Theodore encarava-me, parado do outro lado do quarto. Apesar de parecer controlado, os seus gestos e vez ou outra a sua feição deixavam à vista que estava abalado pelas coisas que lhe dissera e com o facto de ser pai.

Eu havia tomado um comprimido para e ansiedade e estava mais calmo, deitado sobre a nossa cama. Ainda não estava pronto para a conversa que mais tarde ou cedo teríamos.

— Como se sente?— Theodore inquiriu, acabado com o silêncio que se instalara a quase meia hora.

— Estou me sentindo melhor, obrigado.

A minha voz parecia presa na garganta, tenho dificuldades para prenunciar as palavras.

— Liam, temos que ter essa conversa uma hora ou outra.

Enrolo o tecido do edredom contra o dedo e encolho-me no colchão quando vejo-o caminhando até a mim.

— Não acho que tenhamos muito para conversar. Eu ocultei a você sobre a gravidez antes porque não passava de uma suspeita.

Ele assentiu. Consigo ver o quão tenso encontra-se nesse momento.

— Espero que não esteja a falar a sério quando disse querer abrotar. Apesar de tudo, prefiro acreditar que você não é tão dejazuísado ao ponto de decidir uma coisa dessas.

Os nossos olhos encontram-se

— Pensei que entenderia a minha decisão, afinal decidimos que não teríamos herdeiros durante a nossa união. O nosso casamento é muito complicado, não podemos ser egoístas e colocar uma criança no mundo nessas condições....

Ele solta um suspiro e puxa o seu cabelo, deixando-o bagunçado.

— Você está certo quando a isso, mas eu não aprovo um aborto. Partilhamos o leito também não estava nos nosso planos, muito menos tranzarmos, entretanto o fizemos.

Maneio com a cabeça em negação.

— Eu não quero essa criança Theodore! Somos muito novos, o corpo é meu e eu dou o veredito.

Está começando a ficar irritado novamente, não queria discutir sobre esse assunto.

— Como você pode ser tão frívolo, Liam? Deveria estar feliz por gerar essa criança! Podemos ao menos fazer um acordo? — Ele perguntantou sério, — Você dá a luz essa criança e eu fico responsável pela sua criação, não terá de cuida-lo ou vê-lo, e em troca dou-lhe o divórcio e uma grande soma de dinheiro para poder ir fazer a sua vida para a puta que te pariu.

A proposta deixa-me indignado.

— Como você pode dizer isso! Eu nunca faria isso.

Theodore riu-se em escárnio e desvia o olhar de mim como se tivesse com nojo.

— Não se pode esperar muita coisa de alguém que pretende apertar um bebê porque tem medo de engordar e diz que ainda tem muita vida pela frente.

Eu não quero ter essa criança e também não quero fazer essa proposta ridícula.

— Não, não quero dinheiro!

Theodore assente com a mandíbula cerrada.

— De qualquer forma, se decidir abortar, seremos apenas dois estranhos dividindo a mesma cama até que possamos assinar os papéis do divórcio. Pensei bem no que vai fazer.

Ele deixa-me sozinho no quarto, batendo a porta atrás de si como uma força desnecessária.

   
                          [.....]

A governanta da casa, a senhora Martin entrou minutos depois com um bule de chá e um sorriso.

— Eu estou grávido...

Admito quando ela estava prestes a ir embora, esperava um sorriso presunçoso, mas ao invés disso recebi um sorriso amável.

— A minha filha, assim como você também quase negou até a morte, tinha quinze anos na época, pelo menos você estava casada, tem um lar e um marido com um leite que irá custear fraldas.

Fico chocado com a informação.

— E o que aconteceu ao pai da criança?

Mamãe tira-me levando pelos cabelos até ao hospital para que tirassem a criança de mim. Ela sempre deixou bem claro que caso eu aparecesse grávido precocemente ou de um pobre levaria-me para abortar, ele disse que não iria passar por essa vergonha.

— Ele fez o que os ratos fazem quando o barco afunda, fugiu, minha filha foi mãe solteira até se casar com o seu atual e hoje fazem uma linda família.

Fico feliz por ela ter tido uma boa resolução.

— Mas porque ela não decidiu abortar? Não seria mais fácil?

Lydia arregalou os olhos. — Eu sempre fui contra esse pratica. Cada um é livre para fazer o que bem entenderem da sua vida, mas não penso que uma criança inocente deva pagar pelos pecados alheios.

Engulo o chá com as bochechas rosadas.

— E como se sente ao saber que vai ser pai?

Olha para ela pensativo.

— Eu não sei o que dizer com prioridade, parece que os sentimentos que mais predominam em mim são o medo e a negação.

Olho para ela com os olhos rasos de lágrimas.

— Estou me sentindo sufocado, parece que as coisas na minha vida só tendem a piorar. A minha relação com o Theodore está cada vez mais colapsada e não tenho medo de contar a você, se quiser pode ir falar com à mídia, nesse momento eu não consigo me importar com mais nada.

— Eu não pertenço a essa espécie de pessoas querido.

Eu sinto-me à vontade para desabafar com a senhora Martin. Ela passa-me confiança.

— Minha mãe e a minha madrinha me tratam como se fosse uma marionete e Theodore trata-me como se fosse um lixo ou uma vagabunda sem valor, e eu estou começando a acreditar que sou tudo o que eles dizem. Desde a morte do meu pai eu já não sei quem sou.

Choro amargamente enquanto lhe conto tudo.

— Penso que precisa de um tempo só para ti menino Liam. Para se encontrar e descobrir o que quer ser.

Maneio com a cabeça negando.

— Eu não consigo estar distante de Theodore, ele aproveitaria esse tempo para encontrar alguém e abandonar-me. E a minha mãe me chamaria de burro por deixar tudo e....

Ela toca no meu ombro.

— Está-se ouvindo, Liam? As suas decisões giram em torno das outras pessoas. Você mete os outros à frente de si mesmo. Precisa de um tempo para se conhecer antes que eles lhe arruinem por completo. A sua mãe e a sua madrinha são parasitas que lhe controlam e o Theodore não passa de abusador pelo que eu tenho percebido ele tem praticado violência psicológica com você

Eu choro ainda mais, não consigo  conter as lágrimas.

— Você quer a minha ajuda para fugir disso?

Eu assinto incerto. Ela sorri e puxa-me para um abraço.

Esse foi o capítulo de hoje 😁🩷
Espero que tenham gostado

Lydia é uma santa, finalmente ela meteu juízo na cabeça do nosso Liam, para fugir das garras do Theo.

Não ficam com raiva do Theo, ele é uma pessoa complicada, está destruído por dentro, precisa de ajuda e tem muitos traumas. Á medida dos capítulos vocês irão saber o porquê de ele ser assim.

A média que escrevo esses capítulos choro com vocês 😭 Acabei de sair de um relacionamento tóxico e hoje percebo que o amor não significa só uma palavra banal que nós dizemos da boca para fora. Símboliza algo de grande sentimento profundo que nos faz sentir bem. Por isso me identifico tanto com o personagem Liam nessa história, ele é o meu prestígio pk ele luta pelo amor e pelos seus direitos!

Desculpem as palavras, precisava desabafar ahaha

Não se esqueçam de comentar, partilhar e votar🩷🫶🏻