CAPÍTULO ÚNICO
A Senhora navegava solitária entre as estrelas, quase perdida na imensidão do universo. A monstruosa estrutura de metal se assemelhava aos antigos navios de um pequeno ponto rochoso da Via Láctea, inspiração do antigo Capitão. No entanto, por mais antigo que parecesse, o novo Capitão tinha feito algumas melhorias depois de roubar o navio. E como ele amava essas melhorias!
O casco guardava canhões de antimatéria, o mastro central servia de escudo até para raios gama e o núcleo do navio comportava uma pequena estrela de nêutron artificial, que lhe dava uma velocidade mil vezes superior à da Frota Estelar. E, por fim, o Detector de Dobras, o aparelho que permitia atravessar distâncias imensuráveis através de Buracos de Minhoca, ficava na Cabine Principal de Navegação.
— Precisamos testar esses canhões — Carden Gale, o notório Capitão de A Senhora, esbravejou para a tripulação, com um sorriso maníaco no rosto.
— Onde, senhor? — perguntou Grak, o Segundo Imediato, um sujeito louco por fogos e explosões colossais, sem titubear.
O Primeiro Imediato, Skarvnor, colocou o peso em um pé e outro, nervoso. Ele tentou argumentar diante da situação, mas não era do feitio do capitão mudar de opinião. Quando adquiria um novo brinquedo, de imediato, ele gostava de testar.
— Você quer um lugar mais ideal que esse? — Gale abriu os braços indicando o espaço que os cercava. Asteróides, maiores que o navio, flutuavam a uma curta distância; mais ao longe, era possível ver a nebulosa de Caranguejo.
— Vocês ouviram o Capitão! — Grak rosnou, animado. — Atirem.
Gale observou quando o jato branco foi expelido e atingiu em cheio a rocha solitária, desfazendo-a por completo quase que em um piscar de olhos. A energia restante do processo gerou uma imensa explosão, jogando-os para o lado e raios coloridos flutuaram, no lugar que antes tinha um imenso objeto espacial.
Ele sorriu, satisfeito. Tiveram que roubar da própria Frota Estelar para conseguir aquela belezinha. Tinha valido a pena quase perder o pescoço. Assobiando, Gale se apoiou na murada e observou os motores impulsionarem o navio entre as estrelas. Ainda estavam a milhares de anos-luz da próxima missão, sem encontrar uma Dobra se quer. Como Gale era muito otimista, acreditava que o universo girava ao seu redor e era só dar a motivação necessária para a tripulação que tudo daria certo.
— Para cada dia que levar para chegarmos a Infernos II, eu cortarei um membro sem muita utilidade de vocês, vermes.
— Sim, senhor! — A tripulação gritou em uníssono.
Eles gostavam do capitão tanto quanto o odiavam. Talvez o odiassem mais, para ser sincero e Gale sabia disso. Contudo, ele era o Pirata Estelar mais sagaz, carismático, rico e esperto do universo e era preciso dizer que estava sendo humilde.
O Detector de Dobras piscou, tirando-o de seus devaneios.
— Parece que as férias acabaram — murmurou.
— Virem a bombordo — Skarvnor gritou.
Ele sempre gostava de observar quando o navio ficava estático por menos de um milésimo de segundo, os aparelhos de navegação morriam e depois atravessavam a Dobra em um silêncio absoluto. O Tempo não existia ali. Saíram da Dobra, a sensação era de que não havia passado um segundo se quer, os aparelhos começaram a girar loucamente até estabilizarem perto de uma Anã Branca. Havia um sistema solar ao redor da estrela, oito planetas para ser mais exato, Infernos II era o terceiro.
Em espaço habitável era necessário tomar alguns cuidados para não serem detectados, desligar os motores de nêutrons era o mais importante. Navegaram calmamente pelo espaço por quatro horas até aportarem no satélite natural de Infernos II. Gale vestiu o traje espacial preto, uma mistura dos materiais mais fortes que se tinha conhecimento, do abençoado estilista de Andrômeda, Marcus Lamore. Quem o tinha contratado fizera questão de pagar uma quantia muito atraente, por isso, a presença do próprio capitão, que não gostava de sujar as mãos, era indispensável.
— Já encontraram a carga? — ele perguntou arrumando os cabelos.
— Acabamos de rastreá-la, senhor. Mas tem naves não identificadas por perto.
— Maldição! Vamos. A última coisa que eu quero é perder os créditos universais.
Gale entrou na cápsula e se olhou pela última vez no espelho antes de ejetá-la da nave. Ele estava empolgado, fazia muito tempo que não ia a campo.
Infernos II ou o planeta Azul, como gostavam de chamar, estava com a órbita tomada por lixo espacial. Ele era a favor de uma extinção em massa para a raça que habitava o lugar.
