CAPÍTULO 09 ⚔️
— Papai, o senhor está me matando de vergonha! — Marília murmura, mas consigo ouvir facilmente.
— Que vergonha o que? Por que vergonha se estamos todos em família? — Tio Beto contesta em confusão.
— Não existe família aqui para você, Roberto! — Tio Filippo diz seriamente fazendo o tio Beto arfar.
— Olha isso que blasfêmia, Lutito! — Tio Beto diz inconformado.
— Ursão, não diga isso, Beto é nosso amigo! — Tio Luti repreende o marido, mas meu tio não diz nada.
— Tios, tias, avós, bom dia! — Lila saúda recebendo saudações calorosas em seguida da família.
— Não ligue para seu tio, querida! — Tio Andrea fala calmamente e Lila solta um suspiro alto.
— Não levei para o pessoal, tio! — declara cansada. — Tio Filippo e meu pai se entendem, não é tio Lippo? — Lila indaga com um ar sorridente.
— É claro, piccolina! — Tio Lippo responde com seriedade e em pouco instantes ouço um bater de punhos juntos. — Vá se divertir com Isabel, porque você é da família, seu pai que não. — Tio Lippo afirma, e eu prendo a risada, assim como todos da família.
— Como assim? — Tio Beto exclama com indignação.
— Juro que tentei parar o papai, mas ele é incontrolável. Sabe como é né, tio? — Marília diz isso em voz baixa para que só tio Filippo ouça.
— Hum... sei! — Tio Lippo responde e eu nego com a cabeça rindo desse diálogo.
— O que vocês dois andam cochichando? — Tio Beto perguntou, mas tio Lippo bufa.
— Não se importe, Beto, o Ursão de Luti é assim, mas no fundo, bem lá no fundo, ele gosta de você. — Tio Lucca diz tentando consolar Beto.
— Oh sim, eu sei! Ele é todo indiferente, mas seu amor por mim é presente. Sou praticamente um irmão de vocês, não é Lunita? — Tio Beto direciona para minha mãe que rir.
— Tem como negar isso? — Mamma questiona com ar de riso.
— Claro que não! — Tio Beto diz incisivo.
— Lila, vamos! — Bel chama por sua amiga.
— Sim, por favor, vamos sair! — Lila pede cansada e minha prima rir.
Imediatamente ouço os passos das duas se afastando da sala de estar, deixando os adultos discutindo o lugar de tio Beto nessa família. Ainda fico impressionado como todas as vezes que tio Beto está presente, ele faz de tudo para que tio Lippo deixe claro e abertamente o seu lugar nessa família. No entanto, isso não é necessário, pois qualquer pessoa pode ver o quão significativa é a presença dos Nardelli em torno de nós. Mesmo que a relação deles seja composta por uma incessante briga de gato e rato. Como por exemplo a relação entre tio Beto e tio Lippo, apesar de parecer que meu tio Filippo está sempre pronto para expulsar o tio Beto na primeira oportunidade que o vê. É nítido que eles tem uma boa relação, já que tirando o nosso núcleo familiar, não existe mais ninguém capaz de arrancar mais do que três palavras da boca de meu tio, assim como Beto consegue fazer. Ainda não consigo compreender essa amizade dos dois, mas lá no fundo existe uma e é de extrema confiança.
Continuando a exemplificar a amizade entre os membros da família Aandreozzi e Nardelli, vem a camaradagem de tio Enzo com Tio Augusto. Ninguém sabe realmente como essa amizade começou, mas eles se dão bem, apesar das sempre provocações que os dois fazem um com o outro. E apesar de todas as diferenças, um sempre pode contar com o outro em caso de necessidade, o que acho muito bacana neles. Já a amizade entre Viktor e Arthur é o que mais surpreendeu a todos nós das duas famílias. Por que nenhum dos dois são homens de muitas palavras, ou de demonstrar muita simpatia, mas se comunicam de um modo que dá muito certo. Às vezes tenho a impressão que o passado turbulento dos dois, e a mesma faixa etária foi um fator decisivo na formação dessa amizade.
Seja como for, os Nardelli têm um papel nessa família, eles têm uma grande importância para todos nós e vamos continuar estreitando esse laço estranho, que dá muito certo, por muito tempo.
— E você, Justito, está bem? — Tio Beto fala repentinamente comigo, me tirando dos devaneios.
— Estou bem, tio Beto, obrigado pela sua preocupação. — Respondo com um sorriso tranquilo.
— Fico contente em saber disso, suas mães devem ter ficado muito nervosas, mas que bom que tudo foi resolvido. — Tio Beto diz e sinto os toques de minhas mães em mim.
