CAPÍTULO 04 ⚔️

Há quase um ano que minha vida virou um verdadeiro redemoinho carregado de merda, tudo isso porque tive que abrir mão de muita coisa para estar à frente de algo que nem mesmo queria. Mas tudo bem, essa foi uma escolha que fiz e não tenho para onde correr agora. Só os Deuses sabem o que passei nesse tempo, o quanto de atrocidades impensáveis tive que cometer para chegar no momento que estou agora. Logo que pensei que Maxim havia me mostrado tudo de ruim que a máfia poderia causar, só que agora vejo de perto que esse é um mundo muito vasto e de extremo perigo. Sinto que esse mundo está me modificando pouco a pouco, me vejo abraçando meu monstro interior, monstro esse que fiz questão de afastar a muito tempo. No entanto, mesmo com toda essa porcaria fodida me quebrando em vários pedaços, me vejo tranquilo por poder deixar minha família Aandreozzi longe de tudo isso.

Nem quero cogitar a ideia de meus pais saberem dos testes hediondos que tive que passar, dos atos tenebrosos que tive que executar para que hoje tenha a confiança de Aleksandr e das famílias. Tenho a firme sensação que se eles souberem vão se culpar demais, e não é isso que desejo, porque tudo o que sou, o que faço ou o que ainda vou fazer é por um bem muito maior. Somente Eduarda sabe de algumas coisas por alto, pois infelizmente ela teve que me ajudar a mudar alguns curativos e limpar algumas quantidades de sangue em meu corpo. Agora sei a força da natureza que ela verdadeiramente é, uma mulher cheia de garra que é capaz de enfrentar qualquer pessoa a fim de se manter ao meu lado, mesmo com todos os meus avisos. Confio em Duda ao ponto de deixá-la à frente da minha empresa em Nova York, esse é um dos segredo que mantemos longe da família, só que tudo é por um bem maior. Pelo menos é isso que acredito.

E é justamente por esse nível de cumplicidade entre nós que quando ela me avisou que a família precisava de mim, por que Justin estava passando por cirurgia. Eu não pestanejei nem por um segundo em jogar tudo para o alto, acionando o jatinho para podermos chegar em Madri o mais rápido possível. Não posso dizer ao certo se foi o fato dela dizer que a família precisava de mim, ou por que o homem que amo teve que fazer uma cirurgia de emergência, que me fez tomar essa atitude. Blyat! A quem inferno estou querendo enganar? Sei exatamente o motivo do meu desespero em correr para viajar por mais de sete incontáveis horas direto para chegar na Espanha. Só que isso não é algo que devo pensar demais, por isso ficarei com a primeira alternativa em mente, é melhor assim. É muito melhor assim!

No fim das contas agora estou aqui, surpreendendo meus pais e família com o meu aparecimento repentino. As suas expressões é um misto de felicidade, confusão com um toque sútil de apreensão, e eu não os julgo, pois tem muito tempo que não conseguimos nos encontrar. E isso só aconteceu por um pedido meu, por que se fosse por conta de meus pais, eles não levariam tanto tempo. Sinto que tenho muito o que me desculpar com eles depois que os nervos se acalmarem.

— Fodido Deus, que boa surpresa! — Otets exclama me olhando com seu afeto paternal.

— Oh meu menino! — Papa fala choroso correndo para se jogar em meu braços.

— Acalme-se papa, agora estou aqui! — Digo em tom baixo, voltando a falar em italiano depois de um tempo.

Correspondi ao abraço apertado de meu pai Andrea, o segurando com todo cuidado, por que sempre sinto que ele é pequeno e delicado demais para ser apertado com força. Claro, isso é só uma ilusão filial de minha cabeça, por que não existe homem mais forte e letal como meu pai, pelo menos não fora dessa família. Acaricio os cabelos longos, loiros e sedosos do meu pai, sem me importar com o quão ásperas minhas mãos são agora. Sinto um aperto firme no meu ombro, viro minha cabeça vendo o rosto de meu otets sorrindo para mim, retorno seu afeto com um curto sorriso. É bom, é muito bom sentir que estou em casa novamente, e essa sensação de lar que só essas pessoas podemos causar em mim. Inferno, como é bom!

