aniversário
Eu não conseguia parar de sorrir. Meus olhos voltavam insistentemente para as pequenas pétalas coloridas do arranjo sobre a minha mesa.
"Deus é maravilhoso!"
pensei, sentindo meu coração se aquecer.
Meu dia começou do jeito mais animado possível. Dete, minha irmã mais nova, pulou na minha cama, como fazia todos os anos.
— Acorda, senhora! Acorda! Tá ficando mais velha hoje! — gritou, já puxando o cobertor.
Eu resmunguei, cobrindo o rosto.
— Posso até estar ficando mais velha, mas não surda!
Mas Dete, sendo Dete, não desistiu.
— Happy Birthday to You, Happy Birthday to You... — começou a cantar com o sotaque mais exagerado e desafinado que já ouvi.
Não consegui segurar a risada.
— Seu inglês é péssimo! — rebati, jogando um travesseiro nela.
Ela, despreparada, caiu da cama, fazendo um barulho enorme.
— Meu Deus, quando vocês vão crescer? — minha mãe surgiu na porta, com aquela voz meio brava, meio divertida. Mas o sorriso no canto dos lábios a denunciava.
— Ela não acordava, mãe! E ainda me derrubou! — Dete tentou se justificar, se levantando com o cabelo todo bagunçado.
Antes que eu pudesse responder, meu pai apareceu com uma bandeja cheia de coisas deliciosas: frutas, pães, geleias, suco e, no centro, um cupcake com uma vela acesa.
— Um passarinho me contou que alguém está de aniversário hoje. Posso me juntar às mulheres mais lindas desta casa? — disse, com aquele sorriso caloroso que só ele tem.
Todos começaram a cantar parabéns, e eu não consegui segurar as lágrimas. Chorei, apaguei a vela e disse:
— Amo vocês!
— Também te amamos, filha.
— Te amo, Nusa! Você é minha irmã preferida!
— Eu sou sua única irmã! — retruquei, rindo.
— Por isso mesmo — Dete respondeu, dando de ombros, e todos rimos juntos.
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Mais tarde, no trabalho, Laís chegou cheia de energia, como sempre.
— Ouvi pelo menos dois suspiros desde que cheguei e nem notou a minha magnífica presença! — brincou, cruzando os braços e inclinando a cabeça para o lado.
Eu ri, sem entender nada.
— Minha avó dizia: "Se está suspirando, escreve que eu entrego". Você tá pensando em alguém, né? — provocou.
— Deixa de bobeira, Laís! Eu só estava admirando o arranjo de flores.
— Sei... Tá bom, vou fingir que acredito.
Ela veio me dar um abraço tão apertado que quase nos derrubou.
— Parabéns, Nusa! Que Deus realize os sonhos d’Ele na sua vida, porque os d’Ele são melhores que os seus.
Eu fiz um bico, cruzando os braços.
— Ei, meus sonhos também são bons, tá?
Foi quando o Sérgio, meu chefe, apareceu. Ele tinha aquele jeito sério, mas naquele momento havia algo diferente nele.
- O que aprontou Lais para deixar ela assim?
Fecho os olhos com força torcendo para ter imaginado a fala. Descruzo os braços abrindo os olhos me virando lentamente e lá está seu Sérgio, sorrindo.
Tampo o rosto quente com as mãos.
“ meu Deus como passo tanta vergonha em frente a este homem?”
- Nada demais seu Sérgio só apontei que tem sonhos melhores que os dela - Laís conta rindo e bate seu ombro no meu.
- O que tem de errado com os sonhos dela?
Respiro fundo, vejo sua testa franzida.
- Nada! - respondo firme fuzilando Laís com os olhos.
- Que arranjo lindo! – Muda de assunto se aproxima e seu rosto se contorce - são artificiais!
-Vanusa não gosta de flores naturais. - Meu chefe explica dando de ombros então me olha.
— Vanusa, quero que tire a tarde de folga. Aproveite o resto do seu dia — disse de forma direta.
— Mas...
— Sem "mas". Não temos nada importante esta tarde.
Ele deu uma última olhada em Laís e saiu, como sempre, sem cerimônia.
Assim que ele desapareceu, Laís me cutucou, quase saltitando.
— Ele mandou essas flores, não mandou? Ai, meu Deus! Que fofo!
Minha amiga quase saltita no lugar. Aponta um dedo de mim para o escritório e faz coração com as duas mãos
- Ai meu Deus! Ai meu Deus! - leva uma mão ao coração e a outra bate na testa - como não vi isso?
- Pode parar! - peço tentando me manter séria?
-Essas flores são dele? - questiona balançando as sobrancelhas.
- Foi um presente de aniversário nada demais - desconverso voltando a me sentar.
- Como ele sabia que não gostava de flores naturais? - me fita batendo um dedo no queixo.
- Você não tem trabalho esperando Laís? -
Pergunto direta, mas ela simplesmente encostando o quadril na mesa. Suspiro.
- Deve ter ouvido uma conversa minha com a Andréa, satisfeita?
