°•ORDEM V•°

"A escuridão, além de guardar perigos, guarda respostas."

714/10/17, Império de Alveberia, Aldeia de Zeneel

Os cascos batiam com força contra o chão, o campo era aberto, no entanto, havia árvores que impediam de Max avançar retilíneo. Quando Stephanie conseguiu se afastar das paredes que cercavam Mherga, ela parou para observar a visão da aldeia de Zaneel — um pano preto transparente, com detalhes de jóia, cobria sua boca — suas roupas também haviam mudado.

Estava com calças, botas abaixo do joelho e uma blusa bege, com um espartilho na cintura. Sem faltar sua capa marrom, perto de um preto.

— Max, desculpe por fazê-lo sair tão tarde — ela acariciou a crina do cavalo e ele relinchou em resposta. — Mas eu realmente preciso saber o que está acontecendo.

Ela desceu a colina, indo até às ruas pouco iluminadas. Deixou o cavalo amarrado num lugar longe, despedindo-se do animal, se camuflando no meio dos camponeses. Todos estavam animados para a preparação do festival, a fim de agradecer a boa colheita da temporada. Stephanie tentou não olhar muito ao redor e seguiu seu caminho, para a guilda onde abrigava seu alvo.

A imperatriz entrou numa construção sem placa, desconfiada e de imediato o barulho de canecas pousando com força contra a madeira e risadas invadiram seus ouvidos — fitou o lugar, não conseguindo avistar uma única mulher, além das funcionárias no bar —, mas isso não importava. Num canto mais isolado, Stephanie viu um homem com o rosto vermelho, segurando uma garrafa de forma deprimente.

Era quem continha as respostas para suas dúvidas.

Conseguindo driblar com facilidade os homens que entravam na sua frente erguendo o punho uns para os outros, Stephanie finalmente tinha se acomodado na cadeira à frente do homem.

— Mostre-me a verdade, Vander Huber — Stephanie iniciou e o homem ergueu a cabeça com dificuldade. A imagem da loira demorou para se focalizar.

— Quem... — Vander tentou formar palavras, mas o soluço interrompeu, fazendo-o esquecer.

Vander Huber, era dono de uma fazenda com bastante influência na aldeia de Zaneel, e se a colheita dele tivesse sido um fracasso, as pessoas ainda estariam exibindo um sorriso?

Por que mentir para ela?

Stephanie constatando que o homem não voltaria a sua consciência, pegou qualquer caneca da bandeja de umas das mulheres passando por ela e atirou no rosto de Vander sem hesitar. Huber deu um pulo na cadeira e quase a garrafa escapou de sua mão.

— Desperte, homem! — Stephanie disse mais alto, chamando atenção de todos.

—Ei, você terá que pagar por isso! — A garota com cabelos presos baixo, cobrou Stephanie, com a mão na cintura.

— Isso é suficiente? — Stephanie perguntou mostrando-lhe duas moedas de prata e a garota assentiu impressionada com a aparência da mulher.

A garota se distanciou e os homens insistiram em ficar olhando para a mesa do fundo.

— O que diabos... — Huber tinha recuperado um pouco do juízo, porém, agora estava encharcado de bebida barata. Olhou seu estado e lamentou, mas tudo fez sentido quando viu Stephanie encarando-o indiferente.

— Não faça qualquer escândalo. Não quero que saibam que sou a imperatriz — Stephanie pediu com cautela. Já era o suficiente saberem que era uma mulher. — Agora conte-me, senhor Huber, o que planeja mentir para sua governante?

Vander engoliu a seco e desviou o olhar.

— E-Eu não sei de nada, senhora — respondeu, gago.

Stephanie revirou os olhos e se esticou para tomar a garrafa das mãos do homem. Quando conseguiu, Huber quase soltou um grito de medo.

— Foram eles! — Vander confessou olhando para Stephanie, desespero. Suas mãos já haviam começado a suar e sentia o coração na garganta. — Foram eles, Asdared.

A soberana não emitiu qualquer mudança na expressão e permaneceu calada, para o homem poder prosseguir com a história. Vander acalmou-se um pouco mais e entrelaçou os dedos sobre a mesa, mantendo um olhar agitado em Stephanie.

