CAPÍTULO XII

03/01/2014

O SOM está ligado no último; meu corpo está jogado sobre minha cama e o celular, perdido em algum lugar do quarto que, admito, está uma completa bagunça.

Levo o cigarro para meus lábios, o tragando. Não sou de fumar com frequência, apenas quando quero espairecer e pensar no que caralhos estou fazendo de minha vida.

É tão errado gostar de alguém que faz parte do mesmo grupo musical que você... e isso é errado de tantas maneiras que nem sei por onde começar a listar.

Solto a fumaça de meus pulmões e aperto meus olhos com força; eu deveria falar para ela o que eu sinto; não deveria? Então por que eu estou aqui, enrolando?

Talvez as coisas fossem mais simples se não fôssemos integrantes da mesma banda; todavia isto é só uma hipótese.

Já vi bandas se dissolverem apenas pelo fato de integrantes terem tido um relacionamento amoroso entre si; definitivamente não quero isso para The Capulleto.

Trago o cigarro novamente. Minha mente não me deixa pensar claramente neste momento; odeio quando isto acontece, o silêncio faz com que minha mente fique ainda mais agitada, tal como se um tsunami de pensamentos a inundasse.

Levanto-me e ligo o toca discos antigo, colocando um disco qualquer da Arctic Monkeys; suas músicas sempre me ajudam a relaxar, a acalmar meus pensamentos e focar no que realmente importa. Que, certamente, é manter a banda unida.

A janela do quarto é aberta por mim, para permitir que a fumaça saia; minha mãe daria-me uns cascudos se me visse a fumar, principalmente porque meu pai veio à óbito devido à um câncer de pulmão.

Abro o whisky que se encontra na estante de bebidas de frente para minha cama, está quente, é verdade; porém não me importo com este fato, ao menos, não agora. Despejo o líquido no copo enquanto bato meu cigarro no cinzeiro.

Foder o fígado e os pulmões ao mesmo tempo... quem nunca?

Faço uma careta quando o whisky desce por meu esôfago; droga de whisky barato!

Torno a jogar meu corpo sobre a cama. Talvez eu tenha de começar a dar um jeito em minha vida; dar nós nas pontas soltas; ou algo do gênero.

Mas por onde começar?

Percorro meus olhos pelo quarto em busca de meu celular, há uma grande probabilidade de já ter passado da hora de eu tomar vergonha na cara e ligar para minha mãe. Apesar de não aprovar meu estilo de vida, ela continua sendo minha mãe; no final das contas.

Por vezes pego-me a pensar no quão complexo o ser humano é; tudo seria muito mais fácil se apenas aceitássemos as coisas como elas realmente são, sem tentarmos mudar a opinião alheia. Ironicamente, isto é o que os seres humanos mais fazem: tentar mudar a opinião alheia; seja sobre si mesmos ou sobre algum assunto do qual discordam.

Minha mãe é complexa desta forma. Jamais aceitou o fato de que seu filho escolheu ser músico e não advogado como o pai; para ela, eu sou uma desonra ao nome dele. Ela também jamais tentou entender meu lado e eu nunca fiz questão de tentar explicá-lo melhor; pois quando eu o fazia, era cortado por ela após a primeira frase proferida.

Pessoas de mente fechada são o pior problema da humanidade e as coisas só pioram quando tais pessoas fazem parte de nossas famílias.

Sou tirado de meus devaneios quando meus olhos encontram o celular sobre o tapete, em frente a porta do quarto. Como ele foi parar lá? Não faço a mínima ideia.

A música why'd you only call me when you are high? da Arctic Monkeys começa a tocar, o quão irônico isso pode ser? Eu aqui, fumando e bebendo; pensando em ligar para minha mãe e esta música começa a tocar.

Talvez seja um sinal para que eu não cometa tamanho erro em minha vida. Ligar para ela não pode trazer nada de bom; certamente só a ouvirei a reclamar de como o que estou fazendo com minha vida é um enorme desperdício.

Não sei, ao certo, quanto tempo se passou; continuo jogado em minha cama tal como se não tivesse nada melhor a fazer de minha vida. Arctic Monkeys ainda toca ao fundo, fazendo a trilha sonora perfeita para os pensamentos que rondam minha mente.

O relógio tiquetaqueia vagarosamente e eu continuo imerso em meus pensamentos; há a grande probabilidade de eu ter bebido em demasia; visto que algumas garrafas de whisky vazias se encontram no chão, em frente à minha cama.

Estou a aceitar a possibilidade de que beber tenha sido um erro; a bebida não afastou-me o turbilhão de pensamentos que me incomodavam, apenas encheu — ainda mais — minha cabeça de coisas desnecessárias.

Obrigo-me a levantar e me arrasto até o banheiro; pedindo aos céus para que um banho frio seja capaz de acalmar-me os nervos e levar meus pensamentos, junto de si, para o ralo.

Cantarolo uma música qualquer enquanto permito que a água desnecessariamente gelada corra por meu corpo.

Já mais calmo e sem demasiados pensamentos perturbando minha mente; desligo o toca-discos, me sento sobre a cama e ligo a televisão.

Pego-me com os pensamentos a vagar na época em que meu pai estava vivo. Ele não era o melhor pai do mundo, tampouco o melhor marido; porém também não foi o pior deles. Não posso dizer que o amava incondicionalmente, mas também não posso afirmar que o odiava.

A série Doctor Who começa na televisão, costumávamos assistir juntos quando eu era pequeno; uma das pouquíssimas coisas que tínhamos em comum era nosso gosto pelo o universo.

Balanço a cabeça em negação, afastando tais pensamentos. Ao que me parece, hoje está sendo o dia em que meu subconsciente deseja me ferrar completamente.

Meu celular apita no exato momento em que afundo minha cabeça no travesseiro, indicando que uma mensagem chegou. Levanto-me novamente e caminho até a porta de meu quarto, me agacho e apanho o celular.

"Precisamos conversar." — era o que brilhava em sua tela, a mensagem foi enviada por Luiza

Um sorriso escapa por meus lábios assim que vejo seu nome como o remetente da mensagem. Talvez meu dia não esteja tão ruim assim; afinal.

HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!

Comé que cês tão? Espero que bem.

O que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado, caso tenham, não esqueçam aquela estrelinha marota, ela me ajuda muito.

Deixem vossas opiniões e críticas construtivas nos comentários. Aceitarei todas de bom grado.

Nos vemos na próxima sexta.

Tia Bia ama vocês!

Capitulo atrasado, mas importante é que ele saiu.

KISSUS DA TIA BIA!

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