Primeiro dia de trabalho
VANUSA
Capítulo 2
“
Que celular irritante!” murmuro enquanto tento alcançar o bendito e desligá-lo e com a outra mão aperto o travesseiro no ouvido. Odeio que me liguem cedo. O toque para e suspiro de contentamento abraçando o travesseiro pronta para voltar ao mundo dos sonhos, mas o celular começa a tocar novamente.
Ainda sonolenta, quase caio da cama ao me lembrar que é o despertador.
“ É meu primeiro dia de trabalho!” Penso e um sorriso se abre em meu rosto. O toque recomeça e lembro que deixei o telefone na penteadeira para não arriscar deligar ele e voltar a dormir. Estão me perguntando se isso já aconteceu? Sim, não me julguem.
Me ajoelho aos pés da cama e oro.
— Pai, Obrigado por esta noite. Obrigada por acordar, por ter a oportunidade de viver mais 1 dia. Que eu possa andar na tua vontade. Te peço que envie os teus Anjos comigo onde eu for. Senhor, hoje começo no trabalho. Que o teu Espírito Santo esteja comigo e as pessoas O vejam por meio de mim, que o mundo veja o brilho do teu amor através das minhas atitudes. Amém!
Abro a bíblia e cai em Hebreus.
Hebreus 13:5 ARA: Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.
Meus olhos ardem minha visão embaça, suspiro. "Deus é bom demais!". É incrível senti-LO, ouvir sua voz falar comigo através da sua palavra. Saber que ELE nunca me abandonará é todo energético que precisava. Me sinto pronta, disposta então vou tomar banho e me arrumar. Pois sei que não importa o que me espera naquela empresa Deus estará comigo.
Coloco uma camisa preta e um terninho rosa. Calço um scarpim preto com salto de 5 cm. Destrambelhada como sou, não sou louca de colocar um salto alto. Melhor prevenir, afinal é meu primeiro dia e quero causar uma boa impressão. Faça um rabo de cavalo e desço para tomar café.
— Bom dia! Família! — Grito entrando na cozinha. Onde vejo minha mãe no fogão e minha irmã sentada à mesa. Amo esse cômodo da nossa casa, os armários vermelhos deixam o ambiente aconchegante.
— Bom dia, filha! Você está linda. — responde minha mãe que me analisa dos pés a cabeça.
— Bom dia! Nusa. — Dete respondi enquanto limpa a mesa onde derramou um pouco do seu leite com café pelo susto que dei. Dou risada e ela fecha a cara para mim e me joga um cereal.
— Para! Não posso me sujar. — peço enquanto dou um passo para trás.
— Hurum! — Olhamos as duas envergonhadas para nossa mãe.
— Melhor tomar seu café ou vai se atrasar no seu primeiro dia. — mamãe me diz com carinho.
Preparo o meu café com leite. Não consigo funcionar sem eles de manhã. Passo margarina em um pão francês crocante e me sento ao lado da minha irmã. Mamãe se senta a nossa frente com sua xícara de café puro. Ela diz que não consegue comer cedo só depois das 9:00 horas.
— Está nervosa Nusa?
— Não, dona Margarida disse que meu chefe é ótimo e respeitador. A empresa tem uma boa fama, eu pesquisei. E como oramos sobre e Deus confirmou, não vejo motivos para estar surtando.
— Ore ao chegar lá filha. Consagre seu lugar de trabalho.
— Pode deixar mãe, nós sabemos. — Olho para a minha irmã e falamos juntas.
— Oração nunca é demais! — Esse é o lema da nossa família.
— Amo vocês meninas! E Jesus as ama mais ainda. — declara sorrindo e um sorriso involuntário também aparece em meu rosto.
Termino o café, escovo os dentes, passo um brilho labial e pego minha bolsa.
— Mãe, me abençoe, estou saindo!
— Que Deus te abençoe filha. Te leve e traga em segurança. — Respondo com um amém e ando quase saltitando de felicidade até o ponto de ônibus.
Coloco meus fones de ouvido e deixo a playlist tocar. A primeira música me faz sorrir e balançar sobre meus pés. Deus não está morto do Fernandinho.
Conforme os minutos passam mais pessoas chegam. Alguns conhecidos me desejam um bom dia no trabalho, outros me parabenizam pelo emprego.
Na hora certa, o ônibus passa.
