Chapter fifty-three

Nem demorei😁

Preparados? Hoje teremos uma revelação de "cair os butiá do bolso"

NÃO REVISADO ⚠️

Jeon Jimin

Eu ainda estava abraçado ao seu pescoço, temendo que aquilo fosse um sonho e que ele ainda estivesse desacordado.

Seus braços em volta de meu corpo, seus dedos massageavam minhas costas, vez ou outra Jungkook beijava meu pescoço e inspirava meu cheiro.

Logo, eu ouvia seu suspiro de satisfação.

— Está tudo bem, amor. — Ele disse. — Não é um sonho, eu estou aqui e bem. — Eu encostei nossas testas e fiquei encarando seus lábios que estavam curvados em um sorriso amigável.

— Jungkook? 

— Pode falar.

— Por que você não estava se curando? — Perguntei baixo.

Apenas ele poderia me responder aquilo e eu realmente queria ouvir sua resposta.

Não para julgá-lo nem nada do tipo, mas para que não haja uma próxima vez.

Jungkook suspirou.

— Eu me senti um tanto culpado por tudo o que aconteceu.

— O que? Por quê? — Ele forçou uma risada.

— Se eu estivesse contigo aquele dia, você não teria sido sequestrado e não teríamos perdido nosso filhote. — Seus polegares massagearam minha barriga. — Talvez agora estaríamos descobrindo o sexo e a raça dele. — Sorriu tristemente.

Aquilo não foi o suficiente para aquela dúvida sair de minha cabeça.

— Eu consegui salvar milhares de pessoas, mas não fui capaz de salvar meu filhote, de alguma maneira isso pesou tanto em meu subconsciente que eu simplesmente desliguei a parte do meu corpo que buscava se regenerar com mais rapidez para se manter vivo. — Eu coloquei a mão em seu rosto e ele colocou o rosto na curva do meu pescoço. — É, talvez eu realmente tenha tendências suicidas.

— Talvez?

Ele soltou uma risada. 

— Dá para começar a agir como uma pessoa normal? Que foge da morte e não corre até ela de braços abertos, eu preciso de você, Jungkook!. — O alfa levantou o rosto para me encarar. — Nós precisamos de você. — Apertei suas mãos em volta da minha barriga e ele arregalou os olhos.

— Você está grávido de novo?!

— Não!

— Jimin, não me assuste dessa forma. — Eu tive que rir de sua reação. 

Ele suspirou aliviado.

— Por que fez isso? Não quer ter filhotes comigo? — Perguntei com o cenho franzido e uma sobrancelha levantada.

— Não é isso amor...

— É o quê?

— É que eu cheguei a conclusão de que devemos deixar esses planos para talvez daqui a dois anos, sabe, também está vindo dois bebês para aproveitarmos enquanto não temos o nosso, não precisamos ter pressa.

Bom, nesse caso eu concordava com ele.

— É, você está certa, amor. — Ele sorriu. — Mas sabe que você terá 27, não é?

— Não me lembre disso. — Eu ri enquanto ele emburrava a cara. — Se tivéssemos nos casado quando eu fiz 20 e você 18, agora nós poderíamos estar pensando em nosso segundo filho.

— É verdade.

— Agora quando eles tiverem uns 15, eu já vou estar com 42.

— Mas ainda terá a carinha de 20 anos, senhor.

Jungkook riu e negou com a cabeça.

(...)

— É sério?

— Sim, eles terão um alfa lúpus.

— Os nossos também serão lúpus e lúpus puros ainda, que tal considerarmos noivar nosso filhote ômega com esse alfa? — Eu ri.

— Pode ser uma boa ideia.

Ouvimos batidas na porta do quarto e logo Wonwoo entrou enquanto olhava a prancheta e comia uma maçã.

— Não me diga que esse é seu desjejum.

— Não é como se tivesse outra coisa para comer.

— Você tem que ser mais responsável, está carregando um bebê!

