°•ORDEM XXII•°
714/12/09, Reino de Eisen, capital Sallow, acampamento de Alveberia.
"Glória e honra? Não. Ego e prazer por destruição."
— Chamem rapidamente o médico!
Stephanie ordenou, sentindo os olhos arderem perto da fogueira. O recruta sobressaltou, atendendo às suas ordens sem pestanejar. As mãos da loira se moviam de modo prático cuidando dos ferimentos de seus homens. Agachada, fez pressão na barriga na barriga do cavaleiro que não parava de gemer e tremer.
Sem fraquejar, ela enrolou panos limpos na abertura, estancando por hora o ferimento. Torceu outro pano molhado, colocando sobre a testa do cavaleiro. O soldado suspirou aliviado com o toque frio sobre sua pele, e seus olhos se fecharam lentamente, adormecendo, exausto da batalha.
A soberana ainda portava sua armadura no corpo, hiperventilando aos poucos. Respirou devagar, tentando se recuperar, contudo, seu momento foi interrompido por uma mão em seu ombro. Ela se virou, a figura do médico se moldando, com um sorriso gentil.
Era um homem de cabelos brancos perfeitamente organizado, com roupas de couro, alinhadas, e linhas de expressões mais evidentes devido a idade. Um barão bastante respeitado das terras do norte. Oscar Kuster foi um dos únicos nobres que restou depois que Stephanie ascendeu ao trono. Nunca a desrespeitou ou a olhou de modo indesejado.
— Fico feliz que o senhor tenha aceitado meu convite — Stephanie se colocou de pé, arrancando o elmo, balançando seus longos fios suados e bagunçados, e estendeu a mão para o homem, que aceitou sem hesitar. — Perdão por recebê-lo nessas condições.
— Não tem problema, Majestade — seus sorrisos aumentaram, e ao soltar a mão de Stephanie, deixou sua mala ao seu lado, abaixando-se na altura do ferido, avaliando seu pulso. — Vejo que cuidou muito bem desses homens enquanto eu estava a caminho.
— O imperador também está cuidando de alguns — informou, caminhando para outra direção. — Cuide desse lado que está mais crítico, e eu verei os que tiveram apenas cortes profundos.
O médico acenou, e Stephanie saiu da divisão de soldados feridos por queimadura, para os de corte, encontrando Leon ajoelhado terminando de enfaixar um homem que perdeu a perna. O soldado tinha um olhar baixo enquanto observava o trabalho meticuloso de seu soberano.
Leon também achava uma pena, mas era melhor do que estar morto.
Aquele homem voltaria para sua casa. Talvez não iria possuir mais tanta autoestima, a tristeza iria o dominar mesmo em dias iluminados, porém, não seria mais chamado para representar seu império.
Assim que prendeu o pano corretamente, levantou-se, suas costas batendo em algo rígido. Virou-se meio corpo, sendo atraído pela figura de Stephanie. Seus cabelos presos baixos, molhados, e suas bochechas rosadas, sujas de cinzas. Na realidade, toda sua armadura tinha fuligem depois de ter caído.
— Esse foi o último? — Stephanie perguntou, fitando a maioria dos homens desmaiados ou dormindo enfaixados. O local estava saturado com cheiro de ervas medicinais fortes, picando um pouco o nariz. Além de estar em silêncio. Após uma batalha, as tendas de feridos sempre estão preenchidas de gritos, olor ácido e sujas.
Leon usou o braço coberto de sangue fresco para limpar o suor, fugindo da atenção de Stephanie.
— Sim — afirmou, ajudando seu paciente a se deitar. O homem bastou fechar os olhos para cair em sono profundo. — Essa foi a última vez que ele ergueu uma espada — comentou solto, culpa pesando.
— Não se preocupe. Farei que seja a última vez em uma guerra para todos nós. — Stephanie pegou a mão de Leon, o deixando confundindo, e o puxou sem permissão. — E eu preciso de uma observação sua antes. Doutor Oscar está cuidando da tenda de queimaduras, e isso fará com que eu ganhe tempo.
