Capítulo 3
— Capitão, você não pode estar falando seriamente — Kim Namjoon disse horrorizado, após ouvir toda a história atentamente. Todavia, para a sua surpresa, Jeongguk assentiu e o encarou impassível — Você realmente quer capturar uma sereia, então navegar para uma ilha completamente desconhecida em busca de um tesouro perdido e amaldiçoado?
— Balela! — Jeongguk retrucou, revirando os olhos — O tesouro não é amaldiçoado, apenas a tripulação que o roubou.
— Essa é a pior merda que escutei em toda a minha vida, capitão.
— Eu sei — O Jeon concordou, balançando a cabeça levemente — E então?
— Eu não acabei de dizer que acho a ideia péssima?
— Não, você disse que era a pior merda que já tinha escutado.
— Tem quase o mesmo significado!
— Não, é claro que não — Jeongguk murmurou, cruzando os braços — E então?
— Você não vai desistir até que eu concorde, não é mesmo, Jeongguk?
— Você me conhece tão bem — O Jeon sorriu ladino — Esse é o nosso estilo de vida, Namjoon. Nós somos piratas! Vivemos para saquear e nós farejamos ouro como ninguém!
— E estamos sempre nos metendo em problemas — O outro adicionou sutilmente, rindo alto — Tudo bem. Vamos em busca do Eldorado.
— Não estamos indo atrás do Eldorado, meu amigo.
— É mais emocionante se pensarmos dessa forma, capitão.
— Faça como quiser, então — Jeongguk respondeu, erguendo a caneca de rum.
— Mas diga-me, Jeon — Namjoon pronunciou, olhando atentamente para o amigo de longa data — Você tem algum plano?
— Acredito que possamos defini-lo dessa forma.
— Certo, explique um pouco do que pensou.
— Não será fácil e não significa que teremos êxito. Mas eu planejo ficar com alguns dos nossos homens na baía das sereias. Nós não sabemos como elas se comportam, mas certamente não vão nos receber de braços abertos — Jeongguk disse, remexendo a caneca de madeira vazia que tinha em mãos.
— É, acredito que elas vão tentar nos atrair e afogar no mar. — Pontuou, de imediato olhando para o seu capitão.
— É uma possibilidade, por isso precisamos estar preparados... algodão para tampar os ouvidos, apenas os homens mais fortes precisam estar lá. Vamos observar o lugar, tramar uma emboscada e tentar capturar uma com redes de pescas fortificadas.
— Podemos começar por isso e então? Precisamos mantê-la num tanque, capitão. Sereias são um tipo de monstro marinho.
— Podemos conseguir tudo o que precisamos em Tortuga. Arranjamos um tanque, colocamos a sereia e a obrigamos a guiar o caminho quando chegarmos na ilha.
— Será fácil desse jeito?
— Não, será difícil como o inferno. Precisamos estar preparados, coordenados.
— Mas ainda sim, meu amigo, quais as chances dela colaborar conosco? Será que as sereias falam a nossa língua? Porque veja bem, não somos nenhum especialista no assunto.
— Ou ela colabora, ou morre. Simples. A morte deve ser igual em todas as línguas.
— É, isso certamente é uma forma de ver as coisas — Namjoon comentou, rindo rouco.
O imediato olhou para o capitão com olhos atentos e imediatamente percebeu a insegurança estampada no rosto do amigo. Curiosamente, tocou no braço de Jeongguk.
— O que está te afligindo?
— Namjoon, o que os homens vão pensar dessa loucura?
Escutando aquele questionamento, o Kim gargalhou alto e balançou a cabeça levemente, em completa negação.
— Eles vão segui-lo até o inferno, sabe disso. Nunca nenhum deles questionaria suas escolhas, não por medo, claro que não, mas por respeito e confiança no homem que escolheram como capitão.
Jeongguk olhou para o amigo e sorriu, confortado pelas palavras dele. Naquele instante, todo o seu medo passou e tudo o que ele conseguia pensar era que eles tinham um longo caminho para percorrer.
Com sorte, seriam imortalizados na história não somente por serem os primeiros piratas a capturarem uma sereia, mas também por encontrarem um tesouro lendário guardado pela própria deusa do mar.
Três semanas depois, com todas as preparações necessárias, o capitão e a sua tripulação traçaram curso para a baía das sereias.
O lugar era afastado de qualquer continente, envolto por camadas densas de névoas, assim como também, era rodeada por destroços de navios que tiveram capitães descuidados o suficiente para tentar uma aproximação.
Diferentemente dos que vieram antes dele, Jeongguk não queria brincar com a sorte e muito menos arriscar furar o casco do Indomável ou quem sabe encalhar nos rochedos, por isso, quando avistaram a ilha de longe, achou melhor iniciar a sequência de ordens.
— Vamos aportar aqui, rapazes!
