Último final de semana
Capítulo 1
Vanusa
Há algo de especial no último fim de semana antes de grandes mudanças. Eu sinto uma mistura de ansiedade e saudade antecipada. Amanhã começo uma nova fase – um trabalho de verdade, finalmente. Mas, por enquanto, tudo o que quero é me divertir com minha amiga Ully, esquecer as preocupações e fazer uma boa despedida da vida de desempregada.
Nosso plano é simples: cinema, comida e risadas no shopping.
Gosto do reflexo que me olha de volta, os cachos castanhos balançam com meus movimentos, a maquiagem leve faz meus olhos castanhos parecerem maiores.
Suspiro enquanto tento fechar o zíper do vestido, uma buzina nervosa lá de fora me avisa que Ully chegou e está impaciente.Respiro fundo e sorrio.
– Vanusa, desce logo, ou a sua amiga louca vai acabar brigando com os vizinhos! – escuto minha mãe gritar lá da sala. É impossível não rir. Ela e Ully, na verdade, parecem duas adolescentes conspirando contra mim. Às vezes, tenho só um pouquinho de ciúmes delas.
Antes de descer, minha irmã caçula, Dete, aparece no quarto e, com a mão na cintura fina, seus olhos esverdeados avaliam a “bagunça” ao meu redor. Tudo, segundo ela, é um “caos”.
– Nuza, tem certeza de que um furacão não passou por aqui? Sério, não entendo como você consegue transformar qualquer lugar em um desastre. – entra enrolando seu cabelo longo como o meu em um coque frouxo.
- Dete, me ajude aqui. Peço mostrando o zíper e ignorando tudo que ela disse.
“ Nem tem tanta bagunça assim” penso olhando pelo quarto. Na cama roupas que decidi não usar. No chão, os sapatos que também não usarei. Sou indecisa. Minha maquiagem aberta na penteadeira junto com todo o resto. Amo enfeites. Portanto há vários pelo quarto, pelúcias, vasos de flores, porta biju, já que joias eu não tenho. Não me julguem.
- Obrigada. Agradeço ao sentir ela subir o zíper sem a menor dificuldade. Balanço a cabeça enquanto procuro meu celular e carteira.
Ela rapidamente resolve o que me custou um bom tempo, e lá vou eu, descendo as escadas com minha bolsa e tentando não tropeçar nos próprios pés.
Me despeço da minha mãe, que me abençoa como sempre. É quando ouço “Pequenas Alegrias” tocando no carro e vejo Ully totalmente distraída com o celular. Não resisto a uma brincadeira: coloco uma sirene no máximo volume, e o susto dela me faz rir até doer a barriga.
- Vanusa! Eu vou te bater. - Em um segundo ela está fora do carro e como duas crianças brincando de pique pega, dou a volta no carro fugindo.
- Fica parada ! Eu vou te pegar. Como me assusta assim sua loca! Eu poderia ter morrido do coração. Poderia ter tido um infarto. Ai queria ver quem ia te aturar. Grita comigo enquanto me persegue.
- Larga de drama. Você tem uma saúde de ferro. Grito de volta ainda rindo.
- Achei que o filme era às 17:30 horas. Vão ficar brincando até quando? As palavras de minha mãe faz com que paramos na hora.
- Trégua? - Pergunto.
- Trégua! Responde com os olhos quase fechados e os braços cruzados.
Minha mãe vai até Ully e ela abre seu sorriso de modelo. Sério eu sou baixa1,65 ela tem 1,80m. Eu sou cheia de curvas com 60 kg. Ully pesa 55 kg. Ela loira natural com ondas, eu cachos castanhos avermelhados. Seus olhos se gata siamês já os meus variam de acordo com meu humor.
- Tia sua filha quase me mata de susto. – faz drama se aproximando dela.
- Sério? Tadinha. Deixa eu te dar um abraço que melhora.
- Eu tenho 21 anos, não 5. A senhora sabe né? - Escuto a resposta de minha amiga, mas mesmo assim vejo ela se aconchegar no abraço.
- Por acaso a “adulta” ai está me chamando de velha?
E lá vamos nós de novo. Melhor eu me intrometer na conversa ou realmente não vamos chegar a tempo.
