensar que há dois dias eu estava com uma arma apontada na minha casa...

Prefiro esquecer isso. Aquele dia era Solstício de inverno, 22 de dezembro. Hoje é 24 de dezembro. É Natal. Minha mãe ficou louca quando soube o que eu tinha feito. Mas ela ficou orgulhosa por eu ter salvo tantas vidas. Espero que onde Jackson esteja, ele também esteja orgulhoso.

O resultado de tudo foi bem satisfatório. Os Wolverstyle estão todos presos, assim como vários dos convidados. Catarina está sob comando direto do estado da Califórnia. As drogas foram recolhidas. O Bordel foi fechado.

Mas duas coisas que não saem da minha cabeça. Taylor e Edward Wolverstyle. A Taylor sumiu do mapa. Ninguém sabe onde ela foi parar. O Padre Federico foi pego, mas ela fugiu. E tem Edward.

Ele sempre foi um babaca. Insultava a todos, era homofobico, um valentão, traficava drogas e tinha ódio declarado aos pobres. Mas naquele momento, quando ele estava a beira da morte, pude sentir um pouco de arrependimento. Não sei se ele está vivo, mas se estiver, espero que ele fique bem.

- Filho, venha aqui. - Minha mãe me chama. - Sabe... eu quero fazer algo diferente esse Natal. Em vez de sermos só nós dois e alguns parentes. Você me contou muita coisa, e a polícia também. Você mudou. Não é mais aquele Samuel que eu internei em Los Angeles, é um novo homem.

- Em que você está pensando, mãe?

MELISSA NARRANDO
Tomei um tiro. Ainda não consigo acreditar que um mercenário atirou em mim. Mas já estou melhor, embora eu vá passar o Natal no hospital. Estava sozinha enquanto meus pais foram na lanchonete para comer alguma coisa. Então, ele sirgiu:

- Feliz Natal, esperro que goste! - Jacquie voltou. Tem muito tempo que eu não o vejo. E ele me deu um presente.

- Jacquie! Que bom te ver. - Eu me levanto com dificuldades e o abraço. - Onde esteve?

- Acho que não vai gostar, mas... eu fui em Idaho com Jacob, Alejandro e Samuel.

- Por que?

- O leilão. Ers tudo verdade. Peça sua mãe o celular dela emprrestado e veja! Eles entrarram lá e filmarram. Eles estão presos. Acabou.

Nessa hora, me bateu um alívio. Finalmente acabou.

SOLANGE NARRANDO
Eu, minha mãe, meu padrasto, Jacob e a avó dele estão a mesa. Jacob nunca esteve tão orgulhoso de si mesmo. Ele eliminou um quartel de drogas. Acho que agora, ele se sente realizado.

ALEJANDRO NARRANDO
Estamos agora mesmo no cemitério. Eu e Bello estamos em frente aos tumulos de nossa mãe e do pai dele.

Mas não estamos sozinho. Eu e Bello temos saudades deles. Estamos sozinhos na vida. Só temos um ao outro. A vida foi cruel conosco.

Mas estamos com alguém que enfrenta agora a perda. Me desloco da frente da lápide de minha mãe e vou em direção a Juan. Ele está sentindo agora a morte da mãe. Lágrimas silenciosas escorrem por seu rosto.

- Me desculpe, Juan.

- Se desculpar pelo quê?

- Eu te meti nisso. É tudo minha culpa. Quando comecei com isso, não era por empatia, era por vingança. Eu fiz tudo isso. - Digo com vergonha de minhas atitudes.

- Não é sua culpa. Eu fiz muita coisa errada. Minha mãe também, ela se envolveu com pessoas erradas. Principalmente a Taylor. Se não fosse por você, todas aquelas pessoas seriam traficadas. - Ele diz e vem até mim.

Ele me abraça e chora em meu ombro. É a primeira vez que abraço alguém em muito tempo. Eu só abraço meu irmão e Alan. Eu correspondo o abraço e fico lá com ele. Bello se une a nós.

Depois de um tempo estava ficando escuro. Então fomos para casa. Juan foi para a casa dele, e nós para a nossa.

Chegamos e não tiramos os casacos. É frio demais durante o inverno, mesmo que não neve. Fomos para a cama do quarto do Bello. Comemos alguma coisa que tem na geladeira.

