Uma das poucas vezes que chorei

Nesses últimos tempos.

Não o fim de um namoro

De amizades falhas

Estar sozinho

Ir mal numa prova

Ver um filme triste

Um livro triste,

Nada isso.

Chorei com um jogo

Em que a personagem andava

Nas duas dimensões, sempre em frente

Fazendo as escolhas de uma vida:

Escola, casamento, trabalho, filhos

E morrendo em 5 minutos.

Em retrospecto, teve uma vida normal

Nem tão feliz, nem tão triste

Sem um hobbie pra chamar de seu

Mas muito amado por família

E amigos. Foi um policial competente.

Dos amigos

Disse ser eternamente grato

Por terem aceito ele como era

Do gato

Agradeceu pelas memórias felizes

E desejou reencontrá-lo noutra vida

Da esposa,

O amor de sua vida.

Quem o salvou de saltar da ponte

Nas tristeza de seus trinta.

Disse amá-la tanto quanto

O primeiro dia que se confessou

Aos pais

Disse que se pudesse...

Faria tudo ser melhor

A vida é um jogo

E queria que fosse só uma metáfora.

Pois que tipo de vida eu quero

Existindo desse jeito?

Lá sou grato

Pelo que já aconteceu?

Já conheci alguém

Que vai se lembrar de mim

Pelas próximas décadas

E vice-versa?

Amor

É de verdade?

Me sinto criança

Distraído na pracinha

Sem pensar

Que brincava com

O que iria ser

Meu futuro,

O meu jogo.