Wonwoo levantou o olhar, arregalou os olhos e em seguida sorriu.

— Oi doutor.

O ômega aproximou-se de nós.

— Você acordou. — Ele disse como se dissesse para si mesmo.

— Sim, e estou 100% curado.

— Precisaremos de alguns exames para comprovar isso, mas eu realmente estou feliz por você estar bem e tenho certeza que os exames mostraram seu quadro perfeito.

Em seguida, pela porta passaram quatro alfas com um cenho de preocupação e por último vinha Taehyung.

Eu já tinha lhe contado que Jungkook havia acordado, mas ele aparentemente não falou com Yoongi.

Os quatro pareciam espantados por ver Jungkook bem e em seguida sorriram, eu decidi ir até Taehyung e Wonwoo para dar-lhes espaço para ficarem mais perto de Jungkook.

E eles o encheram de perguntas, mas Jungkook não se preocupava em respondê-los, estava tão feliz e satisfeito quanto seus meninos, nós três apenas olhávamos a interação deles com um sorriso nos lábios.

Como Wonwoo havia dito, Jungkook precisava fazer alguns exames apenas para ter certeza que ele estava 100% recuperado e, como esperado, ele estava bem, seu corpo havia se regenerado e ele não corria mais nenhum tipo de risco.

Até mesmo o ferimento feito pela bala havia sumido. 

Com seu quadro perfeitamente bom, Jungkook recebeu alta no mesmo dia, até porque sabemos que ele odeia ficar em hospitais por muito tempo.

Pedi que fossem todos para nossa casa, afinal, haviam muitos motivos para comemoração.

Bam estava radiante em recebê-lo, até parecia que haviam ficado dias sem se verem.

— Então o que faremos? — Taehyung perguntou-me.

— Noite de pizza!

— O outro acabou de sair do hospital...

— Não é como se ele ligasse.

— É verdade. — Taehyung concordou comigo.

— Mas eu vou fazer uma comida separada para ele, Hoshi e Baek.

Afinal, os três estão um tanto debilitados. 

Pedimos algumas pizzas e logo todos começaram a chegar.

Eu estava orando bastante para não haver uma possível discussão entre Jungkook, Hoshi e Eunbi.

E eu realmente fui surpreendido, pois ele não os recebeu com hostilidade e foi engraçado ver Jungkook e Hoshi interagindo.

— Eu tenho até medo de perguntar o que você está fazendo aqui.

— Seu marido me convidou para vir e você deve me agradecer, pois estaria morto sem meu sangue. — Ele cruzou os braços e fez uma feição emburrada enquanto olhava para o nada.

— Deixa eu ver, você doou seu sangue para mim porque quer meu perdão. — Ele o provocou.

O que diabos aconteceu com esse homem?

— Aí você cai da cama e acorda. — Jungkook soltou uma risada. — Eu não me importo se você me perdoa ou não, eu fiz coisas ruins, fui uma pessoa ruim e ponto.

— Vai dizer que foi porque foi manipulado por Suho.

— Não, eu sou um alfa! Ok, eu fui manipulado sim, mas ninguém segurou meus punhos e os direcionaram a você, eu fiz tudo porque eu quis, embora não devesse e sim, eu me arrependo. — Ele semicerrou os olhos e ficou rindo de lado. — Nada justifica o que eu fiz, ok? E eu não me importo com seu perdão!

— Hoshi?

— O que foi?

— Obrigado por ter salvo a minha vida. — Ele disse com a mão em seu ombro e ele ficou olhando para o local.

Mesmo depois dele retirar sua mão de lá e sair para falar com as outras pessoas.

— Acorda! — Taehyung deu um tapa em sua nuca.

Woozi, que estava ao lado de Taehyung, ficou rindo com a expressão séria do alfa enquanto ele alisava o local do tapa.

Jungkook voltou e sentou-se no sofá onde estava Yoongi, Mingyu, Jongho, o pequeno Hoseok, Chanyeol, Baek e Kibum.

