17| Segredos e família - Parte 2
ENQUANTO percorriam a avenida de volta para a agência, Melina notou o quanto Dorian estava quieto, mas apesar do silêncio havia um sorrisinho muito suspeito querendo despontar nos lábios dele, como se estivesse se esforçando ao máximo para esconder algum segredo.
— O que houve? A visita ao seu pai foi tão rápida e agora está suspeitamente muito quieto.
Sem conseguir se conter, ele acabou contando:
— Meu pai está namorando, acredita nisso?
— Namorando?
— Pois é, senhor Delyon voltou a amar depois de dezesseis anos só.
— Isso é bom... não é?
— É incrível, eu nunca vi meu pai tão feliz na vida dele. Eu só preciso ter uma conversinha com minha irmã sobre isso, ele ainda está receoso por causa dela.
— Helena? – Estranhou Melina.
— Claro que não, a Lívia. Falando nisso, prometi pegar ela na escola hoje e levá-la para o galpão para termos essa conversa. Poderia me dar uma carona?
— Posso sim, mas não vou ficar por perto dessa conversa. Boa sorte para tentar convencer uma adolescente a aceitar o namoro do pai.
— Ela não tem que aceitar nada. A vida não é dela, e é isso que ela tem que entender.
Melina nunca vira tanta determinação e firmeza na fala de Dorian. Geralmente quando se tratava de Lívia ele era o irmão mais velho bobão que fazia de tudo por ela, mas ali, naquele momento, ele parecia particularmente irritado com a caçula, o que significava que a conversa que teriam talvez não seria nada agradável. De toda forma, aquele era um assunto de família, o qual ela pretendia passar bem longe.
Dorian passou o resto do dia em silêncio, concentrado no que fazia e parecendo particularmente perturbado, principalmente depois de abrir e ler todo o conteúdo do pen drive que Thomas Belmok havida dado a ele.
De um minuto para o outro, o comportamento dele mudou da água para o vinho e nem mesmo as piadinhas tão típicas dele haviam sido feitas no período da tarde, o que indicava que o quer que estivesse naqueles arquivos, era grave o suficiente para abalá-lo. Melina admitia que estava curiosa para saber o conteúdo, e se tivesse um pouco menos de honra teria arranjado uma maneira de olhar, mas não queria quebrar a confiança de Dorian, então resolveu esperar até que ele próprio se sentisse confortável em contar.
No fim daquela tarde, quando buscaram Lívia na escola, ela se sentiu receosa de deixá-la sozinha com Dorian, principalmente porque ele ainda mantinha uma carranca muito atípica dele e o início de conversa entre os irmãos, assim que adentraram o carro, não fora nem um pouco amorosa. Muito pelo contrário, Lívia já sabia sobre o que o irmão iria falar e se armara contra ele. Mas no fundo, Melina sabia que Dorian lidaria muito bem com a situação.
Assim que Melina os deixou no galpão e partiu para o apartamento de Max, a seu pedido, Dorian fez questão de entrar no banheiro, para tomar um banho e se trocar, enquanto deixava Lívia à vontade pelo galpão. Ela estivera ali poucas vezes, e em partes, ele estava protelando para iniciar aquela conversa que sabia que não seria fácil. O temperamento de um Delyon tendia a ser um pouco rígido quando se tratava de alguns assuntos.
Assim que se sentiu confortável o suficiente, saiu do banheiro, caminhando para o espaço reservado da cozinha, procurando algo para comer.
— Está com fome? – Questionou ele, sem encarar Lívia, que se mantinha perto do sofá.
— Não muita, lanchei antes de sair da escola.
— Mas quer ou não comer algo?
— O que tem aí?
— Um resto de torta de maçã.
— Pode ser. – Respondeu ela, distante.
Suspirando e buscando paciência de onde não tinha para lidar com o tom de voz rabugento de Livia, Dorian serviu um pedaço de torta em cada prato, junto de um pouco de suco de laranja. Equilibrou os dois pratos nos antebraços e os copos nas mãos, caminhando até o meio da sala e deixando toda a louça em cima da mesa de centro. Estendeu um dos pratos para Lívia e esperou até que ela desse a primeira garfada antes de suspirar e dizer:
— Bom, eu vou ser direto, acho que já sabe porque eu fui te buscar hoje, não é?
