34| O jogo sujo - Parte 3

DORIAN passou os próximos minutos em completo silêncio, concentrado no que fazia em sua mesa, ou talvez apenas disfarçando como se sentia para não ter que dar explicações a ninguém. De qualquer forma, Melina e Max pensavam que aquela era a melhor opção para ele, e até mesmo os outros agentes ali, mesmo sem entender, souberam que não deveriam perturbá-lo e que provavelmente ele não os ouviria.

Melina até tentaria esquecer aquela situação naquele dia, mas sua intenção foi interrompida quando Tales se aproximou dela, sem esconder a feição extremamente irritada e frustrada.

— Precisamos da sua ajuda. – Disparou ele, assim que se aproximou.

— Minha?

— Sim. Verena disse que só dirá alguma coisa se for você a interrogá-la.

Aquela informação não deixou de surpreender Melina e de, principalmente, irritá-la. Sem dúvida alguma aquela mulher estava tramando alguma coisa, e aquele joguinho dela nem precisara se desenrolar tanto para deixá-la com raiva. Verena sem dúvida desconfiava de que onde Melina estava, Dorian também estaria, e o sadismo do pensamento daquela mulher, fazia todos os nervos de Melina se agitarem. Daquela vez ela não deixaria Dorian vulnerável, daquela vez o pouparia e se dependesse dela, Verena sequer veria o rosto dele.

— Ela só pode estar de brincadeira. – Resmungou consigo mesma, mas ainda assim fazendo-se audível ao agente.

— Também queria que fosse brincadeira, mas ela não dá uma palavra e disse que assim continuaria até você chegar.

— Ela quer me desafiar, isso sim.

— Isso está claro.

Inspirando profundamente e se preparando para o interrogatório que viria, Melina se levantou rapidamente e seguiu Tales até o andar das salas de interrogatório. O que ela deveria ter feito, no entanto, era avisar para Max o que estava acontecendo e pedir que segurasse Dorian exatamente onde ele estava, pois assim que ele viu a movimentação de Tales e Melina, se pôs a observar cada movimento deles e assim que saíram, Dorian os seguiu, parando exatamente na sala ao lado de onde Melina e Verena se encontravam. Observando pelo vidro cada movimentação dentro daquela sala e sem ao menos perceber que Maxine havia chegado e se posto ao seu lado.

Dentro da sala, Melina ainda encarava a mulher à sua frente, sem esconder o desdém que sentia. Verena, no entanto, a encarava com um sorriso no rosto, apenas à espera da primeira pergunta que surgisse.

Desde que Melina adentrara aquele lugar, um silêncio havia se estabelecido e internamente rogava para que toda aquela situação acabasse logo.

— Então – Começou a dizer – vai nos contar o que sabe ou não? Não temos tempo para brincadeira.

O sorriso de Verena ampliou, como se encarasse aquela pergunta como um desafio.

— Você é interessante, agente Singh. Sempre muito objetiva.

— Não gosto de perder meu tempo. Vamos logo ao que interessa. Trabalha na imobiliária há quanto...?

— Nosso querido Dorian está nos assistindo? – Interrompeu Verena.

Aquela pergunta causara certa surpresa em Melina, não esperava que aquela mulher fosse tocar naquele assunto tão rápido, mas ao que parecia, aquela era justamente a intenção dela ao chamar Melina.

— Não é sobre isso que estamos tratando. Vamos voltar para sua participação na fraude.

— Não seja tão apressada, nem tão protetora. Eu sei que ele deve estar bem ali. – Apontou em direção ao espelho que escondia a sala posterior. Acenou ligeiramente com os dedos e completou – Oi, amor, quanto tempo!

A respiração pesada e irritada de Melina foi o suficiente para fazer os olhos azuis da mulher voltarem em sua direção, tomados de extremo tédio.

— Por que está tão irritada? Ele não é propriedade sua, tenho o direito de falar com meu marido.

— Em primeiro lugar, estou irritada por você estar me fazendo perder tempo quando foi você mesma quem me chamou aqui. Em segundo lugar, Dorian não é mais seu marido.

Melina não queria ter usado aquele tom irritadiço em sua última frase, mas não pôde evitar que sua voz a traísse e entregasse de bandeja o que ela estava sentindo naquele instante. E o que ela mais temia aconteceu, Verena pôde ver nas palavras dela o ciúme, o que apenas arrancou mais um sorriso da mulher.