- Vamos Ully. Mamãe está certa, estamos atrasadas. - Digo a puxando pelo braço em direção ao carro.
É em momentos assim que me sinto leve e viva, como se esses dias despreocupados pudessem durar para sempre.
No entanto, pouco tempo depois estou preocupada, estamos no carro a quase 10 minutos e Ully não abriu a boca. O único som vem do som. No momento “Paciente da marcela Taís” embala meus pensamentos.
O carro para no sinal. E volto a realidade ao sentir um tapa na cocha.
- Não faça mais isso sua loca! Não sei como ainda sou sua amiga. - Ully grita me assustando.
Quero rir novamente, mas me seguro ao ver o olhar que ela me dá.
- A amiga me desculpe! - Pigarreio e pisco inocentemente para ela.
- 70 vezes 7. 70 vezes 7. Quando Jesus disse isso tenho certeza que era para mim.
Quase deixo meu queixo cair.
- Ou vai com calma ai. Não sou tão ruim. - Faço bico cruzando os braços.
- Me deixa enumerar. Vamos ver. Só vive atrasada, é bagunceira, esqueceu meu aniversário, pegou livro Beleza real emprestado e sumiu , sem contar O Contrato para o Amor e o Marcados pela Promessa que pegou a séculos e não leu.
— Ainda não tive tempo, mas vou ler. Juro…
— Você está de férias da faculdade, e não leu. Agora as aulas vão começar e você estará trabalhando também, quero ver arrumar tempo. Pode devolver meus bebês isso sim. Ou vão acabar sumindo.
Uma buzina interrompe nossa conversa. No entanto, as palavras de minha amiga me fazem pensar. Em três semanas minhas aulas voltarão, começarei o 4º período de administração e estarei trabalhando. “Senhor me ajude!”
A expectativa começa a crescer. Tento ignorar a ansiedade e aproveitar o momento, mas uma sombra de dúvida persiste. Vou conseguir equilibrar o trabalho com a faculdade? Vou dar conta de todas essas responsabilidades? Tento afastar esses pensamentos, mas eles continuam lá, à espreita, enquanto sigo para a noite que prometia ser simples e alegre. Mal sabia eu que, dali a pouco, um certo encontro inesperado e um tapa estalado transformariam completamente meu humor...
Perdida em pensamentos, mal noto o resto do caminho. Percebi que chegamos ao ouvir os murmúrios sobre vagas do estacionamento.
Por ser sábado, o estacionamento do Anashopping está lotado. Mas por sorte conseguimos uma na parte inferior.
— Estou faminta! - afirma enquanto adentramos.
— Quando você não está? — Rio e Ully tenta acertar um tapa em mim. — Também estou com fome.
Completo e a puxou para tirarmos uma foto na parede espelhada na entrada.
Subimos até a área de alimentação. O som ambiente se mistura ao burburinho das conversas. Fizemos nossos pedidos e enquanto esperávamos compramos os ingressos do cinema.
Há um shopping maior na cidade, mas gostamos mais desse justamente por ser mais tranquilo, porém sorrio com esse pensamento já que o local está lotado.
Gritos da pista de boliche chamam nossa atenção.
- Podíamos marcar com os jovens, ia ser divertido .
Sugiro e minha amiga se empolga. Nossa senha é chamada.
Lanchamos e ao me levantar para pedir uma casquinha mista, que não podia faltar, acabo trombando em alguém.
— Me desculpe! — Falo sem graça e perco a fala ao ver a lindeza do homem à minha frente. Alto, moreno claro, os olhos parecem dourados, seu cabelo com luzes num corte social e de terno. Ele abre um sorriso ao perceber que o encaro e, meu Deus…
— Se queria minha atenção era só se apresentar, não precisava fazer cena. — que voz linda, mas conforme a ficha vai caindo e registro o que disse toda beleza desaparece.
— Como é? — Questiono, pois com certeza entendi errado. Endireitou a postura e sinto ully me cutucar, contudo, meu foco é ele no momento. O sorriso se amplia, e ele passa a mão no cabelo me analisando, e seu olhar me incomoda.
— Já estou acostumado com os jogos de vocês. Me divirto até, porém uma gata assim não precisava disso.