Wonwoo e Eunbi estavam comigo na cozinha, Bam também estava nos fazendo companhia, na verdade, ele estava com o queixo apoiado na perna de Wonwoo enquanto balançava o rabinho.

O ômega ficou encantado com seu interesse por seu filhote.

Namjoon e Jin chegaram logo depois, Jungkook também os recebeu e o ômega se juntou a nós.

Bam deu o jeito dele em dar atenção aos dois filhotes.

Estava um clima super agradável com todos ali, acho que essa era a primeira vez que nos reuníamos e não estava um clima ruim, como se tivesse acontecido algo preocupante.

Ele estava rindo enquanto conversava com os demais, Hoshi juntou-se a nós e em seguida Jungkook o chamou para ficar com eles, ele negou, mas depois cedeu e juntou-se a eles.

— Eu acho que nunca o vi tão confortável. — Eunbi comentou conosco enquanto olhava o irmão conversar com eles.

Jeon Jungkook

Alguma coisa mudou dentro de mim desde que eu acordei.

Sabe quando você simplesmente sente que estar finalmente em paz em todas as áreas? Era isso que eu estava sentindo.

Toda aquela raiva, aquela culpa, aquela tristeza e aquela mágoa simplesmente se foram com o vento.

Eu estava sentindo uma felicidade tão imensa que não havia lugar para esses outros sentimentos.

No caso de Hoshi, eu realmente me sentia grato pelo o que ele fez por mim, alguém tinha que dar o primeiro passo e pela primeira vez, eu me sentia disposto a fazê-lo.

Comecei a viver em paz com meu presente quando finalmente decidi esquecer e perdoar meu passado, pois não adianta nada lembrá-lo a todo instante, não é como se todos pudessem voltar no tempo e alterar suas ações ruins, o que podemos fazer é dar uma chance para que eles mostrem que podem ser diferentes do que um dia foram.

Não parece, mas as pessoas realmente podem mudar quando querem de fato e eu sinto que não vou me arrepender em dar essa chance para Hoshi.

— Então, garoto, o que você faz? — Namjoon o perguntou enquanto bebia vinho.

Eu, Baekhyun e ele estávamos no suco mesmo, embora eu estivesse bem, Jimin pediu para eu não ingerir álcool.

— Esse "garoto" tem 30 anos. — Eu disse colocando a mão no ombro de Hoshi.

— Fica quieto garoto. — Ele murmurou enquanto bebia um pouco de suco.

— Você não parece ter tudo isso. — Woozi comentou pensativo.

Hoshi soltou uma risada nasal.

— Eu sou dono de um restaurante. — Hoshi respondeu a pergunta de Namjoon.

— Sério? Eu não sabia disso.

— Por que a surpresa? Esqueceu-se que eu não sou um Jeon que tem uma grande herança para receber?

— Não quer tentar conquistar o vovô agora que Suho foi preso e está esperando o dia da audiência? — Ele riu e negou com a cabeça.

— Estou bem como estou, com meu próprio negócio. — Respondeu-me. — Passe lá qualquer dia desses, estão todos convidados e será por conta da casa.

Depois que eles foram embora, eu fiquei ajudando Jimin com a arrumação da sala.

Preciso frisar que Taehyung e Yoongi foram os últimos a irem?

Jimin foi tomar banho enquanto eu terminava de guardar a louça e desligar as luzes do andar debaixo.

Eu peguei algumas peças de roupa e tomei banho em outro quarto, não estava muito afim de esperá-lo sair para depois eu ir.

Quando voltei para nosso quarto, Jimin já estava vestindo suas roupas para dormir e estava deitado em nossa cama de costas para a porta.

Levantei o cobertor e também deitei-me na cama, logo o abracei e inspirei seu cheiro.

Deixei um beijo em seu rosto e Jimin levou a mão até minha nuca.

— Boa noite, amor.

— Amor?

— Pode falar.

— Você está bem? — Ele perguntou. — Está se sentindo bem para amanhã? — Eu soltei um longo suspiro.

