O som suave das águas da cidade submersa trazia calma ao coração solitário de Kim Namjoon. Levar e trazer tantos casais apaixonados pelos canais de Veneza deixava um gosto amargo em sua boca ㅡ já havia aceitado que seu papel no amor seria sempre de observador, nunca de ser amado.

E sendo um bom observador, encontrou o jovem de cabelos azuis que esvoaçavam pela praça principal. Câmera em mãos, olhar sonhador, elegância atemporal. Ali, Namjoon encontrou-se inerentemente apaixonado.

As tardes eram longas, recheadas de trabalho e do jovem de fios tingidos. Agora, além de saber sobre a adoração por fotografia, o moreno também sabia que o outro possuia um sorriso capaz de fazer qualquer um se derreter. Assim, Namjoon apaixonou-se novamente por ele.

Indo e voltando em sua pequena e aconchegante gôndola, assobiava com o olhar no azul das nuvens, no azul das águas, no azul de seu amado. Porém seu coração estava azul também: de tristeza.

A música que soava fora interrompida suavemente quando percebeu a direção na qual aquele que sempre e tanto observava estava indo. Em frente, para as águas, para ele.

ㅡ Boa tarde. ㅡ A voz grave se fez presente, e o bonito sorriso quadrado também. ㅡ Poderia me levar ao lado leste?

Não havia voz que fosse capaz de responder decentemente, por isso, Namjoon assentiu e ajudou o jovem a entrar em sua gôndola. As mãos eram suaves e grandes, e Namjoon queria segurá-las para sempre, porém o para sempre durou dez segundos e rendeu um gentil obrigado.

O trajeto foi calmo e silencioso. O amado tirava fotos e aproveitava o clima ameno que abraçou Veneza nas últimas semanas. Olhos fechados aproveitando a pequena viagem, olhos abertos capturando a vida, olhos fora do alcance de Namjoon.

Um pequeno suspiro deixou o peito atordoado do moreno quando chegaram ao local de despedida. A ajuda para sair da gôndola não foi necessária, e o moreno ignorou a pequena fisgada em seu coração. Remexendo nos bolsos, com a câmera no pescoço, o jovem de brilhosos cabelos azuis estendeu a quantia a ser paga e então acenou em adeus.

Namjoon não queria ir, queria erguer a voz e falar com ele. Perguntar sobre quem era, ter a oportunidade de tocar-lhe novamente, fazer alguma coisa; qualquer coisa! Mas Namjoon devolveu ao aceno com um sorriso dócil de dentes escondidos e flutuou sobre as águas para longe. Sua última visão daquele que amou de forma tão fulgás foi quando virou-se, na esperança de que ele ainda estivesse ali, e descobriu que era capturado pela câmera e pelos olhos âmbares.

Naquele canal de Veneza, Namjoon deixou seu coração ser capturado, e Taehyung, também.

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obrigada à quem leu! eu adoro vmon e não poderia deixá-los de fora da minha escrita. essa é uma história de quase 2 anos atrás, mas o sentimento soa tão atual quanto o hoje.