— Cara, acho…
Percebo que ele está acompanhado por outro homem também de terno e ele tenta chamar a atenção do amigo. Porém, ele o impedi e continua.
— Ela tentou chamar minha atenção, agora conseguiu. — o ser que estou prestes a exterminar diz para o amigo e percebo que olha minha amiga que agora se levantou e segura meu braço. — Sua amiga pode vir junto, assim seremos 2 casais. Você e eu e nossos amigos.
Ajo sem pensar e pisco com o ardor da minha mão e o barulho estralado do tapa na cara do libertino a minha frente.
— Quem você acha que eu sou? Você pode até ser bonito por fora, mas por dentro fede. Esbarrei em você sem querer e pedi desculpas. Sou filha do rei, mereço respeito e com certeza mereço algo melhor que um vaso bonito, porém vazio. — praticamente grito enfurecida.
Meu corpo treme, fechou as mãos em punho. Minha respiração acelera.
Ele me olha, os olhos arregalados, surpresos e uma mão no rosto. A nossa volta muitos nos olham, fofocam e outros me aplaudem. Meus olhos ardem e sinto meu rosto esquentar.
— Vem amiga. Vamos sair daqui. — Ully me puxa em direção ao banheiro. E mal a porta se fecha, lágrimas descem.
Estou brava, contudo também arrependida, não dei um bom testemunho. Preciso aprender controlar meu temperamento.
— Lava o rosto e vamos, ou perderemos o filme. Sabe, minha amiga agora é adulta com trabalho sério e horários para cumprir e não vai poder fugir comigo, então tenho que aproveitar. — Ully brinca me abraçando e um pequeno sorriso aparece em meu rosto. — Isso Nuza, sorria, não deixe aquele eunuco de faraó atrapalhar nosso passeio.
— Eunuco de faraó. — Repito rindo. — Não sei de onde você tira esses xingamentos. Mas você está certa. Vamos assistir ao filme.
Saio do banheiro e meus olhos procuram por ele, no entanto, graças a Deus não o vejo mais.
O resto do passeio foi ótimo. O filme foi maravilhoso. Rimos, jogamos conversa fora e antes de ir embora tomamos nossa casquinha.
🎧🎶🎵🎧🎶🎵🎧
Dete, enxugava as lágrimas que escapuliram, enquanto gargalhava. Já minha mãe balançava a cabeça em repreensão, mas podia ver um pequeno sorriso em seu rosto. Enquanto me ouviam narrar o desastre do shopping.
Meu pai já tinha se recolhido quando cheguei e as duas estavam na sala. Minha mãe lia sua bíblia e Dete um livro. Então aproveitei e já fui contando.
— Eu queria estar lá para assistir, de preferência com um saco de pipoca e refrigerante.
— Valdete! — Repreende minha mãe. E ela dá de ombros.
— Como você se sentiu filha?
— Enfurecida! — nem preciso pensar na resposta — no início o olhar dele me incomodou. Eu não sou só um pedaço de carne. Porém, minha atitude também me deixou mal. Eu não agi com sabedoria. Devia ter dado uma lição, mostrado que ele estava errado e não agredir ele. Mais uma vez sinto minhas lágrimas descerem.
— Você é humana, filha. O bom é que reconhece seu erro, assim se algo parecido acontecer estará preparada. Ore por esse rapaz, minha filha. Tem alguns comportamentos que mascaram cicatrizes.
Enxugando meu rosto medito nas sábias palavras de minha mãe.
— Agora vamos dormir que amanhã tem escola dominical. Minha mãe diz, nos da boa noite, um beijo na cabeça de nos duas e sobe para seu quarto.
— Ele era mesmo bonito? - Pergunta Dete mexendo as sobrancelhas e eu jogo uma almofada nela. Ela consegue desviar e sobe as escadas rindo. E eu, vou à cozinha pegar um copo de água antes de ir dormir também.
Olá, amores, como estão?
O que acharam da atitude de Sérgio e da reação de Vanusa?
O que acharam desse primeiro encontro? 😜😄
Votem e deixem seus comentários. Suas primeiras impressões…
Observação: livro não revisado.
*tentarei postar 1 vez na semana. Amém!
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