CAPÍTULO 12 ⚔️
Faz duas semanas desde a minha cirurgia, mas só tem poucos dias que voltei para Madri. E com isso alguns membros da minha família foram voltando para seus respectivos países pouco a pouco. Até mesmo minha mãe Laila teve que voltar um pouco mais cedo trazendo Hope junto com ela. Porque ela tinha uma reunião de extrema importância na empresa, e Hope logo deveria voltar para as aulas. E mesmo que Hope choramingasse pedindo para não se separar que todos nós, para que voltássemos juntos, ela tinha que voltar mesmo assim. Dessa vez tive que agir como um bom irmão que tem uma conversa com sua irmãzinha seriamente, explicando abertamente que ela não poderia mais faltar nas aulas e que assim que passasse o restante do meu resguardo voltaria para casa ao seu encontro. Foi uma conversa intensa naquele dia, mas que no final ela entendeu muito bem e voltou com a nossa mãe tranquilamente.
Pouco tempo depois que mommy e Hope voltaram para casa, meus tios e primos voltaram também para suas vidas. Pietro tinha que se concentrar nos seus estudos, já que logo mais começaram suas provas finais do semestre. Levando Eduarda e meus tios Filippo e Luiz Otávio a voltarem para São Paulo também. Otto teve que ir para Riomaggiore passar um tempo com seus avós antes de voltar às suas pesquisas, os tios Enzo e Andrea levaram os gêmeos com eles, pois ficaram afastados por um tempo e deveriam também cumprir suas respectivas obrigações diárias. Já tio Lucca decidiu voltar com Isabel deixando Samantha para trás, porque ela disse que estava de férias e ficaria comigo em Madri. No final fiquei sob os cuidados de meus avós zelosos, na companhia de minha prima incrivelmente divertida, até que meu corpo ficasse bem o suficiente para voltar para minha casa.
Devo dizer que mesmo faltando os outros integrantes da família, consegui relaxar bastante, pois ainda estava em ótimas companhias. Que me fez distrair de muitos pensamentos que castigavam minha cabeça sem que eu pudesse controlá-los, e um desses pensamentos tem relação direta com o Viktor. Vê-los partir tão rápido deixou um misto de sensações dentro de mim, ao mesmo tempo que o queria perto de mim. E me preocupava particularmente com sua volta a Nova York, já que ali ele estaria completamente sozinho ao enfrentar perigos inimagináveis. Em contrapartida, minha razão dizia que seria importante esse afastamento de Viktor, por que assim eu poderia colocar meus sentimentos em ordem novamente. Para assim poder entender o que de fato existe no meu coração, percebendo que a resposta estava sempre ali e somente eu que fingia não ver.
Nossa, só Deus sabe como realmente me sentir quando toda essa realidade caiu no meu colo, quando me vi confrontando tudo abertamente. Foi naquele momento que eu queria sair gritando ao mundo o que sentia, só que isso deveria ser feito exclusivamente para a pessoa de meu coração e ninguém mais. No entanto, para que isso possa acontecer de forma justa e honesta, devo fazer algo que deveria ter feito a muito tempo.
E foi com isso em meu coração que voltei hoje para o meu lar com Mamma, Ella e Samantha, que ainda estava passando um tempo ao meu lado.
— Tem certeza que não quer minha companhia nesse jantar? — Samantha diz com um tom de voz baixo.
— Sim, Sam, tenho certeza! — Sorrio terminando de vestir minhas roupas, após o banho.
— Você está recém operado, e se essas pessoas forem um bando de babacas? — Sam pergunta com esperança.
— Não posso fazer muita coisa, a não ser me virar e voltar para casa. — Conto ouvindo seu bufo.
— Você é muito príncipe, às vezes! — Resmunga ela e eu respiro fundo.
— Esse não é o caso, só procuro evitar desconfortos desnecessários. — Falo dando de ombros e ela faz um som de estrangulamento.
— Seja mais raivoso, pelo amor de Deus, nem parece que é filho de uma Aandreozzi! — Julga Sam e eu arqueio a sobrancelha.
— Você quer dizer que nossa família é composta por pessoas raivosas? — Indago e ela estala a língua.
— E não é? Estou mentindo por acaso? — Questiona ela e eu desvio a cabeça para o lado.