Amanhã é o enterro do meu pai.

Depois que me levaram para o hospital, Namjoon mandou alguns soldados para lá para verificarem todo o local e também para fazerem coleta de provas, e claro que acharam o corpo do meu pai embaixo dos destroços.

Ele não morreu por conta da bomba, meu pai morreu por conta dos tiros que levou.

E pela bala encontrada puderam ver que Suho quem o matou.

— Sim, por que não estaria?

— Jungkook, foi seu pai quem morreu, está tudo bem se você-

— Eu não sinto nada, de verdade, nada. — Respondi sincero. — Talvez algum dia eu lamente sua morte e até chore, mas esse dia não será hoje e nem amanhã. — Jimin não prolongou aquele assunto, pois entende que deve respeitar meus limites.

Colocamos um fim naquela conversa e fomos dormir logo em seguida. 

O dia amanheceu nublado, o céu estava um tanto escuro e também estava um pouco frio.

Jimin foi o primeiro a acordar, ele beijou meu rosto e saiu do quarto após fazer sua higiene matinal.

Eu respirei profundamente.

Eu deveria levantar-me também, pois o sepultamento será às 10h00AM e são 08h10AM.

(...)

Desliguei o carro e tirei a chave da ignição.

Tinham muitos soldados ali presente para prestarem condolências à família do General Jeon.

Eu estava vestindo um terno preto e Jimin estava igualmente, afinal, estamos de "luto" pela morte dele.

Apoiei meu rosto no volante e Jimin colocou a mão em meu rosto fazendo-me encará-lo, nada foi dito, apenas nos olhamos, eu beijei sua mão e saímos do carro em seguida.

Jimin entrelaçou o braço ao meu e caminhamos até lá, mesmo de longe, eu já podia ver alguns tios e tias chorando, meu avô estava ali acompanhado de Cecília e minha mãe estava sendo consolada por Hoshi e Eunbi.

A Quinta Divisão também veio para o enterro dele.

Yoongi estava acompanhado de Taehyung, Mingyu estava acompanhado de Wonwoo.

Jongho, Woozi e Hoseok apenas estavam com a postura ereta enquanto olhavam para frente.

Namjoon e Jin estavam do outro lado, ao seu lado estavam Chanyeol, Baekhyun e Kibum.

Alguns soldados vieram até mim para darem seus pêsames, eu apenas lhes dava um aceno.

Jimin ofereceu-me óculos escuros e eu não recusei, ele também colocou um, mesmo não tendo um sol forte, aquela claridade toda incomodava meus olhos.

Meu ômega apertou meu ombro conforme nos aproximávamos deles.

Hoshi foi o primeiro deles a me ver, logo depois foi Eunbi, meus tios, meu avô e, por fim, minha mãe.

Eu já estava perto o bastante, então ela o largou e veio me abraçar aos prantos.

Jimin afastou-se um pouco e foi falar com os outros parentes.

Eu simplesmente não sabia como agir naquela situação, então apenas a abracei de volta e deixei que ela chorasse encostada em meu ombro.

Eu não sei o que fazer, não sei se devo consolá-la com algumas palavras ou simplesmente devo ficar quieto, optei pela segunda opção, como eu poderia fazer algo? Não é como se tivesse palavras de conforto para serem ditas, somos tão distantes um do outro que eu não faço ideia do que poderia confortá-la nesse momento e muito menos confortar os outros que parecem esperar algo surpreendentemente de mim.

No fundo, talvez minha mãe só quisesse chorar abraçada com aquele que é o resultado do que ela teve com meu pai, eu posso ter me afastado gradativamente com o tempo, mas meu pai era um bom marido para minha mãe. Em certos tratamentos que tenho com Jimin, eu aprendi vendo-o com minha mãe. 

Eu buscarei ser mais presente a partir de agora.

— Está tudo bem, mãe. — Apertei meus dedos em suas costas. — Está tudo bem. — Repeti em um sussurro.

