Graveto
— Mas que pergunta tola! — disse o anão, puxando a gola de Santiago pra que se olhassem nos olhos — Quem é você?
— Santiago — respondeu surpreso com o puxão, mas se distraiu com as linhas marrons e brilhantes nos olhos do anão — Seus olhos são bem incomuns.
O anão o soltou repentinamente com um semblante surpreso com as palavras de Santiago, olhando-o de cima a baixo.
— Você fala como ele, se veste como ele… — Kierv, o anão, enfia a mão na bolsa lateral apressadamente e tira de lá uma garrafa de plástico com ervas envoltas num líquido azul transparente — reconhece isso?
— Você tem uma garrafa de plástico? — Santiago estava incrédulo, olhou mais uma vez em volta. "Sério que não tem câmeras em algum lugar?" buscava algo que denunciasse que não passava de uma pegadinha "Não é possível que tenham feito isso em tão pouco tempo". Ao olhar para dentro, viu que ainda nevava do lado de fora na janela do fundo, mas não nas outras. Como se a casa tivesse terminando de transitar entre dois mundos — ok, isso realmente é muito estranho, mas eu não deveria estar aqui.
— Ha! Hahaha! — o anão deu uma boa gargalhada — eu sabia que encontraria outro viajante como ele.
— Outro? Espera, tá dizendo que viajar entre mundos é comum?
— Não muito, mas é a segunda vez que vejo um. — o anão acaricia a barba pensativo — até porque, pessoas como você não duram muito aqui. Parecem crianças em busca de aventura.
— O que aconteceu com ele? — Santiago estava curioso, mas com receio de que lhe acontecesse o mesmo.
— Fez como todos os outros, buscou aventura e entrou em conflito com o império — o anão dá um suspiro cansado — mesmo que seja por uma causa justa, é suicídio enfrentá-los. Apesar disso, estou ao lado dele até o fim.
— Bem, eu certamente não seria tão irresponsável, mas como estou preso aqui eu poderia ajudar, quem sabe…. — antes que Santiago pudesse concluir sua fala, soldados armados com lanças, espadas e arco e flecha cercaram a casa ordenando que se rendessem.
— Se quer ajudar, não fala nada sobre o que eu disse — sussurrou o anão para Santiago, que fechou a porta atrás de si, antes que os soldados pudessem ver o que tinha lá dentro.
Um homem montado a cavalo se aproxima lentamente, como se a sua presença fosse aguardada como o nascer do sol pela manhã.
— Eu soube da sua chegada, Kierv. — o homem a cavalo falou em tom alto — Hoje eu capturaria você e aquele desertor que vocês chamam de líder, mas vejo que não é o caso. Está tentando recrutar esse plebeu pra morte?
— Acho que seu espião anda lhe dando falsas notícias, não acha? — Kierv sorriu — tem certeza que ele trabalha pra você?
O homem montado faz uma carranca, irritado com o comentário, puxa as rédeas do seu cavalo e ordena que os prenda.
— Levem o anão ao castelo e interrogue este plebeu — dando uma olhada demorada pra casa — vasculhem o interior da casa em busca de alguma evidência do desertor.
Assim se fez. A casa quando aberta estava literalmente vazia e os dois foram levados para seus respectivos lugares. Kierv foi direto pra sala do trono, enfrentar sua sentença perante o imperador e Santiago estava diante da sua cela, prestes a ser encarcerado, enquanto um soldado verificava se portava alguma arma, notando um pequeno objeto no bolso da calça.
— O que tem no bolso? — perguntou o soldado.
— Uma caneta, ela serve para escrever… — o soldado tira do bolso dele um graveto do tamanho da caneta que antes havia ali — na terra. — concluiu sua fala com um sorriso sem graça.
— Escrever na terra? — o soldado que observava a verificação, ergueu uma sobrancelha desconfiado, pegando o graveto e o examinando.
— É mais fácil apagar e escrever de novo, além da economia de papel, não acha? — seus olhos caíram sobre o graveto e o soldado notando, o quebra em dois.
— O que você sabe sobre os juízes da Alvorada? — disse, jogando os gravetos dentro da cela.
— Se algum dia eu descobrir, eu te conto, mas pra isso eu preciso estar livre. — Santiago sorri forçadamente, crendo que aquilo seria desculpa suficiente pra poder sair daquela situação.
— Prenda-o. — o soldado sorriu e depois fechou a cara, enquanto o outro empurra Santiago pra dentro da cela, o trancando lá dentro.
Preso e sem saída, Santiago procura os gravetos pelo chão e os encontra, inspecionando-os em busca de alguma explicação, mas eram simples pedaços de madeira "Droga! Como pode a caneta ter virado um graveto dentro do meu bolso?".
Após guardá-los consigo, olhou em volta esperando achar um meio de fuga e quando pensou que nada mais poderia piorar aquela situação, ele ouve a porta ser destrancada. Do lado de fora aparece uma pessoa com armadura tecnológica, carregando consigo uma pistola de plasma, entrando rapidamente para dentro da cela, olhando cautelosamente pra fora.
— Vamos, meu senhor — disse com uma voz feminina. Ela estava mais preocupada em não ser vista por alguém do lado de fora do que avaliar quem realmente estava ali com ela — não temos muito tempo. — porém, quando olhou pra Santiago, se afastou e apontou sua arma na direção dele — Você não é o senhor Grofin. Quem é você?
"Em quantos mundos esse cara vive?" Santiago estava definitivamente preocupado com o rumo de tudo aquilo enquanto erguia suas mãos pra cima. "O que há com essas portas que toda vez que abrem estou em um universo diferente?"
— Responda! — ela acionou a arma, fazendo um som que fez brilhar algumas partes de sua estrutura — Onde está o senhor Grofin?
— Eu nem sei onde estou, porque saberia onde ele está? — pensando rápido, ele decide jogar as cartas na mesa — eu falei com Kierv, o anão, ele me falou que eu poderia ajudá-lo e eu também sou viajante. Podemos dar um jeito de achá-lo, o que acha?
— Droga… — ela abaixa a arma, voltando a olhar pra fora — porque sempre tenho que bancar a babá?
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