Eu quero conversar com o FBI, pedir uma bolsa pra Bello estudar em San Francisco ou em Los Angeles. A gente não tem mais dinheiro. Tudo o que juntei da prostituição vai acabar.

Faz anos que não comemoramos o Natal. Nunca ganhamos um presente. Nunca tivemos um jantar de Natal como aquele dos filmes. O American way of life é uma mentira, nem todo mundo tem uma vida digna nesse lugar. Mas pelo menos eu tenho Bello. Enquanto eu tiver ele, estarei feliz.

O celular de Bello toca. É juan. Ele nos chamou para ir até a casa dele, parece ser urgente.

Nós saímos em rumo de WestCity. Não temos coragem de olhar para o lado e correr o risco de ver uma janela aberta. É duro olhar as famílias unidas e festejando o Natal. Mas nós não temos o que comemorar, essa é uma data como outra qualquer.

Ao chegarmos na casa de Juan, ao abrirmos a porta, vemos uma cena inacreditável.

Uma árvore de Natal, uma mesa grande com muita comida natalina, todos com suéteres de natal. Estavam lá dentro Juan, Samuel, a mãe de Samuel, Alan, o pai e a madrasta de Alan. Acho que estou prestes a conhecer meus sogros.

- O que é tudo isso? - Bello pergunta confuso, assim como eu estou.

- Isso é o Natal. Sei que sempre passam o Natal sozinos rapazes, então dei essa sugestão a todos. - Disse a mãe de Samuel.

NARRADOR
Bello e Alejandro estavam encantados, com grossas lágrimas brotando dos olhos, eles teriam um Natal farto e feliz pela primeira vez desde a morte do pai de Bello.

Alejandro se deu muito bem com seus sogros. Ganharam presentes de todos. Até Juan estava feliz por estar entre amigos.

Mas do lado de fora, olhando para a janela sem que fosse vista, estava uma garota. Ela via aquela cena e pensava:

- Eu tive tudo, e perdi tudo. Agora estou aqui, faminta e com frio. Não deveria acabar assim. Não vai acabar assim. Eu já estou ferrada mesmo, não custa nada levar alguém junto.

E com esses pensamentos, Taylor Wolverstyle seguia em rumo a casa de Katy, já que estava escondida no porão da mesma sem que ela soubesse. Ela pediu abrigo a amiga, mas Katy disse não. Ela não gostou de saber quem era sua amiga de verdade. Pois afinal, Taylor não tinha mais nada, só a arma que usou na igreja. Taylor conseguiu uma arma, uma arma carregada. E els tinha ódio no coração. Ela tinha uma determinação, se vingar daqueles que se vingaram dela.

E esse seria o primeiro passo para essa história chegar ao fim.

SAMUEL NARRANDO
Já é começo de Janeiro. Agora eu, Alejandro e Bello vamos sempre juntos para a escola. É um dia normal. Nos encontramos com nossos amigos na frente do Colégio. Alejandro e Alan estavam se beijando. Jacquie e Melissa estavam em um canto de mãos dadas. Eu e Bello segurávamos vela para os dois casais ao nosso lado.

Depois de mais alguns beijos e abraços, Alejandro saiu de perto de Alan um pouco. Para podermos ir para a aula. Ele parecia tão feliz. E acho que essa é a imagem que vou guardar dele.

POOOW.

Só ouvimos um tiro certeiro. Por maldade do destino, um tiro certeiro no coração acertou Alejandro. Ele estava lá sangrando. Alan e Bello desesperados ao verem ele naquela condição.

Eu olhei para a direção do tiro e vi Taylor. Ela estava um trapo. Corri até ela e tirei a arma de sua mão. Ela nem resistiu.

- Posso ter perdido tudo, mas ainda tenho minha vingança.

- Louca!

Segurei ela ali até a polícia chegar. Mas o socorro demorou. Alejandro estava nas últimas. Então ele proferiu sua últimas palavras.

- Acabou pra mim. Bello, eu te amo. Você é a coisa mais preciosa para mim. Alan, eu te amo, toma conta dele pra mim? Eu não posso mais suportar. Obrigado a todos, eu morro sabendo que não fracassei em levar justiça a uma terra sem lei. Adeus.

E assim, Alejandro morreu em frente aos nossos olhos.

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Esse foi o penúltimo capítulo. Falta mais um e Catarina chegará ao final. Espero que a história esteja sendo de agrado.

Às vezes algumas histórias não precisam de um final feliz para serem marcantes.

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