— Nem fale, Beto, foi assustador! — Mommy diz e ouça o suspiro vindo do Beto.
— Imagino, quando Arthur se machuca em uma das missões, e quando Lila ou Gabriel adoecem é um sufoco para mim e para meu Panda. — Tio Beto diz com pesar.
— Falando nisso, como está o pequeno Gabriel? — Tio Andrea pergunta e faz tio Beto exclamar feliz.
— Crescendo a cada dia que passa como uma erva daninha, acredita? — Tio Beto fala alegremente deixando claro o amor que tem pelo neto.
— Quem imaginaria que meu amigo já seria avô! — Tio Luti diz suspirando alto.
— Nem eu acredito as vezes, mas não troco essa vida por nada! — Tio Beto fala exalando o cheiro doce da felicidade. — Duda e Pê podem dar uns netinhos a vocês para você e o Filippitito saberem como é imensurável esse amor. — Provoca ele descaradamente.
— Nem pensar! — Tio Luti e o marido exclamam juntos rapidamente.
— Ainda sou novo para ser avó, está ouvindo crianças? — Tio Luti pergunta em alto e bom som. Mas meus primos evitaram fazer qualquer som, o que é inteligente da parte deles.
— Stronzo! — Tio Filippo fala para tio Beto de modo gélido.
—O que isso tem a ver, irmão mais velho? — Tio Lucca pergunta maliciosamente.
— Não foi você que roubou um berço e foi o primeiro de nós a ter filhos? — Tio Zuco provoca o irmão em conluio com tio Lucca.
— Bom ponto, irmãos! — Mamma diz como se analisasse algo.
— Sorella, não esqueça que de nossas crianças a única que está em relacionamento é o Jus! — Aponta tio Filippo seriamente. Imediatamente sinto os olhos de todos me fuzilarem.
Minha nossa, como vim parar nesse assunto sem sentido?
— Nossa, que notícia interessante, Jus está namorando? — Tio Beto pergunta e nesse momento sou muito feliz por ser cego, porque o constrangimento é pesado.
— Não é bem assim tio Beto, é que... — Comecei a explicar a situação, mas a voz irritada de bisnonna Francesca chega aos meus ouvidos.
Agradeço mentalmente a todos os santos, a Deus e ao Universo que o foco saiu de mim, porque eu iria morrer de puro constrangimento.
— Vocês não podem me parar! — Bisa solta inconformada.
— Amore, você não pode mais ficar agitada desse jeito! — Meu bisavô pede delicadamente.
— Agitada é o cacete, se não for do jeito que quero não vai ser de jeito nenhum! — Berra irritada.
— Você deve abrir uma concessão dessa vez, querida! — Meu bisavô Lorenzo diz com pesar.
— Não quero, o aniversário é meu, Lolo! — Minha bisa avó diz consternada.
— Giuseppe me ajude aqui! — Pede meu bisavô em tom sofrido.
— Não precisa se preocupar, senhor Lorenzo, esse trabalho os senhores Aandreozzi já deixaram para mim. — Giuseppe fala calmante e ouço um soluço irritável vindo de minha bisa.
— Como é que é? Agora virei questão de trabalho nessa família? — Bisa pergunta com raiva. — Não se esconda, Donatello Aandreozzi! — Grita bisa Francesca.
— Mamma, eu não estava me escondendo! — Meu nonno explica tranquilamente.
— Se não é questão de trabalho, quem é a pessoa que mais foge nessa casa para poder explorar os lugares mais simplórios? — Giuseppe começa a perguntar a Nonna Francesca, mas ela solta uma respiração irada.
— Não sei do que você está falando! — Resmunga minha bisa com desgosto.
— Não sabe? Va bene! Mas quem foi que estava tentando coagir, senhor Lorenzo, a levá-la escondido com seus bisnetos para aquela boate suspeita em Napoli? — Giuseppe fala em tamanha calma que é surpreendente. E nem parece que ele está entregando os planos de minha bisavó ao seu filho e netos super protetores.
— Nonna! — Minha mãe e tios gritam indignados, porém isso só a fez ignorá-los.
— Peppe, olha só o que você fez! Agora eles vão ficar em cima de mim! — Bisa diz com raiva.
— A senhora está correndo da fisioterapia, mas para boate não existe isso. — Peppe fala deixando minha Bisa furiosa. — Pronto, a partir do início da semana chamarei a sua fisioterapeuta para vir novamente iniciar suas sessões. — Conclui ele simplesmente.