Chego ao terminal, troco de ônibus sem problemas, contudo durante o trajeto um congestionamento torna o trânsito lento. Estou suando e olhando as horas no celular .
“Não posso chegar atrasada no primeiro dia, meu Deus!.”
Cheguei em cima da hora, graças a Deus. Andreia, a recepcionista me leva até meu local de trabalho.
Uma recepção enorme. Minha mesa é em L, sobre ela um computador moderno. Espalhados pelo local 5 poltronas azul marinho. Uma mesa de centro com bombonieres. Em um canto uma cafeteira moderna e um bebedor. Ao lado um aparador com aperitivos. As paredes brancas com 2 listras azuis estão cobertas de pôsteres de produtos da empresa. Na outra extremidade, um sofá creme em formato de L está em frente à uma TV imensa.
— Aquela porta é o escritório do senhor Sérgio. Creio que tudo o que você vá precisar estará no computador e na gaveta da sua mesa.
" Como será esse senhor Sérgio? Será que tenho que levar café para ele quando chegar."
Pergunto Andreia, no entanto ela não sabe me dizer. A agradeço e ela volta ao seu posto.
Aproveito que estou sozinha e sento na minha cadeira, também azul-marinho e ligo o computador. Estranho, pois ele está vazio, não tem nada armazenado. Abro a gaveta e ela também está vazia. Um tremor passa por mim e lembro das palavras de minha mãe.
Me levanto e começo a orar e recitar o Salmo 91 andando pelo local entregando todo aquele lugar ao DONO de tudo...
Focada na oração não percebo que estou parada em frente ao elevador que se abre me assustando.
O homem dentro dele sai apressado olhando o celular e topa diretamente comigo.
Me vejo caindo em câmera lenta, contudo graças aos seus reflexos rápidos ele consegue me estabilizar ao segurar meus braços.
Quando olho no rosto dele sinto minha respiração parar, minha boca se abre e meu coração acelera.
— Você! — Fala me encarando assustado.
— Você! — exclamo dando um passo para trás e me desequilibro, pois minhas pernas estão bambas. Não sei se pelo susto da trombada ou pelo reconhecimento. Ele estica os braços para me firmar novamente, porém ergo as mãos o impedindo.
Meu rosto arde, pisco rapidamente para segurar as lágrimas que enche os olhos, não sei por qual motivo.
— O que faz aqui? — Pergunta ele cruzando os braços. Respiro fundo, passo a mão arrumando meu terno, ou melhor, secando elas nele e estendo uma em sua direção.
— Bom dia, senhor! Seja bem-vindo às indústrias Navika. Sou Vanusa, nova secretária do senhor Sérgio. Ele ainda não chegou, mas fique a vontade. Posso te ajudar com algo? Talvez te servir um café ou uma água enquanto aguarda.
— Só pode ser brincadeira!— Profere cético. E vejo ele passar as mãos pelo rosto. “Pelo visto, não sou a única abalada aqui.” Contudo, mesmo trêmula por dentro, decido prosseguir ignorando meu desconforto.
— O senhor tem horário agendado?
— Com licença, mas deixaram essa correspondência ontem ao final do dia para o senhor. Me assusto ao ouvir Andréia falando, não vi ela se aproximar.
— Obrigado Andreia!
“E não é que ele pode ser educado.” Penso sarcástica.
— Vou voltar para meu lugar. Tenham um bom dia. Com licença seu Sérgio, Vanusa.
Paraliso momentaneamente. Meu cérebro confuso parece se sobrecarregar ao tentar encaixar as novas peças jogadas por Andréia.
" Ele é meu chefe! Meu Deus e agora? "
Pela minha mente passam inúmeros pensamentos, mas não consigo externar as palavras. Então fico ali parada o encarando.
O bonito levanta os olhos da correspondência em suas mãos para mim. Seus olhos se apertão me analisando. Seu rosto se transforma e me vem a mente a serpente no Jardim do Éden.
" Esse homem sorrindo deveria vir com uma nota de aviso." Constato e chacoalho a cabeça espantando esses pensamentos estranhos e inoportunos.
—Seja bem-vinda à empresa Vanusa. Sou Sérgio Caetano e você será minha secretária.— Ele está se divertindo com meu embaraço. Posso ver a diversão no brilho em seus olhos e no sorriso aberto.
— Você é meu chefe?! — Escuto o que sai dos meus lábios. Não sei se é uma pergunta ou uma constatação. E imediatamente quero me enfiar em um buraco ou bater em minha testa.
