CAPÍTULO V
04/01/2014
"QUERIDO ROMEU;
Acabei de chegar em Roma e, tal como eu esperava, não houve, sequer, sinal de meu pai e minha madrasta no aeroporto.
Gostaria de ser capaz de dizer-te que isto não magoou-me, todavia estaria mentindo se o dissesse.
Senti como se uma faca perfurasse meu coração uma vez mais. Veja bem, não estava a espera de uma recepção mega calorosa, mas estava à espera de que eles estivessem no aeroporto a aguardar minha chegada.
Mesmo que isso se desse com sorrisos falsos estampados em seus lábios.
Seria muito exagero dizer que estou indo cada vez mais fundo no poço de problemas que eu mesma criei?
Dói-me saber que eles não vieram pois eu criei a distância que nos separa, dói-me saber que eu tendo a estragar tudo o que toco e sempre perco tudo o que tenho — ou pensava ter.
Sim, tenho a plena ciência de que há pessoas com problemas maiores e mais importantes do que os meus e que muitas delas não fazem a metade do drama que eu estou fazendo.
É aquela história, cada um sente sua dor de uma forma e jamais devemos menosprezar a dor alheia. Tampouco nossa própria dor.
Estou a escrever-te da cafeteria do aeroporto, não me orgulho em dizer que ainda não tomei a coragem necessária para apanhar um táxi e ir até a casa amarela.
Será que ela ainda é amarela?
Penso que seja melhor eu ir para um hotel, um albergue, talvez, ou; até mesmo, uma pousada. Gastarei um pouco mais do que gastaria ficando na casa de meu pai, porém não criarei um clima chato com minha chegada.
As coisas poderiam ser mais simples... eu poderia simplifica-las um pouco mais.
Mas a verdade, Romeu, é que o caos me segue pra onde quer que eu vá. Melodramático, eu sei.
Tenho de ir, tomei a coragem necessária para chamar um táxi.
Nos falamos assim que possível.
Para sempre tua; Juliet."
MINHAS MÃOS estão trêmulas e o suor frio escorre por meu rosto. Não deveria estar assim, tão ansiosa; afinal, estou a caminho da casa de meu pai.
Ele pode, muito bem, ter me perdoado há tempos e me receber de braços abertos.
Tá, a quem estou querendo enganar? Meu pai não faz o tipo que perdoa as pessoas tão facilmente. Provavelmente ele ainda guarda rancor de mim por eu não ter partilhado de sua felicidade.
Todavia eu era uma criança e ele me abandonou primeiro. A culpa de tudo isso não pode recair somente sobre mim. Ou pode?
Arg!
Tudo seria tão mais fácil se eu estivesse em um conto de fadas onde eu teria um final feliz, não importando a história que me aguardava no meio do caminho.
A vida real realmente não é para os fracos e é por isso que eu digo que cada ser humano — que já existiu na face deste planeta — é forte à sua própria maneira.
Desço do táxi com minha mala em mãos; trouxe pouquíssimas coisas, não pretendo ficar muito tempo; mas, pensando bem, deveria ter trago mais coisas já que quero ficar o tempo que julgar necessário para meu coração se curar da decepção.
Meu corpo todo treme em um frenesi de ansiedade, o que me fez constatar o óbvio, eu realmente não deveria ter vindo para cá.
Antes que seja capaz de dar meia volta, a figura de Francesca aparece na porta da frente. Ela sorri de forma acolhedora, como se sempre tivesse esperado por este momento.
Pelo momento no qual eu realmente a consideraria parte da família. Mal sabe ela que ela sempre foi família, para mim.
— Como foi a viagem? — ela pergunta logo após abrir o portão, o sorriso ainda estava presente em seu rosto
Me sinto mal por não estar tão animada quanto a mulher de cabelos negros que está parada em minha frente.
— Foi bem, quero dizer, desconsiderando o quase-ataque de ansiedade devido ao meu medo de altura, tudo ocorreu realmente bem. — sorrio, mais por educação do que por qualquer outra coisa
— Imagino que deva estar cansada da viagem, preparei o quarto de hóspedes para você. Seu pai está no trabalho, mas deve chegar para o jantar.
Ela pega a mala de minhas mãos e faz um sinal para que a siga, sinal ao qual eu atendo sem nem ao menos contestar.
Realmente estou cansada da viagem, onze horas e meia dentro de um avião sem conseguir pregar os olhos, somadas ao fuso horário, me deixaram completamente exausta.
Talvez uma boa noite de sono seja tudo o que eu preciso no momento.
— Este é o quarto que ficará, o banheiro é a porta à esquerda, no final do corredor. Vou deixar que descanse; espero que se sinta em casa. — ela deixa o quarto logo após por a mala sobre a cômoda esbranquiçada
"Eu espero que não." — é tudo o que penso
Não por não gostar da ideia de esta se tornar minha casa, mas sim pelo o fato de não querer pensar em tudo o que me aconteceu na casa anterior.
Jogo meu corpo sobre a cama, que range em desaprovação ao peso chocado contra ela.
Meus olhos percorrem o quarto com curiosidade, suas paredes são azuis, o tom é claro, mas não chega a ser algo apagado. A cor é viva.
O restante dos móveis são tão esbranquiçados quanto à cômoda onde minha mala se encontrava.
Havia uma sapateira aos pés da cama, uma mesinha em seu lado direito, à alguns passos da janela e a cômoda se encontrava do lado direito.
O quarto é pequeno, porém bem aconchegante. Não poderia desejar algo melhor.
Me livro de meus sapatos e afundo minha cabeça no travesseiro macio.
Talvez, algum dia, eu possa chamar este lugar de lar mas, até lá, procurarei não me apegar tanto às pessoas que nele habitam e às paisagens que o cercam.
Coloco meus fones, mesmo sabendo que a bateria de meu celular está por um fio. A música Mad World ressoa em meus ouvidos, talvez ela sempre tenha feito parte da trilha sonora de minha vida, ou talvez seja apenas uma peça pregada à mim pelo aleatório do Spotify.
Nunca saberemos.
HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!
Comé que cês tão? Espero que bem.
O que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado, caso tenham, não esqueçam aquela estrelinha marota, ela me ajuda muito.
Deixem vossas opiniões e críticas construtivas nos comentários. Aceitarei todas de bom grado.
Nos vemos na próxima sexta.
Tia Bia ama vocês!
KISSUS DA TIA BIA!
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