Primeiro, ele avistou as luzes das cidades, depois olhou para o painel e viu a localização da carga, indo para lá.
Pousou com cuidado a pequena cápsula no terraço de um prédio e saltou. Mais duas cápsulas pousaram ao seu lado e um ortakiano pulou, seguido pelo skaisem. Gale deu as últimas ordens e se separam, a área em que a carga poderia estar abrangia um raio de dois quilômetros.
Ele usou um holograma da espécie local para esconder a pele branca e pulou prédio abaixo, pousando com tranquilidade. Rapidamente, se embrenhou na multidão e procurou o pacote. Dez minutos mais tarde, Gale já estava extremamente irritado.
— Sem sinal, senhor — o chiado mecânico soou através do aparelho em seu ouvido.
Maldição!
— Seria bom explodir tudo.
— O Tribunal Universal não aceitaria, senhor.
— E desde quando eu obedeço às leis? Ache a carga e pare de enrolar.
Gale se sentou no banco e olhou para cima, onde as estrelas deveriam estar, mas não havia sinal delas. Suspirou, infeliz. Que planeta horroroso! Em um momento não havia luzes no céu, no outro, percebeu, pequenos pontos verdes se moveram mais rápidos do que a tecnologia atual daquele sistema permitia. Ele levantou, estalou os dedos e as costas, flexionou os joelhos e saltou.
O ar estava frio e poluído; as poucas pessoas que estavam no parque olharam para ele, assustadas. Gale se distanciou rapidamente, seguindo de perto as naves, até avistar o que ele queria. Os aparelhos de localização apitaram em aviso: a carga estava próxima.
No alto de um edifício de três andares, as duas naves pousaram, e cerca de vinte soldados oktusians pularam. Gale os vigiou. As janelas do terceiro andar estavam abertas, permitindo que ele visse os próximos acontecimentos. Uma mulher mediana da raça humana tentou resistir, mas foi jogada contra a parede. Sem saída, ela fez o impensável.
Correu, os tiros tentavam atingi-la, então ela jogou um vaso pesado contra a janela, estilhaçando-a, e saltou dez andares abaixo. Gale xingou e também pulou. Se estivesse no mesmo prédio que ela teria conseguido pegá-la muito antes de chegar ao chão, mas como estava no prédio a frente, quase não houve tempo para salvá-la. Por sorte, as coisas davam certo para ele.
Gale primeiro segurou sua mão e depois envolveu a sua cintura, arrastando-a para longe dali. Houve uma perseguição, os tiros iluminaram a noite, mas seus dois companheiros de viagem surgiram e desviaram a atenção.
— Não me deixe cair — a mulher pediu baixinho com a voz trêmula. Ele podia sentir o coração dela bater acelerado.
Gale não pretendia soltá-la, a carga era preciosa demais para isso.
Ele a levou para onde a cápsula estava e a colocou no chão, sem muito cuidado. A humana tropeçou e se apoiou em seu braço.
— Entre — indicou com a cabeça.
— Não.
Gale engoliu em seco e segurou com força o seu braço arrastando-a para a cápsula. Se tudo desse certo, dali a dois dias, ele estaria com o dobro da sua fortuna, só tinha que se lembrar disso. Ela tentou resistir, gritou e esperneou como as fêmeas daquela espécie faziam, então, ele a apagou.
***
O Império Krenak estava a um dia e meio de distância, local onde ele deveria deixá-la. Ela parecia tão humana que o deixava enjoado. Embora, a pele fosse estranha, de uma cor pálida e sem graça, os cabelos eram longos castanhos-acinzentados e as orelhas eram um pouco pontudas. Qual seria a razão pelo qual uma humana poderia ser sequestrada?
— Senhor, ela acordou e não para de falar. É contra as leis da natureza uma mulher está a bordo de A Senhora.
A tripulação estava descontente, uma mulher nunca tinha pisado no convés no navio. Não era um sinal de boa sorte.
— Devo apagá-la de novo? — Gale perguntou para os céus.
— Senhor... pode gerar danos a fêmea. Elas são seres delicados — disse Skavnor.
Maldição!
— Traga ela para o convés.
A mulher tinha amarrado o cabelo para trás e olhava desconfiada para a tripulação, enquanto era seguida pelo Primeiro Imediato.
— Bem-vinda A Senhora.
— Por que estou aqui? — ela perguntou, direta, segurando as lágrimas.
— Alguém gosta ou desgosta muito de você. Aliás, por que sequestrariam uma humana? — pensou em voz alta.
— Mas foi você que me sequestrou — ela acusou.
— Eu só faço o trabalho sujo, humana. Descobrir os por quês faz parte da diversão.
— Deixe-me na Terra.
— Infernos II? Então, é assim que os habitantes daquele lugar miserável a chamam? Interessante.
— Quem é você?
