Despedida (de um ciclo) que não se mostrou verdade

23-08-24


Bem sei, soa exagero

Mas não minto.


Há anos patino em minha mente

Minha opinião de você

Você, que roubou minha adolescência

Você, com quem falava todo o tempo

E na hora h, desapareceu

Quando mais precisava. Sem desculpas.


Há tempos não sou mais apaixonado

A vista se acinzenta

Fica turva dentro de um tornado

Vivo confuso. E você é parte

Fundamental dessa confusão.


Vivo cada dia entediado,

A mesmice raras vezes interrompida.

Fala comigo as mesmas coisas

À distância ou em pessoa

E mal me ouve, quando

Lhe falo de quem sou.

Olha em volta 

Na busca por interlocutores

Tão mais legais.


Novamente, não exagero:

Em anos de amizade

De turbulências intensas

Na relação, percebo isso.


Não acho, tenho certeza

Devo te deixar ir

De um jeito ou de outro.

Preciso de horizontes novos

Para permanecer vivo.

Nossa amizade parece

Não ir a lugar nenhum

Por se sustentar

No que já aconteceu

Naqueles velhos tempos

Em que não pensávamos

Em nada direito...

Minha culpa nisso tudo

Foi ficar por tempo demais!


Não vou te comparar a outros amigos

Porque todos somos diferentes...

Mas preciso, mais que nunca,

De uma alma que me ouça,

Enquanto você é só boca

E diz ter preguiça de ver

O que realmente gosto

Quem realmente sou.


...Talvez em caminhos separados

Minha raiva da vida acabe

Amargura passada,

Ódio permanente de mim.

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