— Mas vejam só, parece que ele não rouba só peças artísticas. Eu sabia que ele era bom em roubar coisas preciosas, afinal, ele roubou o seu coração, não é, agente?

— Não é esse o ponto aqui...

— Sim, é justamente esse. – Respondeu Verena, se inclinando na direção de Melina – Eu a entendo, ele é impossível de não se apaixonar. Tem que tomar extremo cuidado.

— Responda o que perguntei, Verena, e não piore sua situação.

— Piorar? Acredita mesmo que essa foi a pior situação que já passei? Não, minha querida agente, já estive em situações muito piores. Principalmente quando meu querido sogro tentou me matar para proteger o filhinho.

— Verena, não vou falar novamente...

Embora Melina ainda se esforçasse para se manter sob controle, cada advertência que proferia, sentia seu coração disparar e uma sensação de ira se acumular sobre o peito. Sabia que a qualquer momento poderia explodir e não sabia qual seria sua reação.

— Eu deveria tê-lo entregado para a morte antes. O que seria uma pena.

— Verena...

— Ele é muito bom na cama.

— Pare já com isso.

— Já transou com ele, agente?

Aquela última frase fez a raiva despertar totalmente em Melina, e sem se conter ela se levantou de onde estava sentada, acertando um forte tapa na mesa e aproximando o rosto perigosamente de Verena.

A mulher, no entanto, permanecia com o semblante sereno e um discreto sorriso, demonstrando sua recente vitória. Para abalar Melina ainda mais, ela fez questão de manter a voz baixa e elevar o rosto levemente, enquanto proferia:

— Ao que parece sim, depois dessa demonstração de ciúmes. Sabe, eu acho que deveria aproveitar bem o tempo que tem ao lado dele sem que Corbeau interfira. E tome muito cuidado para não machucá-lo e entrar na mira do papai protetor. Dorian tende a se apegar muito às pessoas. Tinha que ver como ele ficou depois da minha "morte", dava pena.

Ouvir o desdém de Verena ao tocar em um assunto tão delicado para Dorian, fez o sangue de Melina praticamente ferver dentro de suas veias, tudo o que sentia por aquela mulher era nojo e desprezo extremo. Se inclinando para frente ameaçadoramente, ela semicerrou os olhos, proferindo lentamente:

— Está se gabando por brincar com seus sentimentos, e causar um luto tão profundo que quase destruiu a vida dele? Acha isso engraçado? Deveria se envergonhar do caráter podre que demonstra manipulando alguém que te amou verdadeiramente.

— Então estamos nos entendendo bem. Por que mais estaria o levando para sua cama se não para mantê-lo sob controle?

Aquela frase foi o que bastou para Melina perder totalmente o controle e diminuir a distância entre elas, mirando exatamente no pescoço de Verena e o envolvendo com as mãos até sentir que a sufocava.

Algemada, ela não poderia fazer nada, e Melina até se sentiria vitoriosa se não fosse interrompida pelo som da porta se abrindo bruscamente enquanto Dorian passava por ela, em direção a Melina. Com certo esforço ele conseguiu desvencilhar os dedos dela do pescoço de Verena e a arrastou para fora, enquanto ela se debatia gritando todo o arsenal de ofensas que possuía.

Só se acalmou quando sentiu as mãos de Dorian tomarem seu rosto e encarar os olhos preocupados dele, o ouvindo pedir:

— Mel, olha para mim, por favor. Se acalma.

A respiração dela ainda continuava pesada, ao responder:

— Não tem como manter a calma perto daquela... daquela...

— É exatamente isso que ela quer, Melina. Ela queria te desestabilizar e conseguiu.

Somente depois de ter ouvido aquela frase em alto e bom som que Melina percebeu o quanto havia sido tola ao se deixar manipular por Verena. Instantaneamente sentiu a vergonha lhe atingir e abaixou a cabeça, resmungando:

— Inferno. Me desculpe.

O abraço que recebeu de Dorian foi o suficiente para fazer tudo se acalmar dentro dela, sentir o cheiro dele e o corpo tão perto do seu, era a única coisa capaz de fazer o turbilhão de sentimentos dentro dela cessar.

— Não precisa se desculpar. Poucas pessoas são capazes de serem imunes às provocações dela.

— Você parece ser uma dessas pessoas.

