No fim das contas...?
Era você aqui dentro
Nesse tempo todo, mãe?
Parece que ninguém consegue
Escapar de algum trauma da criação
Sendo menino obediente
Temendo qualquer reclamação
De mainha (quase sempre meiga)
Sobre meu comportamento em festas,
Sempre te perguntava, agi bem?
Impaciente e sincero como eu era,
Disse certa vez não ter gostado
De ter ido a um jogo de futebol no estádio
Na frente do pai do meu amigo
Que nos levou até lá
E de meu pai, que ouvia em silêncio.
E que reclamações levei em casa.
A parti daí, percebi. Tinha que fingir,
Esconder o que realmente sinto.
Então, no fim das contas,
Essa autocrítica com o jeito que socializo
Em ser carente e achar que não expresso
Sentimento onde deveria a que deveria,
Era a voz de mainha na infância?
Dessa vez, a culpa não é minha?
Pelo menos não completamente.
Por isso me sinto tão afastado do presente
E me vejo em terceira pessoa, um idiota.
É o olhar de mamãe que ficou, impresso
No meu inconsciente espaço-espírito.
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