Call Me -- Capítulo Único
Antissocial, sem namorado e passando mais um ano de minha vida sem ninguém, é assim que me encontro no momento, longe de tudo e de todos por um simples motivo, ser a bullynada da escola. Assim como a maioria de pessoas como eu, ficamos sem esperança alguma de um dia conseguir achar a pessoa certa em que lhe fará feliz da forma em que você também lhe fazer.
Mas por ironia do destino, me vem uma esperança de que conseguirei passar esse dia junto a alguém, por mais que seja bem concorrido no dia dos namorados; criaram um app chamado "Call Me" em que conseguimos algum garoto para passar um tempo conosco, muitas pessoas ainda confundem com garotos de programa, mas tenho quase completa certeza em que não passa de nada disso. Contatei um garoto - com muita dificuldade e vergonha -, apelidado por Gguk no app, onde o "configurei" para ser um namorado - ou pelo menos tentasse - ser um namorado perfeito, principalmente que para minha infelicidade, hoje é o dia de meu aniversário, onde me encontro completando meus dezoito anos de idade. Um garoto que aparentava boa aparência e ser bem carismático, seus cabelos castanhos, seus olhos me eram convidativos para mergulhar em sua alma, seu sorriso que era mostrado em algumas fotos do app aparentava a de um coelho. Contei a ele que hoje é meu aniversário e ele havia dito que então compraria um presente para mim, por mais que seja um mero desconhecido o avisei que não era necessário mais de cinco vezes, mas o mesmo insistia em comprá-lo. Depois de algumas mensagens trocadas com o incógnito, marcamos enfim o horário em que iríamos sair e assim fui direto me arrumar.
[ . . . ]
O relógio já marcava sete horas e quarenta e cinco minutos, faltara apenas quinze para que eu pudesse o encontrar. Falei com meus pais que hoje sairia com um amigo, não me proibiram, pois também não sou mais uma criança e porque também hoje seria o "meu dia". Meu desespero estava a mil! Corria de um lado a outro em meu quarto, minhas mãos suavam frio e minha cabeça girava, meu coração parecia explodir! Mas tentava me acalmar pois por mais que seja uma vergonha enorme passar o dia dos namorados e o aniversário ao lado de um total desconhecido, eu ao menos não o amo e ninguém irá nos obrigar a nos beijar, aliás também nunca beijei, então prefiro me manter assim até encontrar a pessoa certa. Olhei no espelho, me vi usando meu vestido preto e minha sapatilha cinza com um lacinho, meu cabelo que desta vez me esforcei para cuidar muito bem. Meu rosto, apenas ajeitei a sobrancelha, passei um rímel e coloquei um simples lip-tint. Olhei novamente para o relógio e marcava um minuto para as oito, desci as escadas, engoli seco, forcei um sorriso simples e assim na hora em que abriria a porta para o esperar em frente de minha casa, ouvi duas batidas na mesma. Estranhando, abri e vi o garoto que estava a minha espera de cachecol amarelo e vermelho juntamente de uma jaqueta de couro, o olhei nos olhos ainda desacreditada, não acreditava que realmente ele estaria ali e passaria a noite ao meu lado. Seus olhos penetrantes me faziam afogar ao querer saber sobre sua alma, seus lábios rosados e macios talvez eram até mais deleitáveis que um algodão doce.
- Iria bater na porta trinta minutos atrás, mas vi da janela de seu quarto que ainda estava se apreciando no espelho, então optei por não interferir. Mas enfim, como está, princesa?
Nada pronunciei, continuei quieta e abaixei a cabeça assim fazendo tirar meus olhos do foco dos dele.
- Não precisa ficar com vergonha de mim, tudo bem? -- pegou na ponta de meu queixo e assim me beijou a bochecha, sentia sua doçura exalar de seus lábios. -- Sou uma pessoa que não lhe fará mal, e se eu o fizer, você pode me dizer na hora e irei parar no exato momento.
Assim então o olhei nos olhos e sorri simplista. Sem ao menos esperar, pegou em minha mão com delicadeza, suas mãos eram macias e aconchegantes, me guiou até seu carro que aparentava não ser nada muito caro. Adentrei o automóvel e assim partimos.
- Com disse nas mensagens na hora que me chamou, hoje é seu aniversário, certo? Meus parabéns! Depois não me esqueça de comprar um presente!
- Não é necessário...
- É sim, e é por isso mesmo que vou comprar um!