— Na noite que sentei para escrever o relatório para Vossas Majestades, fui recebido por um cavaleiro da noite dos Asdared — iniciou tentando situar-se na própria história. — Eles me ameaçaram para mandar um relatório diferente. As árvores e o vento foram testemunhas da minha covardia, mas espero que a senhora entenda. Um homem sempre há de ceder quando seu pescoço é colocado em risco.

Vander terminou e Stephanie tentou encaixar as peças. Apenas famílias importantes podem ter um cavaleiro da noite — são homens ou mulheres treinados únicamente para tratar de questões sigilosas —, então ele não estava mentindo.

Nem seu marido.

Que deprimente. Ela havia discutido com Leon sem propósito. Tamanha mancha estaria guardada por muito tempo no interior de Stephanie, mas ela não pediria desculpas.

Não por não admitir seus erros, mas por Leon tê-la tocado sem permissão.

— Bom, — Stephanie levantou-se com a mão apoiada na mesa — eu espero que da próxima vez não o rever dessa maneira.

Vander arregalou os olhos, entendendo o que ela quis.

"Lealdade. Apenas quero isso de você, Vander Huber. Siga-me com olhos bem abertos e não tropece."

Huber lembrou do que a mulher disse na primeira visita a Zaneel.

— Perdoe-me, senhora, perdoe-me — suplicou com a voz embarcada, com a mão escondendo suas lágrimas.

— Senhor Huber, não me peça perdão quando o que fez foi somente prezar por sua sobrevivência — Stephanie disse tirando um lenço se seus bolsos e deixando sobre a mesa. — Viva. É só o que eu quero.

A soberana não sabia o que aconteceria com ele após contar-lhe sobre o que houve na fatídica noite, então, era uma jura para o homem recordar-se que não o importa o que ele faça, ela estará ciente da necessidade.

Huber não pronunciou uma palavra mais, com vergonha de olhar no rosto da mulher e Stephanie sussurrou algo, se encaminhando para a saída — porém, um dos homens bêbados, deixou sua cadeira, com a intenção de interromper a imperatriz.

— Não ouse tocar em mim — Stephanie interviu antes dele tocar em seu ombro.

O homem ergueu uma das sobrancelhas ao ver a audácia da mulher falar com um cavaleiro daquela maneira.

— Escuta aqui, mulher — O homem tentou agarrar o antebraço da soberana, mas antes, ela sacou uma pequena fraca da cintura, e a atirou sem hesitar. Rasgando a bochecha do cavaleiro, assustando-o.

— Desculpa, parece que eu errei — Stephanie andou um passo, escondendo por baixo do pano um sorriso cruel. — Era para ser em seu olho.

Ela olhou no fundo dos olhos do homem e só viu temor. Chegava a ser aterrorizante como ela podia causar naquele sentimento no coração dos homens - menos em um -, era irritante como ele sempre era uma exceção.

Stephanie satisfeita, retirou-se da guilda, jogando uma moeda de ouro para a mulher que a tinha cobrado.

Dirigindo-se onde seu amigo estava, ela o montou, em seguida dando partida. Quanto mais avançava ela incentivava o animal a ir mais rápido. Queria liderar o formigamento que virou seu companheiro após ter deixado o escritório de Leon, e ao entrar na floresta, o capuz caiu sobre suas costas, ouvindo mais alto o galopar e o mexer das folhas.

Enquanto Max corria com velocidade pela floresta, dois pares de olhos escuros a observavam, equilibrado em um galho.

Pegou seu arco e fecha, o esticando e mirando nas costas de Stephanie.

Não iria errar. Errar significava morte.

Soltou a respiração, deixando a fecha fazer o resto do trabalho.

Seu coração acelerou quando viu que acertou somente o braço de raspão.

A sombra se afastou, resmungando.

Em baixo, Stephanie vacilou ao sentir a ardência e o líquido descer da ferida —, no entanto, ela continuou a corrida — a imperatriz pensaria no que aconteceu após chegar em seu castelo e dormir.

Ela não morreria com algo tão pequeno.

"Estou cansada..."