— Olha Zuco, o nosso mais velho! — Papa fala me abraçando com força.

— Sim, meu anjo, eu estou vendo! — Otets diz após soltar um pigarro na garganta.

— Você está tão magro meu filho, seu rosto está tão cansado! Você tem comido bem? Será que tem perdido muitas noites de sono? Está com fome agora? — Meu pai Andrea começa a perguntar enquanto avalia meu corpo de perto.

— Estou bem, papa! — Respondo simplesmente fazendo meu Otets rir.

— Meu anjo, deixa o garoto respirar um pouco, podemos metralhá-lo com perguntas depois. — Otets fala levemente, puxando meu pai Andrea de cima de mim. Lanço um olhar de agradecimento para meu Otets que assente com a cabeça.

— Mas... — Meu pai Andrea começa, mas meu pai Enzo o interrompe.

— Teremos tempo, meu anjo! — Ele ressalta simplesmente de forma carinhosa.

— Va bene! — após um momento de silêncio meu pai finalmente concorda.

— Será que vocês podem nos atualizar dos acontecimentos? — Duda pergunta enquanto é segurada por meu tio Luiz.

Olho ao redor do espaçoso quarto hospitalar, acenando brevemente para os integrantes da família. Até que meus olhos fixam na pessoa deitada na cama, procuro por algo errado, mas noto que ele está bem apesar de estar ligado por alguns aparelhos de monitoramento. Um alívio mental toma conta de mim, porém me esforço ao máximo para manter minha impassividade. Mas que inferno, por que ele é tão lindo? Seus cabelos loiros claros, um rosto mais jovem com traços delicados, mas ao mesmo tempo bem desenhado com uma maturidade leve. O sorriso que ostenta no seu rosto impecável é uma afronta aos Deuses, porque tenho certeza que se eles os admirasse de perto ficariam com inveja violenta. A única coisa que está destoando de tamanha beleza são os curativos nos seus dois olhos, mas isso é nada perto do quão maravilhosamente belo Justin é.

Mne pisdestd! (Estou fodido!) Estou terrivelmente fodido de muitas maneiras!

Será que fiquei longe tempo o suficiente para pensar que Justin ficou mais encantador do que a última vez que nos encontramos? A vontade que tenho de ir até ele, segurar suas mãos e ouvi-lo contar o que diabos realmente aconteceu com sua saúde, é enorme. No entanto, sou seu primo, sou sua família e não devo ter esses tipos de pensamentos sórdidos. Pensei que me manter longe era uma boa alternativa para tirar essa bagunça fodida de dentro de meu peito, mas parece que não é bem assim. Seja como for, devo manter uma certa distância, para não mexer em algo que beira ao impossível.

— Está tudo bem agora, Vik, esse garoto aqui nos deu um susto e tanto! — Tia Luna diz no mesmo instante em que me aproximo dela.

— Imagino que sim, Eduarda estava bem eufórica quando me contou o acontecido. — Conto seriamente e viro para olhar para Justin. — Você deve se cuidar melhor, primo! — Minha voz sai mais profunda do que eu queria.

Se controla, porra!

— Sinto muito por fazê-lo se arriscar para vir aqui, Vik! Poderia ligar que eu te contaria o que... — Não deixo Justin terminar de falar e logo o interrompo.

— Nós somos família, é claro que viria! — Afirmo seriamente o fazendo assentir vagarosamente.

— Que conversa é essa, é óbvio que estaríamos aqui! — Eduarda disse vindo para perto da cama de Justin.

Vejo minha prima segurar a mão de Justin e colocar no seu rosto risonho. Me controlo internamente para não deixar transparecer o puta ciúme doentio que toma conta de mim, com esse simples ato familiar entre os dois. Sou um verdadeiro idiota doentio, isso sim!

— Você que é linda, ursinha! Perfeita como sempre! — Justin diz abrindo um sorriso brilhante.

— Ah que abóbora mais gentil! — Eduarda brinca e eu ouço o som de desaprovação de Samantha.

— Duda, você deveria puxar a orelha desse sem vergonha, não mimá-lo! — Samantha diz e Eduarda franze o cenho.

— Por que diz isso? — Pergunto friamente, antes mesmo que Eduarda tenha a chance, olhando na direção de Samantha.