- Atencioso , né? Tarde de folga, hum!
Eu revirei os olhos, tentando disfarçar, mas sabia que ela não ia desistir tão fácil.
- Bom dia! - TJ comprimentos nos assustando.
- Bom dia! – respondemos juntas.
Ele tira a mão que estava atrás das costas e me entrega um ramalhete de girassóis. Em seu rosto um sorriso meio hesitante.
- Obrigada! – agradeço sem jeito, abaixando meus olhos para as belas flores que segurava.
- Vanusa não gosta de receber flores, sabia. Devia aprender ser mais atento assim como seu Sérgio.
Sua voz e firme e seus olhos fixos nele refletem tantas coisas. Ela pisca e se vira em minha direção.
- Ate mais tarde Nusa! – profere e sai pisando firme, com a cabeça erguida.
- Toda mulher gosta de flores – argumenta, porém seus olhos buscão confirmação nos meus. Passa a mão no cabelo e continua – O que deu nela?- seus olhos passam de mim para o corredor onde sua secretaria acabou de sumir.
E tão nítido o que eles sentem, meu peito se aperta. A dor que vejo nos olhos deles me faz querer orar ainda por eles.
TJ balança a cabeça, seus olhos vão para os girassóis.
- Você gostou das flores? - sua voz permeada por dúvida.
- São lindas, obrigada!
- Mas...
- Mas não posso fazer nada com elas além de admirá-las por uns 3 dias depois vão pro lixo - dou ombros e ele arregala os olhos como se nunca essa possibilidade tivesse passado por sua cabeça - prefiro que elas fiquem na Roseira e vivam o tempo certo. Todavia, muito obrigado — agradeci, tentando ser educada. E completo — girassóis são lindos e me trouxe uma música a memória.
— Música?
— Sim, Girassol da Rosa de Saron, ela diz;
Que eu seja todo dia como um girassol
De costas pro escuro e de frente pra luz
— Tudo com você termina em jesus. - pronuncia e eu apenas balanço os ombros.
Pouco depois, Sérgio reapareceu, viu o ramalhete e comentou casualmente:
— Vanusa não gosta de flores cortadas. —
TJ ergueu as mãos, frustrado.
— Até você sabe disso?
Eu quase soltei uma gargalhada, mas segurei. A dinâmica entre os dois sempre me divertia.
Não é a primeira vez que me questiono como dois seres tão diferentes são melhores amigos. Balanços ombros resolvendo deixar pra lá e me volto para as lindas flores reluzentes em minhas mãos.
— Vamos ver se acho algo na cozinha para por vocês.
Enquanto caminho sorrio ao ouvir o toque do meu celular e ver, Ully livro na tela.
— Oi.
— Parabéns — afasto o celular do ouvido rindo — tá ficando mais experiente hoje amiga para não dizer mais velha. — percebo seu sorriso e respondo também sorrindo.
— Obrigada, mas só pra constar somos quase da mesma idade e você é um tiquinho mais velha.
— Bla! bla... tá quase na hora do seu almoço e adivinha eu sou a melhor amiga do mundo. estou aqui embaixo te esperando para almoçar com você.
— Ebá! — grito e ouço ela reclamando.
— Eu sei que sou a melhor, agradece depois.
— Humilde Hein?
— Não é falta de humildade, sou realista. se defende e eu gargalho.
— logo desço.
— até!
Olho para minhas flores e imagino o drama que Ully fara. E como imaginei estou a dez minutos ouvindo um monólogo sem fim.
— É sério amiga homens não dão flores sem segundas intenções. Nada de dar bobeira hein? – paramos no sinal ela me cutuca – você sabe o que a bíblia diz sobre julgo desigual?
— Urum! — concordo ao perceber que espera uma resposta.
— Deus aprova né Nuza, então tudo bem.
— É.
— Vanusa! — brasa me dando um tapa na cocha — não ouviu nada do que falei!
— Desculpa — me encolho.
— Esqueci. — Suspira.
— Você é minha melhor amiga e eu fui péssima — junto às mãos em presse em sua direção — perdoe amiga, estou com fome. É isso. Além de ser meu aniversário. — jogo sujo.
— Ok, mas só por ser seu aniversário. — fala séria e me olha com um olhar que diz não pise na bola de novo.
Lhe dou um beijo na bochecha.
— Você é a melhor — viro para frente novamente e uma dúvida bate
— Afinal onde estamos indo?
— Para o Los Pampas!
— Que! Sério?
— Sei como gosta de churrasco então... mais uma coisa que você tem para me agradecer. — mexe as sobrancelhas em minha direção e gargalhamos.
Liga o rádio e a voz do PJ ecoa. Nos olhamos e como se tivéssemos ensaiado começamos a cantar nos remexendo em sincronia no carro.
De frente a tantas opções não sei nem o que escolher e no final meu prato parece um prato de pedreiro.
— Não consigo te ver atrás dessa momontanha.rinco me sentando a sua frente.