Beijo o topo de sua cabeça.

Seu corpo tremia pelo choro.

Como eu gostava de dizer, meu pai não era um bom pai, mas era um excelente patriota.

Não era atoa que seu enterro fosse ter bastante soldados, ele era um militar de se admirar.

A cerimônia ia começar, então indiquei que minha mãe sentasse e eu fiquei ao seu lado, claro que ela me abraçou novamente, Jimin estava ao lado de Kibum do outro lado.

Eu olhei para trás e vi os outros chegando.

Jeongyeon, Daniel e Yuta.

Eu só não esperava que Jihwan e o pai dele fossem ter a cara de pau de aparecerem no sepultamento do homem que seu próprio filho matou, e detalhe, meu pai era tio legítimo de Suhon, ou seja, meu pai e o pai de Suhon são irmãos.

Eu forcei uma risada nasal e neguei com a cabeça.

Preferi não me estressar com aquilo.

Eu os ouvi falarem tão bem do meu pai que até mesmo senti que não o conhecia, ele era um homem totalmente diferente em seu trabalho, no bom sentido, todos o admiram e agora entendo o porquê, mas isso não me conforta e muito menos muda alguma coisa.

— Senhor Jeon? — Ele estava falando comigo. — O General gostaria que seu filho falasse algo em seu sepultamento, ele falava de você com bastante orgulho.

Claro que falava.

Eunbi abraçou minha mãe, eu ajeitei meu terno e levantei-me indo até o palco improvisado.

Forcei uma tosse e olhei para o caixão aberto, onde seu corpo estava já com o véu tampando-o um pouco.

Tirei meus óculos e o coloquei ali dobrado.

— Eu realmente gostaria de estar aqui e falar coisas tão bonitas e sinceras como alguns de vocês falaram sobre o General Jeon, por muitas vezes eu frisava o quão patriota ele era. Seu trabalho sempre foi sua paixão, podemos notar isso quando percebemos que ele chegou tão longe e sem a ajuda de seu pai, ou qualquer coisa do tipo, ele cresceu no meio militar sozinho e eu também estou seguindo seus passos nesse quesito. — Eu disse e em seguida respirei fundo.

Eu ainda estava olhando para baixo.

— Mas como eu disse, eu realmente gostaria de estar aqui e falar coisas tão bonitas e sinceras como algum de vocês, mas eu não poderia, pois estaria mentindo tanto para vocês quanto para mim. Esse homem falhou em seu dever como meu pai, ele não foi um pai de verdade para mim e por isso não é como se de fato fosse me fazer algum tipo de falta. 

Agora eu levantei o rosto e os encarei.

— Eu não sentirei falta do seu carinho e amor paterno porque é algo que eu não tive dele, sendo assim, não faz nenhuma diferença. Esses dias estivemos conversando sobre talvez tentarmos recuperar o tempo perdido e eu concordei com a ideia, mas não deu tempo de fazermos isso então ainda não teve como haver a dor da perda. — Respirei fundo. — Eu o perdoei por ter falhado comigo, eu não guardo nenhuma mágoa do General Jeon, pelo menos não mais.

Agora olhei para Jimin que me deu um sorriso reconfortante.

— Só que isso não muda o fato de que não tivemos a oportunidade de talvez criarmos memórias de pai e filho para que eu pudesse sentir sua falta um dia. Então é isso, ele foi um grande General, um grande alfa, mas não foi um grande pai então estou lhe prestando condolências como um de seus subordinados e não como seu filho. — Dei um aceno que significava que eu havia terminado.

Coloquei meus óculos de volta e voltei para o meu lugar, agora Jimin veio para o meu lado e mais uma vez entrelaçou nossos braços.

"Você foi muito bem."

"Fico feliz por ter achado isso." 

Mais alguns minutos se passaram, eles fecharam o caixão e colocaram a bandeira da Coréia do Sul em cima dele, um trompete soou pelo local e começaram a descer o caixão.