Iria retrucar, mas ao lembrar que pelas nossas conversas já era teimoso optei por ficar calada. Ele como sempre agitado, mas com cuidado para não ser muito intruso em minha vida pessoal. Ficamos meia hora conversando com o som do carro em tom baixo até que parou. Olhei para fora, ainda que a visão ficasse mais escura por conta do insulfilm que protegia o vidro, era a vista de um mirante. Olhei para o lado e notei que Gguk não estava mais ali, visualizei a porta ainda meio desatenta e lá estava ele segurando a mesma e esperando para que eu saísse. Assim o fiz, já de pé o esperei e assim estendeu sua mão, mesmo com vergonha coloquei a minha entrelaçando seus dedos aos meus.
[ . . . ]
Estávamos apoiados às grades do mirante, apreciando o Luar, apreciando o brilho da Lua que era refletido pela água de um pequeno riacho que tinha seu percurso em nossa frente, ruídos de algumas pessoas e casais que passeavam perto de nós dois; já havia visto esta cena milhões de vezes, mas nunca com alguém e ao menos tendo uma experiência dessas.
- Perde de dez à zero para você...
O olhei confusa, querendo entender seu raciocínio.
- Tão repentino você.
- Pelo que sei, não minto em trabalho -- sorriu olhando em meus olhos profundamente.
- Você não existe, Gguk...
- Então vivo em um mundo paralelo ou talvez até no céu, pois ter contato com um anjo é extraordinário nos dias de hoje, não?
Revirei os olhos dando uma risada abafada, o moreno se aproximou mais, colocou seu braço direito sobre meus ombros largos e continuamos a apreciar a vista proporcionada naquela noite de primavera. Seu perfume exalava bem mais desta vez, sentia a temperatura morna de seu corpo perto tocando a minha pele gélida por conta da briza fria que passava de vez em quando, seu corpo mesmo à situação gelada permanecia quente, sorri boba ao notar esse detalhe.
Mais alguns breves minutos ainda admirando a beleza natural que um mero desconhecido tinha me levado a ver. Suspirei ao lembrar que tudo terminaria em quase um piscar de olhos, infelizmente nem tudo o que queremos dura para sempre... O olhei e enfim se pronunciou novamente:
- Com fome? Seja sincera, odeio mentiras.
- Já que quer sinceridade, um pouco.
- Vamos ao carro, algum lugar em específico? Por minha conta. -- ditou juntando nossas mãos e me levou em direção ao automóvel.
- Nenhum em mente, mas prefiro algo mais calmo, como uma cafeteria ou algo do tipo. Sua conta? Não, pode deixar que pago a minha parte.
- Não mesmo que você vai pagar sua parte! Pode deixar que eu pago, sem preocupações, meu anjo.
- Vamos fazer assim, vamos comer em um lugar por minha conta e já como você vai comprar um presente para mim, você usa seu dinheiro então, tudo bem?
- Hmm....-- murmurou sorrindo -- tudo bem, aceito a proposta. Já que a senhorita vai pagar o jantar, qual lugar prefere?
Disse um restaurante que adorava e há tempos não comia algo de lá. Enquanto estávamos a caminho do local, colocou uma música de fundo um tanto cativante para mim, pousou sua destra sobre minha coxa esquerda acariciando-a. O olhei ainda um pouco corada, minhas bochechas queimavam..
Não demorou muito para que o cavalheiro Gguk me abrisse a porta do carro, adentramos o espaço decorado por luzes vermelhas e amareladas, o cheiro eu reconhecia muito bem, adorava o aroma que as comidas proporcionavam. Algumas poucas pessoas estavam sentadas jantando com seu parceiro e alguns até com filhos. Ajustei meu braço esquerdo com o seu direito e assim nos sentamos em uma mesa vaga, um garçom veio a nosso encontro e fizemos então nossos pedidos. Já comendo, estávamos conversando sobre coisas diversas, músicas, escola, trabalho, e coisas cotidianas.
- Você deve nunca se entediar com seu emprego, não é? Sempre vivendo uma experiência nova..
- Depende do ponto de vista, algumas clientes como você me fazem gostar cada vez mais do meu trabalho, mas outras me fazem querer fugir desse app o mais rápido possível.
- Fala isso para todas que atende, certamente, quer que todas se sintam especiais assim?
