❨·✈️·❩ CYKS : O1 Chᥲρtᥱr.
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Capítulo O1: Uma bebida energética de alta qualidade e um terno bem cafona.
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· É óbvio que Christopher Bang tinha segredos.
Claro que sim. Todo mundo tem. É totalmente normal e temos total certeza que você, querido leitor, também carrega muitos segredos.
Mas no caso de Christopher, eu não estou falando de segredos enormes, de abalar a terra. Do tipo "o presidente dos estados unidos vai bombardear o Japão e só o Will Smith pode salvar o mundo". São os bons e velhos segredos normais, segredinhos do dia-a-dia.
Por exemplo, ele não faz ideia do que aquele homem de terno cinza — super cafona — tanto falava, além disso, Bang já havia esquecido o nome dele, bem, eles só se conheciam a dez minutos mesmo. Cara, Christopher odiava clientes como ele.
━ Nós acreditamos em alianças logísticas formativas - continua o homem, em uma uma voz nasalada, ressoante ━ Tanto acima quanto abaixo da linha divisória.
━ Sem dúvidas! - respondeu Christopher animado, como se ele dissesse: todo mundo não concorda?.
Mas, cá entre nós, o que é Logística?. O que significa isso, Santa barrinha de cereal integral. Christopher não fazia ideia o que era essa tal de logística, e se eles pedissem para o coitado os responder? Bem, ele era um profissional de Marketing, não era?
Obviamente ele deve saber dessas coisas, e de qualquer modo, se mencionarem isso de novo ele arruma um jeito de mudar o assunto. O importante é continuar confiante e parecer profissional. Esta é a grande chance de sua vida e não Bang não vai estragá-la.
O acastanhado olhava seu próprio reflexo na janela da grande companhia que estava a visitar e segundo os seus múltiplos pensamentos, ele pareceu ser um empresário de sucesso. Usava seus cabelos meio encaracolados — fruto de um permanente que deu errado — penteados para o lado e usava uma roupa mais social e ao mesmo tempo casual, como mandam as matérias de "como conseguir aquele emprego dos sonhos".
Mas ainda sim, ele estava ali, representando a Yellow company, onde trabalhava. A reunião é para finalizar um acordo promocional entre a nova bebida esportiva Yellow energy, sabor uva verde, e a Leave oil, uma marca de carros de corrida.
Era uma reunião importante, Christopher especialmente havia viajado da Austrália para londres, de avião, um transporte que segundo ele, era uma máquina mortal, mas não era como que se ele pudesse reclamar, a empresa havia pago por todas as suas despesas na viagem.
A verdade é que, mesmo que o acastanhado tenha mentido um pouco sobre todas as suas viagens, essa era a primeira vez que o mesmo havia entrado em um avião e era a primeira vez que havia viajado para fechar um acordo. Certo. A verdade verdadeira é que este é o primeiro acordo em que ele foi selecionado para trabalhar sozinho, e ponto final.
Christopher estava na Yellow company há onze meses, como assistente de marketing, e até agora só haviam o deixado digitar comunicados, marcar reuniões para outras pessoas, pegar sanduíches e pegar a roupa da sua chefe na lavanderia a seco. Ou seja, essa era a sua grande oportunidade e ele tinha uma esperançazinha secreta de que, se ele se der bem, talvez seja promovido.
O anúncio para o emprego dizia "possibilidade de promoção em um ano", e na segunda-feira estava marcada uma reunião de avaliação anual com sua chefe. Leu a parte de "Avaliações" na apostila de apresentação aos funcionários, e ali dizia "uma oportunidade ideal para discutir possibilidades de avanço na carreira". Avanço na carreira!
Aliás, sua mente já corria solta "Christopher Bang, vice-presidente de Marketing".
Se tudo der certo hoje. Segundo sua chefe, o acordo estava feito, selado e coisa e tal, e o "novato" só precisava confirmar com a cabeça e apertar a mão deles, até um bobão como ele deveria ser capaz de fazer isso. E até agora a coisa está indo bastante bem. Certo, ele não estava entendo noventa por cento do que eles estão falando. Mas Bang também não entendia muito da prova oral de francês no GCSE e mesmo assim ele tirou B.
━ Reestruturação de marca... análise... relação custo-benefício... - O sujeito de terno cinza cafona falava e falava mais. Do modo
mais casual possível, o acastanhado ergue a sua mão e puxou seu crachá em sua direção, para poder ler. O nome do homem que usava aquele terno "adorável" era Doug Hamilton, Isso mesmo.
"Certo, dá para guardar. Doug. Dou..." - pensou.
