Fone
Ela volta a olhar para Santiago, movendo a cabeça como um sinal para segui-la, saindo pra fora da cela.
— Ei! — ele sussurra violentamente, apreensivo com o que pode acontecer com eles perambulando por aí — não seria mais seguro lá dentro?
— Lá seremos alvos fáceis e não foi agradável conseguir esse equipamento — ela para no encontro entre dois corredores, verificando se está limpo — já devem estar procurando quem roubou e não estou pensando em devolver.
— Eu posso pelo menos saber o seu nome ou é costume de vocês não dizerem seus nomes? — ele pigarreia com a própria fala quando ela aciona novamente a arma, notando que ele mesmo não disse seu nome ainda — me chamo Santiago e você?
— Anália — responde sem encará-lo, certificando a todo instante que não sejam vistos.
Soldados armados andam por um corredor próximo, passando por uma porta que dá pra uma espécie de hangar com naves estacionadas por toda parte. Ela mantém seu olhar na porta até ela se fechar, voltando seu foco para ele, que expressa visível apreensão.
— Você não está pensando em ir até lá, né? — Santiago aponta pra porta do hangar com uma expressão preocupada ao encará-la — fala pra mim que isso não é um plano.
— Você sabe algum outro caminho para sair daqui além daquelas veículos voadores bem ali? — ela aperta um botão no capacete que cobria toda sua cabeça, mostrando o rosto de uma elfa de pele negra e cabelo azul cerúleo — Você ao menos sabe como veio parar aqui pra começar?
— Não sei, mas uau… — ele fala visivelmente boquiaberto com a aparência dela, enquanto ela ergue uma sobrancelha irritada — uma elfa da noite?
— Ótimo, mais um tarado em elfas — ela volta seu olhar pra porta do hangar bem no momento que ela se abre, um pelotão vindo na direção deles. Ela o puxa para uma das salas próximas — Shh! Fica quieto.
Ficaram em silêncio até não haver mais som de passos do lado de fora, então puderam respirar um pouco mais aliviados.
— Anália… — Santiago sussurrou pra ela.
— O que é, pervertido? — ela suspira cansada.
— Eu não sou um pervertido — ele responde abafado, parecendo chateado com a provocação — eu só fiquei muito surpreso com sua beleza, só isso.
— Sei. Se espera que eu core e me jogue nos seus braços — ela o encara com o olhar de quem o mataria se quisesse — entra na fila.
— Acho que ele chegou primeiro, afinal — ele suspirou resignado, enquanto ela rosnou baixo — Eu soube que o Grofin é viajante assim como eu, mas ainda não sei como você veio parar aqui também?
— A culpa é daquele idiota — ela estava irritada, mas logo suavizou ao fechar os olhos de cor roxa — fomos cercados por soldados na floresta a caminho do local de encontro com Kierv e ele pegou um objeto no bolso dizendo que se tivesse um canhão laser, faria todos eles virar pó.
— Ah-haha… — Santiago ri sem graça — não o culpo, ele foi criativo, mas ele não atravessou nenhuma porta ou algo assim?
— Não, só brilhou uma luz muito forte e quando vi, estávamos em cima de uma mesa numa espécie de sala cheia de painéis luminosos com letras e mapas — ela cerrou o punho irritada novamente — e a primeira coisa que aquele idiota tentou, foi pedir uma dessas armas pra um dos homens que estavam lá. Não preciso dizer o que aconteceu depois.
— Ele realmente é um idiota… — foi Santiago maldizer ele que levou um soco no ombro de Analia.
— Só eu posso chamá-lo assim, ouviu? — ela o encarou, enquanto ele passava a mão no ombro dolorido.
— Pega leve — ela volta a ficar de pé, indo na direção da porta enquanto ele a acompanha com os olhos — Você acha que ele conseguiu voltar pra lá?
— Duvido — ela olha pra ele séria — ele pode ser idiota, mas nunca abandonaria um companheiro.
Anália abre a porta e Santiago se põe de pé, colocando suas mãos no bolso e pegando o que tem lá, tirando dois objetos arredondados interligados por um fio metálico, parecendo uma espécie de fone futurista.
— Você pode me dizer quem são os Juízes da Alvorada? — ele pergunta, recebendo o olhar confuso dela, mas como ele está olhando pra sua própria mão com um semblante pensativo, ela fecha a porta novamente.
— Um grupo de aventureiros criado por Grofin para defender a liberdade e a segurança dos mais fracos — ela relaxa um pouco sua postura, revelando um leve sorriso em seus lábios, mas logo sumiu, mostrando um olhar triste — éramos muitos, até a princesa nascer e ele se tornar o guarda pessoal dela até recentemente.