Chegando em seu palácio, Stephanie franziu o cenho ao ver seu marido em pé, com os braços cruzados sobre o peito. Com a aproximação necessária, a imperatriz abaixou a visão. Não iria descer de Max.

— O que está fazendo aqui fora? — Ela perguntou incomodada.

Leon não respondeu, ainda fitava o corpo da mulher procurando algo fora do lugar,  até que encontrou seu braço esquerdo sangrando.

— Onde machucou-se? — Leon tomou um passo preocupado.

— Deve ter sido algum galho — Stephanie respondeu vendo sua manga esquerda manchada de sangue.

— Precisa ser cuidada — Leon andou até seu lado, estendendo os braços.

— O que está fazendo?

— Ajudando você a descer. Não conseguirá com o braço assim.

— Não se atreva — Stephanie disse aumentou o tom de voz —, quem você acha que eu sou?

Leon suspirou, agarrando a cintura de Stephanie e a jogando em seu ombro — a mulher ficou confundida por alguns minutos, mas logo entendeu o que havia acontecido —, ele a tirou do cavalo com uma facilidade impressionante.

— No momento, para mim, você é apenas uma pessoa ferida — Leon a respondeu, virando sua atenção para o guarda mais próximo. — Leve Max para o estábulo.

O guarda assentiu, enquanto Stephanie tentava alcançar umas de suas facas. Era humilhante ser levada por um homem como seu marido daquela forma.

— Desista. Eu sei dos seus truques — Leon avisou sério e Stephanie bufou. Por isso, ele a pegou daquela forma.

— Eu estou bem, me solte — Stephanie tentou achar outra saída.

— Não.

Ela grunhiu frustrada com a resposta do seu marido.

— É uma ordem! Me solte!

Talvez agora ele a ouvisse. Cada espada do império foi criada para acatar as ordens da família real.

— Eu irei soltar, imperatriz, mas só quando chegamos em nosso quarto — Leon terminou a conversa firme.

Stephanie calou-se. Não queria piorar seu dia ouvindo a voz de Leon tão próxima.

Ao subir as escadas, e virar dois corredores, eles haviam chegado na habitação. Leon desceu Stephanie, a colocando sentada na cama, vendo-a ainda com a boca coberta — Stephanie mantinha seu olhar direcionado para frente, inexpressivo, imóvel e calada.

— Não gosto quando você adota essa postura — Leon sussurrou dobrando os joelhos na altura da boca da esposa, removendo o pano.

Ela não fez qualquer ruído ou expressão.

Leon não podia fazer muito quando ela fazia isso. Sentia-se sendo empurrado e algo inexplicável crescia exponencialmente dentro de si — não era algo bom — era nocivo. Tanto para ele quanto para Stephanie.

Uma relação começada com ruína, terminaria em ruína.

— Eu só quero ajudar — Ele levou a mão ao rosto de Stephanie, se ajoelhando.

Vácuo. Parecia estar se comunicando com algo inanimado.

— Então faça rápido — Stephanie exigiu, fazendo sua voz ecoar no quarto. — Quero dormir.

Leon afastou sua mão, a levando para a manga e a rasgando em seguida — vendo que o sangue ao redor da ferida já havia coagulado, ele tocou ao redor, semicerrando os olhos.

— Não é uma ferida provocada por galho — ele murmurou para si, logo erguendo a visão para Stephanie. — É por uma fecha.

— Como sabe?

— Já cuidei de muitos homens para saber a diferença — Leon pressionou o dedo perto da abertura, e Stephanie se encolheu de dor.

— Você fez de propósito.

Seu marido não a respondeu, somente saiu do quarto, deixando Stephanie à mercê da dor e de seus pensamentos sombrios. Após alguns minutos ele voltou com uma bacia, pano e uma agulha curvada como a lua minguante.

— l Me avise quando doer muito — Leon pediu mergulhando a agulha na água quente, após ter limpado o local.

— Por que não chamou um médico? — Stephanie estava insegura quanto às habilidades do marido.

Ele ficou calado.

— Perguntas são para ser respondidas, imperador — A mulher aborrecida com o silêncio do soberano.