“Quanta eloquência Vanusa! " Me recrimino em pensamento e ao ouvir sua risada sinto meu rosto arder.
— Parece que sou mesmo! Vou para minha sala. E a propósito, parabéns pela educação com que me recebeu. — Fala, pisca e me dá as costas. E eu só queria estar com algo nas mãos para jogar nele.
— Seu chefe Vanusa! Chefe! Foco… Espírito Santo me ajuda. — Murmuro enquanto vou para minha mesa.
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Sergio
Entro no escritório e deixo o corpo cair contra a porta. Um sorriso de descrença em meu rosto.
Meus olhos passam por minha sala sem se fixar em nada.
“ — Passei o domingo com a bela moça na cabeça e agora isso.”
— De todas as mulheres nesta cidade, Margarida me indicar justo ela para a minha nova secretária me era inimaginável. Penso enquanto me recordo de seu rosto após me reconhecer.
— É, eu estava certo, os olhos dela mudam de cor e eles são tão expressivos.
Vou até a janela de vidro distraído. O encontro traz os acontecimentos do fim de semana novamente…
Eu e TJ tivemos uma reunião de manhã e tivemos a ideia de almoçar no shopping já que estávamos perto.
— Sérgio, tenha dó! É sábado estamos em um shopping, nada de serviços até segunda. Olhe em volta quantas belezas sozinhas.
TJ fala me cortando, pois ainda comentava sobre os devidos acertos a serem feitos. Meu amigo tem 27 anos, eu 26, contudo ele parece viver uma adolescência eterna.
Meus ombros caem e olho em volta, estamos na fila para fazer o pedido. Não vejo nada interessante. Volto a atenção ao menu e ouço o bufar dele.
— Sério, você parece um velho. - Olho para ele que não me olha. O vejo piscar. Sigo seu olhar e quem solta um som nada masculino sou eu. Algumas estudantes estão nos olhando com sorrisos.
Faço e pedido. E nesse tempo TJ continua flertando. Bato em seu braço com o menu.
— Sua vez, dom, dom Ruam!
— Só eu né? — Réplica. E eu reviro os olhos. Mas não consigo segurar o sorriso. E ele continua — Tá aí o sorriso matador. — E gargalha.
Ganhei esse apelido na faculdade, e meu amigo não esquece. Uma risada me chama a atenção, não sei porque, mas ao ver duas jovens brincando e rindo na mesa a minha esquerda, meus olhos se detiveram ali.
Elas não usavam roupas chamativas, não procuravam chamar a atenção para si, no entanto, a liberdade com que agiam, a alegria nos olhos, no sorriso era diferente. Havia um brilho diferente… Era como se elas estivessem completas, não sei explicar.
Meu amigo termina de fazer o pedido e me chama, o sigo e ao passar pela mesa das duas jovens uma a morena se levanta e esbarra em mim.
“ Não são tão diferentes, afinal!” me irrito ao ser alvo mais uma vez das dissimulações dessas mulheres. Ela pede desculpa, e me olha.
Sua beleza radiante faz a raiva transbordar. E o deboche destila por meus lábios.
Sou hipnotizado por seus olhos, percebo a mudança neles e pisco. “ Ela é ótima atriz” penso e continuo, mas o choque de sua mão com meu rosto e suas palavras me deixam surpreso.
Vejo ela ser tirada do local por sua amiga, meus olhos as seguem…
— Que bela marca, acho que posso ver a impressão digital dela daqui. Volto a prestar atenção ao ouvir a gozação de meu amigo.
“ —Será que realmente a julguei mal?”
Respiro fundo e vou em direção à minha mesa. Coloco a pasta sobre a tampa de vidro fosco e me sento na cadeira de couro negro e imediatamente meus olhos buscam por ela através do vidro. E o que vejo me faz gargalhar.
Vanusa está falando sozinha, os braços sobre sua mesa e ela bate sua cabeça sobre eles. “ Deve estar falando sobre mim.” Aperto o interfone.
— Venha a minha sala.— Aperto os lábios para impedir outra gargalhada ao vê-la pular na cadeira.
— Sim, senhor. — Ouço sua resposta e continuo observando. Ela se levanta vem até o meio do caminho, bate a mão na testa e volta correndo. Pega sua agenda. Tropeça em sua cadeira no processo e eu me vejo prendendo o fôlego, contudo ela se equilibra, fecha os olhos e parece respirar fundo, então ergue a cabeça e praticamente marcha como soldado até minha sala.