— Calma, não chega a ser desse jeito! — Exclamo sem jeito e ela solta uma gargalhada alta.
— Meu primo, meu príncipe, minha abóbora adocicada, você realmente esqueceu do último evento que a família foi a dois anos atrás? — Sam perguntou e me encolhi no lugar.
Sua pergunta me fez voltar a esse dia tão perturbador, e devo dizer que esse dia além de louco foi memorável. Digo isso porque a família inteira foi convidada para um evento de arrecadação de fundos para caridade, organizado por um conhecido de longas datas de meu nonno Donatello. A festa estava muito tranquila, onde minhas primas me contaram detalhadamente sobre a ornamentação do lugar, as bebidas, comidas e principalmente os convidados. Pensei que naquela noite estaríamos realmente tranquilos e que nada nem ninguém poderia ser capaz de desestabilizar o equilíbrio perfeito daquela noite. No entanto, todos os meus pensamentos otimistas foram jogados pela janela, no mesmo momento que minha mãe Laila, minha tia Giovanna, minha nonna Arianna, Duda e Sam foram barradas por velhos aparentemente alcoolizados e muito inconvenientes.
Do lugar em que eu estava sentado consegui ouvir muito bem quando minha nonna Arianna tentava afastar os homens, com toda sua elegância e sensatez. Porém eles estavam sendo insistentes e perturbadores, não permitindo que elas fossem embora sem antes lhes dar uma palavra. Aquilo estava deixando todos em alerta, mas foi justamente quando um dos velhos tentou passar a mão em minhas primas que as coisas foram para o inferno completamente. Até mesmo eu que tento sempre pensar em um lado positivo da coisa, fui confrontado por uma raiva que não cabia dentro de mim. Avançamos sem pensar duas vezes, ouvi nitidamente os sons de carpos e metacarpos das mãos dos velhos sendo quebrados, acompanhados com gritos de socorro e dor. Eles gritaram por seus seguranças e por suas família, e foi aí que cheguei a perder a razão e cair para briga junto com a minha família.
Nonna Francesca que adora confrontar os outros com cadeiras e sua bengala, foi ajudada por Nonno Lorenzo que caiu na briga também. Somente para que os dois depois fossem repreendidos por Peppe no dia seguinte. Resumindo, foi um verdadeiro caos, e no final de tudo Nonno Donatello berrar em fúria que se sua família não pode ser devidamente respeitada em certos ambientes, eles não aceitariam mais nenhum convite de pessoas de fora. A raiva e desgosto na sua voz era tão grande que fez muita gente presente abaixar suas cabeça e saírem em silêncio, pelo menos foi isso que os meus primos me contaram. Até hoje não vamos a eventos que não sejam exclusivamente da família, ou de pessoas muito próximas a família, para evitar certos acontecimentos.
— Lembro até hoje que papai Lucca teve que dar uma coletiva de imprensa para explicar o acontecido. — Sam diz irritada. — Não deveria nos explicar por quebrar uns ossos, eles que deveriam se explicar por que velho malditos se acham no direito de passar a mão em mulheres com idade de serem suas netas.
— Por causa disso não podemos mais usar redes sociais. — Replico e minha prima solta um som frustrado.
— Sim, cacete! Minhas contas nas redes estavam alcançando mais de 5 milhões de seguidores. — Sam diz entre dentes e eu sorrio.
— Nossos tios e pais só faltaram infartar quando souberam disso. — Aponto rindo e ela bufa.
— Ninguém mandou eles viverem em anonimato, sendo que nunca foram totalmente anônimos. — Sam fala com desgosto e eu rio.
— Mesmo se quisermos, não podemos fugir disso, porque estão sempre fazendo vídeos na internet sobre nós. — Digo deixando Samantha gargalhar.
— Como é que eles nos chamam? — Pergunto ela ainda rindo.
— Mafiosos contemporâneos! — Falo com desgosto. — Mas isso não é para rir, as empresas da família foram denunciadas várias vezes por sonegação de impostos, lavagem de dinheiro e muitas outras coisas. — Não consigo parar a raiva que sinto.
— Tudo inveja e você sabe disso, só nossa família sabe o duro que deu para conseguir limpar a fortuna que tem hoje. — Sam diz com descaso e eu respiro fundo.