A tripulação experiente, começaram a todas as preparações necessárias logo após ouvirem o comando do capitão
— É esse o local — Jeongguk avisou, apontando o dedo em direção a orla — Vamos repassar os planos. Juntem-se todos!
Ouvindo o grito do Jeon, todos os dezoito homens pararam tudo que estavam fazendo e se juntaram ao capitão no meio do convés, numa roda cheia de olhos atentos e silêncio, à espera das próximas palavras de Jeongguk.
— Eu e mais oito homens iremos aportar na ilha. Nós vamos estudar cada local minuciosamente e traçar o nosso plano de captura da sereia. Na minha ausência, o contramestre Min Yoongi será o comandante — Pronunciou cada palavra, olhando para cada um dos homens ali — Se em 5 dias não retornarmos, um grupo de busca deve ser enviado até a ilha! E em todo caso, todos vocês devem permanecer com os ouvidos tampados durante o tempo que estiverem aqui! Não queremos que nenhum de vocês sejam encantados pelo canto desses monstros, e afogados no mar. Entendido?
— Sim, capitão! — os homens gritaram em uníssono.
— Ótimo! Preparem os botes! Está na hora de caçarmos algumas sereias!
Cheios de agilidade, os homens começaram a fazer como era pedido. 3 botes foram lançados no mar. Um deles carregava um tanque de vidro pequeno, mas grande o suficiente para que a sereia ficasse engolida e sem nenhuma forma de escape, pois sua tampa era pesada demais, sendo necessário a ajuda de quatro homens para levantá-la.
No bote com o tanque estavam outros dois homens fortes e corpulentos da tripulação. Um deles se chamava Jung Hoseok, e este rapaz em questão, era muito conhecido por suas habilidades de luta e caça.
O outro, que remava bravamente em frente ao Hoseok, se chamava Brien. Um órfão que Jeongguk aceitou em sua tripulação, após encontrá-lo jogado na sarjeta, há dias sem comer ou beber. E desde então, o jovem dedicava a sua vida ao seu salvador.
No bote do capitão, estava não somente Jeongguk como também o imediato Namjoon, juntamente de um senhor chamado Jack Turner. E no último, estavam os outros três homens.
Jeongguk, por ser o capitão do navio, tinha muitas regalias e uma delas, com toda certeza, era que não precisava remar o bote. Por isso, focou em estudar o mapa que tinha em mãos, tentando reconhecer as rotas ou as ilhas que estavam em volta.
O plano não estava perfeito, claro, existiam lacunas nele mas o Jeon acreditava que a maior prioridade era capturar a sereia. Afinal de contas, sem ela o Indomável poderia até encontrar a ilha, mas nunca chegariam perto do ouro escondido pela deusa do mar.
Obviamente, Jeongguk esperava ter o ser marinho nas mãos, antes de elaborar todo o resto do plano, mas agora, seu foco precisava ser outro.
Eles teriam apenas cinco dias para encontrar uma sereia e capturá-la com sucesso. Se nesse período eles não conseguissem, teriam que voltar para o navio e pensar em algo novo. Contudo, por alguma razão desconhecida, o pirata estava se sentindo positivo e esperançoso com a missão que tinham em mãos.
Claro, sofreram um pouco para chegar em terra firme pois as águas próximas da ilha eram traiçoeiras demais, cheias de perigos e pontos cegos que poderiam lhes custar a vida, caso caíssem nos meios das rochas pontiagudas.
Então, quando os oito homens chegaram na praia, após quase duas horas remando, todos — com exceção de Jeongguk — estavam completamente exaustos pelo trabalho braçal e pela luta contra as águas pesadas e escuras.
Em pé na areia branca, o Jeon olhou para o lugar com olhos curiosos. Não era nem de longe uma ilha grande, mas ainda havia alguma mata para eles se esconderem. Com sorte não seriam percebidos até o momento do ataque.
— Vamos esconder os botes e descansar por essa noite! Na manhã seguinte exploraremos ao redor da ilha para identificar um possível lugar para a emboscada.
Os homens ouviram as palavras do capitão, mas não responderam com palavras. Todos os sete estavam exaustos até os ossos, mas apreciaram o fato de que teriam algum descanso por aquela noite.
E que noite longa seria.
De início, após esconderem os botes e o tanque pesado, eles rapidamente encontraram um bom lugar para passarem a noite. Não era muito afastado da praia, mas tinha muita mata em volta, possibilitando que eles espreitassem o mar sem serem notados por quem ou o quê estivesse na água.
A vigília começou por Jeongguk, que queria deixar seus homens descansarem depois de todo o esforço feito. O capitão ficou atento ao mar e tentou de alguma forma enxergar o Indomável, mas isso era uma tarefa difícil, impossível para dizer o mínimo.
Toda aquela névoa o impossibilitava de enxergar mais do que 2 km e como o navio estava aportado em alto mar, numa distância considerada segura, vê-lo não era nem de perto, uma possibilidade.
