CAPÍTULO XXI

08/01/2014

"QUERIDO ROMEU;

Sinto-me feliz em informar-lhe que não me perdi em Colleferro novamente, ao menos não sairão notícias estranhas no jornal local sobre mim. Não que isto fosse acontecer, de qualquer forma.

O dia foi relativamente tranquilo, a não ser pela surpresa — nada agradável — que foi-me dada por meu melhor amigo e chefe; a notícia de que Elton está enlouquecendo e me procurando por todos os cantos possíveis.

Parece-me que fiz o certo ao decidir sair do país; afinal, ao menos assim sou capaz de manter minha sanidade mental — ou o que resta dela, intacta.

Foi-me dito que as notícias boas, às vezes, são detentoras do poder de amenizar as notícias ruins; assim sendo, aqui vai minha notícia boa: papai finalmente trocou mais de dez palavras comigo novamente.

Não parece coisa de filme clichê?

Há algumas horas eu poderia  jurar que íamos ficar no joguinho de dizer apenas o necessário um para o outro por mais tempo. Fico imensamente feliz em ter me enganado, é importante para mim tê-lo ao meu lado; sobretudo neste momento estranhamente desconfortável que estou vivenciando.

O universo tem maneiras estranhas de  mostrar-nos as coisas e de fazer com que estas se concretizem; não é mesmo?

Ainda me parece loucura estar aqui, na Itália, em uma pequena comuna romana ao invés de estar em meu país, parece-me um sonho incrivelmente realista do qual acordarei estando em minha cama ao lado de Elton e percebendo que, na verdade, ainda estamos juntos e que ele jamais traiu-me.

Tudo seria mais simples se eu estivesse certa e isto tudo se tratasse apenas de um pesadelo  esquisito arquitetado por uma mente extremamente fértil; não concordas?

Mas a vida é feita disto, não é mesmo? Digo, a vida é feita de altos e baixos e às vezes, não tão raramente, ela possui mais baixos do que altos; entretanto não há poço tão profundo que seja capaz de nos prender para todo o sempre.

Finalizo esta carta com uma reflexão a ser feita: se todos somos humanos e todos erramos, por que é que alguns erros são mais fáceis de serem perdoados do que outros? Por que perdoamos algumas pessoas mais facilmente do que somos capazes de perdoar outras?

Para sempre tua; Juliet."

AJEITO MINHA saia uma vez mais, saias rodadas estilo anos cinquenta são meu ponto fraco, tenho várias dessas belezinhas e, embora seja inverno, nada me impede de vesti-las para ficar em casa. Admito que não é a melhor forma de usá-las, mas é o que estou tendo para o momento.

Certamente elas serão usadas corretamente durante o verão.

Esta manhã o cheiro de café e de bruschetta recém retirada do forno não invadem minhas narinas, porém não estranho tal fato. Francesca havia explicado-me na noite anterior que teriam de sair algumas horas mais cedo hoje; alho sobre levar Edoardo no médico.

Se eu sinto vergonha em não saber sobre o estado de saúde de meu irmãozinho!? Óbvio que sim, porém creio que eles me contarão sobre isso quando se sentirem prontos para fazê-lo; não irei pressionar ninguém, sobretudo porque Ed parece realmente bem. Então seja lá o que ele tem os tratamentos obviamente estão surtindo efeitos.

Tanto que nesse meu tempo aqui não apercebi-me de nada fora do considerado normal ocorrendo com o pequeno.

Calço minhas pantufas, sim, estou de trajes pin up e com pantufas de Monstros S.A. em meus pés. Quem nunca, não é mesmo?

Apanho a carta que dobrei com todo o cuidado do mundo e saio de casa; encaixando a carta corretamente entre as fendas presentes no muro, adentrando os portões novamente.

Estava prestes à fechar o portão à minha frente quando um carteiro para em frente à mim.

— Senhorita Montecchio? — Assinto relutante — Tenho uma correspondência para a senhora. — Ele diz em tom ameno e retira um envelope de sua bolsa, entregando-o a mim

— Obrigada. — Digo o mais simpática que consigo, enquanto analiso o envelope

Um "por nada" é dito, mesmo que seja feito de forma quase inaudível e o rapaz caminha para a outra casa.

Atravesso as portas de casa com uma rapidez que poderia, facilmente, ser considerada desesperada. Não há remetente no envelope, apenas o nome e o endereço do destinatário que; no caso, sou eu.

Seria possível Elton ter descoberto minha localização e ter me perseguido até aqui? Não; ele não seria capaz disso; seria?

Sento-me na mesa e abro o envelope com as mãos tremendo. De cara reconheço um dos papéis de carta usados por mim para escrever as cartas destinadas à Romeu.

Retiro-o primeiro, apenas para constatar que realmente se trata de uma de minhas cartas.

"Mas que diabos está acontecendo por aqui?" — É tudo o que se passa em minha mente

Pego o outro papel presente no envelope e o abro cuidadosamente. Se trata de uma outra carta, aparentemente, uma resposta à minha. Okay, as coisas estão ficando muito mais estranhas do que eu imaginei que ficariam.

Justo no meu aniversário o universo me apronta uma dessas? Valeu aí, cara aí de cima.

Começo a ler a carta, embora ainda esteja relutante. Ela estava escrita em um italiano perfeito e um tanto quanto antigo; o que resultou em minha pessoa usando o Google tradutor  em busca de traduções para palavras que não eram compreendidas por mim e por meu conhecimento — extremamente — enferrujado de italiano.

Ao finalizar sua leitura, meus olhos se encontram marejados, "Romeu" me respondeu e, embora essa pessoa seja uma completa desconhecida, suas palavras tocaram-me profundamente. Elton jamais seria capaz de escrever-me algo do tipo, então isto elimina completamente as chances de ele ter descoberto minha localização.

Isto me alivia muito e embora eu sabia que o fato de um completo estranho ter respondido uma de minhas cartas devesse me preocupar; sinto-me imensamente grata e feliz. Pode ser ingenuidade de minha parte, mas sinto que alguém que entenda tão bem meus sentimentos conturbados é uma boa pessoa.

Talvez seja uma pessoa curiosa em demasia, mas isso não a tornaria uma pessoa ruim; tornaria?

Sorrio e guardo as cartas dentro do envelope novamente; pedindo aos céus para que esta não seja a última carta trocada entre nós. Pedindo aos céus para que eu possa conhecer esta pessoa melhor.

HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!

Comé que o cês tão? Espero que bem.

O que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado, caso tenham, não esqueçam aquela estrelinha marota, ela me ajuda muito.

Deixem vossas opiniões e críticas construtivas nos comentários. Aceitarei todas de bom grado.

Nos vemos na próxima sexta.

Tia Bia ama vocês!

KISSUS DA TIA BIA!

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