━...Contudo, infelizmente, desde a reestruturação da marca... e grande revisão de conceito... sentimos que precisamos considerar sinergias alternativas... - Até aquele momento Christopher estava sentado, quieto concordando com a cabeça pensando orgulhoso que aquele papo todo de negócios era moleza, mas a voz de Doug
Hamilton começou a cutucar a sua consciência. O que ele está dizendo? " ...dois produtos divergindo... tornando-se incompatíveis..."
━ Nós apreciamos a parceria funcional e sinérgica desfrutada pela Yellow company e a Leave Oil no passado... – Prossegue Doug Hamilton. ━ Mas você deve concordar que sem dúvida estamos indo em direções diferentes.
"Direções diferentes? É isso que ele esteve falando todo esse tempo? Ele está tentando cancelar o acordo? " - O estômago ansioso do novato estava quase pulando para fora de seu corpo.
━ Com licença, Doug - interrompeu com a sua voz mais relaxada. ━ Estou prestando muita atenção em tudo. Claro... ━ deu um sorriso amigável, do tipo "somos todos profissionais". ━ Mas será que você poderia... é...recapitular a situação para nos esclarecer...
Hamilton e o outro cara trocaram olhares.━ Nós estamos um pouco insatisfeitos com seus valores de marca – comentou grosso. ━ Os valores de marca do produto – corrige ele, me olhando de modo estranho. ━ Como estive explicando, nós, da Leave Oil, estamos passando por um processo de reestruturação de marca, para nós, a sua marca é simplesmente agressiva demais.
━ Agressiva? – o encarou, perplexo. – Mas... é uma bebida de frutas. Nossos produtos são naturais, como são agressivos?
Isso não faz sentido. A leave Oil é uma companhia que faz muita fumaça e arruína o mundo. A Yellow Company é uma inocente corporação que produz comida e bebidas a base de frutas e verduras. Como pode ser agressiva demais?
━ Os valores que ela abarca. – Doug sinaliza para as brochuras de marketing na mesa. ━ Impulso. Elitismo. Masculinidade. O próprio slogan: "Não pare." Francamente, parece um pouco datado. – Ele dá de ombros. ━ Com certeza nós vamos discutir isso de novo antes de tomarmos uma decisão preciptada.
━ Esperem! – Christopher se levantou meio desesperado por sentir estar perdendo a sua grande oportunidade. ━ Só... esperem um momento! Eu tenho alguns pontos para levantar. - Do que ele estava falando? Ele não tinha nada para falar.
Mas, ao olhar sobre a mesa, fixou seus olhos na lata de Yellow energy, sabor uva verde, ele a pegou a segurando fortemente e procurou um pouco de inspiração após fechar seus olhos e respirar fundo.
━ A Yellow energy é... uma bebida esportiva. -parou desconfortável com o silêncio educado. Seu rosto formigava pela vergonha. ━ Desde o lançamento das primeiras bebidas da Yellow, lá nos anos noventa, a Yellow energy têm sido sinônimo de energia, empolgação e excelência - exclamou com fluidez o discurso padrão da marca de bebidas. ━ O personagem do pintinho bravo é um dos mais reconhecidos no mundo, e o clássico slogan "Não Pare" acabou entrando nos dicionários. Agora nós estamos oferecendo à leave Oil uma oportunidade exclusiva de se juntar a essa marca valiosa e mundialmente famosa. - Felizmente a sua confiança estava crescendo, Chris andava pela sala gesticulando com as mãos. ━ Ao comprar uma bebida Yellow, o consumidor está sinalizando que vai aceitar apenas o melhor. – Bateu na lata com a outra mão. ━ Ele espera o máximo de sua bebida energética, espera o máximo de sua gasolina e de seus carros, espera o máximo de si mesmo. - Sorriu orgulhoso vendo que, mesmo quase imperceptível, Hamilton estava gostando o discurso. ━ Quando o consumidor abre a lata, está fazendo uma escolha que diz ao mundo quem ele é. Eu estou pedindo que a leave Oil faça a mesma escolha.
Quando o mesmo terminou de falar, ele colocou a lata com firmeza no centro da mesa, colocou seu dedo no anel da lata e com um sorriso maneiro a puxou logo a abrindo. Porém, como um vulcão entrando em erupção, a bebida espumante com sabor de uva verde explodiu em um só jorro para a fora da lata encharcando os papeis que estavam sobre a mesa e logo atingiu o terno cafona de Hamilton.
━ Puta que o pariu! - ofegou assustado. – Quero dizer, desculpe...
━ Meu Deus! – exclama Doug Hamilton irritado, levantando-se e tirando um lenço do bolso. ━ Essa coisa mancha?
━ Não, não mancha...- Mentiu descaradamente.
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