°•ORDEM VII•°

714/11/06, Reino de Alveberia, Palácio Dunkel

"Como as montanhas do norte, sua opinião estava atingindo um pico muito alto."

Todos no salão pararam de respirar quando Stephanie passou pela porta, trilhando um caminho para a mesa. O ruído de seu salto saiu despercebido dos homens presentes no recinto, e eles apenas conseguiram ver a imperatriz se acomodando depois de rejeitar a cortesia de seu marido de ajudá-la com educação. Os nobres fizeram contato visual, não conseguindo disfarçar o quanto o comportamento da imperatriz era inadequado.

— Saudações, senhores — Stephanie os cumprimentou, ajeitando sua túnica translúcida azul claro sobre o ombro. Seu vestido musseline acompanhava a cor da sua túnica, porém, a barra dela era de uma tonalidade mais escura de azul. Seu cabelo estava preso numa popa alta, por conta de ser uma reunião formal, e não desejava desrespeitar seu marido como da última vez. — Fico feliz em receber os representantes das cinco maiores famílias. Sam Roux, Athawolf Storteff, Anselm de La Roche, Eike Dorsey e Yan Asdared.

À medida que seus nomes eram pronunciados por Stephanie, eles assentiram com a cabeça. Yan Asdared abaixou a cabeça com relutância. Ele nutria desaprovação quanto a um Bellucci liderando, porém, esse desgosto ficou mais insuportável de suportar depois que seu soberano é uma mulher. Sua família acreditava que a imperatriz era uma bruxa por ser tão sagaz quanto o homem e sua técnica de espada equivaler a de um capitão.

Porém, ele não estava ali para receber uma punição, então se atentou a olhar para o imperador.

Depois do clima pesar com o aparente mau-humor da mulher, Eike Dorsey, o homem beirando em seus quarenta anos, iniciou a conversa. Ele era o melhor comerciante do reino — mas não de Stephanie —, assim que ela se limitou a escutar sua proposta.

Leon tinha consciência que ela não aceitaria nenhuma das palavras dos nobres.

Ela apenas estava na frente dele, porque é necessário para o povo. Era crucial para ninguém arrancar sua coroa. O que era quase impossível eles conseguirem. Ela derrubaria todos os nobres se eles iniciasse um golpe político para dividir entre eles o poder do império, no entanto, tentaria o máximo para manter a linha tênue entre eles saudável, para proteger os cidadãos.

— Agora sobre o contrato que Vossa Majestade deseja fazer com Reich us Eisen — Dorsey respirou fundo antes de continuar, porque sabia que estava marchando para seu túmulo se dissesse algo grave. Analisou a expressão do rosto da soberana antes de prosseguir, e Stephanie estava inexpressiva, esperando a continuação de sua fala. — É perigoso. E, com todo respeito ao senhor Dumont, mas ele é muito jovem. Qualquer deslize na frente do rei Abner, ele mandará o matar. Ele não se importa com o tratado de paz entre os reinos.

— Levante-se, senhor Eike — Stephanie ordenou, gentil. O homem ergueu-se rapidamente. Suas mãos começaram a suar, o coração disparou, e buscou a visão da mesa, para escapar do olhar de Stephanie. — Conheço os riscos. Ouso expor que eu estou preparada para qualquer conflito direto com Eisen. Eles podem ser a maior reserva de ferro do nosso império, porém, dez mil homens são como dominós sem uma boa liderança. O rei Abner não sabe jogar tão bem quanto eu, ainda.

Dorsey estremeceu com as palavras de Stephanie e voltou a se sentar sem força nas pernas, perguntando-se como se manteve tanto tempo de pé. Entretanto, a confiança das palavras de Stephanie não teve o mesmo efeito em Asdared e em De La Roche. Ambos se levantaram de supetão. A cadeira riscou contra o piso chamando tanto a atenção de Stephanie e de Leon para os homens. Yan tinha os punhos fechados, e Anselm tinha as sobrancelhas juntas.