— Nem tanto. Mas me deixe falar com ela e saberei qual seu jogo.

Se afastando rapidamente, Melina não escondeu a expressão contrariada ao rebater:

— Ficou maluco? É exatamente isso que ela quer.

— Sim, e nós vamos dar isso a ela. Sem entrarmos no jogo dela não poderemos de fato saber o que ela quer.

— Não me sinto nem um pouco confortável com isso.

— Porque toda a situação é desconfortável, mas nesse momento temos poucas opções.

Melina entendia e sabia que o intuito de Dorian ali era somente ajudar, ou quem sabe até encarar o passado assombroso dele, mas não deixava de se sentir incomodada e até temerosa, se Verena lhe dissera aquelas coisas sabendo que ele a ouviria, podia imaginar o que ela falaria ao estar frente a frente com ele. O intuito dela era provocar.

No entanto, sabia que no fundo Dorian tinha razão, talvez ele fosse o mais preparado ali para lidar com ela.

A contragosto Melina acabou cedendo e acenando com a cabeça e acabou até mesmo concordando com o pedido estranho dele de desligar os microfones que havia na sala. Tudo o que ela e Maxine podiam obter do outro lado era a imagem dos dois conversando.

— Ora, ora, vamos para a terceira rodada e eles mandaram o menino prodígio? – Debochou Verena assim que Dorian adentrou a sala.

Ela não pôde deixar de sentir uma sensação estranha quando o viu virar a chave e trancar a porta, para enfim caminhar lentamente e se sentar com calma à sua frente, cruzando os dedos sobre a mesa.

— Ao que parece, ninguém aqui te suporta, Emily. – Respondeu ele, com calma.

— Emily morreu.

— Ah, sim, obrigado por me recordar que era mais uma mentira sua. Como tudo em você é falso, não é?

Se inclinando para frente, Verena abaixou o tom de voz, mas ainda sim manteve certo divertimento ao ironizar:

— Ficou chateadinho, foi?

Por alguns instantes Dorian manteve o silêncio, continuando com os olhos fixos naquela mulher e fazendo questão de deixá-la desconfortável. Assistiu com certa diversão a postura dela se desmanchar aos poucos, e em partes admitia que o olhar penetrante que ele lhe lançava era o causador do recuo dela. Na verdade, aquela era a intenção.

Tomando uma grande quantidade de ar, ele respondeu:

— Não vou negar o quanto me afetou... Verena. Mas sabe de uma coisa? Estou começando a desejar que tivesse morrido de verdade.

Aquela última frase causou tanto espanto em Verena que ela nem mesmo conseguiu evitar o arquear das sobrancelhas, mas se recusou a transparecer o quanto havia sido atingida.

— Duvido muito que esteja falando sério. Não conseguiria viver sem mim.

— Consegui por sete anos, vivi muito bem por assim dizer. Aliás, acredito que ainda não seja tarde para me livrar de você.

— O que está insinuando?

— Que posso te entregar para o Corbeau. Pelo que sei ele ainda está atrás de você, principalmente porque um amiguinho seu é o principal rival dele. Dimitri o nome dele, não é mesmo? Aliás, aposto que ele estava com você nesse negócio imobiliário sujo. O que é muito estranho, pois você está aqui agora e ele continua lá fora, solto. O que aconteceu? Deixou de ter alguma serventia e ele te entregou? Porque duvido muito que você fosse deixar seus rastros tão aparentes.

A boca retorcida de Verena e os olhos cravados em Dorian, cheios de ódio, entregavam que ele havia tocado em um ponto sensível e talvez estivesse bem perto da verdade, isso se já não tivesse acertado precisamente o que havia acontecido. Ela ainda tentava se controlar, se recusando a cair na provocação dele, mas sua voz já não possuía tanta diversão, pelo contrário, revelava toda sua fúria contida naquele instante.

— Você não sabe o que está dizendo.

— Não sei? Tem certeza? Então talvez possamos optar por outra linha de raciocínio, me diga se estou certo. Todo esse tempo você esteve sob a proteção de Dimitri porque lhe servia de algo, me atrevo até a dizer que era só mais uma vadia na cama dele, só que aí algo, ou alguém aconteceu. Você chamou a atenção da nossa cara agente Singh que seguiu você aquele dia e sem perceber acabou expondo Dimitri. E aí, de repente, você já não era mais tão útil, ele não iria protegê-la mais se você não foi capaz de protegê-lo também. Sua vida não vale muito, o que sabe fazer de melhor é colocar um homem entre as pernas.