Não fazia bem para o ego de Gale cruzar com um humano. Como ela não sabia quem era ele?
— Não importa.
Mas era claro que ele era vaidoso demais para ficar quieto e, pelo brilho no olhar da humana, ela sabia disso. Gale contou como desbravou um quasar, como entrou na atmosfera de um planeta que chovia ácido líquido e como enfrentou uma tempestade de radiação, sem poupar detalhes.
— Muitos morreram naquele dia — concluiu. — Fui o único sobrevivente.
— Devo ficar impressionada com as suas conquistas, capitão?
— Sim e mostrar respeito também, principalmente quando eu posso fazer sua viagem ser muito difícil. Não me pediram para levá-la inteira.
— Se eu conhecesse diria que sua fama o precede, mas não é o caso — ela o alfinetou.
Gale quase mordeu a língua de raiva. A humana brilhava em desafio, parecia ter se recuperado do choro. Ele estava pensando em uma punição adequada para ela, quando ela falou abruptamente:
— Eu nunca entrei em um quasar — ela revelou, sonhadora.
Ele a fitou, carrancudo, mas ficou desnorteado com a sua revelação. Gale sempre tinha sido aventureiro; na juventude, o seu único desejo era conhecer o universo.
— Está vendo aquela nuvem de poeira brilhante? São onde as estrelas nascem.
— Podemos ir até lá? — a humana perguntou.
— Isso não é um passeio.
— Talvez seja minha última chance. Na Terra, os prisioneiros sempre têm sua última refeição.
— Você não parece assustada.
— Eu guardo bem minhas emoções, capitão.
Gale, em um ato benevolente, como gostava de chamar quando tinha esses acessos de consciência, sentiu pena da humana por ficar presa em seu mundo e nunca poder ver as Dez Maravilhas.
— Muito bem.
Ele ordenou que desviassem da rota. A humana ficou encantada.
— Lembre-se desse momento. Os berçários estão desaparecendo.
— Oh. — Ela arregalou os olhos. — Acho que tudo tem fim, até quando parecem eterno.
Gale ficou impressionado com as suas palavras. Não era todos os dias que ouvia aquelas palavras serem proferidas por lábios humanos. Ele começou a ter um resquício de respeito por ela.
— Você me deixaria entrar para a sua tripulação?
— Humana, você é mais útil e valiosa se eu a entregar.
A viagem transcorreu bem até estarem menos de cem anos-luz da capital do império Krenak, quando uma pequena tempestade de radiação os atingiu em cheio, balançando todas as estruturas de A Senhora. Os tripulantes correram pelo convés sob as ordens do capitão, levantando o escudo. Alguns rezavam para as suas deidades.
— O que é isso? — a humana quis saber ao seu lado. Parecia aterrorizada agarrada ao mastro central.
Gale tentou resistir, mas ele precisava acalmá-la. Maldição de educação krenak!
— Não se preocupe, não é nada que não tenhamos enfrentado antes.
Ela assentiu. E de repente, seus olhos ficaram nublados.
— Acho melhor preparar suas armas, capitão.
Ele não deu atenção para seus alertas, esse foi o segundo erro do capitão. O toque de ataque soaria mais tarde quando a tempestade cessasse, eles mal tiveram tempo de se preparar quando foram cercados por uma frota oktusians.
— Maldição — Gale disparou entredentes.
— Deveríamos jogar a fêmea para fora do navio — Krak sugeriu.
A humana agarrou a mão do capitão diante da insinuação.
— Quem é você? — Gale perguntou com os olhos faiscando. — Como você sabia?
— As chances estavam contra nós, capitão, desde o início — respondeu, obtusa.
— Quem é você? — ele voltou a repetir. Nenhum ser tinha ficado a frente de Carden Gale e mantido a postura.
— Você deveria ter feito essa pergunta antes. Agora faça sua mágica e nos tire daqui, caso contrário, todos vão morrer.
Gale soltou os palavrões mais obscenos que conhecia. Maldição, por causa da humana, ele tinha envelhecido pelo menos dois anos. A frota oktusians somava pelo menos trinta espaçonaves médias, Gale calculava que pelo menos duas delas tinha poderio para danificar o escudo.
— Rotas de fuga? — indagou.
— Nenhuma, a menos que a criemos — o Primeiro Imediato informou.
— Mantenha o escudo erguido e preparem os canhões — Gale mandou. — Erga a bandeira.
A tripulação tomou seus lugares, animada. A batalha para piratas era o clímax da profissão. A bandeira preta com a caveira estampada foi erguida, o sinal de que o inimigo deveria temer.
— Segure-se, humana. As coisas vão ficar interessantes a partir de agora.
A batalha foi rápida e brutal. A senhora se moveu contra as espaçonaves a sua frente, os tiros acertavam com força o navio, estremecendo a sua estrutura. Aos poucos, pequenas fissuras foram aparecendo no escudo, Gale xingou alto.