— Agora deve entender como me sinto quando você finge que está em frente a uma parede invisível — Leon acomodou-se ao lado na cama, dando a primeira volta na agulha.

Stephanie não teve como argumentar contra, ficando apenas um silêncio desconfortável entre os dois. A mulher acreditou que doeria, porém, quando tomou consciência que seu marido havia terminado de enfaixar a ferida, teve que aceitar as habilidades médicas dele.

O homem trocava de roupa, quando Stephanie via-se enrascada — ela não estava conseguindo mexer corretamente seu braço para tirar sua roupa — e não poderia acordar Rael, sem ela cobrar-lhe uma explicação.

Movendo-se para o outro lado da cama, Leon foi parado por Stephanie que segurou discretamente a manga do esposo.

— O que houve? — Leon virou-se para a mulher que movia os olhos desconfortáveis.

— Ajude-me a tirar a roupa — Stephanie respirou fundo após pedir. O que estava fazendo era algo hipócrita.

Leon engoliu a seco antes de se mover até Stephanie, e começar a tirar sua roupa — mesmo sendo seu marido, não era da cultura de Alveberia despir as mulheres com vestimentas diurnas e sem antes uma preparação — estava se sentindo como um pecador.

— Para de olhar tão fixamente — Stephanie ordenou quando as mãos de Leon subiram sua camisa. — Você já viu mais que isso.

— Sim, há cinco anos atrás — Leon respondeu após tirar suas calças e alcançando a combinação da mulher, vestindo-a. Terminando, ele deitou-se com pressa na cama.

Era como se estivesse fugindo.

714/10/18, Palácio Dunkel

Com os primeiros raios solares caindo sobre as terras de Alveberia, Stephanie levantou-se com o corpo dolorido e alguns fios soltos — na noite anterior havia acontecido muitas coisas e ela não conseguir parar de pensar sobre os Asdared —, a família tinha desistido de tentar assassinar os membros reais a trinta anos atrás, então que motivo levaria eles a agirem imprudentemente agora?

Foi até Rael, que ajudou ela a se banhar e mesmo após ver seu ferimento não perguntou-lhe nada — apenas ao terminar de vestir um vestido com a saia drapeada rosa clara, com mangas compridas transparentes, para a reunião que teria com o Duque Yaneth — a mais velha abriu os lábios.

— Não necessito saber dos perigos que está enfrentando, senhora - Rael disse decidida —, ainda quero dormir sossegada.

Ela meneou a cabeça, achando divertido e retirou-se agradecendo. No corredor, ela se encontrou com sua assistente, Naw, e ambas se locomoveram para o jardim interno — e, uma figura calma a esperava debaixo do quiosque — observando o vento brincar com as folhas, a fim de passar sua ansiedade.

— Fico feliz que tenha aceitado meu convite — Stephanie o recepcionou com um sorriso fino.

O nobre vendo-a, levantou-se com rapidez, alcançando sua mão e beijando-a suavemente.

— Sempre uma honra servir, Vossa Majestade — disse cortês, sem desviar o olhar.

Era nítido a admiração do Duque para com a Stephanie e ele não media esforços para escondê-lo, porém, aquilo deixava Naw desconfortável. A garota pigarrou atrás da Imperatriz e ele se afastou, ainda sorrindo.

— Qual é a razão da violência ter aumentado na capital? Há algo acontecendo que você não me informou? — Stephanie foi direto ao ponto, fazendo o sorriso do duque desmanchar.

— Majestade, não há nada acontecendo... — Yaneth tentou esconder seu nervosismo, mas foi impossível.

— Números não mentem. Há algo acontecendo e desejo que você me diga tudo — Stephanie o cortou levantando-se da mesa —, aguardo ansiosa pelo seu relatório verdadeiro, Yaneth.

Naw ainda ao seu lado, virou de costas, contudo, voltou atrás na decisão quando ouviu Yaneth ainda insistindo em manter uma conversa — sua mão segurando a da imperatriz — a garota tentou agir, no entanto, alguém segurou a mão do duque antes.

— Mais respeito com a imperatriz, sua graça — Leon disse calmo, soltando a mão do duque e olhando as marcas de dedos da pele da mulher, trincando o maxilar.