Stephanie continuou tocando-o, e ambos ficaram em silêncio após a terminação de sua explicação. Passou pelos soldados ilesos, que acenderam fogueiras, servindo tanto para aquecer e iluminar como para cozinhar. O aroma de carne fresca envolveu Stephanie e Leon, que foram recebidos por gritos pelos homens que se levantaram enquanto atravessavam suas frentes.
Aplausos, gritos e reverência.
Stephanie e Leon devolveram a empolgação, mas no fundo a mulher estava ficando cada vez mais ansiosa em seus passos. Ela não poderia pisar em um poço disfarçado, afundando todos. Seu dever como estrategista era fazê-los saber onde está essa falha e pulá-la sem medo de no fundo encontrar a mandíbula do diabo.
Seus dedos esmagaram os de Leon por um breve momento, porém, afrouxou o toque, quando sentiu o homem retribuindo o toque. Em pequenos gestos a consolando, dizendo que estava lá, ao seu lado. Entregando-se como sempre, dizendo que poderia fazer qualquer coisa com ele.
Assim que eles chegaram na tenda, a comemoração ficou abafada e entre somente os homens. Eles poliam suas espadas, comiam e bebiam, e compartilhavam isso para seus irmãos de batalha feridos. Para o que estavam acordados e com disposição, claro. Não poderiam interromper o descanso dos casos mais delicados.
Stephanie soltou finalmente Leon, deixando vestígios de seu calor na pele do homem, movendo para trás de sua mesa com o grande mapa de Eisen. A tenda era iluminada por velas do brilho bruxuleante que formava grandes sombras nos rostos de ambos os governantes, dando um ar mais sombrio.
A mulher apoiou a mão na mesa, e com a outra mão livre penteou seu cabelo para trás, dando a ela uma aparência mais bárbara. Leon aproximou-se da mesa sutilmente para não atrapalhar a mulher que parecia pensativa, manipulando as peças vermelhas e azuis, como se estivesse jogando um quebra cabeça. Destrinchando um cenário ideal, pessoa por pessoa, e rondas necessárias. O brilho de seus olhos sempre mudava nessas circunstâncias. Era como se ela estivesse vivendo o futuro de certa forma.
— Irei liderar a cavalaria dessa vez — concluiu Stephanie recuperando sua postura, avaliando as posições que colocou cada um. Leon permanecia com os olhos vidrados na mulher, contudo, ela não percebeu. — Imperador... — chamou-o fraco, encarou a região do monte Verloren, e apressou em pegar um pincel com tinta, o riscando.
Aquilo deu tempo para Leon parar sua vigilância, e colocar uma expressão branca de sempre para não a irritar. Estava com uma boa relação com a mulher, não desejou estragar com impulsos desnecessários de sua parte. Com Stephanie constantemente pisava em vidro, e portanto, queria se manter na camada tênue e não voltar para os estilhaços.
— Imperador, irei retirá-lo da infantaria, deixando Sua Graça Walmart e Charlotte.
Anunciou, colocando pincel com delicadeza ao seu lugar. Parou um segundo para ouvir qualquer reclamação da boca de seu marido, mas ele permaneceu calado. Sua única reação foi se inclinar, dando uma visão perfeita de seus olhos rubros.
Stephanie fitou alguns segundos se alimentando do brilho de Leon, até finalmente pigarrear, tamborilando os dedos na madeira de carvalho.
— Estou o presenteando com uma missão que deverá completá-la sozinho. Irá ter que se tornar sombra do rei Abner, desmontando várias camadas para acabar com esse conflito inútil. Desgosto de ter que montar estratégias para guerras de motivos instáveis. E...
Stephanie parou quando percebeu as sobrancelhas de Leon ligeiramente franzidas.
— O que houve?
— Você está cansada. Percebo por sua fala calma e piscadas longas e rápidas — Leon descreveu ainda distante em seus devaneios e quando deu-se conta que tinha falado aquilo em voz alta, assustou-se, vislumbrando a expressão... ele não conseguia nem ao menos distinguir as emoções desabrochando no rosto de sua esposa. — Eu...
— Não diga nada — ordenou, o chão parecendo atraente para seus olhos. Os dedos sobre a mesa diminuíram a frequência de nervosismo, enquanto de seu parceiro aumentando. A armadura pesou por alguns minutos em seus ombros. — Sei que estou, mas tenho que acabar tudo o mais rápido possível. Guerras a longo prazo tem efeito negativo na economia e na população. Não posso perder mais homens — suspirou derrotada, os fios caindo sobre seus ombros. — Morreram duzentos homens hoje.
