Naquela noite, Jonathan e eu fizemos amor, e em menos de 20 minutos, já estávamos cada um com um notebook nas mãos, pesquisando algo sobre o trabalho. Isso me lembrou o que Carla falou: mesmo com todos os presentes e viagens, meu casamento havia caído na monotonia. Não achei que isso aconteceria tão cedo, pois havíamos acabado de completar 5 anos de casados, e eu gosto tanto de Jon... Na verdade, não achei que isso fosse acontecer comigo. Sempre achamos que coisas ruins só acontecem com os outros.

Jonathan seguiu um caminho diferente do de todos os nossos amigos da época da escola. Enquanto os maridos das minhas amigas, que eram príncipes na época da escola, agora viraram sapos, quando casei com Jonathan, ele ainda era o sapo: nerd, magro, óculos e cabelo ensebado. Hoje, Jon é um lindo, moreno ,de olhos verdes, corpo maravilhoso, cabelo e barba sempre bem cuidados, e não precisa mais dos óculos, pois usa lentes de contato.

Eu o acho tão lindo quanto da primeira vez que o vi. Então, o que mudou? Cadê aquele fogo de antes? Quando esfriou? Será mesmo minha culpa?

Definitivamente, eu não queria perder meu marido, mas não fazia ideia do que fazer para acender novamente esse fogo.

...

No domingo, como já era previsto, não houve sexo. Jon foi jogar futebol com os amigos pela manhã, chegou em casa, tomou um banho, almoçou, dormiu e acordou bem a tempo de ver seu time jogar em algum canal da TV (por volta das 4:00 da tarde). Depois disso, pegou um livro de pelo menos 900 páginas e começou a ler, o que me levou a pensar se o sexo aos sábados não passava de obrigação. Quantas vezes mesmo cansada e sem nenhuma vontade , transei no sábado? Será que com Jon acontece o mesmo? Meu Deus, será que nos tornamos os melhores amigos um do outro a ponto de isso esfriar todo o amor que sentimos?

Domingo à noite, fomos embora do sítio em Domingos Martins, pois na segunda-feira nossa vida voltaria ao normal.

Como toda segunda-feira, passei na minha joalheria no Shopping Vitória. Aquela loja era o meu xodó, a minha preferida, pois além de ser a que mais vende, também foi a minha primeira loja. Hoje tenho mais duas: uma em Itapuã e outra no Shopping Praia da Costa.

Juliana, gerente da loja do Shopping Vitória, havia me dito que alguns modelos de anéis estavam em falta, então aproveitei para trazê-los.

Depois de passar toda a manhã naquela loja, ajudando uma das vendedoras a dar um upgrade na vitrine e dando uma olhada no estoque, liguei para Jon: 

-Oi vida, vai almoçar em casa hoje?

- Não vai dar meu anjo, hoje vai ser um dia puxado, tenho bastante pacientes , está realmente complicado. - Meu marido falou- Acho que  pedi um chinês se quiser passar aqui e almoçar comigo...

- Você sabe que minhas lojas vão muito bem, não precisa ficar se matando, trabalhando tanto ao ponto de não poder tirar 2 horas para almoçar. - Falei chateada.

- Meu amor, amanhã eu prometo que chego mais cedo. - Jon falou enquanto ouvi Miranda chamá-lo no fundo da ligação avisando que a encomenda havia chegado.- Vou lá pegar meu almoço se quiser eu te espero.

- Não irei te atrasar, vou comer qualquer coisa aqui no Shopping mesmo. - Falei meio chateada.

-Te amo vida.

- Amo-te meu anjo.

Depois de andar por toda a área de alimentação, optei por comer uma salada com frango grelhado e tomar um suco de laranja natural.

Não era habitual eu almoçar no shopping geralmente almoçava em casa ou em restaurantes já conhecidos.

