Saí do ventre chorando pouco.

Me resignei, é o que a vida

Tinha para me dar.

Não chorei na primeira vez

Que minha mãe me deixou na escolinha.

Me resignei, como já era de meu feitio.

Chorava debaixo dos brinquedos

Quando os amigos me esqueciam

Mas logo apareciam, perguntando de mim.

Me acostumei, nem tudo

Poderia ser assim tão ruim.

Depois dos 6 anos, nunca

Me assustava com provas.

Me acostumei, pelo menos

Uma coisa sabia lidar bem.

No primeiro amor,

Esquecido, nunca lhe contei

Um pingo dos sentimentos.

Me acostumei, não daria

Nada certo mesmo.

Quando me ignoraram

Tantas vezes n colégio novo

Chorei em casa, desisti.

Aquele lugar não era pra mim.

Quando veio o vírus,

Me calei por completo.

Desisti, nenhum conhecido

Se lembraria de mim.

Já no ensino médio

Me tornei sedento por amor

Qualquer gota que fosse

Mas no primeiro aviso de decepção

...Desistia. Aquela gente

Até hoje me dá as costas.

Quando acabei o primeiro namoro

Não chorei. Me resignei

Pois o mundo é um moinho.

Ao perceber que não era importante

Para a vida de ninguém, chorei e então

Engoli o choro. Me resignei, pois o mundo

   [é um moinho.

Não encontrando consolo nos desabafos,

Mais uma vez calei grande parte de mim.

Nessa morte, me resignei. Pois o mundo.

Entre tantos abandonos, lágrimas, aceitação, humilhação

Sou só mais um jogador que vive perdendo

Sem saber o que causa esse ciclo tão meu

E me resignei outra vez.

Mais vale entrar no tanto argentino.