— O menor número que eu já presenciei em toda minha experiência em guerras — comentou Leon, e Stephanie o encarou entre as fendas de seus dedos, ansiedade pingando aos poucos em sua mente. Não deveria permitir que aqueles sentimentos a deixasse fraca.
— Ao contrário de todos os antigos líderes, prezo pelas suas vidas. Sei que sem eles não chegarei a lugar nenhum. Sem eles não posso ser uma líder. Uma cabeça é inútil sem um corpo, e um corpo não é de muito sem uma cabeça. Assim como um comandante com seu exército, eles devem coexistir.
Foi impulsiva nas palavras, disparando o pensamento que a preocupava. Retesou quando percebeu, e ganhou um sorriso de Leon. Ela sentiu-se desconfortável em sempre despejar pedras na cabeça de Leon e receber uma atitude positiva do homem.
— Não sorria — pediu séria, lutando para não sentir o estômago embrulhando com a sensação estranha.
Leon a obedeceu. Coçou a garganta, e desceu o dedo em uma parte específica do mapa. Aquilo restaurou o ponto que eles perderam, pois a Stephanie seguiu seus movimentos, tombando ligeiramente a cabeça. Ele não atuaria no próximo ataque, na floresta Lied, então ela não via motivos para prestar atenção naquilo.
— A batalha será intensa e arriscada se acontecer dentro da floresta Lied. Não sabemos com clareza que perigos e armadilhas aguardam nossos homens e mulheres — explicou-se, movendo a peça vermelha no fim da floresta, que representava Eisen; e a peça azul, representando Alveberia no começo. — Assim você ganhará tempo. Eles desceram as montanhas, cortando caminho entre as sombras dos vidoeiros, atacando com os arqueiros.
Seu dedo moveu afoito pelo papel, visualizando as imagens. Não estava certo disso, porém, se fosse o rei de Eisen utilizaria da melhor forma o território. Uma floresta de vidoeiros atrapalha ambos os lados nos ataques de flecha. Uma ou outra acertaria.
Afastando-se do mapa, deu tempo para Stephanie ponderar sobre sua ideia.
— Eu não planejava lutar exatamente dentro da floresta. Pensei em utilizar um fator vantagem — expôs, e ergueu a cabeça, chamando o soldado que protegia sua tenda, pedindo para chamar a senhorita Hanover. Ela ouviu a marcha pesada do guerreiro, e voltou a olhar para Leon. — Ela será útil para nossa conversa.
— A senhorita Hanover está desenhando a fundo todas as áreas que iremos batalhar?
— Algo além disso. A senhorita Hanover também está elaborando as escrituras do castelo Wand — revelou —, e isso é para você, imperador. Faça bom uso.
— Como conseguiu as escrituras antigas?
Stephanie deu um sorriso fino e venenoso.
— Roubei informações de um dos seus caçadores na nossa batalha.
Leon sabia que a soberana exprimia todas as vantagens em uma luta, contudo, nunca imaginou que ela teve tempo de conversar com um dos homens que a queria matar para conseguir informações.
Assim que ele iria falar algo, escutou a voz de Hanover no lado de fora, reclamando sobre o soldado não segurar seus desenhos corretamente. Pediu os mapas, e abrindo com certa pressa a abertura da tensa, surgindo diante dos imperadores com um vestido amarelo claro, leve e solto, sem mangas e um echarpe da mesma cor caindo nos seus antebraços, juntamente com as pilhas de papéis revestidos de seu agarre.
Com os cabelos presos em uma popa alta, a mulher emitia mais maturidade, assim que o som abafado de seus pequenos saltos começaram a bater no tapete, parando enfim pequenas distâncias das figuras. Fez uma breve reverência, e se aproximou de Leon, entregando-lhe um dos papéis.
O homem aceitou, mas esperou uma explicação por parte da mulher.
