você tem um despertador esquisito

Um suspiro. Está quente, mas a culpa é daquela esfera. Deve ser só, o sol. Ninguém quer algo muito quente por perto, ninguém quer se queimar, algo em excesso machuca demais. Enjoa, causa vômito, repulsa, aversão. Mas, sendo sincero... Ten é a única excessão. Eu poderia passar a vida inteira com essas pernas ao redor de mim, com essas coxas espalmadas nas minhas, com seus suspiros pesados que me cobrem com lentidão. Sim, é verdade.

O corpo masculino é lamentavelmente explícito demais. E então teu corpo é atlético demais, viril demais. E a primavera da juventude desabrocha com esta manhã saudosa, que diz que o sol é despreocupado e cruel, mas incita que, se estamos grudados e sinto sua masculinidade roçar em mim, significa que não é só ele que queima lá em cima: ele quer que arda aqui embaixo também. Sinto aqui, na estradinha do meu prazer, que há algo vindo dele querendo se sobressair — ou quem sabe, de fato, sair. É que o corpo tem artimanhas, tem caprichos. E eu odeio quando isso acontece comigo. E, de repente, está a acontecer com o motivo do meu padecer: querido, quero dizer, seu amiguinho lá de baixo acordou pra se mostrar. E eu internamente rio com isso.

Ten é dócil, mas não é um cãozinho. Ele tem jeitos doces e amáveis de acordar, tenta até fugir do meu abraço, mas não para de coçar os olhos e até me deixa beijar teu pomo de adão. Se trata disso, né? Acordar com alguém que ama. Gostaria que fosse assim em todas as manhãs. Acho que eu seria mais feliz.

— Bom dia — afasto a franja grande dos seus olhos. Ele enlaça a perna direita à minha, fazendo-me sentir mais do que eu deveria sentir do que é que reside na sua virilha charmosa.

— Que calor do cacete — resmunga com a sua voz de sono, meio rouca. Eu gosto.

— É, eu sei — deixo minha mão cair em seu quadril, saboreando assim quão bom é ter seu corpo próximo ao meu e poder tocá-lo sem restrições.

Ele tem o corpo mais larguinho que o meu. O quadril é maior, a bundinha também e as perninhas não são tão finas como as minhas. E ele é mais bonito também, é melhor se comunicando, é mais inteligente e bem mais sucedido. Mas é pequenininho, só alguns centímetros. Por isso é fofo. E eu adoro tocar em qualquer parte do seu corpo, porque ele gosta e entrega-se de bandeja, garçom e tapete vermelho. E vermelho é a cor do seu rosto quando percebe a escorregada nada sutil que minha mão dá à sua viralidade.

— De manhã cedo, Taeyong? — sussurra, aproximando o quadril de mim, daquele jeitinho típico do tal body roll. Eu odeio tanto que amo.

Nossos corpos se encaixam perfeitamente, embora sejam diferentes. Gosto assim, gosto assim, confesso. Ele encosta o rosto em meu ombro, emite um som de reclamação assim que subo a mão até seu abdômen e faço um pouco de cócegas.

— Bem, a culpa não é minha se você acordou com tudo hoje — é o que respondo.

— Mas a culpa não é minha, você sabe. Não mude o contexto — me abraça e aproveita para deixar uma porção de beijos na minha mandíbula.

E mesmo que seja um dia, posso tê-lo aqui no conforto dos meus braços e sei que não há razão para fugir. Compreendo, reconheço, talvez tenha aceitado pelo fato de ser uma questão momentânea mesmo. Eu já disse, pois agora venho a repetir: ele é líquido, prefere as mudanças. Pergunto-me se sente o mesmo que eu, a vontade de tornar este dia um dos melhores das nossas vidas. E é por isso que estou a deslizar a mão outra vez.

— Safado — reclama, risonho, erguendo-se e sentando-se. Minha cama é pequena, então ficamos grudados o tempo inteiro. Mas seu cabelo está todo bagunçado, o rosto todo inchado, algumas regiões do corpo parcialmente chatas pelo grude ao meu. Ten está o caco mais lindo que vi na vida. — Que inferno de calor, né?

Ele fugiu bem descaradamente do meu contato, mas estou feliz demais para importa-me com isso. Caminha lentamente pelo quarto, sai deste, adentra o corredor curto, enfia-se no banheiro, abre a torneira, escova os dentes e volta com o short torto. Tudo isso muito bem escutado e visto por mim, pois sei exatamente qual parte da cama e qual ângulo devo ficar para ver o que se passa dentro do banheiro. E agora que ele chega e me vê na pontinha e inclinado para fora da cama, ele percebe que eu estava a espiar.

— Você é podre! — acerta-me com um golpe da toalha. — Você parece aquelas pestes de doze anos, sinceramente. Nunca acordou com o negócio duro não, Taeyong?

— Credo! Vai me bater por causa disso? Eu pensava que tu ia no banheiro pra... Você sabe — minha expressão maliciosa ao sentar na cama é um dos porquês de Ten me bater outra vez com a toalha azul.

— Taeyong, qual seu problema com a palavra "masturbação"? — ele cruza os braços e faz uma pose tão extravagante que é impossível não se apaixonar e rir ao mesmo tempo.