Stephanie olhava incrédula para o homem, cerrando os punhos com força.

— Volte à sua mansão e comece a fazer o documento. O quero na minha mesa amanhã — Stephanie tentou manter a calma.

Ela não poderia perder apoio de um duque. Maldita burocracia.

Yaneth fez uma breve reverência e saiu com passos apressados, envergonhado com a própria ação — enquanto, Naw o matava com os olhos.

— Podemos ir, Naw — Stephanie disse ignorando a presença do seu marido.

— Claro, imperatriz.

— Quero conversar com você — Leon pediu com a voz mais grossa.

— Naw, podemos nos encontrar na minha sala — Stephanie voltou com suas palavras e a garota assentiu, os deixando sozinhos.

— Por que baixou a guarda com ele?

Leon estava se sentindo traído com uma simples ação.

— Eu não abaixei a guarda - retrucou Stephanie desviando o olhar. — Foi muito repentino e eu não esperava isso dele.

Então, ela sempre espera um ataque da parte dele?

— Isso está me incomodando — Leon balbuciou levando a mão próximo a boca, ainda encarando o pulso da esposa. Stephanie percebeu e cobriu a marca puxando a manga do vestido.

— Se já acabou, estou voltando aos meus afazeres — Ela virou-se de costas com pressa, sentindo-se desconfortável com o olhar penetrante de Leon.

— Luigi ficou triste por você não ter aparecido ao desjejum — Leon falou, fazendo Stephanie parar imediatamente.

— O que disse? Você comeu na presença de Luigi? Mas ele começa as lições antes de você acordar. — Ela andou mais rápido até o imperador, e faltava poucos centímetros para ela invadir seu espaço.

— Isso é do seu interesse, imperatriz? — Leon ficava comovido com o quanto ela tinha conhecimento dos seus horários.

— Sim, — ela disse séria e quase assustada — não chegue perto do meu filho sem que eu esteja.

Leon arregalou os olhos percebendo o notável terror de Stephanie. Ele tinha esquecido que nutriu essa proteção a mais — agora o sentimento enjaulado bateu asas em seu peito e o homem quase tremeu.

— Eu... já não penso daquela maneira...

Do que adiantaria tentar convencê-la agora? O arrependimento pesou na consciência de Leon, fazendo-o desviar o olhar — não aguentava ver os olhos de Stephanie o julgando como um assassino — essa a última coisa que ele queria receber da mulher.

— A primeira coisa que o seu avô e você me ensinaram foi que homens não voltam atrás -
— Stephanie o lembrou furiosa, dando às costas para o companheiro. — Não tente se aproximar de Luigi outra vez sem minha presença. Isso não é um pedido, ou uma ordem, é uma ameaça.

"Não quero lembrar..."

Leon pensou, sentindo o ar ficar escasso em seus pulmões sem ter feito qualquer ação brusca. Ele não conseguia esquecer da expressão da mulher naquele dia ou em como ele quebrou todas as oportunidades para se aproximar — foi a primeira vez que ele perdeu a sanidade — e a última vez que tocou em Stephanie.

Ainda sentia o gosto das lágrimas salgadas inundando sua boca.

— Eu não sou um monstro — Leon sussurrou aliviando o peso que ficava sempre que o pensamento lhe surgia.

Inspirou e expirou lentamente se acalmando, e ao abrir as pálpebras, dois de olhos pares iguais aos seus o encarava preocupado.

— Papai? — o menino pegou dois dedos do pai com cuidado e os apertou — Tudo bem?

— Estou — respondeu sorrindo. O menino havia espantado todos seus problemas. Era por isso que Stephanie sempre o mantinha por perto?

Leon sempre o via nos braços da mãe e vendo ao seu alcance, ficou curioso para saber como era a sensação. Com cuidado, ele se inclinou, passando as mãos por baixo dos braços do menino e o subindo.

Nos braços do pai, o menino riu.

— O senhor é realmente muito mais alto que a mamãe — Luigi comentou contemplando a vista que poderia ser mais ampla, enquanto, Leon pensava no quanto ele tinha crescido.

Em quanto tempo ele perdeu.

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