— Não faço a menor ideia. – Respondeu ela, dissimuladamente.
Era certo que fora o próprio Dorian quem havia ensinado Lívia a ser tão irônica daquela forma, mas vê-la usando sua arma contra si mesmo o fazia se sentir irritado.
— Lívia, não se faça de desentendida. Eu conheci a Laura...
— Ah, jura! Eu nem imaginava.
— Vamos parar de criancice por aqui, Lívia, você já é bem grandinha para ficar com pirraça. Nós dois vamos conversar como adultos.
Só então ela voltou os olhos para o irmão e notou o quanto ele estava sério e irritado, e ela sabia bem até onde poderia ir com suas provocações. Ali foi o limite.
Abaixando a guarda, ela descansou o prato no colo e abaixou a cabeça, dizendo:
— Me desculpe.
Tornando o tom de voz mais terno, Dorian se acomodou mais no sofá, se aproximando de Lívia.
— Liv, eu estive com o papai hoje e ele me contou que você anda tendo algumas dificuldades com a Laura.
Ela deixou um riso debochado escapar, antes de erguer os olhos para o irmão, questionando:
— Ele chama isso de dificuldade?
— Olha, eu sei que é estranho vê-lo com alguém. Mas não acha que ele merece ser feliz também?
— Mas quem disse que ele não é feliz, Dorian? Quem disse que ele precisa de uma mulher para ser feliz?
— Sim, eu concordo que ele não precisa de alguém para fazê-lo feliz. Mas já parou para pensar que talvez a Laura o faça se sentir melhor? Menos solitário?
— O papai não era solitário, Dorian, ele tem a mim, tem a Helena, tem você.
— Lívia, nós somos os filhos dele. É outro tipo de amor. Ele pode muito bem ter a todos nós e a Laura na vida dele.
Até aquele momento a menina tentava se manter firme e não deixar que seus sentimentos transparecessem, mas chegou a seu limite quando as lágrimas verteram silenciosamente, enquanto os lábios se curvavam para baixo, demonstrando o quão ela estava descontente.
— Não, não pode. – Resmungou ela, com voz embargada – Ela chegou tomando tempo dele, o tempo que ele estava comigo! Ela não tem esse direito, ela não pode tirar meu pai de mim.
Ali Dorian entendeu o maior receio de Lívia. Ela era acostumada desde bebê a ter toda a atenção de Caíque para ela. Praticamente todas as horas do dia Caíque só dedicava para Lívia, principalmente por ela precisar de todos os cuidados, e quando uma "estranha" chegou, tomando certo tempo de seu pai, ela se sentira ameaçada. Talvez seus sentimentos houvessem se ampliado tanto que pudesse estar se sentindo até abandonada. E ele não poderia culpá-la, Lívia fora mimada por todos, inclusive ele mesmo, e talvez tudo aquilo pudesse ser culpa deles mesmos.
Dorian quase pôde ouvir seu coração quebrando quando a voz de Lívia soou chorosa:
— Eu só tenho ele, Dorian!
Ele odiava ver Lívia chorar e naquele instante se sentia extremamente culpado por ter sido o causador do choro dela. Talvez devesse ter sido um pouco mais delicado. Nem mesmo percebera que aquilo poderia muito bem ser manipulação da caçula.
— Lívia, você não tem somente ele. Você tem a mim, tem a Helena. E o papai não vai te abandonar, a Laura não está tentando tirar ele de você. Olha, assim como ele divide o tempo dele entre nós três, agora ele vai precisar dividir o tempo com a Laura também. Isso não significa que você vai perdê-lo. – Se aproximando mais e passando os braços ao redor da irmã, Dorian acrescentou – Meu amor, ele vai sempre ser nosso pai, isso nunca vai mudar. Ele ama você demais e nada vai ser capaz de mudar isso, ou de afastá-lo de você. Sei que é difícil, você nunca viu o papai se relacionar com alguém, mas ele ainda é humano. Ele ainda precisa disso. E você não faz ideia de como ele merece ser feliz com alguém que o ame de verdade.
