2 - Dois estranhos encapuzados

Quando Menina se sentou ao lado de Tatá, ela estava ofegante e suja. Ela abriu sua bolsinha e tirou de lá a garrafa d'água que conseguiu. Ela sabia que não podia, mas estava tão exausta que não foi capaz de conter seus instintos ao tomar os dois dedos de água em um só gole.

Tatá observou tudo em silêncio, sem protestar ou suspirar. Ela observou a criança fazer uma careta amarga ao olhar para a garrafa agora vazia, engolindo saliva com dificuldade.

A senhora conhecia muito bem aquela sensação, dos tempos em que suas pernas eram jovens e ela corria por muitas quadras até que conseguisse despistar as pessoas que a perseguiam.

... ou pelo menos as que notavam as mãos leves de Tatá retirando seus relógios caros e carteiras de seus bolsos.

Por isso, a senhora de cabelos brancos esperou pacientemente os batimentos menininha ao seu lado se normalizarem antes de perguntar:

— Trouxe alguma coisa que valha a pena?

Sem olhar para a mais velha, Menina tirou a bolsa do corpo e a ofereceu.

Com as mãos trêmulas e os olhos escuros brilhando de fome, Tatá abriu a bolsinha com avidez, olhando com orgulho para os pedaços de pão, broas e até mesmo algumas migalhas de pães de queijo.

Sem cerimônias, ela começou seu banquete.

— Vamos nos mudar hoje pela madrugada – anunciou ela entre as mordidas. – É arriscado, mas quero que você convença os gringos a te darem comida durante a noite. – Tatá apontou para Menina. – Você está muito magra.

— Não vai se repetir — garantiu menina. — A gente ainda pode ficar aqui mais um tempinho e...

— Não. — O tom duro que Tatá usou significava que não havia discussão e que ela não mudaria de ideia nem se Menina tivesse dividido aquele bolinho com ela. — Seu braço está vermelho. O homem com certeza estava muito bravo e vai ficar atento pelas próximas semanas.

Menina bufou. Era sempre assim. Desde que conhecera Tatá, as duas mantinham uma vida nômade, nunca ficando mais do que duas semanas no mesmo lugar para que nenhum restaurante conseguisse decorar o rosto delas.

Era uma estratégia muito inteligente, ela reconhecia, mas... puxa! Ela amava a Avenida Paulista. Apesar do fluxo de pessoas ser muito maior do que a maioria das outras ruas que elas ficavam — o que tornava pisões muito frequentes pela manhã — os restaurantes e comércios brilhavam a noite e haviam muitos parques para Menina pegar lanches de pessoas desatentas e, às vezes, até mesmo brincar um pouco com as outras crianças que não se importavam com as roupas que ela vestia e nem a julgavam por estar suja.

Mas pela mudança e fluxo rápido de pessoas, ela sempre se perguntava se alguém ficava realmente tanto tempo por lá ao ponto de conseguir decorar o rosto das duas, mas Menina jamais ousou discutir isso com Tatá — mais por medo de seu tom duro do que de qualquer outra coisa.

— Como você fugiu? — indagou Tatá, descontraidamente.

Menina deu de ombros, inocente.

— Eu gritei e ele se assustou. Daí a lixeira explodiu e eu fugi.

Tatá arqueou a sobrancelha branca, parando a boca na metade da mordida.

— Lixeiras não costumam explodir.

Menina deu de ombros.

— Mas aquela explodiu — ela estendeu a mãozinha para pegar um pedacinho de um pão de queijo. — Ele também falou que eu tenho pedigree. Isso não é nome de ração de cachorro?

— Não sei — Tatá deu de ombros, voltando a comer. — Mas eu ouvi muita gente usar isso pra se referir aos ricos.

— Ricos são pedigrees?

— Acho que sim, Menina.

— Mas eu não sou rica!

Tatá deu de ombros novamente e apontou para a criança.

— Mas parece com um. Veja, seu cabelo é loiro e você tem a pele muito clara.

— E o que é que tem?

— Você já brincou com muitas crianças de rua – ela olhou para a bolsa vazia com um olhar triste, passando a língua pelos lábios. Ela os mordeu de leve antes de prosseguir. – Você podia contar nos dedos as crianças de pele clara e, mesmo assim, não eram tanto quanto a sua.

— Não tô entendendo, Tatá... — ela franziu o cenho, observando o próprio pulso branco. Ela nunca viu vantagem naquilo. Em dias de sol, sua pele ficava vermelha e ardia quando tocavam nela. Enquanto que Tatá e as outras crianças, por terem uma pele mais bronzeada, nunca sofreram daquilo.

Para ela, as crianças de pele escura eram sortudas pois podiam brincar no sol por mais tempo.