— Tá falando porque olha a Serra no seu prato revida . desse jeito nem vai caber sobremesa.
— A cabe sim sempre cabe.
Rimos logo abaixando a cabeça em prece rápida. Comemos em silêncio por um tempo, tomo um gole do meu suco de laranja e suspiro feliz.
— Vanusa, estou lendo uma fantasia incrível. — sorrio pois até os olhos dela brilham ao falar de suas leituras. — esse tenho certeza que vai gostar.
— Sério? — pergunto indecisa não que não goste de ler mas tem que me prender logo no início ou vou adiando.
— Se chama O Sétimo Continente. Jonas encontra um continente novo. Encontrar é modo de dizer ele é sequestrado e levado a outro continente afastado de tudo e com uma tecnologia muito avançada.
— E aí? — questiono inclinando em sua direção.
— lá ele vai descobrir muitas coisas sobre seu pai, vai treinar para um torneio e no final. Ah o final...
— O quê? continua! continua!
— Você vai ter que ler para descobrir. — ela se sacode de tanto rir da minha cara, enrolando o guardanapo jogo com tudo nela.
— Isso não se faz, ainda mais que hoje é o meu aniversário. - Dramatismo e vejo o rosto dela mudar e quando penso que ganhei um garçom se aproxima com um Mini bolo e uma vela.
— Com licença, o cavalheiro de terno cinza da mesa no canto mandou para a senhorita e disse que o almoço é por conta dele.
Imediatamente me viro e lá está Sérgio sorrindo levantando o copo em um brinde para mim.
— Obrigada — agradeço ao garçom. — Por gentileza agradeça ao cavalheiro por mim.
— Era para ser meu presente e aquele eunuco de faraó entrou no meio.
Estava rubra, meu rosto ardia, mas ao ouvir a fala de minha amiga, acabo gargalhando.
— Você ainda se lembra desse apelido? — questiono limpando os cantos dos meus olhos.
— É claro e não ria agora vou ter que pensar em outra coisa para te dar.
— Amiga, que maior presente posso querer além de desfrutar de um almoço em sua companhia. — falo de coração.
— Estava torcendo para acabar logo a reunião e vir me sentar com vocês, que pena que já terminaram.
— Laís, que bom te ver.
— Como está Laís bom te ver também.
Sim, as duas se conheceram e se tornaram amigas.
— Vou partir o bolo assim, você come a sobremesa com a gente.
— Bolo é minha palavra mágica. — fala puxando a cadeira já se sentando.
— Cortar o bolo sem os parabéns onde já se viu. Tsts — TJ anuncia se aproximando das minhas costas.
Aperto os olhos torcendo para ele esta sorri e logo ir embora.
— Verdade.
Ouço Ully concordar e abrindo os olhos a fuzilo, contudo finge não ver.
— Sente com a gente — completa e ouço duas cadeiras sendo arrastadas.
— Vou orar e depois cantamos parabéns. — Lais se pronuncia — Senhor Jesus agradeço pela vida da Vanusa,que o senhor dê a ela a realização dos seus sonhos. Cobre ela com teu manto, de sabedoria para enfrentar os próximos anos. Que os teus Anjos a protejam, que ela aprenda a contar os seus dias e viva conforme a tua vontade. Amém!
— Amém — respondem todos.
levantando a minha cabeça meu olhar bate com os olhos magníficos, algo sentila ali, mas logo some.
Lais e Ully puxam os parabéns e minha vontade era enfiar debaixo da mesa ao notar que chamamos a atenção e as pessoas à nossa volta cantavam também.
— Obrigada — respondo com a boca seca
agora o bolo Lais bate Palmas e Kika na cadeira nos fazendo rir então reclamou
— Seu preferido, Nusa, leite ninho e brigadeiro. — Ully aponta olhando surpresa e interrogativa na direção do meu chefe.
— Já vi ela comendo esses sabores — da de ombros e leva uma garfada de bolo que Laís acabou de expor em sua frente à boca — muito bom!
— É sim — respondo e mantenho meu olhar no prato.
Logo nos despedimos, eles voltaram para a empresa. Ully me deixa em casa.
— Flores, girassóis mãe! — Dete grita admirada.
— Um arranjo hein? — minha mãe diz naquela voz de, depois conversamos.
À noite, fui jantar com a minha família, mas a imagem do Sérgio me desejando um "feliz aniversário" e aquele sorriso que ele sempre tentava esconder não saíam da minha cabeça. Quando me deitei, recebi uma mensagem, dele:
"Espero que tenha tido um aniversário especial. Você merece tudo de bom, Vanusa. Boa noite."
Li a mensagem várias vezes antes de responder:
"Obrigada por tudo. Boa noite!"
Adormeci sorrindo, com o coração cheio de gratidão. Deus havia sido generoso comigo naquele dia.
Mas não imaginava o quanto. Nem as vergonhas que viriam.
🎶🎶🎶🎶🎶🎶🎶🎶🎶
É esse capítulo 👀👀👀👀
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