016
Point of view: Lalisa Manobal
— LALISA! — Chiquita gritou, completamente irritada enquanto descia as escadas. — VOCÊ MEXEU NO MEU CELULAR?
— Para de gritar, eu tô assistindo jornal — falei, sem olhar para ela. — E a Ellen acabou de dormir, você viu o sacrifício que foi.
— Me responde. Você mexeu ou não no meu celular? — parou em minha frente, impedindo-me de ver a TV. Olhei para os seus olhos que continham lágrimas. — Você mexeu?
— Eu só verifiquei o que você tava vendo na Internet, não entrei em nenhuma mensagem, fica tranquila.
— Mãe... Não mente pra mim — uma lágrima escorreu de seu rosto. — Você entrou no e-mail da JYP?
Eu tinha esquecido dessa merda.
— Entrei, por quê?
— Por que não me falou que eu passei no teste? — sua voz embargada acabou trazendo um aperto em meu coração.
— Você terá outras chances. Agora sai da frente, estavam falando sobre um novo vírus.
— Como é que é? — uma lágrima escorreu sem rumo, pingando no chão. — Lalisa, eu sei que você é minha mãe, mas... Por que não me contou? Eu lutei pra isso, passei dias sem dormir ensaiando o meu vocal, a minha dança, dando o meu melhor pra passar nessa audição, e quando eu passo, você não diz nada!?
Suspirei, abraçando uma almofada enquanto esperava pacientemente ela sair da frente.
— Qual era a dificuldade de chegar e falar que eu passei. Você nem precisaria me acompanhar no teste, pois eu pediria pra Mina, Chaeyoung ou Momo para me acompanhar. Já que elas foram mais as minhas mães do que você mesma.
Levantei-me e fiquei em sua frente, recebendo seu olhar inchado por conta do choro, ver aquela cena doía, mas iria doer ainda mais vê-la chorando por conta de haters.
— Eu fiz isso pro seu bem.
— Pro meu bem? — perguntou, sarcasticamente, sorrindo e colocando as mãos na cintura.
— Sim, não quero te ver fazendo dietas rígidas, se matando de ensaiar pra receber ódio no final, não quero te ver passando noites sem dormir, não quero te ver escrevendo cartas de desculpas apenas por viver a sua vida, não quero te ver sendo perseguida por fãs loucos, e nem que esses "fãs" — fiz aspas — se intrometam na sua vida amorosa.
— Mãe, eu... — ela não conseguiu terminar de falar, já que seus soluços a impediram. Preocupei-me quando ela se sentou no sofá com a mão no coração. — Desculpa — pediu, com a voz falhando e suas mãos tremendo.
— Filha, calma! — agachei-me em sua frente, vendo que ela estava com dificuldade para respirar. Segurei suas mãos e acariciei-as enquanto ela mantinha a cabeça baixa, tentando se controlar. — Bebê, olha pra mim, a mamãe tá aqui, vai ficar tudo bem, ok? — perguntei, sem ter seus olhos em mim.
Acabei desistindo e puxando-a para um abraço apertado, muito apertado, permitindo que chorasse em meu ombro, recebendo meu carinho em sua nuca e em suas costas. Deu-me uma vontade imensa de desmoronar ali mesmo junto a ela, mas eu precisava ser forte.
— Eu te amo e só fiz isso pelo seu bem... — falei.
Depois de um tempo, percebi que sua respiração estava voltando ao normal e me tranquilizei um pouco, mas não saí do abraço, continuei ali, dando todo o conforto que ela precisava.
— Eu só queria te deixar orgulhosa... — sussurrou, sua voz abafada e entre soluços.
— Você me dá orgulho apenas por ser quem você é, mini Lisa. Não precisa se esforçar a esse ponto, entenda que tem apenas 14 anos, está jovem para passar noites sem dormir, sem descansar direito.
— Se eu te deixo orgulhosa por ser quem eu sou, por que eu nunca recebo um sorriso sincero seu? Por que você sempre sorri quando suas amigas mandam?
Acabei deixando uma lágrima escapar e começou a ser impossível disfarçar a minha voz embargada.
— Porque na minha cabeça eu estava morta... Me perdoe por ter te machucado sentimentalmente durante todos esses anos, eu precisava de um tempo para mim, mas eu esqueci que minhas filhas também precisavam de mim.
— Mamãe... — suspirou, contendo os soluços — eu preciso do seu colo... — voltou a chorar, mas dessa vez, não foi tão intenso. — Preciso do seu carinho, seu cafuné... Pode me colocar pra dormir? Assim como nos velhos tempos, lembra?
— Lembro — sussurrei, afastando do abraço e arrumando seus fios bagunçados. Coloquei suas mechas atrás da orelha antes de deixar um selar na lágrima que escorria pela sua bochecha. — Quando estiver triste, tendo essas crises, pode me chamar, não importa o horário nem o lugar, eu vou te ajudar, tudo bem?
— Eu tô com medo...
— Do quê?
— De dormir e, quando acordar, encontrar você trancada no seu quarto, bêbada e... me odiando de novo — ela baixou o olhar, provavelmente tentando conter o choro.
— Ei, ei, ei, ei — levantei sua cabeça lentamente, fazendo-a olhar para mim. — Não vou voltar a ser aquela mulher idiota. Estou tentando mudar por você e pela Ellen. Não vou mais beber cerveja até desmaiar ou vomitar tudo o que havia consumido. Não sinto orgulho daquela mulher, ela não sou eu, você sabe disso.
Ela assentiu, respirando normalmente.
— Eu sou essa mulher à sua frente. Sou a mãe que quer apenas o seu bem. O seu bem e o bem da Ellen.
— Você não odeia mais ela?
— Nunca odiei, minha filha. Eu só não conseguia amá-la como amo você, mas estou me esforçando pra deixar o passado de lado e viver o presente. Uma pessoa muito importante está me ajudando com isso.
Jennie realmente me deixava confortável, tão confortável que eu sempre perguntava a ela se estava me saindo bem com minhas filhas. Espero nunca perdê-la, mesmo que tenhamos trabalhado juntas por pouco tempo. Considero-a como uma irmã mais nova, assim como a Mina.
Levantei-me e sentei no sofá, fazendo-a deitar com a cabeça sobre o meu colo. Peguei o cobertor que estava ali e nos enrolei, pedindo para ela escolher algo na TV.
Enquanto ela escolhia algo na TV, afaguei gentilmente seus cabelos, transmitindo tranquilidade e segurança através do toque. O silêncio envolveu o ambiente, preenchido apenas pelo som suave da televisão ao fundo.
Observando-a ali em meu colo, meu coração se encheu de amor e determinação. Prometi a mim mesma que faria de tudo para ser a mãe que ela precisava, deixando para trás os erros do passado e focando no presente e no futuro que queria construir ao lado delas.
Após alguns minutos, ela finalmente escolheu um filme chamado "Você Nem Imagina".
Enquanto assistíamos, senti sua respiração se tornar mais calma, seus olhos pesarem lentamente, entregando-se ao sono que tanto precisava. Deixei um beijo suave em sua testa, desejando-lhe uma noite tranquila e serena, antes de me levantar e pegá-la no colo, para assim levá-la até o seu quarto.
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