— Em outras palavras, tu parece como aqueles gringos — ela suspirou — você não entende muito do mundo, criança, mas as pessoas julgam uma as outras por causa da cor da pele. E do cabelo. O Brasil tem pouca gente loira como você.

— Então... — ela estava começando a entender. — Meus pais são gringos?

— Isso eu não tenho como dizer, Menina, mas com certeza eram ricos.

— Se eles eram ricos, eles podiam ter me sustentado, não é? — Menina não costumava pensar muito nos pais, pois não se lembrava de nada deles. Na verdade, suas memórias mais antigas eram de dois anos atrás. Ela sabia a passagem dos anos porque, quando o ano mudava, fogos de artifício estouravam no céu. Mas, se ela tentasse forçar as memórias para além do ano retrasado, sua cabeça doía.

Por isso, ela assumiu que fosse apenas mais uma criança como as outras com quem brincava na rua: de família pobre, mas tão pobre, que, sem dinheiro para cuidar do filho, o deixara com algum assistente social e dera no pé. Fim de história. Não era necessário pensar muito nisso.

Porém, a informação que acabara de receber de Tatá voltara a deixa-la confusa. Ela não queria, mas a ideia de que seus pais eram ricos e mesmo assim a deixaram com a assistência social fez sua cabeça se aquecer de raiva.

A amiga não respondeu. Ela nunca respondia nada sobre os pais de Menina, porque, de acordo com ela, tudo era apenas suposição. Afinal, elas apenas se conheceram no ano anterior. Mas Menina ainda estava muito pensativa com a nova informação:

— Eles poderiam ser estrangeiros pobres, não?

Tatá riu secamente, mostrando seus dentes pretos e, até mesmo, a falta de alguns deles. Aquilo sempre assustou Menina. Se ela perdesse os dentes como Tatá, ela jamais poderia comer maçãs novamente. Tatá sempre ficava muito triste ao ser obrigada a recusar as frutas que Menina conseguia trazer às vezes. Por isso, a mais nova fez questão de comprar escova e pasta de dente para elas com o dinheiro da esmola. As duas passaram muita fome aquela noite, sim, mas pelo menos Menina manteria seus dentes.

A mais velha olhou para o movimento da rua, pensativa, antes de responder:

— Dificilmente, criança. Você sabe a língua dos gringos e eu desconfio que não seja apenas de um país, não. Você sabe ler e a sua forma de falar indica que você teve uma certa educação. Não, se eles fossem pobres, você não saberia nem metade dessas coisas, mesmo sendo gringa.

Menina não respondeu. De fato, ela já havia notado que sabia muito mais do que as outras crianças. Ela podia não saber o próprio nome e ter adotado "Menina" para si por que era como todos a chamavam (além de ser fácil de decorar e não possuir um significado exatamente bonito, como os que as meninas da assistência social gostavam de ficar repetindo, talvez por ser uma das poucas coisas que sabiam de verdade).

Além disso, Menina nunca fora para a escola, o que deixava a origem de suas habilidades com leitura ainda mais misteriosas. Mas, como já dito, ela decidiu não pensar muito sobre aquilo, preferindo usar suas habilidades para conseguir comida.

Essa era a única coisa que poderia fazer, de qualquer forma.

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Aquela conversa mexeu com Menina mais do que Tatá gostaria. Ela passara o dia com o olhar baixo, observando as pessoas com desinteresse, o que fez com que as pessoas dessem menos dinheiro para elas no semáforo.

A mais velha sabia muito bem como a falta de um passado afetava as pessoas. Ela já vira muitas crianças correrem na direção de carros em movimento, na tentativa de acabar com o sofrimento de uma vida sem sentido.

O passado, Tatá percebeu, é muito mais perigoso do que qualquer roubo ou assalto. As pessoas tendem a se prender a ele como chiclete que gruda no chinelo e que, se tentar puxar para desgrudar, acaba se prendendo no dedo.

Por questão de sobrevivência, Tatá prometeu a si mesma que jamais se prenderia ao próprio passado e ensinou à Menina a criar histórias não muito incomuns (e jamais felizes) para as coisas que não se lembrava.

E funcionara pelo menos até aquele dia. Tatá sempre se certificava de que Menina permanecesse com a mente ocupada para que não acabasse como as pessoas que vira, mas aparentemente todo seu esforço fora por água a baixo por causa de uma simples conversa sobre o significado de "pedigree". Elas precisariam conversar sobre aquilo mais tarde e Tatá aproveitaria para pensar em como abordar o assunto enquanto Menina estivesse mendigando para os gringos.

— Vá para o ponto — disse Tatá quando o céu começou a ficar laranja. A garota estava mais atrapalhando do que ajudando com aquele olhar vazio e elas precisavam de mais trocados se quisessem comprar água mais tarde.

— Não, eu posso ajudar — disse ela, distraidamente.