— Você tem razão, não tem como não se chatear com essas pessoas. — Replico calmamente.
— Pois é, vamos só seguir o fluxo de nossas vidas! — Sam diz e ouço o som abafado do seu corpo caindo em minha cama. — Nossa sua cama é tão macia! — Sam diz me fazendo negar com a cabeça.
— Não se acostume, sua cama fica no mesmo corredor. — Falo e ela faz um som enojado.
— Você já foi melhor, não me leva contigo para o jantar e nem quer que eu fique na sua cama. — Samantha fala dramaticamente.
— Vou te deixar aí em companhia com seu drama, pois tenho que sair agora. — Digo pegando minha bengala e os óculos escuros. — Vamos Tom, em serviço, bom garoto! — Imediatamente Tom se posiciona ao lado do meu corpo.
— Não durma na casa daquela ruiva sem sal! — Sam avisa assim que tento sair pela porta.
— Boa noite, Sam! — Peço e ela faz um som de insatisfação.
— Só estou falando por cautela, abóbora! — Sam diz e eu aceno com a mão.
— Até breve, marrentinha! — Falo saindo com Tom.
Me despedi brevemente de minhas mães, deixei beijinhos suaves nas minhas irmãzinhas. Antes de sair de casa tive que passar por uma checagem de minhas mães, que exigiram saber se eu estava bem o suficiente para sair de casa. Contei a elas que estava bem e que qualquer sinal de desconforto eu chamaria por Reyes para me trazer de volta para casa. Depois disso eu finalmente pude sair de casa, ouvindo o riso de Reyes ao meu lado, que brincou dizendo que isso é minha culpa por deixar toda família preocupada. Fiz uma careta para ele, e pedi para que fosse logo para o nosso destino. No caminho até o endereço informado por Nora me mantive em silêncio, analisando se devia ter uma conversa com Nora depois desse jantar. Porém conclui que não seria de bom tom da minha parte ter esse tipo de conversa nesse momento, quem sabe amanhã depois da aula. Esse poderia ser um bom momento, não quero estragar a noite de ninguém, pois esse não sou eu.
— Chegamos, senhor! — Reyes diz e franzo o cenho.
— Qual é essa de senhor, Reyes? — Pergunto infeliz e isso o faz rir.
— Sinto muito, não serei mais assim! — Diz ele com uma voz tranquila me fazendo assentir. — Devo ir com você, essa casa parece meio... barulhenta! — Reyes diz, mas já tinha percebido o som de vozes altas.
— Não precisa, mas se mantenha apostos. — Aviso seriamente.
— Meus homens estão à espreita se algo acontecer, confie em nós! — Reyes diz e o ouço sair do carro para vir abrir a porta para mim.
— Confio em você, Reyes! — Falo levemente ao sair do carro com meu cão guia.
— Tenha uma boa noite, senhor Justin! — Deseja ele após soltar uma curta tosse de constrangimento, me fazendo rir.
Comando Tom para me guiar até a entrada da casa da família de Nora, e antes que eu pudesse levantar a mão para poder tocar a campainha ela foi aberta abruptamente. Sinto o cheiro de Nora, misturado com o cheio de comida sendo preparada e álcool tomando conta do meu nariz muito sensível. Ignoro qualquer tipo de desconforto e sorrio educadamente ao ouvir sua voz animada.
— Você realmente veio! — Nora diz se jogando em meu braços, se eu não tivesse a força que tenho poderiam cair no jardim de sua casa.
— Oh, me desculpe, querido! — Diz ela quando a coloco sob seus pés. — Esqueci que você ainda está se recuperando de uma cirurgia. — Nora fala sem jeito.
— Tudo bem, fique tranquila! — Falo levemente dando batatinha em sua cabeça.
— Senti tanto sua falta! — Nora fala e antes que ela pudesse beijar meus lábios de forma repentina, eu a afastei deixando um beijo singelo na sua testa. — Aconteceu alguma coisa? — Pergunta ela de forma estranha.
— Não, nada aconteceu, vamos jantar primeiro! O que acha? — Pergunto com um sorriso educado e ela fica em silêncio por um tempo.
— Tudo bem, você deve estar muito cansado chegou de viagem hoje mesmo, certo? — Nora diz e eu concordo com a cabeça.
— Isso mesmo! — Respondo levemente.
