Colégio Militar ou Autoterapêutico VIII
Chegou a nossa hora.
Para uns, eu incluso,
Uma espera de sete anos
Outros, menos.
Foram tantos anos estudando
No mesmo lugar. É difícil
Não se desencantar em algum momento,
Até na última formatura!
Que impressão me ficou
Depois de cantar os hinos
Uma última vez!
Jogar totó, pegar comida no rancho
Xingar certos amigos pela última vez!
E finalmente, fazer a estrela na formatura final
Que passei seis anos vendo os outros fazerem.
Fiz um juramento, igual aos que já fizeram.
— Chegou a hora dos senhores!
Sem mais monitores, fatos observados
Por cabelo, barba, apresentação individual
— Dizia o general, várias meninas já chorando —
Mas não se sentirão mais pertencentes
E reconfortados diariamente por amigos
E pelos sargentos! Serão seus próprios
Monitores. Terão de lutar por seu lugar
Na sociedade. Mas nisso o colégio ajudou.
Alguns acharam força que nunca pensaram ter.
Venceram. E serão vencedores. Pátria!
— Brasil!, respondemos gritando
o mais alto que pudemos.
Que destino nos era imposto!
Então, desfazer a estrela
E marchar para a escuridão
Da sétima região. Esperar.
Antecipação, conversas altas
Já algumas fotos e abraços
Exortação aos outros anos
Do médio e fundamental
Que marcharam primeiro
Na nossa frente. Enfim,
Partir. A última passagem
Na frente dos comandantes
Usando a túnica branca, calça
Vermelha garança, boina garança,
Nossa pelagem como alunos.
Fogos de artifício, choros e abraços
Dizer eu te amo
Sem ser amado de volta
Fingir simpatia, uma vez mais
Dar abraços. Dar mais calor que receber
O desejo de um beijo que nunca veio
Medalhas, admiração dos outros
Que nunca vieram.
Não fui eleito para a Legião de Honra
Não fiquei entre os primeiros colocados do ano
Vou ser esquecido, questão de tempo,
A derradeira negativa deste capítulo de negativas.
Que impressão me ficou?
Nenhuma.
Não sei qual o meu problema
Para só ser capaz de sentir uma tristeza pessimista
Com sinceridade, de sabe-se-lá-de-quê.
E só chorar quando me deixam a sós!
Eu seria ainda mais chato
Se admitisse isso na hora.
E ainda acrescentasse
Que não me sentia mais forte,
Como disse o general,
Nem sinto vontade de ser.
Só sei marchar e marchar
Naquela escuridão, em busca
Das luzes amarelas da madrugada
Infestada de mosquitos.
Só sei baixar a cabeça e lamentar
Um lamento que só vem nos piores momentos
E amargura de tantos momentos, tristes ou felizes!
O que tem de errado, se não me sinto amado?
Se até amor fraterno sinto falta,
A velha sensação: vou ser trocado,
Sou irrelevante. Os abraços e apertos de mão
Parecem tão falsos. Eu mesmo sou uma farsa.
Quantas vezes não precisei me engavetar
Nesses sete longos anos! E só para agradar.
Seria taxado de insuportável
Se admitisse isso em pessoa.
Pra que tudo isso?
Só comemora com a gente porra!
Para isso
Existem
Os poemas
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