Minha mãe, Eunbi e os outros estavam chorando, até mesmo Hoshi deixou algumas lágrimas descerem de seus olhos.

Eu era o único que não demonstrava qualquer emoção e se tivesse demonstrando com certeza seria tudo encenação.

(...)

A audiência de Seong-Hoon  e Suho será amanhã, eu solicitei permissão para me afastar do trabalho por um tempo, como eu "perdi" meu pai e também estou "machucado", logo me foi consentido.

Como eu disse, eu e Jimin vamos tirar um tempo, ainda mais depois do que aconteceu, estou precisando de um tempo a sós com meu marido, longe disso tudo, apenas nós dois.

Nós vamos depois de amanhã, pois quero estar presente na audiência.

O que me mata é não poder condená-los pelas outras coisas que fizeram, como o desvio de armas, as vendas para o tráfico e os testes em crianças inocentes, mas acho que está tudo bem, pelo menos eles receberam o que merecem, mesmo que um pouco.

Logo estaria na hora de ir para casa e eu estava até ansioso para ir logo.

No dia anterior, após o enterro, Jimin e eu fomos almoçar e depois fomos para casa, nos isolar em nosso próprio espaço junto de nosso único "filho" que é o Bam.

Ouvi batidas em minha porta.

— Pode entrar.

A porta se abriu e era Jongho.

— Capitão. — Olhei para a cadeira em minha frente e ele veio para sentar-se nela.

— Estou apenas assinando esses papéis, felizmente vamos embora em breve, estou com saudades de Jimin. — Eu disse enquanto assinava. — Aliás eu tenho sentido muito a falta dele e querendo grudar nele o tempo todo, será que isso é normal? — Perguntei olhando para a folha.

Jongho ainda estava quieto e por mais que ele seja o bichinho antissocial, eu estranhei seu comportamento e levantei o rosto para olhá-lo.

Jongho parecia estar prestes a chorar.

— Jong...

Ele fungou e coçou os olhos.

— Capitão, você promete que não vai me odiar...

— Por que eu odiaria você, Jongho? — Eu deixei a caneta e os papéis de lado. — Não tem como isso acontecer. Não mesmo, de jeito nenhum. — Ele estava com o rosto abaixado.

Jongho levantou o rosto e olhou para mim.

Era a primeira vez que eu o via chorar.

— E se eu estiver querendo ir para Taiwan com Mingi, o senhor ainda continuaria sem me odiar?

Ok, aquilo fez meu coração doer.

Jongho indo embora...

Eu realmente nunca imaginei esse cenário.

Já imaginei todos indo embora, mas Jongho nunca e era exatamente ele que agora queria ir.

Eu olhei para a janela e vi os outros três meninos lá embaixo.

Yoongi casou-se e foi morar com Taehyung, Mingyu logo terá um filho e já está morando com Wonwoo.

Hoseok, o que eu devo esperar de você?

— O senhor está bravo, não está?

Levantei-me e encostei-me na minha mesa.

— Eu nunca ficaria bravo com você por causa disso, eu realmente não esperava ouvir isso, mas ficar bravo, nunca. — Eu disse sincero.

— Então, o senhor me apoia? — Perguntou inseguro.

Eu soltei uma risada nasal e assenti.

— Independente de suas escolhas, Jongho. — Eu coloquei a mão em sua cabeça. — Eu vou continuar amando você e torcendo por você, mesmo eu estando aqui e você em Taiwan. — Mexi meus dedos bagunçando um pouco seus cabelos e sorri. — Você cresceu bastante.

— Talvez eu tenha tido em minha vida um bom exemplo para seguir. — Jongho também sorriu dessa vez.

— Então, devo escrever sua carta de transferência para o exército taiwanês? — Perguntei voltando para meu assento. — Oh, soube que Solar conseguiu tornar-se Capitã de lá, quer que eu te transfira para ela? — Jongho começou a rir e eu também estava rindo.