— A casa Asdared não irá dar apoio se uma guerra explodir — Yan disparou, lançando um olhar duro para Stephanie. — Não irei sacrificar meu filho ou meu sobrinho por causa de um lance cego de uma mulher.

A mágoa era presente no tom de Yan. Ele juntou os dedos com mais força, e se não fosse a barreira que as luvas criavam entre sua pele, suas unhas já haviam perfurado a carne. Ele prolongou sua briga com a Stephanie, porém, empertigou-se quando a mulher não demonstrou qualquer emoção. Nenhuma pessoa poderia se manter intacta depois de ouvir tamanho insulto, mas ele estava à frente da mulher mais poderosa do império.

— Digo o mesmo, Vossa Majestade — Anselm se intrometeu, e bastou um suspiro de Stephanie para ele se arrepender de entrar na discussão das famílias que já foram rivais. — Eu não posso admitir mortes. E... — Sua voz começou a tremer, um calafrio percorreu sua espinha. Se viu sem alternativa da fúria da imperatriz, assim que sua atenção caiu em Leon. — Por que o imperador não está incluído na negociação? Todos ficariam mais seguros se houvesse a intervenção de um homem.

Anselm deveria ter enterrado aquelas últimas palavras antes que fosse tarde, no entanto, antes de pensar mais algumas vezes, elas já haviam chegado aos ouvidos de Stephanie. A mulher franziu o cenho, e direcionou o olhar para seu marido, que estava ao seu lado. Sorriu, e cobriu gentilmente a mão de seu marido com a sua. Leon sobressaltou com o contato repentino da mulher, mas a sensação durou pouco, pois Stephanie mexeu os lábios.

"Depois conversaremos sobre isso."

Aquilo era péssimo. Leon pressentiu isso depois de observar a mulher voltando a atenção para os cavalheiros, com um sorriso beirando nos lábios.

— Yan Asdared, eu não pedi o seu apoio. — As palavras de Stephanie saíram claras. — De nenhuma das famílias. Apesar de ser uma mulher, eu sei honrar com as consequências dos meus atos sozinha. Mesmo que não haja sequer um homem ao meu lado para lutar, eu irei derrotar Abner Dupont Monet us Eisen, e sem que vocês tenham consciência disso. — Stephanie voltou sua atenção para Anselm. — E senhor, por favor, volte a se sentar. E se voltar a me desrespeitar, eu o medirei minhas palavras.

De La Roche sentou-se desconfortável, e não deixou de ficar aliviado por ela não lhe dar uma punição pelas palavras.

— Majestade, irá se arrepender disso. — Yan deu às costas para mulher, pronto para se retirar do salão. Stephanie em outro dia deixaria que ele a desrespeitasse e saísse impune, no entanto, ela estava passando por péssimos momentos consigo mesma e com seu marido.

— Volte e sente-se antes que eu corte relações com a família Asdared.

— A senhora não pode fazer isso. Somos uns dos principais pilares antes mesmo da família Casteyer — Ele deu a volta, batendo o punho fechado na mesa, respirando pesado. — Além do mais, sem a autorização do imperador não há como você fazer isso.

— Todo o poder está nas minhas mãos. — Stephanie elevou um pouco mais do tom com a audácia do homem. — Acomode-se antes que seu equívoco nos leve a um caminho sem volta.

Com todos os cavalheiros de volta às suas cadeiras começou de verdade a reunião entre eles. Quem iniciou o debate dessa vez foi Sam Roux, pai da assistente da imperatriz. Alguns de seus fios já estavam grisalhos, porém, diferente dos outros três, ele possuía muito mais dignidade. Seu relatório de seu território terminou rapidamente, alegrando Stephanie. Em seguida, Athawolf Storteff, com sua postura mais leve e fala eloquente por ser um estudioso, saudou Stephanie, dando uma excelente descrição da situação de seu ducado.