— Nós não vamos suportar por muito mais tempo, senhor — o Primeiro Imediato disse.
— Atirem e não se deem o luxo de errar.
O primeiro tiro saiu como um rugido, acertando o alvo em cheio. A explosão que se seguiu também atingiu mais duas espaçonaves e deixou o restante atordoada. Outros dois tiros seguiram, no entanto, o quarto errou o alvo.
— Atirem mais! — Gale ordenou.
— Não podemos. Só tínhamos cinco bombas e o senhor usou uma.
Gale virou devagar e o fulminou com os olhos. Maldição!
— Você brincou com uma bomba de antimatéria? — a humana perguntou, incrédula.
— Não preciso de sermões! Acionem a velocidade de dobra, devemos chegar a área do Império Krenak antes que eles nos alcancem.
— Nós vamos explodir antes de chegar lá, senhor — Skarvnor avisou.
— Abaixem o Escudo.
O navio ficou à mercê de qualquer ataque, mas a velocidade de A Senhora era superior. Gale tinha certeza que daria tudo certo.
— As coisas não aconteceram como eu queria.
Mal Gale terminou de dizer essas palavras que mais duas espaçonaves surgiram à frente do navio. Outra emboscada, pensou. Os misseis que atingiram o convés destruíram a camada de proteção que mantinha o ar respirável e a radiação em concentrações ínfimas, obrigando-os a irem para a Cabine Principal de Navegação. Se eles contra-atacassem perderiam tempo que não tinham, mais espaçonaves já apareciam no radar.
— O que devemos fazer, senhor?
— Mantenham o ritmo e preparem para o impacto.
A senhora era dez vezes maior que as espaçonaves a sua frente, o impacto não deveria danificar tanto o casco do navio, assim esperava Gale.
Todos se seguraram e antes que o inimigo pudesse recuar, A senhora se chocou contra a espaçonave. O choque que seguiu fez com que a humana fosse lançada para o outro lado da Cabine, Gale precisou se soltar e correr para pegá-la, batendo com força contra a parede. Sua visão ficou escura por um momento e ele precisou balançar a cabeça para clareá-la.
— Deu certo! — A tripulação comemorou, mas Gale sabia que ainda não tinha terminado.
Estavam em espaço Krenak, mas algumas espaçonaves oktusians ainda os seguiam. Desde quando se tornaram tão insolentes? A última vez que ele recordava era quando tinham sequestrado o Imperador, na época ainda rei e depois a Imperatriz, muito tempo atrás.
— Eles estão atrás de nós! — A humana gritou para ser ouvida acima das comemorações.
Ele assentiu em reconhecimento, mas a solução não apareceu diante de seus olhos. Logo entrariam na área da capital e seriam dizimados também.
A imensa cidade flutuante, banhada em dourado com enormes construções e o castelo real se erguendo soberano entre elas, apareceu. Fazia tempo que Gale não via sua capital. No entanto, ninguém entrava sem a permissão da família real.
O aviso para pararem apareceu na tela dos computadores, mas eles não tinham opções, os oktusians ainda estavam na sua cola.
— Não vamos conseguir. — O Primeiro Imediato fungou.
A humana se atirou nos painéis e ligou a comunicação, se livrando dos braços de Gale.
— Deixem-nos passar! — ela pediu.
Gale e a tripulação reviraram os olhos em sinal de desdém. Tola!
— Identifique-se — a resposta soou de imediato através do rádio.
— Sou a sua senhora, rainha de Trabhar e princesa do Império Krenak. Abram os portões.
— Positivo, minha senhora. A ajuda está a caminho. — Ao fundo era possível ouvir a correria.
Por fim, Gale entendeu. Ele estava diante da herdeira da família real mais poderosa do universo e sua soberana. Deveria se curvar? Fazia tempo que não os reconhecia. Era uma pena que havia esquecido que a Imperatriz era humana.
Os portões se abriram e o navio entrou na cidade.
— Capitão, você deve ir antes que os portões se fechem, caso não queria ser preso — ela informou. — A frota estelar vai pará-los. Os créditos universais já estão em sua conta.
— Você...
— Sim.
Ela foi para o convés e subiu na murada, com um sorriso arrogante estampado no rosto.
— Diga se não foi um bom negócio para o pirata mais temido do universo, capitão Carden Gale? Isso se chama sapatear sobre o inimigo? Nós nos veremos de novo. E é muito provável que esteja de joelhos quando acontecer. Adeus.
Ela acenou para ele, abriu os braços e caiu no vazio. Gale soltou uma gargalhada sem humor. As coisas tinham ficado complicadas, de repente. Pelo menos, ele era um macho três vezes mais rico. Qual seria a próxima coisa que deveria roubar?
2.946 palavras.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top