— Vá para o ponto — repetiu. — Descanse um pouco antes de ir para os restaurantes.

— Mas...

— É sério, Menina, eu termino por aqui.

Contrariada, a garota obedeceu a mais velha. Tatá nunca recusara sua ajuda. O que será que aconteceu para fazê-lo agora? Ela notara que estavam ganhando menos do que o de costume, mas isso era culpa dela?

O ponto em que elas se estabeleceram não era muito longe e, em menos de dez minutos, Menina já estava lá, beliscando com cuidado o pedaço de lanche que um motorista lhe deu mais cedo.

Estranhamente, a garota não estava muito animada com a comida. Ela se perguntava se algum dos milhares de motoristas que já viu eram seus pais e, se sim, se eles foram uma das poucas pessoas que lhe deram alguns trocados ou até mesmo alguma coisa para comer.

Estariam eles por perto? Ou eles simplesmente foram pra bem longe para que não houvesse chance de Menina os reconhecer?

Ela duvidava que isso aconteceria caso cruzasse com eles na rua, afinal, suas memórias eram um completo fundo branco onde Tatá lhe ensinou a desenhar e colorir em preto e branco.

Quando terminou o lanche, Menina olhou para o céu; os últimos raios de sol indo embora. Ela se levantou com um suspiro e arrumou seus pertences: escova e pasta de dentes — levou uns dois dias nos melhores semáforos para Tatá e ela conseguirem juntar dinheiro o suficiente para comprar aquilo — uma troca de roupa e um cobertor furado.

Ela se ajoelhou e amarrou o cadarço do tênis novo. Era um pouco menor do que aquele que ela perdera mais cedo, mas, por outro lado, este estava definitivamente com mais furos que o antigo, não protegendo quase nada do frio que começava a surgir.

Menina suspirou. Pedigree... queria eu ter isso. Pelo menos significaria ter tênis sem furos, pensou ao se levantar.

Mas, como dizia Tatá, se lamentar não gera comida. Por isso, ela endireitou a mochila nas costas e se dirigiu até os brilhos fortes dos restaurantes e bares noturnos que começavam a abrir.

Ela precisaria esperar alguns minutos para estudar o local, ver quando os garçons davam brechas para ela se aproximar das pessoas e quais seriam os clientes mais bonzinhos. Teria que ser cautelosa. Do contrário, teria que andar muitas quadras até um bar longe o suficiente para não a reconhecerem.

Menina se escondeu atrás de uma árvore na calçada de um bar com comida típica brasileira. O cheiro que emanava dali fez a barriga de Menina roncar. Por experiência, sabia que os lugares com comida local sempre atraiam estrangeiros. Certa noite, Menina encontrou dez deles em uma só noite. Dois deles, inclusive, deram uma coxinha inteira para ela!

Pensar naquele dia a deixara tão distraída que ela não teria notado seu antigo tênis saltitando pela calçada se ele não tivesse literalmente pulado em seu colo.

Menina soltou um grito com o susto, o cérebro, numa tentativa desesperada de normalizar a situação, interpretando o sapato como um bicho gigante que caíra na sua mão.

Alguns olhares se dirigiram em sua direção, mas ninguém se aproximou. Menina se agachou na direção do sapato, agora caído. Ele não se moveu, como se ele ter pulado em seu colo fosse apenas um surto psicótico dela. Menina olhou para o alto, pensando que talvez o sapato tivesse caído da árvore. Mas, se isso tivesse realmente acontecido, quem o colocara lá? E por quê?

Menina sentiu a presença de duas pessoas paradas na sua frente. Antes que ela pudesse erguer a cabeça, uma voz masculina perguntou:

— Ei, você é a Júlia Salmazi?

A garota olhou na direção da voz. Haviam duas pessoas com capuzes verdes olhando para ela. Menina olhou para os lados, apenas para se certificar que estavam mesmo falando com ela.

Apesar dos dois não serem velhos e um deles ser uma garota, Menina já havia se deparado com muitos homens que queriam saber seu nome e a levar para lugares que ela não conhecia. Tatá sempre dizia para nunca responder diretamente essas pessoas, pois elas eram ruins.

Menina levantou o tênis furado na altura da cabeça, apontando para ele com a mão livre.

— Vocês jogaram esse sapato em mim?

Os dois se entreolharam sob a sombra dos capuzes. Menina reparou que eles se vestiam engraçado. Ela nunca vira pessoas com capas na rua. E muito menos usando-as junto com uma camisa social branca e uma saia — e uma calça, obviamente, no caso do homem — verde, do mesmo tom da capa.

A garota também reparou que não era só a figura masculina que estava usando uma gravata, mas a morena também. Estranho. Mulheres não usavam gravatas, apenas garçonetes e olhe lá.

— Não o jogamos. — respondeu o homem. — Mas, me diga, menina, você é a Júlia Salmazi?