Nenhum dos territórios aparentemente apresentava problemas. Tudo estava indo do jeito que Stephanie e Leon desejavam, porém, o fim do relatório de Anselm chamou a atenção de Leon. Na realidade, invocou sua raiva. O imperador lançou um olhar fulminante para Anselm, que encolheu de ombros quase que imediatamente.

— As terras do Norte não serão nunca mais usadas como base de espionagem — Leon ponderou frio, fazendo quase De La Roche se engasgar com a própria saliva.

— Mas, Vossa Majestade, as muralhas das terras do Norte favorecem o trabalho da minha família — Anselm insistiu, e Leon respirou fundo. — Além do mais, faz seis anos que o Ducado de Casteyer foi praticamente abandonado.

— O Ducado de Casteyer ainda me pertence. Aquelas terras ainda são minhas. E ninguém está permitindo em fazer qualquer atividade sem minha ordem. Ficou claro? — Leon esclareceu. Anselm assentiu com a cabeça, derrotado por não ter conseguido a permissão para atuar nas terras do Norte. Ele não sabia que o imperador era tão duro quando o assunto era suas terras e seu povo. Eles eram sua responsabilidade, ainda que ele seja ausente.

Stephanie ficou surpresa ao ver Leon sendo rígido com o nobre. Afinal, não era um de seus cúmplices para vê-la caída ao redor de seu próprio sangue? A posição de Stephanie irritava os nobres, porque eles nunca tiveram contato com Stephanie antes que seu pai parecesse a morte, de certa forma, isso limitou as armas que eles poderiam usar contra a mulher.

No campo de batalha Stephanie era denominada como Dama de Diamante, mas no meio dos nobres, ela era chamada de Cartomante. Cada um dos avanços dela parecia ser preciso demais para ser apenas instinto — ela tinha que ter algum fator espiritual para ajudá-la —, eram o que os nobres acreditavam fielmente.

— Quem herdará o Ducado de Casteyer quando o último descendente além do senhor, imperador irá assumir o trono? Desculpe a intromissão, Vossa Majestade, mas é um assunto que sempre paira sobre os círculos nobres — Athawolf arriscou perguntar. Todos os outros quatro nobres aguçaram a adição para ouvir as respostas.

Era de extrema importância quem voltaria a liderar as terras do norte. Se fosse possível algum deles conseguir algum pedaço da terra mais rica do império, eles não precisam ter cuidado nunca mais com as palavras perto dos pequenos nobres. Leon tinha consciência que muitos cobiçavam suas terras. Estava acostumado, porém, a pergunta fez uma lembrança antiga sobrevoar a cabeça do imperador.

O tópico causou o mesmo efeito em Stephanie. A mulher petrificou-se na cadeira quando seu marido virou devagar em sua direção. Lembrando-a da sua promessa. A maldita promessa que apertava todos seus músculos, e a fazia lembrar-se, de uma forma ou de outra, ela estava em débito com Leon.

— Minha segunda criança... — Leon engoliu a seco, sentindo hiperventilar com as próximas palavras. Ele colocaria a imperatriz numa situação difícil, mas era necessário. — Ela herdará meu Ducado, assim como meu sobrenome.

Stephanie arregalou os olhos, assim como todos presentes. Antes que aquilo se prolongasse, a soberana levantou-se, batendo as mãos na mesa.

— Essa reunião acabou. Obrigada pela presença de todos — Stephanie anunciou, direcionando para a porta. — E imperador, na minha sala, por favor.

Stephanie fechou com força a porta atrás dela depois de assegurar que Leon tivesse entrado na sala. Leon vasculhou a sala da esposa, tentando disfarçar o quanto estava nervoso para tópico da conversa entre eles. Enquanto, a mulher pediu a sua assistente Roux, para fazer um chá, Leon acomodou-se em seu sofá do encostado para parede; de frente para o sofá que Stephanie se sentaria.