— Marrentinha, não seja tão dura com nosso primo! — Meu irmão pede e eu viro para ele.

— O que houve? — Eduarda pergunta curiosa.

— Nossa doce abóbora escondeu por dias que estava com dor, até desmaiar no campus da faculdade. — Pietro aponta me fazendo cerrar os punhos.

— Por que? Por que fez isso? — Questiono controlando meu temperamento ao máximo.

— Eu só não quis preocupar a todos, foi besteira minha e já sei disso. — Justin explica e Eduarda solta uma respiração resignada.

— Ainda bem que sabe que é besteira, somos família e cuidamos um dos outros. — Eduarda fala para Justin e vira para olhar para mim. — Certo, Vik? — Pergunta e eu mordo a mandíbula com força.

— Isso mesmo! — Respondo levemente, irritado por que deveria eu ser quem deveria estar o acalentando agora, não Eduarda. Ah, diabos!

— Oh não vamos ser assim, pelo menos soubermos de algo interessante! — Tio Luiz fala trazendo leveza para o ambiente. Olho na sua direção vendo meu tio sorri enquanto está preso nos braços fortes de tio Filippo.

— É verdade, foi uma surpresa e tanto! — Tio Lucca brinca me deixando ainda mais interessado.

— O que foi gente, por que tanto mistério? — Eduarda perguntou olhando em volta do quarto.

— A novidade é que nosso garotinho está namorando! — Minha bisavó se pronunciou pela primeira vez desde que chegamos.

Namorando? Espera, será que eu ouvi essa merda direito?

— O que? Sério isso? — Eduarda indaga sem jeito, olhando para mim como se tentasse me perguntar algo sob seu olhar, no entanto eu só desvio o olhar por que é demais para mim.

— Justin é mais novo que vocês dois e já está me dando orgulho, olha como sua namorada é linda! — Nonna Francesca aponta para seu lado.

Agora consigo notar a presença de duas garotas, uma delas tem um tom de pele mais escuro, cabelos trançados até a metade da cabeça, com a parte de trás cacheado preso em um rabo de cavalo cheio. Já a outra é baixinha, com cabelos ruivos naturais, sardas no rosto e olhos verdes claros, uma típica ruiva. E é justamente para essa ruiva que minha bisavó está apontando. Porra! Uma onda forte de ódio tenta tomar controle total do meu corpo, uma possessividade avassaladora perturba minha mente. É como se no meu interior existisse um monstro preso em uma jaula, pronto para sair e rasgar qualquer um que chegasse perto de sua presa. Afirmando que esse homem deitado na cama deve somente lhe pertencer, que ninguém no mundo deve tomá-lo de nós. Por que não existe ninguém neste mundo desgraçado capaz de tocá-lo!

Meus pensamentos são tão intensos que me causam náuseas, mas eu não tenho poder de contê-los. De modo algum eu posso deixar que a fúria que estou sentindo agora seja vista por alguém. Acalme-se filho da puta! Você prometeu a si mesmo esquecer isso! Continuo trabalhando minha mente repetidamente, a fim de absorver pouco a pouco, ignorando totalmente os batimentos acelerados do meu coração dolorido e traído.

— Muito obrigada pelo elogio, senhora! — A menina ruiva diz envergonhada.

— Não precisa ficar envergonhada, mocinha! — Tio Lucca fala e ouço um bufar vindo de Samantha.

— Pessoal, Jus já deixou claro que ele e Nora estão se conhecendo aos poucos. — Otto diz como se tentasse explicar algo.

— Ah sim, conhecendo, certo? Então o que elas fazem aqui, Bisa? — Eduarda pergunta de modo sério, fazendo a nonna rir.

— Para balançar as coisas, por que mais seria, mia piccolina? — Nonna diz maliciosamente me deixando sem entender.

Nesse momento sinto meu celular vibrar no bolso do meu paletó. Agradeço mentalmente ao infeliz que resolveu me ligar nesse momento, por que só assim vou ter uma desculpa plausível para sair daqui sem parecer estranho.

— Com licença, preciso sair por um instante! — Conto rapidamente, levantando um pouco meu celular.

— Vik, houve algo? — Meu pai Andrea pergunta rapidamente.

