Quando a esperança acaba

Hoje vivo numa secura d'alma, com minhas raízes abaladas e a copa calva.
Onde antes era frondosa e vigorosa,  agora figura com galhos quebradiços, esfarelados a definhar.
Meu coração despedaçado chora, onde as lágrimas incontáveis já compeliram-no a dormência eterna e, as batidas descompassadas em ritmo que lentamente agoniza de tanto sangrar.
A saudade esvazia minha  vitalidade.
Me confundo entre o pilar centenário vegetal e a fragilidade da vida animal, do ser humano enfraquecido em seu poder mental, destruído pela ausência fatal da parte que um dia irá herdar. Penso que as rochas são felizes, pois não semeiam no mundo e brutas como são, não possuem sentimento.
Que herança deixarei? Se a subtração me tira o calçado, o casaco e o boné.
Me deixa nú e a pé em noite fria, sem coberta e em tremenda agonia, onde o calafrio percorre minha alma me tornando a verdadeira tristeza insuportável de se apreciar. Quem irá me acompanhar?
Não há mais necessidade latente, nem origem que me traga felicidade a mente para que eu possa planejar um futuro melhor a vislumbrar. Não tenho esperança de um dia voltar a sonhar, a derrota tomou conta de mim.
Meu peito está seco e agreste, não alimento espectativa de sucesso e o tempo me separa a conta gota da lembrança dourada da minha vida,  que é passado, que é presente, que é futuro e é viva dentro e fora mim, porque não me acompanha, nem é vista ou há mais a mínima intimidade.
Que me faz sofrer se lembrado, que carece de ser cultivado, desfalecido em meu peito trincado, furado e desmilinguido. Às vezes enlouqueço e grito, minha voz fica rouca, a garganta ferida e implodo-me pela ira, todavia no fim o sono me toma por caridade e alivia a minha dor em tremenda bondade.
Já perdi os sonhos, sim já os perdi. Meu pensamento não força mais a querer por querer sonhar, não obedece mais a minha vontade.
Minha força está em esquecer o que não pode ser esquecido de algo que não se subtrai, está em meu âmago, porque não vivemos sem nossa alma, sem a seiva vital e sem nossos frutos pós natal.
Um amor da vida e um amor do coração, onde as mais belas notas de uma canção não fazem parar de tocar dentro do meu peito, que está destruído, sem esperança e derradeiro em tomar golpe certeiro dia após dia do meu destino cruel, que me arrancou com brutalidade meus rebentos, me deixando apenas o gosto amargoso deste sentimento e do vazio, como manjá temperado particularmente com fel a servir-me.

Jansen Barizon Brown Braga

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