Menina não respondeu e observou o sapato com mais atenção. Definitivamente, era o mesmo que perdera mais cedo. Mas... ela estava várias quadras longe da cafeteria onde o perdera.

— Por favor, querida... — Sob a sombra do capuz, Menina notou que quem se adiantara fora uma garota morena. Ela se agachou para ficar da altura de Menina, que se surpreendeu ao constatar que seus olhos eram cor de mel. Ela tinha uma voz suave e bondosa, apesar da expressão séria dela dizer que ela não seria alguém que daria algum pedaço da própria comida para Menina.

— Não — resolveu responder, incapaz de ignorar o olhar penetrante da morena. — E não conheço nenhuma Júlia também.

A morena olhou para o outro encapuzado com um olhar de "eu não te avisei?".

— Anh... — ele deu uma leve tossida. — Só mais uma pergunta então... Quero dizer, duas, dependendo da sua resposta.

Menina se levantou em um salto. Definitivamente, não estava gostando daquilo. Seus instintos gritavam para que fugisse daqueles dois malucos. Na rua, perguntas demais nunca eram um bom sinal.

— Ei, calma, tá tudo bem — assegurou a morena. Ela tentou tocar no ombro de Menina, mas, ao ver que ela deu alguns passos para trás com o movimento, desistiu. — Não somos perigosos, okay? Olhe, meu nome é Beatriz. E o do meu amigo é Juan. — ela lançou um olhar cortante para o colega. — E o seu?

— Não sou a Júlia que procuram — informou Menina.

— Eu não estou perguntando agora se você é a Júlia — ela riu superficialmente. — Apenas seu nome. Como te chamam?

— Menina — respondeu. Estava alguns passos de distância. Qualquer coisa, poderia correr. E dar seu nome não seria tão ruim assim nessa situação, seria?

— Menina? — Beatriz franziu o cenho. — É o seu nome?

Ela apenas assentiu.

— Mas isso não é nome de gente, é? — indagou Juan, ainda mais confuso que Beatriz. — Que tipo de pais...

Ele se interrompeu subitamente e olhou para a garotinha.

— Ao menos que você não tenha pais...

Menina deu um salto. Não, não e não. Agora eles a pegariam e a levariam para a assistência social. Definitivamente, era hora de correr.

Girando sobre os calcanhares, Menina ensaiou uma fuga, que foi impedida pelo aperto de Beatriz.

— Me solta! — pediu. Ela se controlou para não gritar. Tudo o que menos queria era chamar atenção das pessoas por perto. Isso causaria um amontoado de gente perguntando sobre seus pais e, ao receberem uma resposta negativa, chamariam a polícia que, por sua vez, a levaria para a assistência social.

— Ainda temos duas... — começou ela em seu tom suave, mas Menina não queria ouvir. Em um piscar de olhos, o tênis que começara tudo aquilo voou na direção de Beatriz e acertaria sua cabeça se ela não tivesse se desviado. Ela arregalou os olhos, mas não soltou o braço dela. — Como...?

Juan era o que parecia mais atônito. Vendo tudo a certa distância, ele sabia que não fora ele que conjurara o feitiço.

— Então você é realmente a Júlia Salmazi... — murmurou para si mesmo.

— Não sou, não. Meu nome é Menina, eu já disse! — ela deu um puxão para tentar se desvencilhar de Beatriz, mas sem sucesso.

Juan olhou para o lado, na direção do restaurante. Um sorriso de canto se formou em seus lábios.

— Querem uma coxinha? — perguntou. Os dois olhares pousaram nele. — Eu pago.

Beatriz, ao ver que a menina iria fugir mesmo assim, tentou lhe acalmar:

— Prometemos não te fazer mal algum, pequena. Não a levaremos em lugar nenhum contra a sua vontade.

Talvez fosse a expressão séria, a cor dos olhos da morena ou até mesmo o tom que ela usara, mas os olhinhos de Menina brilharam. Ela parou de fazer força para escapar.

— Prometem mesmo?

Os dois levantaram as mãos.

— Juramos pelos cabelos de Caipora.

Apesar de não saber o que era Caipora, Menina sentiu confiança e então, assentindo, se acalmou. Beatriz soltou seu braço com certo receio, mas, ao ver que Menina não fugiria mais, ela ficou de pé.

Vendo que finalmente conquistaram a atenção da criança, Juan sorriu.

— Talvez um suco também?


[Estrelinha porque ninguém é de ferro]

Opa opa, agora sim as coisas tão esquentando... e Menina tem um nome de verdade. Agora basta saber se ela vai aceitar ou não...

...e a Tatá? Como vai ficar se Menina for pra CasteloBruxo? O que acham que vai acontecer com ela?

Não tenho muito o que falar hoje, mas espero que estejam gostando! Até a próxima, bruxões!!

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