— Não papa, fique tranquilo! — O tranquilizo sem dar nenhum parecer.

Quando estou pronto para cruzar a porta ouço uma voz que faz meus pés ficarem presos ao chão.

— Vik! — Justin chama e eu engulo em seco.

— O que foi? — Pergunto sem virar para olhar para dentro do quarto.

— Você não vai embora, não é? Você vai ficar, certo? — Justin sonda como se precisasse de uma resposta.

A poka da, durak! (Até então sim, bobo!) — Digo sem conseguir controlar o sorriso de lado que escapa dos meus lábios.

— Bom! — Justin diz sem esconder seu alívio.

Antes que minha mente traiçoeira comece a cogitar coisas idiotas, saio do local em passos rápidos. Procuro um lugar isolado e longe do quarto para poder atender essa maldita ligação de Nastka, que ficou em Nova York de olho nos meus negócios, e controlando a situação para que a informação da minha viagem não vaze.

— O que foi? — Questiono em russo assim que atendo a ligação.

— Senhor, como foi a viagem? — Nastka pergunta sendo educada.

— Foi bem, agora diga-me o que aconteceu! — Mando e ela respira fundo.

— Só preciso atualizar ao senhor o que aconteceu, mas não é nada demais! Controlei bem a situação. — Nastka começa a explicar antes mesmo de me dizer o que de fato aconteceu.

— Essa sua mania de controlar os ânimos das pessoas antes de soltar as merdas é totalmente idiota! — Falo de modo gélido. — Só fala logo! Foi o Mikhail? — Suponho e pelo seu silêncio tenho certeza que fui direto no problema.

— Bem, foi, mas em defesa daquele idiota irritante do meu irmão, quem começou foram os homens de Vasily. — Nastka explica e eu pressiono minhas têmporas com meus dedos.

— Algum dos nossos se machucou? — Indago.

— Não, pelo contrário, é por isso que os Yegorov estão ameaçando se queixar com seu tio-avô. — Ela diz com ar leve e eu solto um som desgostoso.

— Deixe que com aquele velho eu me entendo, só deixe seu irmão e os nossos controlados até eu voltar. — Alerto e ela faz um som de confirmação.

— Vai voltar amanhã como o senhor disse? — Indaga ela.

— Não, talvez você tenha que cuidar de Sasha por mais dois ou três dias. — Comento e ela fica em silêncio.

— Aconteceu algo muito grave com sua família, Boss? — Pergunta com cautela.

— Tudo está em ordem, só serão poucos dias. — Reafirmo de modo sério.

— Tudo bem, Boss, cuidarei do sapeca do Sasha com cuidado. — Minha feição amolece ao pensar em Sasha, mas logo volto ao meu estado normal.

— Bom, vejo você quando chegar! — Declaro e ela confirma do outro lado da linha.

Notei a aproximação de alguém, espero pouco tempo e logo Eduarda aparece no meu campo de visão. Daqui posso ver o seu impecável rosto mostrando apreensão, ela deve ter notado algo, por que se existe alguém mais atenta aos arredores essa é minha prima. Às vezes a observo em silêncio, vendo como é impressionante o tanto que ela se parece com meu tio Filippo. O único diferencial dos dois é que Duda é um pouco mais aberta às pessoas, diferente do meu tio. Existe um detalhe bem significativo e irritante com relação a Eduarda, ela tem um sentido desumanamente aguçado, quando o assunto é analisar perfis das outras pessoas. E é justamente essa inteligência emocional que é fodidamente irritante!

— Viktor? — Chama ela e eu fecho meus olhos com força.

— Não começa, Eduarda! — Peço e ela arregalou seus olhos azuis.

— Mas eu nem falei nada! — Se defende me encarando ofendida.

— Certo, até parece que não sei o que você vai falar! — Digo irritado e ela revira os olhos.

— Se sabe então por que evita? — Pergunta e eu me mantenho em silêncio. — Irmão, até quando você vai esconder o que sente? — questiona e eu desvio o meu rosto.

— Não sei do que você está falando! — Desconverso com raiva.

—Em algum momento você não irá conseguir esconder que é loucamente apaixonado pelo nosso primo. — Amplio meus olhos observando a redondeza.

