A morte de Ladislau
Chegou a sua hora.
Vai partir para bem longe daqui
Mas sem pensar em mais nada. Ou ninguém.
Pois, depois do colégio, tão poucos
Vão lembrar desse nome. Eu incluso.
...E já vai tarde, Ladislau
Fazia tudo ser cinza
Soar incômodo, fúnebre
Em suas estranhas fantasias
Turvas visões distorcidas.
É, Ladislau. Não foram fáceis esses anos
Você não viveu, admita.
Sobreviveu com medo, dentro do muro
Foi covarde, não lutou. Desistiu!
Não vivendo, deve morrer, para não morrer.
E quem deve substituí-lo? Guilherme?
Gui era uma criança. Ficou tão
Distante da gente, no passado remoto!
Já pereceu e só é lembrado pela família
Em seus cortejos diários.
Guilherme Monteiro? Parece Kafka!
Só surge nos chamados do cartório
Na consulta do médico, na lista de formatura!
Pura burocracia. Seria mais sem graça
Que aquele imbecil do Ladislau.
Mas e agora, se nada serve? Se Cavalcante
Silva e Rufino não me foram transmitidos,
Me torno fulano? Parece que de toda forma
Fico incompleto. Sou esquecido. Incinerado pelo tempo.
A morte de Ladislau é também minha morte.
Mas Guilherme Ladislau... Parece certo.
Monteiro subtraído, pela conotação kafkiana.
Na morte de Ladislau, aquele calor do passado...
Deve ser resgatado aquele calor do passado
A familiaridade sincera com a vida, com Deus
Mas certa parte de Ladislau ainda existe.
Pois ainda se está no presente, patinando
Pela incompletude deixada pelos anos.
Ladislau, não fique assim. Isso vai ter jeito
Se ninguém tem pena de você, Guilherme vai ter.
Que o Monteiro e sua formalidade
Vão pra casa do...!
Junto com Guilherme e sua obediência
Ladislau, sua dependência, tristeza imbecil!
Assim declaro minha morte. Preciso viver
O que sinto simplesmente não tem nome
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