Lavanda
Terceira pessoa
A noite fria cercava os dois rapazes saindo da grande construção de mãos dadas, a luz esbranquiçada da grande lua cercada por um céu de azul profundo decorado por diversas estrelas brilhantes era seu guia nas escuras ruas da pequena cidade.
Nenhum barulho conseguia ser ouvido a não ser o som de seus passos e o ocasional grunhido de dor do rapaz vermelho,que lutava consigo mesmo para abafar tais sons para não preocupar o maior; ele não desperdiçaria uma chance como essas, e especialmente não depois de ter chegado tão longe.
Ao descerem a colina verde esmeralda onde se localizava o antigo hospital, os dois rapazes deram de cara com uma rua mal iluminada -não havia uma alma viva fora de casa a essa hora, tal informação fazia com que Tord apertasse firmemente a mão de Tom enquanto admirava a mesma, o britânico tinha mãos de artista; firmes, porém machucadas especialmente na pontinha de seus dedos, seriam esses ferimentos causados pelo baixo que disse que tocava? Teria momentos em que ele se perderia na melodia e, mesmo sem querer, se machucasse nas firmes cordas de aço emitindo doces melodias providas da dor?
O norueguês pensava em como sua vida poderia ter sido se não estivesse a gastando numa cama de hospital, quantos instrumentos ele teria tocado? Quantas bocas beijado? Ele teria amigos, ou faria inimigos em sua escola? E suas fazes, ele teria sido um rebelde incontrolável ou um pequeno rapaz que lutava pela justiça de seu próprio modo desenformado? Chacoalhando sua cabeça de modo que fizesse tais pensamentos subirem, Tord olhou para cima ao perceber que seu colega havia parado de andar, em sua frente uma casa amarelada pelo tempo, seu gramado desgastado indicava a presença de brinquedos antigos que um dia haviam estado lá, e em seu teto faltavam algumas telhas, porém isso não era o que chamava atenção.
Não, o que fez o coração de Tord acelerar, suas palmas suarem e seu rosto ganhar um novo tom pálido como a neve fresca no inverno foi a fita da polícia que cercava a casa.
"Estamos aqui," Exclamou Tom, tirando sua mão da do norueguês e atravessando a fita tão amarelada quanto as paredes da casa. "É rápido, só preciso de algumas coisas."
"Oh...Ok." Gaguejou o garoto de hoodie vermelho, engolindo em seco a medida em que seguia seu 'companheiro de viagem'. "Lar de um conhecido...?" Exclamou o rapaz, observando enquanto observava Tom subir uma grande árvore que dava para uma única janela. "Minha casa, mas não chamaria de lar." Respondeu o garoto de olhos negros, agarrando-se a outro dos galhos daquela árvore de madeira negra.
"Não vem?" Finalizou ele, sentando-se em um galho perto da janela quebrada. "Oh...Nunca subi árvores antes." Disse Tord, suas bochechas ganhando um tom tão avermelhado quanto sua jaqueta, ele teria que lembrar de colocar 'aprender a subir em árvores' em seu diário de aventuras.
"Eu te ajudo, aqui..."Disse Tom esticando seu braço para o garoto que, com a ajuda dos galhos que foram gentis o suficiente com o rapaz para não o deixar cair, ambos estavam no mesmo galho; o coração do norueguês doía pela intensidade de seus batimentos e sua respiração se tornava irregular pelo esforço, para qualquer outro essa tarefa teria sido simples, porém não para alguém fisicamente inativo por anos.
"Tudo bem?"
"Sim, só preciso...só preciso tomar mais um ar e podemos ir."
"Acho que foi uma má ideia ter te trazido, eu nunca nem perguntei sua doença e pode ser que..."
"Não! Eu estou bem, podemos ir."
Entrando no quarto podia-se ver que realmente pertencia a um adolescente, garrafas de refrigerante espalhadas pelo chão, diversos pôsteres colados na parede e pilhas de livros sob a mesa.
"Aqui, segure isso." Disse Tom entregando um diário a Tord. "Eu levo a Susan e você leva o caderninho." Terminou, tomando em suas mãos um baixo.
"Susan? Estamos levando uma garota ou algo assim?"
"Nah, não gosto de garotas, são chatas."
"Rude."
"Sim, mas de qualquer forma a Susan é essa belezinha aqui." Tocou algumas notas no instrumento, fazendo com que o som ecoasse pelo quarto.
"Onde aprendeu a tocar?"
"Um amigo, agora vamos, vai que a polícia volta."
"Eles não vão perceber a falta disso?"
"Nah, eles não ligam, e além do mais esses são itens bem pessoais e...Ei! Não abre o caderno."
O objeto em questão tinha flores coladas em suas páginas, juntamente de uma pequena descrição escrita por uma letra atrapalhada. "Que flor é essa?" Perguntou Tord, apontando para uma flor de cor carmesim e que tinha tons amarelos murchos em suas pontas.
"Camélia, essas flores eram especialmente apreciadas pelos Victorianos," Um par de mãos se juntou as do norueguês. "Mas poucos sabiam do significado dela." Continuou o britânico.
"E qual era?" Estar aqui era um erro,mas a esse ponto nenhum dos dois rapazes ligava.
"Meu destino em está em suas mãos"
Uma corrente de sangue foi parar nas bochechas de Tord, talvez fosse o esforço do exercício, ou talvez o modo como ninguém antes havia tocado em suas mãos com tanta delicadeza - mesmo quando ele segurava as mãos de outra pessoa.
"Agora não meche mais nele." Rosnou, fechando o caderno e o jogando sob o menor, indo até a janela e descendo pela antiga árvore.
Pondo o caderno por entre seus braços, Tord tentava seu melhor para imitar o garoto de capuz azul, falhando miseravelmente no momento em que pisou em falso, caindo sob o outro rapaz; tal movimento jogou o baixo e o caderno para longe, mas não danificou os dois.
"Aí aí aí aí...." Exclamou Tom, passando uma mão atrás de sua cabeça. "Ah...Merda." Suspirou Tord, vendo o pequeno corte em sua palma, o mesmo tendo sido causado por uma pedra afiada no chão.
"Merda! Droga...." Tentou de tudo, lambeu, chorou, esfregou em seu casaco; tudo, porém não conseguiu fazer com que o corte sarasse.
"Hey, calma, é só um corte."
"Não! Você não entende, eu não posso ter cortes...Ah isso vai infeccionar." Entrando em pânico ele disse, deixando com que as lágrimas saíssem, da última vez em que se cortou teve uma péssima dor em seu baço, e não gostaria de repetir a dose.
"Calma! Calma! Eu tenho um curativo..huh, serve?" Os dois agora estavam desesperados, porém pelo menos o corte estava protegido pelo curativo.
"Quer voltar?"
"Não....Eu não quero encarar as enfermeiras agora, eu vou sobreviver." Disse, sua voz ainda seca pelo choro.
"Eu vou te levar para um lugar especial, só por favor não se desespera de novo."
"Claro."
"Promete?"
"Err....Prometo."
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* sai de pilhas de livros e trabalhos *
Eu sei que não consigo escrever em terceira pessoa, mas minha criatividade só fazia coisas em terceira então...Eh, fiquem com essa merda ._.
Esse capítulo era pra compensar o de segunda, que não saiu, portanto amanhã também vou postar.
Obrigado pelos votos e comentários!
Já descobriram o significado das palavras em negrito?
Ok agora... * olha pra os trabalhos de português, física, história e a prova de quarta * ......
...
Bem, lá vou eu!
Se eu sobreviver te vejo logo! ; - ;
Chau!
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