Aquela última frase escapara involuntariamente dos lábios de Dorian, enquanto seus pensamentos se voltavam unicamente para sua mãe e como ela maltratara Caíque a vida toda. E ele só percebeu aquele deslize, quando Lívia ergueu a cabeça, limpando as lágrimas e lhe lançando um olhar questionador.
— Por que diz isso?
Instantaneamente ele se afastou e pigarreou antes de beber um pouco do suco, procurando arranjar qualquer desculpa para desviar do assunto.
— Por nada. Não acha que o papai merece se divertir também?
— Sim, mas a forma com que você disse parece que há algo mais nisso. O que não está me contanto, Dorian?
Os grandes olhos castanhos e questionadores de Lívia faziam Dorian se sentir pressionado. Sabia que era um combinado entre ele, Helena e Caíque, que não contariam nada sobre Celine para Lívia, na intenção de que ela não tivesse uma má impressão, tampouco mágoa da mãe que nem sequer conheceu. Mas ele sempre se sentira incomodado com aquele acordo, não achava justo esconder a verdade sobre a mãe, uma hora ou outra garota iria descobrir, Lívia era inteligente demais para não questionar sobre nada.
— Dorian! – Cobrou ela, novamente – Está me escondendo algo?
— Não. – Respondeu ele, se levantando e caminhando pela sala.
— Você nunca conseguiu mentir para mim, Dorian. Me diga, por que disse aquilo? É sobre a mamãe?
Como ele iria contar aquilo para ela? Lívia não sabia nem mesmo que ele era apenas meio irmão dela!
Mas ali, com ela lhe encarando daquela forma, se sentiu um monstro por esconder tudo aquilo dela, no fundo, sabia que tinha subestimado a capacidade de Lívia de aguentar a verdade. Assim como os outros, a havia tratado como alguém frágil.
Lívia confiara nele, e Dorian mentira, mentira a vida toda dela. Dezesseis anos.
E ele estava cansado daquilo, cansado de ser um mentiroso, cansado de ser omisso. Não queria perder a confiança e a admiração da irmã, e talvez o pensamento que lhe ocorrera fosse egoísta, mas já não estava mais disposto a ser desonesto. Se havia resolvido mudar toda sua vida, então mudaria até mesmo detalhes como aquele.
— Quer saber, foda-se. – Resmungou voltando para perto dela e se sentando no sofá novamente – Liv, eu vou te contar tudo, mas primeiro quero que prometa para mim que não irá ficar com raiva da mamãe.
— Por que eu ficaria com raiva dela? Está me assustando.
— Só me prometa que não irá transferir seus sentimentos. Não por nós.
Encarando as mãos de Dorian, segurando as suas e os olhos suplicantes dele, Livia finalmente cedeu e acenou com a cabeça, chegando a uma conclusão antes mesmo de Dorian lhe contar qualquer coisa.
— Ela fez mal para o papai, não é? Por isso ele não fala dela. Por isso você não fala dela.
Soltando um suspiro, seguido de uma respiração profunda, Dorian tomou coragem para concordar.
— Sim, ela fez mal para ele. Para todos nós. E antes de tudo quero que me perdoe. Eu menti para você.
— Mentiu?
— Menti. Me perdoe, eu não fui o bom irmão que prometi ser.
— Mas você teve um bom motivo, não é?
A esperança nos olhos de Lívia deveria fazer Dorian se sentir melhor, mas ao contrário daquilo, o fazia se sentir mais miserável. Mesmo confessando a ela que havia mentido, a menina ainda insistia em encontrar algo bom nele.
— O que você precisa saber primeiro, Liv... é que eu não sou filho do papai.
Ela recuou, assustada, puxando as mãos das dele, parecendo contrariada com o que acabara de ouvir.
— Para de brincadeira, é claro que você é.
— Não, Lívia, eu não sou filho biológico do Caíque... Eu sou fruto de um adultério da mamãe.
— Por que ela traiu o papai?
— Eu não sei, nunca entendi, nem nunca vou entender os motivos dela. Mas essa é a verdade, eu sou apenas seu meio irmão.
— Mas e eu? E a Hele?