Ele suspirou.

— Ok, eu aceito ser subordinado dela.

— Tudo bem, só me avise quando já estiver tudo preparado para sua ida.

— Sim, senhor.

— Agora vá, pois eu ainda tenho papéis para assinar. — Ele balançou a cabeça positivamente e se retirou.

Eu vou sentir sua falta, bichinho antissocial.

— É sobre isso, a gente cria filho para o mundo.

Ri de minha própria fala.

Continuei a terminar minhas assinaturas, já estava de noite quando eu os acabei.

Arrumei minhas coisas, eu teria que deixá-los na recepção com Woozi.

Eu fui abrir a porta pra sair quando acabei batendo de frente com outra pessoa.

— Me desculpa!

— Eu quem te peço desculpa. — Olhei e era Min-Hyuk.

— Min-Hyuk!

— Jungkook. — Ele sorriu. — Podemos conversar? — Olhei para meu relógio.

Bom, ainda estava cedo.

— Claro, entre por favor.

— Vejo que já estava saindo, me desculpe novamente, só agora eu consegui vir até aqui.

— Está tudo bem, sei o quanto pode ser puxado trabalhar na sua Divisão.

Deixei minhas coisas no sofá.

E sentei-me na minha cadeira, Min-Hyuk  sentou-se em minha frente.

— Certo.

— Eu sinto muito pelo seu pai. — Ele sorriu tristemente.

— Você sabe que não tínhamos um bom relacionamento. — Soltei uma risada sem graça e ele assentiu. 

— Eu estava lá no sepultamento, queria ter ido falar com você, mas você foi embora rápido e não deu tempo. — O alfa disse. — Isso tudo me lembrou o sepultamento do Jonghyun. — Min-Hyuk  comentou com certa tristeza. — Eu sempre fui acostumado a ouvir muitas coisas, mas nunca dizia nada, até que o Jonghyun decidiu me ouvir pela primeira vez. — O alfa olhou para mim. — Eu já lhe contei como exatamente viramos amigos?

— Não, mas eu gostaria de saber.

Rimos um para o outro.

— Ele bateu em uns valentões que estavam me machucando na parte de trás do quartel, ele era todo marrento e tinha o sobrenome "Jeon", portanto achavam que ele era de sua família, eles pararam de me importunar depois disso e foi assim que eu o conheci.

— Ele também já me salvou de algo assim. — Ri. — Continue. — Pedi e ele assentiu.

— Naquela época, o sistema de saúde em nosso país ainda não era gratuito, portanto tínhamos que pagar um absurdo por qualquer tratamento besta.

— Você estava precisando de um médico? — Perguntei e ele negou.

— Eu não, mas Kihyun sim, ele era recém-nascido e estava muito doente, nenhum remédio fazia efeito, ele precisava de uma vacina, mas até mesmo as vacinas eram pagas. — Ainda bem que tudo isso mudou. — Eu não podia fazer nada, eu não tinha dinheiro para isso e me senti um fracassado, um inútil por não poder ajudar meu próprio filho, afinal, é meu dever como pai. — Balancei a cabeça positivamente. — Fui surpreendido com batidas em minha porta e quando fui ver, era Jonghyun e ele também tinha trago uma enfermeira junto com a vacina para aplicar em Kihyun.

Assim como Hoshi, Jonghyun também podia desfrutar dos direitos de um Jeon mesmo sem ser um legítimo.

— Eu o ofereci todo dinheiro que tinha, se eram sete dólares, eram muito, mas ele os aceitou e disse que era o suficiente. — Min-Hyuk  contou. — Ele e Seong-Hoon  viviam em pé de guerra, mas eram amigos. — Ele engoliu e seu coração começou a acelerar. — Pelo menos eu pensava isso, até Seong-Hoon  ameaçar matar minha mãe, minha esposa e meu filho caso eu não o vigiasse e passasse tudo para ele.

Eu franzi o cenho.