— Seu ditador, seu carrasco! Está vendo só Filippo o tipo de dementador que você colocou nessa casa? — Minha bisa direciona sua ira ao meu tio Filippo.
— Ótimo trabalho, Giuseppe! — Meu tio Filippo diz, e ao mesmo momento ouço um som de satisfação saindo de meu nonno Donatello.
— Fique tranquilo, é meu dever manter tudo em ordem! — Peppe diz simplesmente e tenho quase certeza que ele está encarando minha bisa, pelo som de desgosto que vem dela.
Acho impressionante como Giuseppe consegue lidar com essa família de modo tão natural. Tenho a ligeira impressão que deveríamos dar a ele um prêmio de gratificação, por que esse homem consegue fazer o que ninguém de fora conseguiu esse anos todos. Por que se tem uma coisa que as pessoas dessa família Aandreozzi são, é teimosas e desconfiadas ao extremo, sempre foi impossível alguém conseguir o que Peppe consegue tão facilmente. Quem nessa vida conseguiria fazer minha bisavó mudar de planos e voltar a fazer fisioterapia de um jeito tão simples? Ninguém, ninguém mesmo! A saúde de minha bisa já não é a mesma agora que ela passou dos 80 anos de vida, e se quisermos que ela fique conosco por mais tempo, o melhor a fazer é zelar e cuidar do seu bem estar ao máximo. E Pepe faz isso como ninguém, realmente!
— Beto, amore, que bom que está aqui! — Bisa diz e seus passos vão em direção a tio Beto. — Leve-me para morar com você e seu Panda! — Bisa clama de forma dramática.
— Pode deixar, Nonna! Vou te carregar comigo! — Tio Beto diz rindo maliciosamente.
Uma forte tensão toma o ambiente, e essa tensão foi direcionada ao Tio Beto. Essa intenção violenta é tão grande que se fosse em minha direção eu encolheria como uma bola, com certeza. Só que o tio Beto está relaxado ao ponto de rir e continuar brincando com minha bisa. No entanto, as ameaças que vem a seguir faz com que ele mude rapidamente.
— Se não quiser morrer, Beto, é melhor parar com essa conversa! — Tio Enzo diz com ciúmes.
— Gosto de você, Beto, mas não encoste na minha nonna! — Tio Lucca avisa de forma carrancuda.
— Essa brincadeira está indo longe demais! — Mamma fala de modo tranquilo, mas sinto uma pitada de perigo na sua voz.
— Tente a sorte, Roberto! — Meu tio Filippo diz friamente.
— Olha como meus lindos bambini são possessivos com essa Nonna! — Bisa fala cheia de orgulho.
— É amigo, acho melhor você desistir! — Tio Luti brinca fazendo Beto suspirar.
— Tentamos na próxima vez, Nonna! — Tio Beto fala fingindo desânimo.
— Vamos todos, o café da manhã está servido! — Nonna Ariana fala de repente para alegria das pessoas que estão cheias de fome.
— Ah, nonna, a senhora é a melhor! — Samantha aponta contente.
— Sim, estou morrendo de fome! — Pietro geme com tristeza.
— Não podemos deixar o meu ursinho com fome, não é? — Duda brinca deixando Pê irritado.
— Pare de me tratar como criança, ursinha! — Pietro diz entre dentes, deixando Duda solta uma risada.
— Deixe de ser um pentelho e venha com sua irmã! — Manda ela e eu ouço o som de corpos colidindo.
— Não se jogue assim, estou todo dolorido por causa desse treinamento louco! — Pietro diz e Otto faz um só de concordância.
— Nem fale, parece que vou desmaiar a qualquer momento. — Otto conta cansado.
— Venha Jus, deixe-me abraçá-lo para guiá-lo até a sala de estar. — Sam pede e quando vou dizer que não é necessário, noto um copo se aproximando de mim.
— Não precisa, eu o acompanho! — A voz rouca de Viktor chega aos meus ouvidos.
— Mas... — Sam começa, mas Duda a impede.
— Vem comigo também marrentinha, faz tempo que você não conversamos. — Duda diz fazendo Sam se iluminar.
— Você ainda está me devendo, nem pense que esqueci! — Sam aponta com firmeza fazendo nossa prima mais velha rir.
— Claro, claro vou deixar você ficar com aquela jaqueta da Gucci, promessa é promessa! — Duda confirma fazendo Sam bufar.
