Cosmo de um ano

Foi tão ruim quanto pintei? Foi.

Regredi de fato, também não.

Sobrevivi, realisticamente falando

Mas solteiro, sem grandes conquistas.

Sim, minha amiga, ainda acho

Que desperdicei tanto tempo.


Ainda assim...

Foi o ano que mais li

E livros muito bons

Que jamais imaginaria existir:

Hesse, Dazai, Agostinho, Dostô

Kafka, Clarice, Tolstói, Turguênev

Abriram meus olhos

A uma nova vida


E eu próprio...

Me encontrei na corrida,

Ouvindo o som das ondas

Durante minha fuga.

Descobri Beatles, ouvi Radiohead

Lennon me salvou assim como

Foi com Pink Floyd.

Mutantes, Caetano, Chico!

Me mudaram tanto...


Também descobri poesia,

Mergulhei de vez nela

Não posso evitar.

Byron, Leminski, obrigado

Aos 18, Whisky em sua homenagem


Me entendi, me investiguei

Mais que qualquer terapia

Ou desabafo incompleto envergonhado.

Não mais minto, não mais

Me envergonho de mim.


Ainda há ciúmes, ainda existe carência

Medo, nem se fala

Solteiro, até que uma princesa

Quebre a maldição da bruxa.

Mas até lá, vou bem aqui dentro.

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