Suspirando cansado, Jeongguk encostou as costas no tronco de um coqueiro e voltou a observar as ondas leves do mar.
Assim ele ficou, até que um dos seus companheiros acordasse e assumisse o posto de vigia, pelo restante daquela primeira noite.
Na manhã seguinte, após um leve café da manhã de pão e rum, o grupo se dividiu para explorar a ilha.
— Capitão, além dessa praia que atracamos, há uma ao fundo, próximo à uma grande encosta de água.
— Encosta? — Jeongguk perguntou, com o cenho franzido.
— Eu posso ter usado a palavra errada — Jack falou, incerto e inseguro — Mas há um grande buraco no meio da areia. Nele é possível ver o fundo do oceano... claro, não me aproximei muito, mas acredito ter visto alguns corais e vários peixes nadando na água.
— Mostre-me — Exigiu, já se levantando do banquinho improvisado.
Puxou também o chapéu do chão e colocou na cabeça, antes de seguir o senhor pelo caminho que ele traçava.
O local não ficava longe de onde estavam e de fato, o buraco na areia era intrigante e esquisito. Jeongguk, apesar de estar olhando de longe, tentou pensar se havia visto algo parecido em todos os seus 29 anos. No final, após pensar muito, não achou nada em suas lembranças que parecesse com aquilo.
— Acredito que esse seja o lugar em que precisamos armar as armadilhas — Ouviu a voz de Namjoon falar ao seu lado.
— Eu não sei... — Murmurou, pensativo — O fundo do mar está logo ali, para a sereia escapar será muito fácil.
— Talvez dê para atordoá-la com um tiro de pistola — Propôs, Jack.
— Não vamos machucá-la com um tiro — Jeongguk rapidamente negou a ideia.
— Então o que você sugere, capitão?
— Algo bem desagradável, certamente — Falou, virando-se para encará-los — Eu serei a isca, caso alguma delas apareça. Se ela tentar me atrair para o mar, vou fingir estar sendo controlado pelo seu canto. Vou tentar atraí-la para perto da areia, quem sabe fazê-la debruçar sobre o chão. Nesse momento, joguem a rede e eu vou tentar desarcodá-la, batendo em sua nuca.
— Se me permite dizer, essa é uma ideia muito tosca, Jeongguk — Namjoon reclamou, revirando os olhos — Quais as chances dessa fera do mar cair na sua lábia?
— Poucas, eu concordo — disse, pesaroso — Mas vocês não estarão à vista dela. Serei apenas uma presa indefesa aos olhos do monstro.
— Isso não vai dar certo — Jung Hoseok resmungou, chutando uma pedra para o meio do mato.
— Tem uma ideia melhor, marujo?
— Não, não consigo pensar em nada vendo esse buraco enorme ali.
— Então vamos seguir com o meu plano. Tem uma grande rocha há uns dois metros da abertura, dois de vocês podem ficar escondidos atrás, segurando a rede fortificada.
— Outros dois podem ficar nessa moita, ela não está distante. Alguns passos e chegamos até a sereia, se corremos, ao mesmo tempo que jogamos a rede, pulamos em cima dela para impedi-la de voltar a água. — Sugeriu Namjoon.
— Eu ainda acho válido atirar nela — Jack repetiu, com os braços cruzados — Com dor a maldita ficará atordoada o suficiente para não conseguir agir quando a rede for lançada. Claro, não estou dizendo para feri-la gravemente, mas um tiro de raspão deve servir para tal propósito.
— Nós não vamos atirar na sereia e isso, marujo, é uma ordem direta do seu capitão — Jeongguk pronunciou as palavras com cuidado, encarando duramente o homem à sua frente. — Confiem em mim, vou conseguir atraí-la para fora, nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida. Quando ela estiver fora o suficiente, Namjoon e Jack jogam a rede, Hoseok, Brien e Roosevelt correm para pular nela. Nesse meio tempo, tentarei segurá-la pela mão ou braço, impedindo que ela volte para a água. Sei que não é o melhor plano, mas é a nossa única opção.
Obviamente, apos ouvirem tudo, confiança de todos os homens estavam abaladas. Nenhum deles acreditava que aquilo poderia dar certo, mas no fim, eles só podiam confiar nas palavras de Jeongguk e terem fé de que seu capitão conseguiriam.
Na verdade, todos os presentes sabiam que poderiam até mesmo confiar suas vidas ao capitão, porque ele nunca iria falhar em uma missão.
Olá! Como vão?
Gostaram desse plano maluco deles? 🤣
Quem acha que vai dar certo levanta a mão! 🙎♀️
Por favor, peço que votem 🌟 no capítulo! Isso incentiva muito essa escritora e me motiva muito, pois assim vejo que estão gostando da história.
Sei que é chato ficar pedindo, mas não leva nem 2 segundos apertar o botaozinho da estrelinha 🥲
Enfim, espero que tenham aproveitado a leitura e até a próxima!
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