02/01/2014

"QUERIDO ROMEU;

estes dias estava a me perguntar o que tu farias caso vossa vida virasse de cabeça para baixo em um mísero piscar de olhos.

E, se acaso, nesta virada descobrisses que a pessoa que julgastes ser o amor de tua vida o traiu no início de vosso relacionamento.

Relacionamento que, aliás, perdurava por seis anos e meio.

Tu conseguirias perdoar a ela e continuariam juntos, tal como se nada jamais tivesse acontecido?

Ou terminaria tudo e seguirias com tua vida como se a coisa mais importante para ti não lhe tivesse sido arrancada?

Creio que agora consegues compreender melhor o porquê de eu, Juliet Montecchio, me encontrar no fundo de um poço.

Sabes, todo meu relacionamento fora fundado sobre uma mentira e isso, meu caro, não é algo fácil de se descobrir.

Sobretudo se amas teu companheiro incondicionalmente e já havia planejado toda vossa vida juntos.

Deverias ser grato por seres um personagem fictício; apesar de que, sendo sincera comigo mesma, vossa história fostes mil vezes pior do que a minha.

Ela terminou em morte... vocês nem ao menos puderam seguir em frente com vosso amor.

Em dias quietos me pergunto a razão pela qual Shakespeare vos fez tamanha injustiça.

Queria ele dizer-nos que o amor verdadeiro jamais perdurará por tempo o suficiente para ser memorável?

Ou que quando amamos de verdade não medimos esforços para estar junto da pessoa amada?

Minha única certeza é de que, neste momento de confusão, desejo que fostes alguém real, capaz de me responder e ajudar-me a sanar minhas dúvidas; porque, Romeu, confidencio minhas inseguranças a ti; e apenas a ti.

Meu coração está em frangalhos e esta carta está sendo mais difícil de escrever do que pensei que seria.

Porque a verdade é que o amor dói. E eu não estava disposta a sentir tamanha dor, ao menos, não tão cedo.

Para sempre tua; Juliet."

MEU REFLEXO no espelho não mente ao me mostrar o completo desastre que me tornei; cabelos despenteados e olheiras profundas adornando meus olhos castanhos.

O cansaço claramente estampado em meus olhos e a tristeza; a maldita tristeza avassaladora que estou sentindo.

Deveria, eu, realmente me sentir culpada por ter terminado um relacionamento forjado sobre mentiras?

Jogo meu corpo sobre a cama, parece-me que minha vida perdeu todo o seu sentido. Os sonhos que eu tinha foram reduzidos à pó e o pior, foi a pessoa com quem planejei minha vida quem fez isso.

Ponho-me a perguntar o que mamãe diria se ainda estivesse entre nós.

Provavelmente me daria um abraço apertado, faria com que eu deitasse minha cabeça em seu colo e afagaria meus cabelos; tudo isso enquanto dizia o quão boa e pura de alma eu sou.

Ela sempre o fazia.

Infelizmente, perdi ela aos meus doze anos de idade, era uma cirurgia simples, coisa de rotina. Mas houve negligência médica e ela veio a óbito algumas semanas após ter recebido alta do hospital.

Essa foi, de longe, a pior dor que senti em toda minha vida. Nem a dor da traição será capaz de supera-la e isto é fato.

Apanho meu celular que estava sobre a escrivaninha e digito uma mensagem ao meu pai.

Realmente amo o Brasil, todavia preciso de novos ares, novas perspectivas no presente momento.

"O senhor ainda está em Roma?"

Fazem três anos e meio que não conversamos, ele se casou novamente, constituiu outra família. Não estou dizendo que ele me abandonou; muito pelo contrário.

Fui eu quem o virou as costas ao saber do nascimento de meu meio irmão e não; eu não me orgulho disso.

Aguardo a resposta, porém ela não vem.

Eu não o culpo por não querer falar comigo; afinal, como poderia culpá-lo sendo eu a causadora de nosso distanciamento?

Não haveria lógica alguma.

Meu celular vibra e eu o olho ansiosa, todavia, logo meu ânimo escorre ladeira abaixo. Não se tratava de uma resposta de meu pai; mas sim de uma mensagem de Elton.

Seu nome ainda brilhava na tela de meu celular; o que me faz indagar o porquê de eu não tê-lo deletado.

Elton... apenas de ler o nome dele meu estômago embrulha e meus olhos se enchem de lágrimas.

Cheguei à conclusão de que seu nome  se tornará o novo Voldemort; pois ele não deve ser mencionado perto de mim.

Respiro fundo, contendo as lágrimas. Não chorarei por causa dele; ao menos, não mais. Ele não merece sequer uma lágrima minha e já teve muitas.

Apesar de me encontrar no fundo do poço, tenho a plena ciência que ficar a me lamentar não ajudará em nada; apenas me deixará ainda mais para baixo.

Tudo bem que contatar meu pai, com quem não falo há tempos, apenas como pretexto para sair do país é algo extremamente infantil e exagerado; que também não me ajudará a esquecê-lo, todavia isto me parece a única coisa capaz de animar meus dias.

Desbloqueio meu celular e deleto a mensagem, sem nem ao menos ler seu conteúdo; vou até os contatos e seu número é deletado.

Neste momento eu dou graças aos céus por ter uma péssima memória e nunca ter decorado o número de meu ex.

"Sim, por quê?" — é tudo o que a mensagem enviada por meu pai dizia

"Tão frio quanto um iceberg." — meu subconsciente ironiza

"Estava pensando em ir para aí, sabe, para pormos nossas diferenças de lado e reatarmos nossa relação pai e filha. Tudo bem pra você?"

Admito que não disse a verdade em um todo, mas fazem tempos que eu quero reatar a relação que eu e meu pai tínhamos antes.

Creio que algo de bom possa surgir através deste término; afinal.

"Sim." — mais uma resposta completamente seca

Ele costumava ser amoroso comigo; espero, do fundo do meu coração, que ele não me trate assim, tão friamente, quando estiver na casa dele.

Não sei se suportaria dois desastres de proporções dantescas em um só mês.

Bloqueio o celular e o jogo no outro lado da cama; internalizando que tudo acabará bem.

HEY MEU POVO QUE COME PÃO COM OVO!

Comé que cês tão? Espero que estejam bem.

Quem é que não aguentou até janeiro para postar o primeiro capítulo? Eu mesma, Beatriz Mello.

Espero que gostem do capítulo. Caso tenham gostado, não esqueçam de deixar aquela estrelinha marota, ela me ajuda, e muito.

Espero vê-los em breve. Deixem vosso Feedback da história, isso me ajuda a melhorar.

Tia Bia ama o cês.

KISSUS DA TIA BIA!