Pensamentos de Gilette

"Você está condenado a ser sozinho"

Ecoa um sussurro do além.

E bem sei, não é hipérbole.


Um filho único, família pequena,

O emaranhado confuso dos parentes espalhados

Pelos interiores e metrópoles longínquas 

Sempre ouvia as histórias quieto à mesa:

A separação dos avós, surtos neuróticos

Ferimentos com faca, resistência vã

O fenômeno do corno manso.


Ia àquela casa dos avós

Desde moço

Mas com os anos

Fui me distanciando.

Nunca fui parte daquilo,

Mudo no próprio mundo

Afundado no celular.


Afinal,

Eram pouco amorosos

Falavam pouco entre si

E não via como problema

Eu me dissociar deles

Seguir minha própria vida!

...Mas bem, tudo vai e volta.


O que é essa culpa,

De não entender o amor entre primos,

As troças e brincadeiras nas ruas?

De provar do bolo sem conversar

Na mesa que sento desde criança?


Me surgiram esses pensamentos

Enquanto fazia a barba

Em qualquer manhã chuvosa.

Éramos mesmo uma família feliz,

Já que mesmo no núcleo mais próximo

Todos tinham seus dramas pessoais

Que escapavam a cada sábado?

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