— É seu agora. Cuide bem dele — disse, ajeitando os mapas que ameaçavam cair de seu domínio. — Nele tem todas as informações que você precisará para conquistar a glória e matar o rei louco. — Leon agradeceu, desmanchando a fita, mas ela o impediu de desdobrar. — Não abra agora. Pode ter algum espião ao redor — sussurrou.
O imperador assentiu, e a garota entregou três mapas nas mãos de Stephanie com calma.
— Todos prontos, senhora. E igual ao imperador, sugiro não abrir agora — deu as instruções, lançando um sorriso ladino para Stephanie, que retribuiu e disse obrigada. — Estou tentando apenas ser útil para o império. Se me permitir, posso voltar à minha tenda, para retornar ao meu trabalho?
Stephanie deu permissão, e Ully dobrou as costas, retirando do recinto. O ambiente ficou imaculado de som, mas a imperatriz encerrou aquilo, puxando suas manoplas, dando um alívio para suas mãos. Movimentou os dedos e deu as costas para Leon, caminhando até onde parte da tenda.
— Nosso assunto acaba aqui, e agora podemos nos aprontar para descansar. O dia foi longo, e precisará dormir cedo para partir antes do amanhecer.
Ditou Stephanie, sumindo das vistas de Leon, mas ele a seguiu. O pano tremulou assim que ele o atravessou, sem quebrar sua observação viciosa. A mulher tirou peça por peça, até que ficou somente com a malha de ferro e, posteriormente, com a combinação fina. Jogou seus cabelos na frente, e buscou uma bacia, pano limpo.
Os pés de Leon estavam perto de seguir a mulher, mas ela voltou rapidamente com um sorriso, deixando a bacia em um canto, aproximando-se de Leon sustentando apenas o pano molhado. O homem ao vê-la estendendo o braço fechou os olhos, e logo algo frio tocou sua bochecha.
E esfregou, esfregou, esfregou.
Voltando a abrir os olhos, percebeu que Stephanie limpava o sangue seco em seu rosto.
— Suponho que era esse o motivo de estar me seguindo? — A mulher soprou um pequeno riso. — Nunca gostou muito da sensação de sangue mesmo não se importando quando ataca — recordou-se de uma das únicas vezes que conversou pacificamente com Leon. — Vendo seu estado hoje, recordei-me de porque o chamam de Besta Carmesim. Sua armadura preta banhada com sangue, seus ataques e contra ataques rápidos e seus olhos vermelhos somente à mostra — descreveu, dando limpando os últimos resquícios de sangue, perdida onde narrava. — Combina com você.
Acabando, ficou satisfeita com seu trabalho, quase o deixando como uma decoração qualquer em seu espaço. Entretanto, acreditando que devia uma resposta decente a Stephanie, ele circundou os braços ao redor de cintura, ainda de costas, e a envolveu com seu corpo com a armadura. Ela incrivelmente aceitou seu toque sem demonstrar qualquer resistência.
Na realidade, aconchegou-se, sentindo a respiração quente de Leon em seu ouvido, esperando uma explicação lógica para aquilo.
Leon não conseguiria dar aquela resposta a ela. Somente queria a segurar.
— Porque você é linda — disparou a resposta da primeira pergunta.
Ela retribuiu o afeto, tocando levemente em suas mãos.
Não era o momento adequado para eles. Pessoas estavam sofrendo, e elas tinham esperanças neles. Precisaria acabar com o conflito antes de pensar em seus sentimentos.
— Agradeço o elogio, mas agora não é o momento para estarmos tão envolvidos. — Seus ombros vacilaram, e dedilhou as mãos de Leon ansiosa, as puxando sutil.
Então, ele a soltou, e internamente riu de si próprio por acreditar que estava incluindo em algo da mulher. Leon pensou que já não era uma peça do tabuleiro de Stephanie, eram restos de uma uma. Aquelas que por vezes deixam empoeirado no canto escuro e vazio, escondido dos olhos, rezando para serem notados.
Não fazia falta. Já não tinha sua utilidade.
A não ser para cumprir pequenas coisas.
Cabisbaixo sentiu a mulher escorregando de seu encaixe.
Mordeu o lábio inferior, incapaz de pedir algo a mais. Ser ousado além da conta. Fazer que a mirada gélida e profunda de Stephanie o condene ou o afaste outra vez. Dessa vez para sempre.