— Eu já sabia que ele sabia das ações erradas de Seong-Hoon . Os desvios de armas, a ligação com o tráfico e os testes da BLP em crianças. Jonghyun me contou como faria tudo para entregá-lo, não só para mim, como para seu subordinado de confiança, Bang Chan. — Min-Hyuk  forçou uma tosse para coçar a garganta. — Todo o carro dele estava grampeado, eu conseguia ouvir tudo através de escutas e Seong-Hoon  também, ouvimos quando ele disse que havia colocado todas as provas em dois cartões de memória. — Ele tentava manter-se forte.

Min-Hyuk  respirou fundo.

— Jonghyun disse-me que ia com Bang Chan em um hospício abandonado, que era onde Seong-Hoon  estaria fazendo seus testes, era a última peça que ele precisava para que Seong-Hoon  finalmente fosse preso e pagasse por todos os crimes. Eles foram e Jonghyun conseguiu a última prova, durante o percurso, eles conseguiram mandar as provas para os cartões de memória e então eles decidiram ir direto para o quartel General para entregá-lo. — Eu fechei os olhos. — Só que eu estava ouvindo tudo e todo seu planejamento, Seong-Hoon  também estava, quando eles entraram no carro para dirigirem até lá.

Neguei com a cabeça.

— Eu estava os informando sobre onde Jonghyun e Chan estavam, foi então que o carro deles foi acertado pelo caminhão e eles morreram. Eu ouvi tudo...

Meus olhos estavam ardendo pelas lágrimas e minha garganta parecia que ia explodir.

— Naquele mesmo dia, era meu aniversário e ele antes de ir, passou em minha casa e deixou-me um presente. — Ele tirou do bolso uma carteira. — Era essa carteira e nela estava o dinheiro que eu havia lhe dado no outro dia. — Eu puxei fortemente o ar pelas narinas.

— Por que você... — Eu olhei para cima e depois voltei a encará-lo. — Por que você está me contando tudo isso agora? — Min-Hyuk  deixou que as lágrimas descessem por seu rosto.

Ele fechou fortemente os olhos e abaixou a cabeça.

— Eu me arrependi por anos, mas aquela dor ainda permanecia em meu peito. — Ele disse. — Eu ficava me convencendo de que eu não havia tido escolha, porque eu realmente não tive, mas ainda sim, não adiantou. — A voz dele estava trêmula e falho. — Durante todo esse tempo, o arrependimento me corria pelo o que eu fiz, pela morte de um inocente que eu tive participação e também... — Ele estava chorando. — Eu sentia falta dele. Ele era meu único amigo.

Eu ainda mantive-me sério.

— Eu quero pagar pelo o que eu fiz. — O alfa levantou-se e abaixou-se do meu lado. — Eu não me importo com o que acontecerá comigo, só por favor, mantenha minha família em segurança. 

Min-Hyuk  tirou do bolso um gravador e o colocou na mesa, em seguida também colocou uma caixinha.

Eu a peguei em minhas mãos.

Olhei para o gravador e o peguei também.

(...)

Jimin estava no andar de cima, portanto fui poupado de questionamentos.

Desci as escadas e fui até meu escritório.

Coloquei a caixinha em minha mesa, respirei fundo, abri minha gaveta e tirei de lá meu colar.

"K"

Tirei a corrente e tirei o arco com um alicate.

Peguei o pingente e o coloquei no encaixe da caixinha, girei o botão que tinha ali levando o pingente para dentro da caixa e ela foi destravada.

Assim que ela se abriu, eu já pude ver o cartão de memória.

Peguei um pen-drive e o coloquei no meu computador.

Abri o arquivo.

"Ocorrência."

"Delator: Capitão Jeon Jonghyun"

"Relatório de investigação."

E lá estavam todos os nomes, fotos e informações sobre o que Seong-Hoon  fazia.

Até mesmo tinha provas contra Suho.

— Obrigado, Min-Hyuk . — Murmurei.

Enviei todo o arquivo para Namjoon.

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