Dei graças a Deus que a praça de alimentação não estavas tão cheia a ponto de eu ter que ficar esperando a boa vontade de alguém terminar de comer; andei durante 5 minutos com a minha bandeja na mão tomando cuidado para não derrubar o suco é consegui avistar uma mesa não muito longe de onde ficava uma conhecida hamburgueria.

A fila da hamburgueria estava grande como sempre, porém como não sou eu que estou na fila não fiquei preocupada com isso.

Sentei na última mesa disponível e comecei a almoçar. O barulho de várias pessoas conversando ao mesmo tempo era mesmo irritante então coloquei meus fones é comecei ouvir minha playlist. Eu já estava dando a última garfada no peito de frango grelhado quando notei um sujeito falando tão alto que nem a música dos meus fones conseguiram abafar a voz do indivíduo .

- Eu pedi sem picles, sem picles, você é  burra ou surda? se não sabe trabalhar, dá o lugar para alguém que saiba . - Um sujeito de quase dois metros de altura gritava chamando atenção de todos na praça de alimentação para si.

- Senhor, eu não faço o lanche, eu sou apenas uma operadora de caixa - A morena, que não parecia ter mais de 18 anos, falou segurando o choro.

- Toma essa a merda  desse lanche e enfia esses picles no cu - O sujeito falou jogando o hambúrguer na garota, na frente de todos (porque é claro que onde tem barraco, tem uma multidão querendo saber o que está acontecendo), o que a fez começar a chorar.

Levantei-me e fui até a hamburgueria. A gerente, incrivelmente rápida, já estava com outra camisa de uniforme na mão. Fui até a garota e pedi autorização à gerente para levá-la ao banheiro, pegando na mão da operadora de caixa que foi humilhada , a levei para um banheiro do shopping que costumava estar menos cheio naquele horário.

A morena chorava em soluços, em uma crise nervosa, e eu só podia esperar que passasse.

Enchi o bojo de uma das pias de água gelada, tapando o ralo com papel toalha, e, assim que notei que a garota parava de chorar, falei:

- Mergulha o rosto aí e conta até quarenta.

- Hã?

- É para desinchar seu rosto, ele está inchado e vermelho - falei enquanto abria minha bolsa e pegava a maquiagem.

A garota, cujo crachá sujo de molho dizia Tessa, mergulhou o rosto, fazendo como falei.

Peguei umas cinco folhas de papel toalha e dei na mão dela para secar o rosto. Em seguida, comecei a falar:

- Você realmente não tinha que ter passado por isso. Era só ele tirar o maldito picles e comer o resto do hambúrguer. A verdade é que nada do que você falar vai mudar o fato de que "o cliente sempre tem razão", acho que  o Brasil  é  o único país  que zela por isso... Se você não voltar para o serviço, seu dia será cortado. Então vou te maquiar, e você vai voltar para aquela lanchonete linda e maravilhosa, ok?

A morena assentiu com a cabeça, e comecei a maquiá-la. Vinte minutos depois, a garota estava linda. Claro que aquele coque com redinha não estava ajudando, mas eu dei o meu melhor.

Depois disso, a garota abriu botão por botão de sua camisa, tirando o uniforme sujo e colocando o limpo.

Não pude deixar de notar: os seios médios dentro do sutiã cor de rosa com marquinha de biquíni e sua barriga sequinha com um caminho com uma penugem loira provocada de propósito por algum tipo de coloração.

Por alguns segundos, me lembrei de quando eu me dava ao luxo de pegar minhas amigas e ir à praia, ficando o dia inteiro sem preocupação nenhuma, a não ser voltar de lá com uma bela marquinha feita pelo sol.

Fui tirada dos meus devaneios pela voz da morena:

- Muito obrigada, você não tinha obrigação nenhuma de me ajudar.

Eu apenas sorri enquanto guardava minha maquiagem.

- Sei quem você é. É a moça que passa na televisão na propaganda daquelas jóias bonitas. Sei que tem uma loja no segundo andar. Muito obrigada mesmo - a garota foi saindo devagar do banheiro, enquanto algumas pessoas chegavam.