Os passos distantes Naw soaram como uma libertação para Stephanie. A mulher caminhou em passos duros na direção do marido, e ficou a sua frente, cruzando os braços, sem os apertar. As sobrancelhas juntas e a respiração fundo denunciaram sua raiva.

— Tem consciência do que acabou de fazer? Você disse como se eu estivesse grávida. — Ela deu ênfase nas palavras, fazendo com que Leon não se arrependesse de ter dito as palavras. — Todos na cortes e até mesmo fora dos portões de Mherga irão comentar sobre isso por muito tempo. E não irá se resumir a dias ou semanas, mas em meses.

— Isso é normal. Somos um casal.

— Nunca fomos um casal — Stephanie retrucou rígida. Leon vacilou, mas logo se recuperou, estando certo da próxima ação que ele tomaria. A mulher, por outro lado, suspirou com o próprio choque de realidade, e continuou mais calma. — Apenas julgo que foi uma péssima escolha de palavras, imperador. Os nobres e as pessoas irão aumentar a dosagem de cobrança sobre meus deveres como esposa e, sendo franca, eu estou farta de dar explicações sobre nossa relação. Desde o começo eu tive a clara ideia de que se casar com um membro da minha corte iria dar esse resultado, mas está passando dos limites.

— Isso acontece porque você está mais passiva — Leon concluiu. Em instantes depois das suas palavras desvanecer, ele já estava ajoelhado aos pés de Stephanie. A imperatriz deu um pequeno sobressalto quando seu marido tocou na barra do vestido e a puxou impaciente. Ele não disse quais eram seus pensamentos ainda, porém, Stephanie já pressentia quais palavras iriam pular da sua boca. — Você se arrumou para eles. Essa não é a Stephanie que eu conheço. Além do mais, eu odeio esse vestido. Um traje dado de presente por um homem impertinente que não sabe seu lugar.

— O quê...?

As suas sílabas saíram fracas, pois Leon não a esperou terminar. Sem perceber, o homem já havia enveredado seus dedos na nuca da esposa, e a puxado para ficar com os frágeis centímetros de distância de seus rostos. Isso a impediu de reagir ou fugir de seu olhar. Ela prendeu a respiração, lendo que seu marido estava furioso. Não era algo comum para seus olhos.

— E por que você prendeu seu cabelo? — Parecia mais uma acusação do que uma pergunta. Leon subiu os dedos, dando leves arrepios em Stéphanie por ficar consciente do rastro que ele estava deixando. Quando chegou no pequeno enfeite que sustentava o penteado, ele puxou, deixando os fios ondulados caírem sobre suas costas. Concentrado, Leon arrumou algumas mechas para que elas se posicionassem no seu ombro. — Não é uma forma de desrespeito para mim. Ao meu ver é apenas uma forma de se reprimir. Então...

Ele alcançou uma mecha do cabelo de Stephanie e pairou seus lábios sobre eles, sem encostar. Leon queria que Stephanie compreendesse que mesmo que eles não sejam um casal, mesmo que ele fosse seu marido, ele a respeitava. Sempre iria a respeitar, porque foi pela a dama de diamante que ele se apaixonou. E permaneceria daquela forma até que ele morresse.

— Por favor, seja apenas você. Faça o que bem desejar com esse reino, e principalmente comigo. Eu estarei sempre guardando sua retaguarda. — Ele declarou, erguendo a visão sério, e encontrando uma Stephanie indefesa. — Eu imploro mais uma vez: faça qualquer coisa comigo

Da mesma forma que ela já tirou sua sanidade. Respiração. Atenção.

Stephanie arquejou com o toque delicado de Leon na sua coxa. Os dedos se moviam de forma lenta, enquanto o dono deles delatava sua intenção.

Ela sabia. Queria deixá-lo seguir, porém, seus lábios queriam o impedir. Afastá-lo para bem longe.

— Não, imperador... — Sua voz saiu alta, objetiva. Mas foi insignificante para seu marido.