À medida que Dorian ia ditando aquelas palavras, a respiração de Verena aumentava, mas aquela última frase a levou ao limite. Rapidamente ela se levantou acertando um tapa na mesa e aproximando o rosto de Dorian, sem esconder como estava furiosa e ofendida. Melina e Max até tentaram interferir, mas a porta trancada impediu que fizessem algo.

— Cala sua boca, Dorian! – Gritou Verena.

Ele, no entanto, continuou com o semblante sereno, a encarando com um sorriso vitorioso, enquanto respondia:

— Aí está. Acertei onde deveria, não é mesmo?

— Se acha muito esperto, não é mesmo? Mas não passa de um bêbado desesperado e tolo, não soube nem mesmo reconhecer que eu estava o enganando. Nem nunca me conheceu de verdade.

Mesmo que Verena despejasse todas aquelas palavras rudes contra Dorian, ele continuava sereno. No entanto, não impediu que ele se levantasse lentamente e aproximasse o rosto do dela, fazendo questão de se mostrar ameaçador ao rebater:

— Não, eu só fui enganado porque confiei em você e porque me deixei envolver. Mas você não faz ideia do quanto posso ser vingativo quando sou contrariado. A verdade é que você não me conheceu verdadeiramente, Verena. Agora sente-se, não terminamos nossa conversa.

Instantaneamente ela obedeceu e assumiu seu lugar novamente, se mantendo por alguns instantes calada, procurando outro ponto pelo qual atacar, enquanto Dorian a questionava novamente:

— Vamos voltar ao que interessa...

— Disse que manter um homem entre minhas pernas é o que sei fazer de melhor, Dorian. Mas ao que parece é o que sua querida agente também sabe. De que outra forma ela controlaria você?

— Acha mesmo que tem culhão para fazer uma comparação tão ridícula quanto essa?

— Me diz você, já experimentou nós duas. Posso até ser uma vadia, mas a diferença é que não sou uma vadia que se esconde atrás da lei.

O tapa que Dorian acertou na mesa foi o suficiente para fazer Verena se sobressaltar, mas ainda assim lhe arrancar um sorriso. Ao que parecia, ela encarava aquela conversa como uma briga de egos.

— Deixe de ser baixa e pelo menos uma vez na sua vida faça algo que preste. Diga de uma vez quem estava com você nisso. Melhor dizendo, diga onde está Dimitri porque já sabemos que era ele.

— Por que se interessa tanto? Está querendo morrer?

— Se formos comparar quem está mais perto da morte, acredito que seja você, Verena. Porque me ocorreu que seus rastros só ficaram mais evidentes porque você pensou que de certa maneira estaria mais protegida do Dimitri se estivesse com os federais. Mas seu orgulho não a deixa admitir isso, não é mesmo? Então, vamos supor que Dimitri fique sabendo que você veio correndo até nós e nos contou tudo...

— Mas eu não... – Tentou interromper ela.

— Ah, eu não terminei. Supondo que essa informação chegue até ele, o que será que ele pensará? Pior ainda, o que será que Corbeau pode pensar ao saber que você não tem mais a proteção do seu amiguinho? Você está entre a cruz e a espada, minha querida. Então, seu último recurso é recorrer a nós, e para seu bem acho melhor começar a falar, ou então eu pessoalmente dou um jeito de te entregar para um dos dois que quer a sua cabeça e fazer parecer que você nunca pôs seus pés aqui.

Por alguns instantes o silêncio pairou sobre os dois, Dorian era constantemente observado pelos olhos azuis de Verena, sem que ela escondesse o temor estampado em seu rosto.

— Não precisou crescer com seu pai para ser tão cruel ou se parecer tanto com ele, Dorian. Deve ser o sangue ruim. Não adianta tentar me pressionar, eu não iria ajudá-lo em nada. Use sua inteligência o quanto quiser, pense o que quiser, mas tudo o que encontrará é um beco sem saída.

Dorian até procuraria rebater aquela resposta de Verena, mas uma frase que ela havia usado chamou sua atenção. Nunca pensou que conseguiria lê-la por entrelinhas e manipulá-la mesmo que sem intenção, mas ali estava, bem diante de si, a resposta que ele esperava.