Enquanto todos caminhavam em direção a sala de jantar, Viktor segurou minha mão e a fez descansar no seu antebraço. Meus dedos coçam para pressionar mais meus dedos em sua pele rígida, mas me repreendi mentalmente e evito fazer movimentos desnecessários. Sinto que meu coração está ficando mais confuso do que antes, muitas vezes me pego pensando como seriam as coisas se eu decidisse tomar um rumo diferente do que agora. No entanto, esses tais pensamentos são dispensados de mim, porque só Deus sabe como isso seria estranho para mim e para todos à minha volta. Só que lá no fundo há uma singela onda sonora dizendo que talvez, só talvez, eu devesse criar o mínimo de coragem.
— Vik, por que você decidiu me ajudar? — Sondo sem conseguir segurar as palavras.
—Como? — Questiona em confusão parando repentinamente seus movimentos.
— Você sabe que não preciso de ajuda para andar pela casa, todo esse lugar é memorizado por mim, certo? — Continuo a induzir, sentindo seu corpo ficar rígido.
— Hum... — Sua resposta é sucinta.
— Então por que? — Pergunto em dúvida.
— Não foi nada realmente, você acabou de passar por uma cirurgia delicada. — A voz de Viktor é firme e cheia de intensidade.
— Samantha poderia me ajudar, sabe! — Indico levemente percebendo o salto das veias grossas no seu braço.
— Justin! — Ele diz meu nome com cautela, mas logo volta a falar. — Você e Sam vivem brincando por aí, sem nenhum senso de responsabilidade. Se vocês esquecerem e você se machucasse? Tenho certeza que minhas tias se preocuparam, certo? — Questiona e eu desvio a cabeça.
— Entendo! — Respondo tentando soar calmo, escondendo a decepção que estou sentindo nesse momento.
— Agora por que não vamos nos encontrar com os demais? — Questiona ele e eu assinto. — Bom! — Responde, só que antes de dar qualquer passo a frente eu o seguro com força. — O que foi? Quer falar algo? — Indaga.
— Sabe, Vik... — Tento começar a falar, mas mordo meus lábios inferiores. Tenho a impressão de ter ouvido um leve xingamento em russo, só que não consigo mais continuar a falar, porque meus pensamentos simplesmente se silenciam.
— O que houve, Justin? — Pergunta com a voz arrastada.
— Nada, não é nada! — Falo rápido voltando a me recompor. — Vamos! — Peço e ele faz um som de confirmação com a garganta.
O que diabos há de errado comigo? Começo a me questionar incessantemente enquanto Viktor me guia em direção a sala de jantar. O aperto no meu peito se tornou muito pesado, pois nem mesmo sei por que o parei ou por qual motivo ansiava por sentir qualquer indício que diferencie os seus atos comigo. Não quero criar uma situação de desconforto para nós, só que sinto lá no fundo do meu ser que gosto muito mais de Viktor do que quero admitir. E esse sentimento vai além de nossa relação de primos, porém o meu medo de errar é muito maior do que a minha vontade. Necessito reorganizar os meus limites, devo começar a entender a real de toda coisa, só que não vou conseguir fazer isso sozinho.
Tenho a sensação que precisarei de ajuda, mas a quem será que devo confidenciar toda essa minha agonia?
Balanço a cabeça com a intenção de dispersar esses pensamentos conflitantes. Aproveito as vozes alegres da minha família unida para deixar esse assunto de escanteio por um tempo. Sento no lugar a mesa que Viktor que indicou, que fica entre minha mãe Luna e Hope, agradeço a ele pelo cuidado e volto minha atenção para a conversa que se segue animada. O desjejum da família reunida é sempre um gole de ar fresco para poder se desligar de qualquer perturbação interna, então foco exclusivamente nisso.
No término do café da manhã, tio Beto resolve ir embora, por que ele tem uma reunião para participar, mas Marília continua aqui para fazer companhia a Isabel. Minhas primas mais velhas decidem ir as comprar com Mommy, tio Andrea e tio Luti, enquanto tio Filippo, tio Enzo e Viktor se trancam no escritório com nonno Donatello para conversarem. Tio Lucca assumiu a liderança em cuidar de Ella, enquanto vigia a segurança de Hope e os gêmeos que decidiram brincar livremente ao redor do lago. Otto foi trabalhar em seus estudos, como sempre adora fazer. Meu bisavós aproveitaram para poder descansar um pouco após o café cheio dessa manhã, minha nonna foi orientar Giuseppe sobre os afazeres diários. E eu? Bem, decidi ficar no jardim, recebendo a brisa fria de Milão na companhia de Tom, à medida que leio um livro tranquilo. Porém, minha concentração está em qualquer coisa, menos no livro em minhas mãos.