— Concentre-se em mim. Em nós — Leon sabia o que estava fazendo. Tinha que ir devagar. Assim como na primeira noite deles.

Seus lábios encostaram nos de Stephanie. Ela empurrou as costas no sofá, fazendo um som de protesto. Colocou uma das mãos no peito de Leon, foi fraco por estar nervosa.

O imperador subiu os dedos sobre a camada fina da roupa de Stephanie, enquanto lambeu o lábio inferior dela. Um arrepio percorreu a pele da imperatriz. Um sentimento ansioso brotou do seu estômago, deixando-a assustada.

Devagar. Sem pressa, para a manter por perto.

Outro beijo. Um mais profundo.

Sua língua se uniu com a de Stephanie. Leon mexia-se com habilidade, guiando Stephanie. A mulher apenas o seguiu, apertando a abertura do corpete, os aproximando.

Ao tomar uma distância, eles evitavam se olhar nos olhos. Stephanie não sabia como lidar com o que acabou de acontecer, além de que desde quando seu marido iniciou a falar palavras tão verdadeiras, ela ficou em estado de transe.

— Eu posso me afastar se você quiser, mas podemos ficar alguns segundos assim? — pediu, apoiando a testa na clavícula de Stephanie, respirando lentamente. Concentrando-se em reaprender a respirar e no ritmo do coração de Stephanie. Estava alto. Ele não podia deixar de sorrir.

Isso era bom. No fim, ele ainda conseguia arrancar bons sentimentos em Stephanie, porém, ele decidiu que era melhor escolher esconder para não a deixar irritada.

Num ímpeto a porta da sala da imperatriz abriu. Ambos os governadores sobressaltam. No entanto, quando Stephanie tentou levantar-se, Leon a segurou pela cintura antes que ela ficasse longe dela.

O responsável por assustá-los foi o príncipe. O pequeno caminhou primeiramente até a mesa, não encontrando a mãe, e após sua visão cair no sofá, encontrando-a com um sorriso nervoso no rosto, fez Luigi o retribuir mais alegre.

Luigi contornou o sofá e ficou surpreso por ver seu pai ajoelhado, e uma das mãos de Stephanie está sobre seu pescoço, como se estivesse o consolando. Na realidade, sua intenção seria o esconder, mas percebeu tarde que não era possível.

— Está na hora do nosso passeio, Luigi? — Stephanie perguntou suave, tentando desviar a atenção do menino do pai. Mas foi impossível. Ele continuava a encarar o homem que de forma estúpida a segurou não evitando essa situação.

Seu filho não a respondeu, apenas se aproximou perto o suficiente, curioso. Em seguida, olhou a mãe com preocupação no olhar.

— Papai está bem? — Segurou parte da túnica do vestido da mãe. Ele gostaria de perguntar diretamente para o homem, mas ele tinha dúvidas se estaria incomodando o homem.

Stephanie assentiu que sim, ainda sorrindo. Entretanto, Leon moveu o pescoço para ver o pequeno melhor, e sussurrou que não estava bem. Stephanie desejou torceu a pele da sua nuca por ele estar mentindo para o garoto, porém, controlou-se.

— Posso consolar o senhor junto com a mamãe! — O garoto exclamou empolgado, sentando-se no sofá ao lado da mãe, e alcançando a mão livre do pai. — Ouvi de uma das criadas que pegar na mão de uma pessoa que está mal faz que ela tenha consciência de que ela não está só.

Leon voltou a fechar os olhos, sorrindo com os sentimentos calorosos flutuando à sua volta. Havia muito tempo que ele não se sentia dessa forma, tão acolhido num ambiente. Era melhor do que ele imaginava ter a atenção da esposa e de seu filho para ele.

Stephanie sentia-se da mesma forma. Por uma tarde ela poderia esquecer de todas as injúrias dos nobres e das demais pessoas que sempre esteve a cercando, e se concentrar apenas na sua criança amada, que em qualquer momento iluminava seu dia e em seu marido. Apesar dele ter alguns comportamentos que a desagradavam, era indescritível as sensações que ele despertava nele quando ela permitia sua presença.