Quantas vezes ele veria Stephanie desaparecendo do seu alcance estando tão perto?
A mulher sempre viveu na ponta dos pés em relação a ele, recusando-se descer e vê-lo por trás de todas as atitudes mal compreendidas. As falas idiotas ensaiadas para não ser percebido como maior aliado da princesa herdeira devido a fama de sua família. Não que ele se importasse, já que era seu dever como um Casteyer, contudo, importava para seu avô. Ele deveria ser o modelo perfeito de força e resiliência.
Cerrou os punhos, não ousando levantar a cabeça.
— Eu já entendi — deu às costas, encaminhando-se para a saída. — Desejo uma boa noite, Vossa Majestade.
— Imperador, espera — Stephanie pediu, o seguindo, mas ele continuou andando. Ela bufou, e o alcançou o impedindo de sair no limite. Respirou fundo, o mantendo na sua frente agarrando seus ombros. — O que aconteceu? Por que está sendo formal de repente?
— Não era isso que queria desde o início? Eu estou...
Stephanie dobrou um pouco os joelhos, colocando o dedo no meio sobre os lábios de Leon, e chiando. A mulher percebendo que o homem parou de se debater para fugir dela, ela ergueu o queixo de Leon, forçando-o a encará-la uma vez que ele a evitou a todo custo.
— Eu não pedi essa resposta, imperador — liberou Leon do seu agarre, segurando seu rosto com as duas mãos. O homem ficou em alerta, fraquejando ao vislumbrar os olhos calmos de Stephanie.
— Ainda sirvo de algo para você? Não sou o marido que você desejou. O pai presente. Tampouco o amigo para compartilhar todos os momentos — disparou, e Stephanie somente lançou um sorriso. — É tão engraçado eu ficar preocupado com isso?
— Sim — concordou —, porque eu tinha centenas de homens, mas eu escolhi você para dividir o poder comigo. Não é o melhor e nem o pior pai, ainda tem chances de mudar. Luigi te ama e te admira. Nunca é tarde demais para mudar. Não importa se é um passo, o importante é avançar.
— Está inventando isso para iludir?
— Por que eu faria isso? — Stephanie ergueu as sobrancelhas, divertida.
— Porque foi isso que você fez nos últimos seis anos. Você me enganou quando disse que teríamos uma relação pacífica.
— E foi. Por acaso discutimos nesses últimos anos?
— Eu sequer existia para você, como iria ter uma conversa normal?
O toque de Stephanie vacilou, e sua boca entreabriu.
— Me perdoe por tudo o que fiz. Agora percebo que fui injusta.
— Não perdôo — disse com um sorriso frágil formando.
— Não precisa me perdoar imediatamente. Sou paciente.
Ela sussurrou, e começou a ajeitar a franja de Leon com os dedos, admirando com calma a beleza de seu marido. Seus olhos foram guardando cada linha, até que pousaram em seus lábios, que tinha um corte nas laterais. Ela pressionou o dedo na ferida, e aos poucos, separou seus lábios, tentando enfiar seus dedos na boca dele.
— Suficiente, imperatriz — as palavras saíram embaralhadas.
— Acho que não.
Então o puxou pelo pescoço, o beijando.
Em um segundo ela se entregou, e junto a isso, seus sentimentos.
Não precisou palavras para fazê-lo entender que o queria por perto.
O queria junto a si. Queria cada pequeno pedaço dele.
Ele era seu. Ele havia dito que lhe pertencia.
O beijo se aprofundou, Leon puxando o corpo esguio de Stephanie para mais próximo. Uma pena que tinha a armadura posta em seu corpo ainda. Deixando-se levar, a mulher foi o guiando até o canto, enfiando a mão nos fios do marido, e ele a segurando.
Ao se separarem, permaneceram pairando os lábios, compartilhando a respiração febril.
— Você não vai a lugar nenhum, minha querida besta. Fique comigo, ao meu lado.
— Seu pedido é uma ordem.
— Desde o início foi uma. Não estou dizendo levianamente que você ficará comigo, estou falando que você deve ficar comigo.
Leon riu, e a abraçou.
Ambos se dedicaram a eles por uma noite.
Quando acordassem, havia batalhas a serem travadas e vencidas.
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