Dorian abriu um sorriso triste, mas ainda assim tentando reconfortar a caçula.
— Vocês são filhas dele. Apenas eu... tive um pequeno desvio de percurso.
— Então foi só daquela vez que ela traiu o papai?
— Não. Desde que eu me lembro a mamãe era assim. Ela nunca tratou o papai bem, ainda que ele fizesse de tudo por ela. Como eu disse, nunca vou entender os motivos dela, mas ela sempre se aventurou fora de casa. E numa dessas... bom, eu nasci.
Lívia fez alguns segundos de silêncio, parecendo refletir, enquanto enxugava mais algumas lágrimas que desciam. A torta de maçã há muito havia sido deixada de lado, enquanto a menina parecia lutar um conflito interno. Seus lábios torcidos demonstravam isso.
— Vai ficar bravo se eu disser que não acho isso ruim?
Franzindo as sobrancelhas, claramente confuso com aquela questão da irmã, Dorian questionou:
— Por quê?
— Porque se ela não tivesse feito isso, eu não teria você agora. E eu não consigo imaginar minha vida sem você.
Aquela baixinha sabia fazer o coração de Dorian se derreter. Estavam tratando de um assunto extremamente sério e delicado e de repente ela vinha com aquela frase certeira, o acertando bem no peito. Ele não poderia amar mais aquela menina.
Sem conseguir resistir, ela a puxou para um abraço e lhe deu um beijo no alto da cabeça, antes de se afastar, respondendo:
— Não, eu não vou ficar bravo com você por isso.
Lívia hesitou por mais alguns instantes, aparentemente ela tinha muito mais dúvidas e questões para sanar.
— Posso te fazer mais uma pergunta?
— Mas é claro. Prometo ser totalmente honesto com você agora.
— Uma vez eu escutei uma conversa sua, do papai e Helena. Vocês estavam discutindo sobre me contar algo. Era isso?
— Era. Era sim. Não queríamos que tivesse sentimento negativos em relação a nossa mãe. O papai principalmente não desejava isso.
— Ouvi você dizer que ela tinha te deixado algumas marcas. Ela fazia mal para você?
Aquela pergunta o pegara desprevenido, e embora houvesse dito que seria totalmente honesto com Lívia, não estava certo sobre o que responder. O que diria a irmã? Que sua mãe lhe batia quase todos os dias? Que lhe dava os piores castigos? Que o humilhava e se recusava a socorrê-lo quando ele mais precisava?
— Você prometeu que seria honesto comigo, Dorian. – Disse Lívia, assim que notou a hesitação dele – Como você mesmo disse, eu já sou grandinha e mereço saber de tudo o que aconteceu. A mamãe te maltratava?
— Eu não quero que sinta raiva dela. Não por minha culpa. – Resmungou ele, com a cabeça baixa.
— Não é sua culpa. Nunca foi se ela que era errada na história.
— Está vendo? É isso que não quero que você sinta em relação a ela.
— E como quer que eu me sinta em relação a uma pessoa que batia no meu irmão? – Bradou ela.
— Eu não disse que ela me batia.
— Eu vi as suas costas, Dorian! – Diante do silêncio dele, Lívia continuou – Eu me lembro muito bem de uma vez que fomos a uma cachoeira e você tirou a camisa para nadar. Suas costas são cheias de marcas de queimadura de cigarro, e duvido muito que você tenha se queimado sozinho, muito menos espero que papai tenha feito isso. Era sobre essas marcas que você se referia, não é? E a que está no seu braço também.
Quando Lívia agarrou o braço esquerdo de Dorian, ele rapidamente o puxou de volta e se levantou, se afastando dela e inconscientemente esfregando o local perto do cotovelo.
— Você já sabe a verdade. Não precisa saber dos detalhes.
Melina escolheu aquele momento para bater na porta antes de abri-la, revelando sua imagem e a de Max atrás de si. Dorian não poderia se sentir mais grato pelo bom senso de tempo da agente.
No entanto, as duas pareceram ter notado o ambiente tenso que se encontrava e permaneceram paradas sob o batente da porta, esperando a melhor hora para adentrarem.