— Ei sua idiota, sai da minha frente com seu namoradinho! — Uma voz masculina jovem chega aos meus ouvidos e eu franzo o cenho.
— Seja mais educado e não fale com Justin dessa maneira rude, António! — Nora grita me deixando incomodado pelo quão alto foi seu grito.
— Não me chame assim, sua ridícula, já disse para me chamar de Tony! — O irmão de Nora diz agressivamente.
— Vou chamar nossa mãe, ela vai saber disso! Aí! — De repente sinto um movimento abrupto em direção a Nora, seguro o punho do irmão de Nora antes mesmo de chegar até o corpo de sua irmã.
— Solte-me e não se envolva, namoradinho cego de araque! — Grita o António. Ouço a movimentação de Reyes vindo rápido até mim, e a agitação protetiva de Tom, mas os paro com um único aceno.
— Senhor! — Reyes começa mais eu nego.
— Tudo bem, estou bem, voltem para seus postos! — Aviso a Reyes e aos demais responsáveis pela minha segurança. — Por que não acalmamos os ânimos, sim? — Sugiro me referindo diretamente ao irmão de Nora.
— Solte-me, porra! — O rapaz grunhe com raiva, e logo passa por mim batendo os pés.
— Oh, Justin! Sinto muito por isso! — Nora pede com a voz chorosa.
— Não foi nada, realmente! — Digo levemente para ela não se sentir incomodada com isso.
— Mas... — ela começa a dizer, mas a voz de uma mulher mais velha a interrompe.
— Nora, onde está seu namorado? — A mulher diz, mulher essa que tenho a impressão que seja a mãe de Nora.
— Estamos aqui, mamãe! — Exclama Nora e eu tiro do suporte de Tom o vinho que trouxe.
— Ah, então esse é o lindo rapaz que você queria nos apresentar, querida? — A mulher fala se aproximando mais de perto.
Antes que a mulher se aproxime perto o suficiente sinto o odor claro de álcool saindo de sua respiração. Não sei ao certo o quanto ela bebeu, mas tenho a impressão que não foi somente uma taça de vinho, para o cheiro ser tão intenso dessa maneira. Mas de qualquer forma ignoro, sendo que não é da minha conta o quanto as pessoas consomem álcool no seu momento de lazer.
— Muito obrigado pelo convite, senhora Vergara! — Digo educadamente a ouvindo exclamar surpresa.
— Tão educado, Nora disse que você tinha um probleminha, mas você não deixa de ser fofo. — A senhora Vergara diz e eu ignoro o dito "probleminha" que ela acabou de falar.
— Mãe, não seja tão invasiva assim! — Nora repreende a mãe.
— Aqui está senhora Vergara, espero que esse vinho agrade o seu paladar. — Ergo o vinho italiano da melhor safra da adega de mamma, que foi embrulhado delicadamente por mommy.
— Que preciosidade, abrirei ele nesse jantar! — Senhora Vergara diz feliz. — Venha, entre e se acomode, o jantar está para começar.
— Venha, Justin, deixe-me ajudá-lo! — Nora diz segurando meu braço, penso em dizer que não precisa já que tenho Tom ao meu lado, mas não quero ser indelicado negando sua ajuda. Só espero que esse jantar seja tranquilo e que não ocorra nenhum incidente inesperado.
****
Se for para resumir o jantar na casa de Nora com uma única palavra, o certo dizer seria incômodo. Sim, essa é a melhor palavra que posso dizer sobre esse jantar que eu considero desastroso. Da família de Nora, os únicos que estavam presentes eram seu pai e sua mãe, porém não sei ao certo se o seu pai estava realmente presente, pois o senhor Vergara em nenhum momento me dirigiu a palavra. Só que notei sua presença na energia infeliz que ele emanava, e no olhar intenso que ele direcionava para mim a cada vez que Nora falava comigo. Senhor Deus, isso foi fodidamente desconfortável! E essa é a melhor frase que posso dizer sobre como realmente me sentir. Tive que aturar os olhares desgostosos do seu pai, a bebedeira e perguntas estranhas sobre a minha deficiência visual, as perguntas incessantes sobre o meu cão guia ou a minha família.