Se levantou rapidamente e saiu da sala, a deixando confusa e sem entender o motivo de sua saída brusca.

No corredor, Melina e Max lhe esperavam, nem mesmo precisaram lhe questionar sobre sua agitação, temendo estar perdendo tempo, Dorian logo arrastou Max pela mão, enquanto explicava:

— Precisamos ir a um endereço, acredito que lá possamos encontrar respostas.

— Do que está falando? – Questionou Max, estacando e o puxando de volta.

— Emily... Verena e eu tínhamos um quarto alugado em um beco, na verdade, era um pequeno depósito onde deixávamos as peças mais baratas que eu roubava. O lugar não despertaria tanta desconfiança, mas depois da suposta morte dela eu o esvaziei e abandonei o lugar. Mas eu tenho quase certeza de que ela voltou para lá depois, Verena não é conhecida por sua criatividade, voltaria para onde se sentiria segura para guardar suas coisas, se há algo que ela esconde pode estar nesse lugar. Quando ela mencionou que eu encontraria um beco sem saída, pode ter se entregado mesmo que inconscientemente. Deveria estar pensando nele quando falou.

Melina concordou com a fala de Dorian, confiava nele e no seu sexto sentido, não se atreveria a contrariá-lo e fazer com que perdessem uma pista promissora, principalmente por ele conhecia Verena muito bem.

— Vão, eu fico por aqui vigiando ela.

Os dois não tardaram sair dali, Dorian especialmente parecia agitado e Melina rogava para que ele estivesse certo, caso contrário, sabia que ele se culparia e se frustraria por acabar em nada. A hora seguinte pareceu se arrastar de forma angustiante, Melina mantinha distância de Verena, apenas a observando através do espelho, não negava que sentia vontade de entrar naquela sala e terminar o que havia começado.

Mas foi quando Max e Dorian adentraram pela porta da sala que estava, que sentiu o alívio lhe atingir, principalmente ao ver o sorriso de satisfação que ambos carregavam. Apressada ela caminhou na direção deles, ansiando por respostas:

— E então? – Questionou.

— Dorian é um verdadeiro rastreador ambulante, ele encontrou facilmente o que procurávamos em meio a um monte de caixas.

—Emily sempre foi muito óbvia em seus esconderijos. – Respondeu ele.

— A verdade é que agora temos o suficiente para montar um caso contra ela.

Melina não saberia dizer o motivo, ou talvez soubesse, mas se sentia extremamente satisfeita em ouvir aquilo. Talvez uma parte de si se sentia muito bem em fazer justiça, principalmente por Dorian. Apesar da aparência sóbria que ele mantinha, ela conseguia ver muito bem através de seus olhos o quanto ele havia sido atingido, só não se permitiria demonstrar os sentimentos, principalmente para Verena. Ele não abriria mão do orgulho.

A verdade era que quanto mais permanecessem ali, mais Dorian seria atingido, quanto mais fundo cavassem, mais ele seria machucado. O melhor a se fazer era acabar com aquilo de vez e quem sabe tentar ajudar a cicatrizar o buraco que havia sido aberto nele novamente.

Mesmo com a insistência de Melina e Max de que ele saísse dali e não se torturasse mais, Dorian continuou acompanhando tudo. Observou calado os agentes conduzirem Verena através do corredor para a cela mais próxima, onde ela ficaria até ser decidido o presídio para onde seria levada e a data de julgamento.

Enquanto a via ser conduzida pelo corredor, Dorian pôde notar o olhar astuto e rápido que Verena lançou em direção a uma porta de metal que ali havia, soube naquele momento que ela tramava algo e conhecendo-a como conhecia, soube também que nada a pararia.

Discretamente caminhou em direção à porta, olhando para todos os lados para saber se tinha sido visto. Se contentando com a falta de atenção dos agentes sobre si, fechou a porta e tomou as escadas que desciam até subsolo, os degraus o levaram até um extenso corredor de luzes brancas, que acabava em uma porta de ferro, que ele sabia, levava ao estacionamento. Ainda tentando manter certa tranquilidade, percorreu todo o corredor, parando ao final, se recostando na porta, apenas esperando o que estava por vir.

O que Dorian previra não tardou a acontecer, soube no exato instante que um alarme soou no prédio inteiro, que Verena havia de alguma forma driblado os agentes.

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