Ela trouxe o menino para mais perto, e seu sorriso aumentou.

Quando Roux chegou com o chá encontrou os três descansando. Para não atrapalhar, o que lhe parecia um momento familiar acidental, ela pousou os lanches e o chá na banca, e retirou-se com o coração mais leve. Ela acreditava que o resultado da reunião de Stephanie com o imperador seria algo que resultaria em outro mal-entendido, porém, acabou tudo bem.

A noite era seu território. O vento gélido batia em suas roupas, e tentou levá-lo para longe, por ele estar pendurado no espaço livre da ogiva do quarto dos imperadores. O homem mascarado encostou o rosto no vidro, verificando se a imperatriz estava, e ao confirmar que o imperador estava longe, pressionou a palma da mão na janela, forçando abrir a vidraça.

Adentrado, ele pousou sem barulho. Seguindo em frente com passos tão leves como pluma, ele fitou o rosto da mulher que ele tinha que matar. Não falharia como da última vez. Era um milagre ele estar respirando depois de falhar tão vergonhosamente.

Como cavaleiro da noite era contra seus princípios de honra.

Buscou a adaga dentro das vestes, enquanto não desviava o olhar do rosto tranquilo da imperatriz. Hesitou milésimos de segundos quando a mulher suspirou e murmurou algo, porém, sua hesitação veio do quanto Stephanie parecia bela com o vestido turquesa e um brilho fraco cintilando de seus lábios.

Despertou depois de recordar-se porque estava lá, e de seu soberano, ameaçando o pouco que lhe restava que ele amava e poderia dizer que era seu.

A pena sumiu de seus olhos, e ele semicerrou-os voltando os tornar ameaçadores, e desceu a adaga mirada no coração de Stephanie.

O único candelabro que tinha velas acesas no quarto apagou-se quando o vento invadiu o quarto com ferocidade. O cheiro forte de sangue preencheu o recinto, e as mãos do assassino tinham sua luva suja pelo sangue da imperatriz, porém, não do jeito que ele queria.

Stephanie havia agarrado a lâmina antes que ela pudesse alcançar seu coração. Stephanie nunca imaginou que acordaria algum dia com alguém tentando a matar sem estar no campo de batalha. Era o único lugar que ela sentia que nunca deveria adormecer por completo.

— Um cavaleiro da noite — Stephanie murmurou ligando as peças que restavam. — Huber disse que um cavaleiro da noite o visitou naquele dia, então foi você?

O cavaleiro arregalou os olhos por não conseguir enterrar mais fundo a arma na mão de Stephanie. Ela não poderia ser mais forte que ele. Sem chances de concluir sua missão, ele resmungou algo, e soltou a adaga, pronto para sair deixando rastros. Entretanto, Stephanie agarrou seu antebraço e o jogou na cama, ficando por cima dele. Usou ambas as mãos no pescoço do homem e colocou seu peso sobre sua cintura para impedir seus movimentos.

— Não quero saber seu nome. Não preciso perguntar para quem você trabalha. — Parecia não haver mais vestígios daquela mulher indefesa. — Apenas quero te manter preso até que você invoque o verbo que confirme todas minhas suspeitas.

— Não... irá parar... — O assassino tentou expor entre o engasgo, porém, Stephanie apertou com mais força, deixando transparecer pelas pupilas já dilatadas que o cavaleiro estava próximo para perder a consciência. — Irão... vir... mais...

— Que venham. Estará pilhas de corpos embaixo de mim. Matarei todos — Stephanie disse em titubear. O resultado daquela situação já estava determinado. O homem desmaiou depois de suas palavras. — Eu não cheguei a esse posto sendo misericordiosa.

Foi eliminando todos seus oponentes um por um. Sem deixar rastros em seu reinado.