Tudo isso e muito mais foi o bastante para querer sair de lá assim que aquele jantar acabasse. Quando cheguei em casa cedo e com um aspecto extremamente cansado, minhas mãe e Samantha, sabia que eu não gostaria de responder perguntas naquele momento. Por que só haviam duas coisas que desejava no momento, tomar um belo banho, para me livrar da inhaca de álcool do corpo, e dormir até o dia seguinte. E foi justamente isso que fiz, dormi assim que minha cabeça alcançou o travesseiro. Acordei no dia seguinte me sentindo revigorado e decidido a ter uma conversa definitiva com Nora após a aula, tenho certeza que dia hoje não passa.
— Tem certeza que não quer conversar? — Sam pergunta ao meu lado após me encarar por um bom tempo em silêncio. — Até mesmo Tom você deixou em casa hoje, e você só faz isso quando está estressado com algo. — Diz ela me analisando. — Tem certeza mesmo? — Volta a perguntar.
— Tenho sim! — Respondo de modo sucinto. Admirando o quanto Samantha me conhece.
— Olha isso, isso lá é a resposta que se dá a sua melhor amiga? — Indaga ela deitando sua cabeça no meu ombro.
— Não seja pentelha, mais tarde a gente conversa, pode ser? — Pergunto em tom carinhoso, acariciando seus cabelos cacheados.
— Tudo bem, se você quer assim, vou esperar! — Diz ela e eu concordo.
— Onde você vai? — Pergunto curioso.
— Vou te deixar na universidade e vou até a loja olhar os novos produtos. — Sam diz e eu arqueio a sobrancelha.
— Você poderia me esperar que iríamos juntos, quem sabe nós dois não passaríamos no laboratório na fábrica? Sei que você adora isso! — Sugiro ouvindo um som feliz sair de Samantha.
— Ah abóbora, você me conhece tão bem! — Fala de modo falsamente meigo e eu faço uma careta.
— Nossa, isso ficou estranho! — Digo e ela bufa.
— Pior que ficou mesmo, essa não sou eu! Cruzes! — Samantha fingindo arrepio me fazendo rir.
— Chegamos, senhor Justin! — Reyes diz de repente.
— Tudo bem! — Respondo a ele e seguro a mão de Sam na minha. — Vejo você depois da aula, marretinha? — Indago ela deixa um beijo na minha bochecha.
— Pode apostar, abóbora! — Exclama ela de modo divertido. — Nós nos vemos mais tarde! — Pontua ela e eu concordo abrindo a porta do carro para sair.
— Arrivederci, sorella! — saúdo de forma brincalhona após fechar a porta.
Caminhando com a ajuda da minha bengala ouço a risada divertida de Samantha dentro do carro. Com um pequeno sorriso nos lábios, vou em direção ao meu campus, que foi memorizado por mim de tanto que venho na companhia de Tom. Percebo que estou atrasado para a aula, pois poucas pessoas rodeiam o jardim, mas ignoro isso e continuo a seguir o meu percurso. Quando estou perto de chegar até o corredor que vai direto a minha sala de aula ouço algo que me faz parar onde estou, voltando dois passos para trás. Por que o que acabei de ouvir me causou tanta surpresa, que me fez interromper meus passos para prestar atenção na conversa que ocorre a poucos metros de distância.
— Nora, você não pode mais esconder isso do Justin! — A voz de Pilar fala nervosa.
— Isso mesmo, você disse que iria dizer a ele antes de vocês começarem a namorar! — Sol fala irritada aguçando ainda mais minha curiosidade.
— Meninas, parem de pressionar Nora! — Violeta diz tentando apaziguar algo.
— Não defenda, Nora, Violeta! — Pilar aponta desconfortável.
— Parem, parem de falar! — Nora pediu chorosa.
— Não é isso que... — Sol começa, mas é interrompida por Nora.
— O que vocês querem de mim, hein? Querem que eu diga ao Justin como? — Nora faz uma pausa. — Falo como? Olha Justin, nosso namoro começou por que eu e meus amigos fizemos uma aposta, mas eu me apaixonei por você de verdade! É isso que querem? - ela faz outra pausa. — Não estamos vivendo na merda de de um romance ruim! — Nora conclui, me deixando completamente paralisado.
Será que ouvi direito? Será que é exatamente isso que acabei de ouvir? Quer dizer que eu era uma aposta entre amigos, é isso?
Que merda é essa?
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