Lívia até tentou disfarçar com um pigarrear, mas foi Dorian quem quebrou o silêncio, pegando o celular e encarando a mensagem na tela.
— Helena está vindo te buscar, Liv, acho melhor se aprontar.
— Tudo bem. Vou usar o banheiro primeiro.
— Fique à vontade.
As agentes esperaram a menina adentrar o banheiro e trancar a porta para só então entrarem no galpão e fecharem a porta, enquanto Dorian se atirava de modo desleixado no sofá e bufava, parecendo contrariado.
— O clima aqui não está nada legal ou é impressão minha? – Questionou Max.
— Acabei de ter uma conversa bem delicada com a Lívia. – Resmungou Dorian. Se levantando novamente, se aproximou da amiga, com um sorriso – E você? Como está? Se recuperando bem?
— Ainda com um pouco de dor, mas vou sobreviver. Só não aguento ficar trancada dentro de casa.
O sorriso que Dorian abriu para a loira foi logo desfeito, quando Melina o questionou, falando pela primeira vez:
— Conversou com a Lívia então?
— Sim, mas não foi bem como eu esperava. Acabei contando a ela tudo sobre nossa mãe.
— Tudo? – Questionou Max – Inclusive que ela te batia?
— Isso ela deduziu sozinha. E acho que ela não está nada bem com isso.
Melina se aproximou de Dorian, pousando a mão por cima da dele, que ainda permanecia segurando o cotovelo.
— Eu sinto muito, mas acredito que era justo ela saber de tudo.
Notando que ele estava distante demais para responder Melina e ainda continuava esfregando o cotovelo, Max acabou questionando:
— Por que tanto esfrega seu cotovelo? É por causa da cicatriz que tem nele, não é? Foi sua mãe?
Ele ergueu os olhos, visivelmente desconfortável em responder aquela pergunta, fazendo Max se arrepender pelos questionamentos no mesmo instante. Quando ele apenas começou a juntar toda a louça que haviam usado, ela pensou que não teria respostas, mas assim que ele lhe deu as costas, caminhando para a cozinha, respondeu:
— Eu quebrei meu braço quando era criança.
O assunto foi encerrado quando a porta do banheiro se abriu e Lívia saiu, ainda parecendo incomodada com o assunto que ainda rondava aquele lugar.
Aparentemente Helena tinha sido rápida em chegar lá, mal tiveram tempo para reiniciar a conversa ou até mesmo partir para outro assunto antes de uma batida sutil soar na porta. Dorian não precisou nem mesmo se esforçar para saber que era sua irmã, até mesmo a forma de bater na porta, era muito característica dela.
E ao que parecia, ela notou o ambiente tenso, principalmente quando Dorian se abaixou na frente da cadeira de Lívia e encarou a menina nos olhos, dizendo:
— Promete para mim que não irá ficar chateada com o que ouviu ou por eu não ter lhe contado antes?
Lívia ainda demorou alguns segundos para responder, ponderando consigo mesma tudo o que acabara de viver, mas notando a angústia nos olhos do irmão e a forma com que as outras presentes ali lhe encaravam, respondeu:
— Acho que ainda vou precisar de um tempo..., mas prometo.
Dorian abriu um sorriso rápido, demonstrando o quanto se sentia orgulhoso da irmã.
— É justo. Me prometa também que vai dar uma chance para a Laura.
— Olha, pensando bem... talvez ela não seja tão ruim assim.
O sorriso de Dorian se ampliou, sabendo que sua irmã logo superaria tudo o que haviam conversado, e melhor do que esperava, ela não havia perdido a confiança nele e estava disposta a se abrir mais com Laura. Era um grande avanço.
Helena ainda o encarava confusa, embora no fundo talvez já soubesse exatamente a que se referia aquela conversa, mas diante da presença das agentes, não quis causar nenhum alarde, tampouco uma discussão de família que certamente teriam. Daquela vez Dorian havia sido salvo pelas amigas.
E foi por aquele mesmo motivo que ela não protelou sua estadia no galpão, rapidamente se despediu do irmão e das agentes e seguiu para fora, empurrando a cadeira de Lívia e usando o elevador para chegar até o andar de baixo.
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