— Entre. — Digo ao ouvir seu toque na porta.
— O que deseja? —Sua voz é plana, mas suas mãos e seus olhos que estão focados em algum ponto atrás de mim entregam seu nervosismo.
— Já verificou minha agenda para hoje? Reservou uma mesa para o almoço? Não se esqueça de confirmar se todos estarão presentes na reunião.
Mais uma vez seus olhos a entregam. Eles se abrem mais e ela me olha nos olhos pela primeira vez desde que entrou.
— Tem alguma dúvida?— Sinto mais do que vejo meu tom mudar para um mais calmo. Não sei por quê, não sou assim, mas algo me faz querer acalmá-la, ajudá-la…
— Desculpe senhor, mas onde será o almoço? Quem virá nessa reunião? Não fui informada de nada até o momento.
Respiro fundo e sinto a raiva inundar meu corpo. Trinco o maxilar para evitar proferir todos os palavrões que vêm a minha mente. Sabia que a infeliz da Lana, minha antiga secretária, me daria problemas. A demiti por falta de decoro. Ela se jogava em mim sem nenhum pudor. Não sou santo, então achei melhor cortar o mal pela raiz, contudo ela não gostou nada.
A caneta em minha mão se parte, me trazendo a razão. Volto meu olhar para ela que tropeça em seus sapatos ou dar um passo para trás. Meu rosto com certeza demonstra a raiva que sentia, então foco em me controlar e colocar a máscara no lugar.
— Vou enviar o que tenho em minha agenda para seu e-mail. Era para a antiga secretária deixar tudo na mesa para você, mas pelo visto ela não fez isso.
— Não senhor. Nada havia na mesa ou no computador.
— Vou pedir para Laís, a secretária do TJ, vir conversar com você. Tire suas dúvidas com ela. Pode sair.
Vanusa pede licença e quando se vira paralisa no lugar ao se dar conta que vejo tudo através do vidro. Ela leva a mão ao peito e como mágica um sorriso repuxa meus lábios ao imaginar o que pode estar pensando. Ela sai quase correndo. Volta para sua mesa e seus movimentos são quase mecânicos, o que me faz rir novamente.
Ligo para Laís e logo a vejo na mesa junto a Vanusa. Elas parecem se dar bem. Abro o meu computador e começo a ler alguns documentos, mas logo sou interrompido quando sinto o celular vibrar no bolso do meu paletó. Sorrio ao ver que é TJ.
— Fala.
— Fala!? Como assim? Isso é jeito de atender seu melhor amigo, que, também, é seu sócio e seu advogado. E que também agora está sem secretaria por sua culpa.
— Você deveria ser ator ao invés de advogado. — Replico já sorrindo.
— O mundo não ia aguentar tanta beleza!
— Tanta beleza eu não sei, mas seu ego é enorme. O que quer TJ. — O corto ou drama vai longe. Quem o vê no tribunal nem imagina quem realmente é TJ…
— A Lana te deixou problemas né? Eu te avisei. Precisa de ajuda?
— Um pouco, ela não deixou nada para a nova secretária cara. A coitada está perdida. Ainda bem que tenho os compromissos e os contatos agendados comigo.
— Quer que eu faça algo? — É por isso que ele é meu melhor amigo. Ele é leal, sempre pronto para ajudar. Dá até vontade de processar aquelasinha, mas será perda de tempo.
— Por enquanto não, obrigada. Sua secretária já está ajudando. E você não vai acreditar na incrível coincidência.— Paro de falar fazendo mistério.
— Fala logo cara! Odeio quando você começa um assunto e não termina.
— Você odeia muitas coisas TJ. Jiló, quiabo, marshmallow, pessoas lentas…
— Sérgio! — Me interrompe e eu gargalho.
— Lembra a garota do shopping? — Pergunto e antes de terminar de falar ouço sua risada.
— Aquela que deixou uma marca no seu rosto? Lembro, sim, por quê?
— É minha nova secretária. — Solto de uma vez.
— Não acredito! — Exclama gargalhando sem parar.
— Pode acreditar, cara. Não sei se é o destino ou intervenção divina.
🎶🎶🎶
Mais um capítulo 🎶🎶🎶
Seguindo a trend aqui está nosso casal 😍😍😍
Sérgio e Vanuza 😍😍😍 o que acharam?
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