Ela desceu da cama, com o sangue escorrendo de sua mão, deixando uma trilha quando ela puxou o corpo do mascarado para baixo pelas pernas, manchando o lençol e o chão. Ele rolou, caindo de bruços. Depois ela o transportou pelo pescoço, arrastando metade do corpo no homem.

Assim que ela chegou na porta do quarto, ela foi aberta por seu marido. O sorriso de Leon morreu ao analisar os pingos de sangue no corpete de seu vestido, e um homem — quase morto —, sendo carregado por ela.

— O que aconteceu? Ele está morto? — Leon disparou. Stephanie ignorou suas perguntas, e tentou desviar e passar por seu marido. O imperador foi mais rápido, bloqueando sua passagem. — Preciso de respostas agora, Stephanie.

— Ele tentou me assassinar. Em relação à vida dele, ele será o próprio advogado para decidir isso — Stephanie respondeu depressa. — Preciso o levar para as masmorras, assim que abra caminho imperador.

— Não sem antes cuidar desse ferimento — Leon retrucou. Stephanie bufou em resposta por não está no melhor dos ânimos. Ela precisava das confirmações o mais rápido possível, para delimitar a corda dos Asdared, e os mostrar quem era o soberano deles. Eles poderiam ser fortes economicamente e ter em mãos muitas posses, mas aquilo só era alcançável por causa da família imperial.

Ela queria o revelar que o reinado deles acabou a muito tempo, e que agora eles não passavam de vassalos da coroa, a servindo de acordo com suas necessidades, consolidando a influência de Alveberia no continente.

Stephanie trincou o maxilar — Você não está ajudando. Saia do meu caminho.

— Julguei que estivéssemos nos entendendo mais cedo. — O imperador tentou aproximar-se do rosto da mulher, porém, ela recuou fria, jogando sal nas feridas de Leon sobre sua rejeição.

— Naquele momento, sim. Mas agora não.

— Por quê? — Seu tom saiu baixo. Retendo os sentimentos.

— Eu não posso simplesmente esquecer do passado, e ficar com você como se nada tivesse acontecido — Stephanie suspirou. De repente, sentiu o local girando. Não podia prolongar por mais tempo aquela conversa. — Você me desprezou assim como todos quando eu era mais nova. Agiu com um comportamento inadequado sempre que seu caminho cruzava o meu, além de ameaçar minha posição de imperatriz.

— Ameaçar sua posição? — Ele juntou as sobrancelhas, repousando a mão ao lado de seu corpo.

Stephanie soltou um riso anasalado.

— Devo te lembrar de tudo, Herói? — Seu tom saiu carregado de sarcasmo. — Todos aqueles velhos que diziam ser amigos do meu pai viviam rastejando pelo palácio comentando que meu pai deveria me vender para um rei, e te anunciar como herdeiro da coroa. Você estava no círculo deles, ouvia e nunca se posicionou sobre o assunto, sempre parecia assentir com a cabeça.

Leon ficou pertubado com as palavras de Stephanie, e a mulher aproveitou o momento de distração do homem, avançando os passos.

Ela conseguiria passar se não fosse pela perda de sangue.

A cor se esvaiu do seu rosto. Sua visão escureceu. Batalhou para se manter em pé, porém, as forças das pernas a abandonaram, e a gravidade a puxou. O corpo do assassino fez um ruído abafado ao perecer no chão.

— Stephanie! — Leon a segurou antes que atingisse o chão. Ele passou as mãos por baixo dos calcanhares da mulher e a equilibrou nos braços. Desmaiada, Stephanie parecia uma boneca inanimada. Seus fios se cintilavam na luz do luar, e seu vestido esvoaçou quando Leon adentrou no cômodo, deitando-a na cama. — É por isso que eu desprezava seu envolvimento com a alta sociedade. Sempre sai machucada.

Ele respirou fundo, e a mão que encostava no rosto pálido de Stephanie tremia.

Tudo era sua culpa. Deveria ter lidado com a situação de outra forma.

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