— Que tipo de merda você esta dizendo, porra? Alguém poderia ter vindo atrás de você e a ouvido vomitar merda. — Esbravejo entredentes sem conseguir controlar.

— Se acalme, consegui evitar que viessem atrás de você, então relaxa! — Avisa ela e eu solto uma forte respiração. — Então, irmão? — Questiona ela e eu franzo o cenho.

— Então o que? — Pergunto de forma impassível.

— Essa namorada de Justin aí, o que você acha? — Cutuca ela com uma pentelha.

— O que mais tenho que achar? Ele deve estar feli... — Não consigo terminar o que eu estava dizendo por que fui tomar do por um desespero doentio. — Blyat! — Praguejo socando a parede à minha frente.

— Era disso que estava falando! — Eduarda murmura como se entendesse o que eu estava sentindo, mas é impossível, porque nem mesmo eu entendo.

O fato de saber que o homem que desejo por anos permite que outra pessoa o toque no seu corpo, beije seus lábios rosados e faça amor com ele, é completamente enlouquecedor para mim. Meu desejo de quebrar, queimar, destruir algo ao ponto de sangrar é fora de sério, por isso que devo me obrigar a usar todo o meu autocontrole.

— Ei, se controla! — Eduarda sussurra ao meu lado e eu respiro fundo. — O que planeja agora? — Perguntou ela baixinho me fazendo franzir o cenho.

— Eu deveria planejar alguma coisa? — Retorno a pergunta e ela revira os olhos.

— Não sei, Viktor, talvez evitar que essa situação se prolongue! — Exclama ela de modo imperativo e eu enrijeço.

— Impossível, isso é impossível e você sabe disso! — Faço uma breve pausa e dou uma sombra de um sorriso auto depreciativo. — Você sabe a vida que levo, e não vou colocar alguém que tenha sentimentos nesse tipo de vida. Nossa família não merece mais esse tipo de decepção, sestra (irmã). — Explico de forma decidida, expondo em voz alta o que sinto pela primeira vez.

— Viktor... — Duda começa, mas ergo a mão para evitar que ela continue.

— Não quero mais falar sobre isso! — Sou curto e grosso, por que não quero mais deixar esses sentimentos me perturbar.

— Tudo bem, entendo você, mas saiba que estou do seu lado! — Eduarda diz se aproximando mais de perto para descansar seu punho direito no meu peitoral. — Vocês merecem uma história, Vik! — ressalta ela e eu nego.

— Existem histórias que é melhor deixar guardadas somente em uma gaveta. — Digo a fazendo me olhar com tristeza.

— Crianças! — A voz do meu tio Lucca chama a atenção de nós dois.

Olhamos rapidamente para a direção da voz para ver tio Lucca sendo acompanhado pelo tio Filippo, tia Luna e meu pai Enzo. Eles se aproximam, nos deixando rígidos no mesmo instante, pois se fosse um pouco mais cedo eles teriam ouvido, com certeza, a nossa conversa. Não sei se devo agradecer aos céus ou a nossa fodida sorte!

— Babo, aconteceu alguma coisa? — Eduarda pergunta olhando para mim com olhos amplos e depois virando para seu pai e tios.

— Nada aconteceu, só precisamos falar com Viktor um instante! — Tio Filippo responde de modo impassível.

— Mas por que... — Eduarda começa, mas tio Lucca solta uma risada.

— Relaxe, ursinha, não vamos assustar seu primo. — Meu tio diz de modo divertido.

— Como se meu filho fosse se assustar contigo, idiota! — Meu pai diz cruzando os braços.

— Não há nada demais. — Tia Luna fala de modo para nos tranquilizar.

— Se é assim, vou lhes dar um pouco de privacidade. — Diz ela lentamente após assentir com a cabeça.

— Então Viktor, podemos conversar agora? — Tio Filippo pergunta me deixando tenso de repente.

A pergunta séria de meu tio, em conjunto com os olhares avaliativos do meu pai e o restante dos seus irmãos me deixou com um misto entre apreensão e curiosidade. Mas uma coisa é certa, é sempre difícil ficar frente a frente com essas pessoas fodidamente intensas, mesmo que eles sejam minha família e eu os ame e os respeite como um louco.

Agora é se acalmar e esperar para saber o que vem a partir desse papo em família.

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