- Somente quando me pedem, mas você não me exigiu nada disso, só estou sendo realista. Mas não faço isso só por dever, mas sim porque todas garotas tem seu brilho e sem dúvida alguma são especiais! Como por exemplo, eu penso que todas as garotas são como estrelas, únicas, tamanhos diferentes, brilham a mesma cor, mas com auras diferentes mas mesmo assim, resplandecem o máximo que conseguem. Você é uma das maiores auras que já avistei, sem brincadeira.
- Já pensou em virar poeta? -- ri abafado.
Desta vez olhou ao céu, nossa mesa dava uma bela vista, pousei meu olhar sobre seu maxilar bem marcado, que por algum motivo me fez falar algo que nunca esperava de mim mesma.
- Se eu lhe pedisse para me beijar, me beijaria?
- O que ganho com isso? -- suas orbes marcaram as minhas com um tom de seriedade, seus lábios entreabertos, me arrepiei por um simples ato... não gostaria de estar interessada em um qualquer. -- Estou brincando, com certeza! Com todo o respeito, você não se é de passar reto.
- Já chegou a beijar uma garota que ainda nunca tinha beijado?
- Umas cinco, todas minhas ex namoradas, falam que se eu beijo a garota com a sua primeira experiência é certo que vire minha namorada. Isso se já não for, huh?
Voltei meu olhar sobre os seus, me senti um pouco intimidada, queria talvez experimentar. Sem sombra de dúvidas todas as suas namoradas tiveram uma pessoa ótima para namorar, tiveram um belo homem talvez até de ser invejado.
- Você provavelmente não namora, certo? Se namorasse com toda certeza sua parceira iria ter ciúmes!
- Claro que namoro! -- o olhei confusa e um pouco abalada -- namoro sim, mas não sei se ela tem ciúmes do meu trabalho... Você tem ciúmes do meu emprego, estrelinha? -- ditou com um sorriso animado.
- Mas você não é meu namorado...
-Sou sim, sou por hoje! Mas se quiser posso ser por quanto tempo durar, o que acha, huh? -- pegou minha destra e a beijou.
- Você é louco..
- Louco pela sua fofura, aish -- coçou sua cabeça meio desajeitado, levantou-se da cadeira e propôs que fôssemos logo para uma loja, onde compraria o presente.
[ . . . ]
Estávamos em um local um pouco diferente do que pensei, era um lugar bem gelado. Logo que percebeu que estava passando bastante frio, me levou para uma loja próxima e me comprou um casaco bem quente e que combinasse com meu vestido. Mesmo assim ainda com um pouco de frio, pegou minha mão e continuamos a caminhar até uma pequena tenda que algumas pessoas rodeavam, soltou minha mão e se direcionou para a tenda, me deixando no mesmo lugar, o vi pegar aparentemente dois tickets no meio de dois dedos de uma mão e poucos minutos depois voltara com dois copos, um em cada mão. Dentro dos copos contia algo quente pois de longe conseguia ver alguns filetes de fumaça saindo e indo pelos ares. Estendeu uma mão que estava com o copo e peguei com cuidado para não cair; era um tipo de vinho com alguns pedaços de maçãs, algo bem diferenciado do que já havia visto. Com um pouco de dificuldade, tomei minha bebida, o líquido aquecia minha garganta, trazendo um pouco de ardência por conta do teor alcoólico, mordia os pedaços de maçã que estavam macios pois continham parte da bebida.
O que são esses tickets que trouxe com você?
Já irá saber.. -- consultou seu relógio e pegou minha mão com a sua destra vaga, me levou para uma fila considerável, era aparentemente para dar em uma casa alta que tinha uma sacada livre, que julguei ser o motivo desta fila.