- Se aquele sujeito aparecer lá novamente, chame o segurança - falei antes de a garota fechar a porta.

...

Enquanto isso, no consultório...

Carla entra na sala de espera e vai até o balcão de atendimento, onde confirma sua presença, e em seguida, senta em uma das cadeiras da mesma sala.
Quando Carla, vestida com um vestido longo preto e dourado e grandes óculos de sol, acaba de sentar, Carola que já estava lá, abaixou uma revista de fofocas antiga e perguntou:

- O que você está fazendo aqui?

- Comprando carne.Carla falou se paciência  para perguntas obvias -O mesmo que você. Vim mostrar a perseguida para o Jonathan  . Já faz um bom tempo que não faço um preventivo.

- E tinha que ser exatamente o doutor Jonathan? - Carola perguntou.

- Olha quem fala. Você não pensou duas vezes antes de parar de se consultar com o senhor Gonçalves Dias, o velho e careca, para vim mostrar a mexerica para o marido da sua melhor amiga - Carla falou, e as duas passaram o resto do tempo de espera em silêncio.

...

Quando cheguei em casa, vi que Jonathan já havia chegado por causa do carro que estava na garagem. Coloquei a mão em cima do capô do carro e notei que ainda estava quente. Subi para o quarto, já sabendo onde encontrar meu marido.

Quando entrei no quarto, ouvi o barulho vindo do banheiro. Jon estava tomando banho.

Na minha cabeça veio a frase que dizia:

"Salvar seu casamento só depende de você".

Abri a porta do banheiro, tirei meu vestido e roupa íntima de maneira silenciosa e entrei no box já embaçado. Encontrei meu marido acariciando seu pênis, o que me deixou meio constrangida. No entanto, aproveitei a rigidez de Jon, ajoelhei e comecei a chupá-lo.

Realmente, já havia algum tempo que não fazia uma coisa dessas. Jon inclinou seu corpo, encostando um dos braços no azulejo, fazendo com que a água do chuveiro caísse em suas costas e não diretamente em minha cabeça. Quando meu marido já estava quase gozando, me pegou com urgência pela mão, me levantando com seus braços até que minhas pernas ficassem ao redor de sua cintura e nossos corpos se encaixassem. Abraçada ao seu corpo, rebolei em seu membro até que Jon gozasse. Só então nos desvencilhamos e terminamos de tomar banho.

Ainda nus porém secos fomos até o quarto e começamos a procurar algo para vestir, acabamos por vestir pijamas de flanela nem um pouco sexy e resolvemos pedir uma pizza .

Quando o entregador de pizza tocou o interfone, meu marido prontamente atendeu e logo após pagar a pizza e fechar a porta Jonathan ainda com a grande caixa de pizza em uma mão , pegou o notebook com a outra mão e o levou para mesa.
Se Jonathan abrisse aquele computador acabaria com qualquer oportunidade de conversarmos então mais que rápido lhe perguntei:

-Como foi no consultório?

- Um pouco cansativo , já havia muita gente com horário marcado e Beatriz ainda encaixou mais duas pessoas por alegarem serem suas amigas. Carla e Carola estiveram lá para um exame de rotina você se incomoda? - Jon parou de abrir o notebook para olhar minha reação e esperar minha resposta. - Se quiser posso ver se transfiro elas para o doutor Adam nas próximas consultas

-Não , imagina, eu mesma falei com elas que não havia problema nenhum se quisessem se consultar com você, achei até que demorou muito tempo , estão com o mesmo ginecologista desde os 15 anos. Jon é verdade que de tanto ver... vagina o dia todo isso pode fazer com que um ginecologista não se interesse tanto por sexo?

- De onde você tirou isso Nina? - meu marido perguntou abrindo o notebook  e o colocando em cima da mesa.

-Acho que li em algum lugar. - Menti.

-Você não pode acreditar em tudo que vê na internet. - Jon falou com um lindo sorriso segundos antes de eu perder- lo para um site que falava alguma coisa sobre câncer no colo do útero.