— O que está fazendo aqui ao invés de ir ao seu quarto descansar um pouco, bambino? — A voz adorável e curiosa de nonna Ariana chega aos meus ouvidos.
— Nonna! — Reconheço sorrindo, fechando o livro para descansar nas minhas pernas cobertas por uma manta fofa. — Só estou tentando passar o tempo! — Digo levemente com um sorriso.
— Posso me acomodar ao seu lado? — Pergunta ela e eu concordo rapidamente.
— Claro vovó! — Digo com pressa, e indicando o lugar para que ela se acomode.
— Nossa, deixaram meu garoto aqui solitário! — Nonna diz me fazendo negar com a cabeça.
— Longe disso, todos estão tão preocupados com minha saúde que é bom vê-los espairecer um pouco. — Explico e ela solta um suspiro alto.
— Não se sinta mal com a nossa preocupação, querido, isso é porque te amamos! — Nonna Ariana diz aquecendo meu peito.
— Sou muito grato por isso, amo vocês demais também! — Declaro abrindo um largo sorriso.
— Oh Justin! — Nonna Ariana diz tocando minha cabeça com carinho. — Essa sua nonna aqui pode te fazer uma pergunta, querido? — Minha avó fala repentinamente.
— Claro, pode ficar à vontade, vovó! — Respondo após a surpresa.
— Você sabe como a minha história com seu avô começou? — Pergunta ela e eu concordo levemente.
— Sei sim, a história de vocês, assim como a história de amor de todos os casais dessa família são inspiradoras demais. — Falo sorrindo levemente.
— Oh querido, não é bem assim, todos nós tivemos alto e baixo, e comigo e seu avô não foi diferente. Nós só mostramos aos nossos pequenos as melhores partes. — Minha avó diz sorrindo, dando tapinhas acalentadoras na minha mão.
— Entendo, nonna! — Respondo de forma pensativa.
— Vou te perguntar algo, mas prometa ser sincero com sua avó aqui, tudo bem? — Pede ela e eu confirmo com a cabeça sem pestanejar. — Você não está plenamente apaixonado pela garotinha com que está namorando, certo? — Pergunta nonna, me deixando rígido por um instante, só que meu corpo logo cede desanimado.
— A senhora está certa, nonna! — Respondo baixinho e ela respira fundo.
— Entendo, e saiba que não estou aqui para te julgar, porque você ainda é jovem e precisa conhecer o mundo do seu jeito, bambino mio! — Fala e eu concordo levemente.
— Só não quero parecer que estou enganando, Nora! — Digo e ela aperta minha mão.
— Então seja sincero consigo mesmo, com seus próprios sentimentos, e com ela. A sinceridade é a chave para muitas portas, querido. — Nonna diz amorosamente e eu concordo.
— Nonna, é que tem algo que... — Tento falar, mas termino pressionando os meus lábios juntos com força.
— Você pode me dizer o que quiser, Jus. — Nonna Ariana indica e eu respiro fundo.
— Então... — Mexo meus dedos juntos me sentindo meio sem jeito agora. — Tenho sentimentos muito fortes e conflitantes dentro do meu coração, mas tenho medo de que meus sentimentos possam magoar algumas pessoas ou que não seja recíproco. — Derramo livremente o peso no meu coração para minha nonna, peso esse que a muito anda me assombrando.
— Oh mio bambino! — Nonna Ariana diz com um ar risonho. — Ter medo é muito natural, a única coisa que você não pode deixar é esse medo tomar conta de você, e sabe por que? — Questiona amorosamente.
— Não, não sei! — Respondo tentando forçar um tom de voz calmo.
— O amor é a coisa mais bela neste mundo, mas é feito exclusivamente para pessoas corajosas. — As palavras de minha nonna me fazem parar. — Nessa família não existem covardes, por que nós sabemos lutar como ninguém, estou certa? — Questiona e eu concordo debilmente.
— Sim, nonna, é verdade! — Respondo em forma de sussurro.
— Lembre-se, meu neto, o seu amor é só seu! Você deve sempre tomar o primeiro passo, se quiser! — Nonna diz alegremente deixando um beijo na minha testa. — Caspita, olha só o horário! Tenho que ir querido! — Diz nonna Ariana saindo do lugar me deixando parado com os pensamentos em pleno vapor.
Deus, que tipo de conversa foi essa que acabou de acontecer?
Mesmo não conseguindo compreender direito, mas tenho um sentimento profundo no meu peito que encontrei a resposta para toda confusão que estava me assombrando. É isso, acho que finalmente encontrei uma resposta, porque o meu amor deve ser meu!
E ele será, basta eu ter coragem!

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