CAPÍTULO II
03/01/2014
"QUERIDO ROMEU;
Alguma vez já sentistes que não pertences ao lugar onde vives? Como se pertencesses à outro universo; outra dimensão?
Garanto-lhe que não é uma boa sensação.
Escrevo-te hoje, não para lamentar-me sobre meu relacionamento fracassado — embora ainda esteja me lamentando por ele; mas sim para mostrar-lhe o quão difícil é se encaixar em tua própria família.
Papai e eu costumávamos dar-nos incrivelmente bem quando mamãe era viva; todavia, após seu falecimento, as coisas entre nós dois apenas desandaram.
Brigas eram contínuas, recordo-me de que ele dizia que eu o lembrava dela e que ele não gostava de tal sensação.
E então ele me abandonou com meus tios, simplesmente voltou para a nossa antiga casa em Roma, sem nem ao menos despedir-se de mim.
Voltamos a conversar após alguns meses, entretanto as coisas ainda continuavam estranhas... tudo piorou quando, seis meses após o falecimento de mamãe, ele anunciou o seu namoro com Francesca.
Eu gosto dela, sempre gostei. Ela é um doce de pessoa, com um senso de humor magnífico e um coração gigantesco, o mundo todo poderia caber nele facilmente.
Como tu deves imaginar, eles acabaram tendo um filho alguns anos após o casamento. E foi neste momento que cortei toda minha relação com meu progenitor.
Não orgulho-me disto, Romeu, sei que deveria tê-lo apoiado, hoje em dia arrependo-me grandemente de não ter partilhado de sua felicidade quando eu tive a chance.
Porém não adianta chorar sobre o leite derramado, tudo o que podemos fazer é pedir perdão e seguir em frente com nossas vidas... não é mesmo?
Ontem tomei a coragem necessária para enviar-lhe uma mensagem.
A princípio julguei ter sido por motivos um tanto quanto egoístas; mas depois percebi que meus motivos egoístas foram apenas pretextos para, enfim, ter coragem de desculpar-me.
Estarei indo para Roma em breve, deixarei as cartas para ti, tal como fazia antigamente.
Para sempre tua; Juliet."
O RELÓGIO de pêndulo parecia estar a gozar de minha cara, visto que o mesmo tiquetaqueava lentamente em um ritmo tenso e preguiçoso.
Quanto mais necessitamos de que o tempo passe rápido, mais este megero passa de forma vagarosa; apenas para ver-nos definhar em nossa tristeza e agonia.
Olho para o espelho novamente, meu reflexo caótico me encara de volta, juro que, por alguns milésimos de segundo, o vi sorrir de forma zombeteira.
Mas isto deve se dar devido às noites mal dormidas; é isso ou enlouqueci de vez. Admito que prefiro a primeira hipótese.
Um suspiro sôfrego escapa por entre meus lábios, algo que venho fazendo muito desde que terminei com o dito cujo... sabe; até mesmo o caos propriamente dito é mais organizado do que eu estou neste presente momento.
Parte de todo este caos se dá ao fato de que não tenho dormido direito nas últimas semanas, pois ele tem povoado meus pensamentos sem nem ao menos me dar uma trégua.
Não consigo parar de pensar que agi mal ao pôr um fim ao nosso relacionamento, apesar de uma parte de mim estar batendo o pé dizendo ser certa a forma com a qual eu agi.
Agradeço aos céus por ter excluído o número daquele cujo o nome não deve ser mencionado. Se não tivesse o feito tenho certeza de que estaria a enviar-lhe mensagens à esta altura do campeonato.
Tudo o que tenho passado me tem feito refletir sobre o amor verdadeiro, com toda sua essência pura.
Por mais que me doa admitir, cheguei à conclusão que amores tão puros quanto de Romeu e Julieta; Shrek e Fiona e Even e Isak só existem nas telonas.
Nós, seres humanos normais, penaremos para encontrar este tipo de amor e, quando acharmos tê-lo encontrado, chegaremos à terrível conclusão de que estávamos enganados o tempo todo.
Minha cabeça lateja com todos os pensamentos que queimam meus neurônios.
Sofrer por amor me parece algo tão egoísta, afinal, há pessoas com problemas piores que os meus e que não se lamentam tanto quanto eu estou lamentando.
Em meio à pensamentos desgastantes, a lembrança do dia em que o conheci bateu à porta.
Era um exaustivo dia e estava excessivamente quente; claramente era um daqueles dias nos quais nos arrastamos para o colégio apenas por medo de perder algo importante.
Eu estava atravessando a rua, em direção à padaria perto de minha casa, quando um idiota esbarrou em mim.
Há, neste universo conhecido, forma mais clichê de encontrar o — suposto — amor de sua vida?
Creio que não.
O olhei indignada; ele mexia em seu celular e parecia estar completamente alheio ao fato de quase ter me levado ao chão com o esbarrão que me fora dado.
Poderia tê-lo xingado; feito o maior escarcéu; todavia, mamãe me ensinou a ser educada com as pessoas, sobretudo, com aquelas que não conhecemos.
— Me desculpe; creio que esbarrei em você. — peço, mesmo sabendo que, de maneira alguma, a culpa fora minha
Era ele quem não estava prestando atenção no caminho que traçava.
A resposta não vem. Um sorriso ladino brota em seus lábios e ele continua o seu caminho; admito que isso me frustrou.
Teria me contentado com um "imagina; a culpa foi minha; não estava prestando atenção"; mas não, nem ao menos isto ele foi capaz de proferir.
O que era tão interessante a ponto de não fazê-lo perceber seu erro?
Adentro a padaria e peço o mesmo pão de mel que sempre pedi; saindo de lá saltitante. Nada melhor que um pão de mel para animar — ainda mais — meu dia.
Voltei a vê-lo no exato momento em que meus pés pisaram no colégio; estava sentado junto dos populares.
Tá explicado o porquê de eu ter sido invisível para ele; normalmente os populares só veem outros populares.
Ajeito meus cabelos e caminho em direção à mesa onde minhas amigas estavam sentadas; que, por um grande infortúnio do destino, era ao lado da que ele estava.
— Ei; Juliet, não é? — ele profere, me fazendo olhá-lo com curiosidade — Creio que eu tenha esbarrado em você. Sinto muito.
Okay, isso me surpreendeu. E não foi pouco.
HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!
Comé que cês tão? Espero que estejam bem.
Eu não resisti e resolvi soltar o capítulo dois, porém, a partir de janeiro, teremos um cronograma fixo de postagem.
Espero que tenham gostado do capítulo. Caso tenham, não esqueçam de deixar vossa estrelinha, ela me ajuda muito.
Deixem vossas opiniões sinceras também, prometo que serão bem recebidas.
Tia Bia ama vocês!
KISSUS DA TIA BIA!
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