A fila começou a andar e podia sentir a felicidade de meu parceiro que desta vez apertava minha mão com um pouco de força e alisava as costas dela mesma; entramos na casa e assim fomos direto para o topo subindo as escadas, ele exibia o mesmo sorriso que havia ponderado ser o mais belo de todos, ele exalava espontaneidade e graça aos seus gestos. Enfim chegamos ao último andar e já vislumbrava algo que há tempos não via, uma aurora boreal de cores que intercalava entre azul, roxo, rosa e amarelo. Era linda, suas cores traziam um sentimento que era intenso para minha pupila que se dilatava cada vez mais. Ao fundo se tocava músicas calmas e relaxantes, coisa que deixava um clima mais aconchegante. Como antes, sob a luz do luar, olhei para Gguk que desta vez estava atrás de mim com suas mãos sobre meus ombros, nossos olhares novamente se entrelaçaram e sorri com tal conexão. Seus olhos brilhavam e refletiam alguns feixes da aurora. Me virei para ele, ainda com os olhos fixados nos dele, desceu suas mãos para as minhas, elas eram quentes e macias por mais que o frio que o envolvesse fosse tremendo. Meus olhos inconscientemente oscilavam entre suas íris castanhas e sua boca, o seu olhar era como uma faca que me cortava pelo meio e me fazia querer tudo de sua parte. Mais alguns segundos decifrando a alma de outrem, fomos nos aproximando, rostos quase colados e lábios a milímetros de distância. Senti o ar quente de seus suspiros se juntarem com os meus, nossas bocas se juntando em pequenos selares em que quando me dei conta já estava quase o beijando, meus olhos instintivamente fechados, respiração abafada, minhas mãos em seus braços os acariciavam, nossas línguas por meio instante estavam bagunçadas mas logo tomaram um rumo certo, pareciam dançarinas pois bailavam em uma única orientação, com muito receio, colocou suas mãos em minhas cintura, sentia estar perto da felicidade de isso enfim ter acontecido. Mais segundos de felicidade, por mais que eu estivesse entregue ao beijo e para ele, aparentava que nós não acreditávamos que isso estava acontecendo mas estávamos dando o nosso melhor. Já com a respiração em um fio de acabar, quase ofegante, nos separamos com selares, olhei em seus olhos e novamente senti a sensação de minhas bochechas estarem queimando, sua forma de me olhar aparentava estar diferente, com mais carinho e cuidado. Respiração descompassada e sem nenhum pensamento em mente, sorri delicadamente. Nessa hora, não sentia mais vergonha, não tinha mais timidez de estar ao lado dele, apenas me sentia bem.
Mais momentos vividos do lado dele, um selar cá e lá. Tiramos algumas fotos, da paisagem, do outro e de nós..
[ . . . ]
Já em frente da minha casa, estávamos de frente um ao outro, e quase nos despedindo até que ele me abre um sorriso de ponta-a-ponta, me contando algo com um certo tom de ansiedade.
- Estava quase me esquecendo de te falar isso, tenho mais uma coisa para você..
- Mais uma? -- ditei surpresa -- Mostre-me então.
Era uma caixinha preta, peguei com cuidado de sua mão e a abri, um colar com um pequeno coração como pingente. Falou para o pegar e abri-lo e assim eu o fiz, dentro havia uma pequena montagem de uma foto dele juntamente uma minha, sorri ao ver a pequena surpresa mas que foi feita de coração, o olhei com os olhos já um pouco marejados e agarrei seu pescoço em um abraço carinhoso, escorreu-se a primeira lágrima conseguinte de outra que rastejava lentamente pela minha bochecha. Seus braços entrelaçaram em minha cintura, senti por um segundo me enlaçar intimamente com ele.
- Ah, sobre meu nome, Jeon JungKook... ou amor da sua vida, como preferir -- falou franzindo o nariz enquanto eu ria um pouco desconfortável mas feliz ao ouvir isso de sua parte.
- Compreendo, enfim, tenho que ir...
- Tudo bem, mas antes.. -- puxou-me delicadamente -- selou nossos lábios uma última vez, um rápido beijo foi dado.
- Até mais, boa noite -- sorri boba andando lentamente para trás sem me virar.
- Me chame a hora que for preciso, tomarei as providências para lhe atender a hora que precisar, estrelinha. Tenha uma boa noite, gatinha.
Deu meia volta, abriu a porta do carro, me deu uma piscadela e adentrou o automóvel. Fechei a porta de minha casa, fui ao meu quarto e assim me joguei na cama. Alguns minutos em silêncio, relembrando tudo o que acabara de viver, sorrindo abobada; peguei meu celular e acessei a notificação do Call Me, onde JungKook acabara de me mandar uma mensagem
Bunny Gguk~
Você é linda, estava maravilhosa com sua vestimenta, tem uma voz doce e um jeito angelical, sua companhia foi a melhor que tive! Como disse na hora que ia saindo, me chame a hora que precisar. Boa noite, bons sonhos, se cuide e bom descanso! Nos vemos em uma aurora próxima."
~ Você
Não se preocupe, irei te chamar.
Don't worry, I'll call you.
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