Prólogo
— Tem certeza que é aqui? — a voz delicada perguntou em um tom duvidoso ao olhar para o sapato surrado na mão do colega.
— A pena não mente — disse com indiferença, o sotaque espanhol carregado. Ele observou o furo do sapato encardido com um semblante confuso. O calçado estava muito velho para alguém realmente usar, mas era a única pista que tinham. — De qualquer forma, temos que tentar.
Os olhos castanhos da garota morena se dirigiram para a porta atrás de si. Não havia mais ninguém trabalhando lá, mas mesmo assim... se algum trouxa os visse fazendo magia, as consequências seriam péssimas para eles.
— Tudo bem... — concordou ela, com certa relutância. Ela se afastou alguns passos do colega e cruzou os braços, apoiando as costas em uma lata de lixo verde que estava em pedaços.
Ele puxou o capuz para trás, revelando um cabelo loiro bagunçado. Agachando-se, colocou o sapato exatamente onde ele estava antes dos dois chegarem.
— Se tem testemunhas, temos pistas — murmurou enquanto sacava uma varinha de madeira escura de quinze centímetros do bolso interno do robe verde vivo. — Appare Vestigium! — exclamou. Girando sobre os calcanhares, ele levou a varinha para a boca e assoprou uma névoa dourada carregada de finas pétalas de ouro que depois de alguns segundos se desfizeram no ar, juntando-se à névoa também.
Apesar de toda a tensão em serem pegos, a garota soltou um suspiro de admiração ao ver a névoa dourada. Não era um feitiço ensinado na escola, ela sabia bem, além de ser avançado. E bonito. Ela já tentara executar o feitiço algumas vezes, mas não obtivera sucesso. Ter a chance de vê-lo mais uma vez com certeza era algo útil para o próprio aprendizado.
Concentrado, o bruxo se afastou alguns passos, procurando qualquer coisa relevante em meio à névoa que pudesse ser útil.
— Aqui! — exclamou a moça, apontando para pegadas douradas que surgiram na sua frente. Ele correu até as pegadas e deixou que sua varinha caísse em uma posição vertical, fazendo-a afundar apenas até a metade, como se o chão de cimento ainda estivesse molhado. A mesma névoa amarela saiu da ponta da varinha, expandindo-se e retorcendo-se, até criar a imagem de um homem observando uma garotinha com apenas um sapato no pé sair correndo.
Por conta da névoa, os dois estavam um tanto amarelados e trêmulos, mas a expressão de confusão do homem era nítida. Ele alternava o olhar entre a garotinha que fugia e a lixeira atrás dele — recém explodida —, com lixo por toda parte.
Vendo que seria inútil correr atrás de uma criança, os bruxos viram o homem amarelo se dirigir até a porta e a fechar.
A névoa ao redor deles desapareceu.
— Certo, o sapato realmente pertenceu à garota — o loiro disse antes de apontar sua varinha para o calçado — Quaerere.
No mesmo instante, o sapato tremeu no chão e deu um pulo para frente. Como se tivesse consciência própria, ele virou rapidamente a ponta furada para os lados como se decidisse qual direção tomar.
Apontou por fim para a direita e deu outro salto por cima de uma latinha de energético vazia — dessa vez na direção em que a garota fora na visão da névoa.
O loiro guardou a varinha no bolso interno e, colocando novamente o capuz sobre a cabeça, deu alguns passos na direção do sapato antes que a morena entrasse na sua frente com um olhar incrédulo.
— Você vai mesmo segui-lo? E se ela não fora a dona original?
O garoto revirou os olhos.
— Ela pode ter ganhado — replicou, tentando contornar a colega. O sapato já dera alguns pulos para longe e perdê-lo de vista era algo que definitivamente não poderia acontecer. Imagine o que aconteceria se algum trouxa visse um sapato saltitante pelas ruas? — Vamos, Bia, a gente tem que tentar. É a nossa única pista.
Ela cruzou os braços, mas dessa vez não o impediu de passar por ela.
— Você não tem jeito mesmo... — bufou. — tudo bem, tudo bem, vamos.
[Alguma alma bondosa para deixar uma estrelinha?]
Olá, meus leitores! Sejam bem-vindos ao meu primeiro livro de 2022!
E por falando em 2022... quais são suas expectativas para esse ano? Estão empolgados ou acham que será apenas mais um ano pandêmico e com tudo fechadão de novo?
Bom, mas uma coisa é certa: terão CasteloBruxo para ler esse ano, sem sombras de dúvidas. Fiquem ligados nas atts porque serão frequentes.
Espero que gostem dessa épica aventura de Menina. Vão me contando o que tão achando, certo?
Até breve!
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