Capítulo 10 - Que a guerra comece
SAMUEL NARRANDO
Foi muito bom. A comemoração do aniversário de Catarina. Mas agora não me resta nada senão acordar e ir para a escola.
Tomo meu banho, faço a barba, e me visto. Assim que chego na cozinha para tomar café, minha mãe me fala a grande notícia.
- Filho, hoje não tem aula. Ontem a noite ocorreu uma explosão no laboratório de Química. - Minha mãe fala com evidente preocupação. - E parece que foi criminoso. Alguém deu um jeito de causar esse incêndio. Pois dizem que picharam a escola. Vai ficar em casa o resto da semana.
Estou chocado. Como alguém é capaz de fazer isso com uma escola? Minha mãe sai para trabalhar na padaria do Senhor Cristóvão, um senhor português que vive aqui. Ela é confeitaria. Dou graças a Deus por ela não trabalhar na fábrica de enlatados. Se os filhos já são horríveis, imagino o Senhor Wolverstyle.
Fico sozinho em casa. Está até chato aqui. E como não tenho nada pra fazer, resolvo dar uma volta em Catarina para ver o que tem na Cidade.
Essa caminhada me foi útil. Descobri onde tem uma loja de doces, um parque de skate e uma academia. Estou agora mesmo na Praça principal tomando sorvete. Observo os homens desmontando o palco do concurso de Rainha Rosa e Rei Cravo... ou melhor, Rei Copos de Leite.
Resolvo ir até a escola. Ver como está a situação. A faxineira está limpando uma pichação na porta da escola com ajuda da professora de Inglês.
Daqui da pra ver a janela do laboratório. Está tudo coberto de foligem. Mas não parece ter dado tempo do fogo se espalhar.
- Paisagem bela, não? - Ouço a voz de Juan. - Samuel, vou ter que te pedir um favor. Eu sei que queria ajuda com Alejandro, mas pare. Depois disso, tenho medo de tudo o que ele é capaz de fazer.
- O que? - É isso mesmo que eu ouvi? - Quem fez isso foi o Alejandro? Ele foi pego?
- Não. A polícia não sabe quem fez. Mas só pode ter sido ele. Limparam as pichações. Mas minha mãe disse o que estava escrito na porta da sala dela. - Ele está triste. - Sabe... se fosse só por espionagem e perseguição, eu iria pra cadeia de boa para não ser vítima das chantagens dele. Mas ele está usando a minha mãe.
- O passado de bordel? Ele me contou.
- Não é isso. Ela foi prostituta por 9 anos, mas foi a administradora do Bordel de EastCity por 15 anos. E depois ela saiu para comandar a escola a pedido da xerife Wolverstyle, uma tal de Giovanna assumiu, dizem que ela foi uma grande cafetina no Brasil. Ela já está a 6 anos na direção, mas se souberem desse passado, os pais vão pedir que o prefeito mande ela embora. - Ele está com lágrimas nos olhos. - Estou na mão dele.
- Você errou. E acho que está pagando seus pecados, mas não o negarei ajuda. O Alejandro passou dos limites.
ALEJANDRO NARRANDO
Estou caminhando feliz por fora da igreja de EastCity. Olho para esse lugar e penso naquele diabo do Padre Federico. Para um seminarista, ele parece o próprio Lúcifer.
Caminho para o centro. Vejo a pista de skate. Queria ter uma vida normal. Andar de skate, beijar outros garotos, pensar em ingressar em uma universidade, estudar mais e sair com amigos. Mas sei que não posso mais.
O que ganho dos Wolverstyle nunca foi muito, mas graças as economias que fiz durante meu tempo de garoto de programa, consigo manter a mim e ao meu irmão. Só preciso esperar até novembro, e então terei 18 anos e assim irei tomar oficialmente a guarda do meu irmão.
Estou olhando os garotos quando ouço a voz daquela megera.
- Escolhendo em quem botar fogo? - Me viro e olho bem nos olhos de Taylor Wolverstyle. - Já sabe quem é seu próximo alvo, piromaniaco?
- Estou olhando para ele. - A respondo com um sorriso no rosto. Nunca vou demonstrar fraqueza, ainda mais contra Taylor. Ela não é como Edward. - E você? Vai espionar mais alguém com algum filho de cafetina? Vai dar os nomes para o Padre... ou melhor, para o Diabo?
- Não chame Federico de Diabo, mas se você quer saber. Tenha medo. Pois o Diabo está do meu lado. - Ela me olha com seriedade.
- Por que não me poupa do trabalho? Me dê o que eu quero. - Sou direto.
- É muita coisa para cobrar por um simples processo trabalhista. - Ela responde. - E daí se alguém morreu?
- Por causa daquela maldita fábrica, meu irmão cresceu sem pai. - Eu a respondo.
- Você nunca teve, e parece estar muito bem. Você é independente e não tem ninguém te regulamentando. Não ligue para a morte de alguém que não é nada seu. - Maldita seja ela.
- Só vim te dar meu recado. Eu tenho coisas mais importantes pra fazer. Mas saiba que não estou sozinha em nada que eu precise fazer.
- Tudo bem. Mande quem quiser. Que comecem os jogos.
SAMUEL NARRANDO
Passei a semana passada inteira saindo com Solange e Melissa. Alan está dando aulas particulares para um menino de EastCity e não pôde sair muito.
Estou novamente na escola. Parece tudo normal. Limparam todas as pichações e limparam o dano causado pelo fogo. Então só interditaram o laboratório.
Estou em rumo ao meu armário, mas ele parece não existir mais. Ele estava arrombado. E não tinha nada. Eu guardava o uniforme de educação física e alguns livros nele. E sumiu tudo. Mas tinha uma sacola lá dentro. E tava fedendo muito. Parecia o cheiro que ficava o quintal de casa na época que tinha cachorro lá em casa. Pera aí...
- EDWARD WOLVERSTYLE.
E como mágica aquele filho de uma boa puta apareceu com um sorrisinho no rosto.
- Foi você que arrombou meu armário e deixou uma sacola fedendo nele? - Eu já ia dar uns tapas nele.
- Que sacola? A de bosta?
- Sim. - Falo impaciente.
- Fui eu mesmo. - Ele fala e sai dali todo contente.
Meu sangue ferveu. Agora eu ia dar pra ele tudo o que ele merecia. Me virei com hostilidade para pegar a sacola. Melissa viu o que eu ia fazer e disse.
- Para! Não faça nada de que vá se arrepender mais tarde. - Ela tenta me impedir.
- Não se preocupe. - Eu a acalmo. - Eu não vou me arrepender do vou fazer.
E com uma mira certeira lancei aquela sacola de cocô de cachoro em Edward. A sacola rasgou assim que atingiu ele. Da próxima vez, ele deve pensar melhor no que fazer.
- Samuel Mendes. - Ouvi essa voz e quase morri de medo. Olhei para trás, e a diretora Milkovich está atrás de mim. - Para minha sala. Agora.
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