Homônimo

Sem destinatário


Que é que me resta

Senão o poema

Meu único amigo de 

Todos os momentos?


Não, sem eufemismos dessa vez.


Não há nada mais miserável

Que desejar explodir em reclamações

Procurando um ombro amigo

E ser taxado de carente, desequilibrado


"É preciso ter confiança".

Em quê? Em mim?

Passei a vinda inteira

Convivendo comigo mesmo!

Sempre imaginando ser

Uma grande estrela

Frente primos e irmãos

Que nunca tive

Amigos de infância

Que perdi

Namoradas e amizades

Que com toda a força desejei!


Pensei ter conseguido. Mas sou Sísifo.

Desabo em mim mesmo e na perspectiva

De que toda a vida passada... foi sem graça.


Criança obediente aos pais, uau!

Boas notas, exemplar

Bom amigo, bonitinho

Engraçadinho... chato.

Isso não é assunto nem pra poema.


Depois de amar alguém intensamente

E achar que foi amado igualmente

Tudo perde seu sentido.

A escola, os amigos, sonhos...

Tudo igual. Rotina igual.

E clamo tentando resgatar

Esse afeto. Morro um pouco por dia

E nem de amigos recebo amor.

Mas não posso cobrar. Seria carência.


Então devo seguir os conselhos dos outros?

Essa é boa! Não tem sentido viver sem companhia

Só se bastando com amor-próprio

E se não tenho vontade

De falar e de sair da tristeza (autoimposta?)

Que é que me resta?


Não a morte. Não sou poeta. Sou preso.

E agora, eu lírico? Hein!

Como tudo termina? Presunçoso imbecil.

Entre lágrimas mal contidas e ganidos?

Creio que sim. Seu miserável,

Você sabe bem fazer esse papel.

Se ninguém te ouviu, imagine ler.

Se contente em encarar sua caligrafia

Que mais parece ter vindo das profundezas

De sabe-se-lá-onde. O inferno que é só seu.


Vê se tenta se entender um pouco mais

Você não tem a vida inteira pra sofrer!

Nesses anos, tanta coisa aconteceu

Que não conseguiu acompanhar

A vida, com a mente de primata

Presa no passado. Vê se explora ela.


Atenciosamente, ...

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