— O que aconteceu? — ele sussurrou e ela olhou nos olhos dele.
— Seus olhos lembram os dele — ela se ajeitou, desviando o olhar, acionando seu capacete, cobrindo seu rosto novamente — a princesa está para completar quinze anos e o imperador, pai dela, quer torná-la sua esposa e isso é inadmissível. Por isso Grofin está reunindo novamente os juízes da Alvorada para podermos impedir que isso aconteça.
— Compreendo e devemos concluir o que ele começou — Ele levanta o punho cerrado com os fones em seu interior, enquanto ela o encara — isso vai parecer insano, mas, eu tenho um plano e preciso que confie em mim — Santiago se aproxima da porta que dá pro corredor.
Olha de soslaio pra ela com um sorriso confiante, porém, ele sabia que se aquilo não desse certo, nada mais daria.
Anália olha pra ele e apenas acena com a cabeça positivamente, vendo-o por aqueles objetos no ouvido, acendendo uma luz verde fraca neles.
— Quem dera eu pudesse ajudar aquele soldado com as informações que eu consegui — abre a porta, com Anália o seguindo com cautela máxima, achando tudo aquilo estranho — objetos, desejos e portas, que forma mais estranha para se transitar entre dimensões.
Caminha pelo corredor indo pra porta do hangar, fazendo Anália segurá-lo pelo braço questionando se estava certo daquela escolha. Ele virou o rosto pra ela e piscou, então ela o soltou ao bufar, querendo crer que aquilo funcionaria, pois de certa forma, Santiago tinha um ar um tanto familiar naquele momento, mesmo que fosse um pouco irritante.
Então a porta do saguão abriu e do lado de lá estava o interior de um celeiro com cavalos. Ao entrar, dava pra ver soldados caminhando do lado de fora e já estava noite, enquanto ele e Analia se abrigavam atrás de uma pilha de feno.
— A trama do espaço tempo é conectada por um objeto, um desejo e um entrar e sair de portas — ele suspirou aliviado — um problema a menos, certo Anália…?
Ao olhar pra ela, ainda estava vestindo a armadura tecnológica. Santiago por sua vez, permanecia o mesmo também, o diferencial é que os fones se tornaram um colar prata com uma esmeralda pendurada, agarrado em sua orelha, como se tivessem tentado passar pelo topo da cabeça.
— Você… — ele foi calado com a palma da mão dela o impedindo de falar.
— Calado — ela olha pra ele séria — primeiro precisamos achar uma forma de sair daqui, tirar essa armadura estranha de mim e achar onde estão Kierv e Grofin — então ela suspira olhando pra saída — ainda assim, obrigada por nos trazer de volta pra cá.
— Kierv foi levado pra sala do trono — disse Santiago ao tirar a mão dela de sua boca — e de nada.
— Droga! — ela rosna de frustração — então precisamos achar o Grofin logo — voltando a olhar pra ele, que está tirando o colar de sua cabeça — e você é o único no momento que pode me ajudar.
— Ah-haha — ele sorri sem graça por perceber que conseguiu conquistar um pouco da confiança dela e que agora ele realmente estava incluso naquilo, podendo ajudar, mesmo que isso signifique correr risco de vida — farei o possível pra ajudar, Anália.
Ele se põe de pé com o colar no bolso e olhando em volta, se dirige pra porta que eles passaram. Agora do outro lado estava um corredor de celas, em que ele estava preso antes.
— Eu já volto. — passando pela porta cautelosamente, voltando pouco tempo depois com uma manta — aqui. Pra que você possa cobrir a atmadra, já que só o capacete sai e não queremos chamar mais atenção do que o necessário, não é?
— Obrigada — ela se cobre e aperta o botão do capacete ao colocar a arma de plasma acoplada a sua cintura, voltando a olhar pra ele — limpa a baba antes de sairmos.
Ela caminha pra fora, enquanto ele passa a mão no rosto e não tem babá nenhuma, seguindo-a em direção da saída.
— Eu não estava babando e pra onde vamos agora? — ele pergunta, ao lado dela perto da porta do celeiro, verificando se não tem nenhum soldado por perto.
— Eu conheço um lugar — ela olha pra ele com um olhar travesso — você cai nas mesmas provocaçoes que ele. Só admite logo que é um pervertido.
— Eu não sou um pervertido.
— Ainda por cima, respondem sempre a mesma coisa. — ela sorri ao sairem juntos de lá como se nada tivesse acontecendo.
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