— Nenhum — me encolho todo, pronto para apanhar mais uma vez.

— Então reformule sua frase.

Isso está mesmo acontecendo? Eu nem sei o que está acontecendo.

— Credo! Vai me bater por conta disso? — repito.

— A outra — e então ele revira os olhos.

— Eu pensava que você ia pro banheiro pra...

— Sim...?

— Tá, boboca. Você ganhou. Eu tenho doze anos de idade e não consigo ter uma conversa de coisas de adulto com ninguém. Satisfeito? — cruzo os braços e as pernas. Ten sorri feliz da vida, claramente satisfeito.

— Mas eu quero ouvir você falar.

Ele está brincando muito com a minha cara, sinceramente...

— Pensei que tu ia ao banheiro para se masturbar — falo e desde já sinto vontade de sumir. Eu não gosto tanto de falar tão explicitamente assim, é um pouco vergonhoso. Sim, eu tenho doze anos. Nenhuma ofensa para quem tem doze anos.

— Respondendo à sua pergunta: não, não fui. Se eu quisesse me masturbar, você poderia fazer isso para mim, né? Já que ontem você estava morrendo de vontade.

— A culpa é culpa é minha se você se excita rapidamente?

— Por que minha excitação faria parte desta discussão mesmo? — ele avança sobre mim com a toalha, como se estivesse prestes a me enforcar. Tropeça nas minhas pernas longas e acaba por quase cair na cama, se não fosse eu puxando-lhe pelo quadril para cima de mim.

— Porque sim — respondo, quase puxando seu short. Ele está de frente para mim, com ambos joelhos o apoiando ao lado da parte externa das minhas coxas. Mas ainda sinto a toalha ao redor do meu pescoço; folgadas, porém está. Ele aperta um pouco mais e eu sorrio.

— Sabia que eu poderia te matar agora?

— Ah, nossa... Que assassino você — ironizo. — Se você não tirar a toalha do meu pescoço, eu desço seu short.

— E depois? — será isso um desafio?

— Tu senta no meu colo e o resto eu faço — nossa, estou muito podre hoje. E Ten reconhece isso, já que simplesmente solta a toalha e cai na cama morrendo de rir. Eu sou um garoto de doze anos que às vezes não tem vergonha na cara.

Enrolo teu corpo risonho ao meu, amando com tudo que tenho para amar. Acho engraçada sua risada de raiva, porque tua mão me acerta o corpo inúmeras vezes e são tapas tão amáveis que a única ardência que quero sentir por toda a vida é isto mesmo.

— Nossa, Taeyong, você fala muita merda! — e nada disso nos surpreende mais.

— É, eu sei. Mas você ri mesmo assim — teus olhos de um formato extremamente perfeito piscam de alegria e sou obrigado a acariciar as madeixas escuras deitadas no colchão. — Você é lindo.

— Você sempre diz isso — põe a mão sobre a minha, então sinto a textura macia.

— Porque é verdade — é que estou bobinho, enfeitiçado. E nesta magia toda que emana de mim, me faz segurar teu queixo e lhe deixar um beijo nos lábios.

Nos jogamos no calor do momento, na lareira da dor destes desejos ridículos que inflamam nossos corpos. Não sei se é o sol, a cama com os lençóis bagunçados ou sua língua com gosto de creme dental que me fazem querer muito mais. E eu acho que se a gente ficar um pouquinho aqui, só um pouco, na nossa intimidade, não tem problema nenhum. E assim que enfio meu joelho entre suas coxas, eu tenho certeza que podemos fazer desta manhã algo surreal.

O amor é uma bobagem. Não é só sobre dor ou sentir atração romântica por alguém. É uma bobagem sem sentido, pois perdemos nós de nós mesmos para alguém que, assim como nós, não faz sentido algum tampouco entende o porquê de fazer o mesmo. Mas, sinceramente, eu fatalmente amo o jeito costumamos passar juntos. É superficial, confesso. Mas as manhãs são doces e tê-lo rendido à mim é sinônimo de dádiva.

Conquanto, Jesus do céu! Somos interrompidos pelo despertador filho da puta que programei meses atrás. Ten se assusta, empurrar-me longe de ti e passa a olhar para o aparelho que não para de gritar "acorda, vagabundo, vai procurar emprego!" Se isso não é um pesadelo, gostaria de receber a informação de que a gravação do despertador sou eu gritando e chamando a mim mesmo de diversos impropérios? Porque é exatamente isso.

Chittaphon olha para a minha cara e ri. Totalmente vergonhoso, mas eu não fazia ideia que Ten estaria aqui para escutar a droga desse despertardor. Ele deve estar me achando um idiota agora.

— Você tem um despertador esquisito, Taeyong — senta-se na cama e estica as perninhas fofas.

— Não era pra você ter escutado essa porcaria — afinal, é comum acordar a si mesmo com a palavra "vagabundo"?

— Funciona, viu?

— É, eu sei — rio. Não obstante, o riso perde-se entre os raios solares assim que noto um fato um tanto importante neste momento. — Eu nem lembrava que ele estava em atividade. Eu nunca estou em casa para escutá-lo, já que é o horário que estou no restaurante. E isso que dizer que...

— Puta merda, estamos atrasados! — salta da cama e ambos corremos aos tropeços ao banheiro.

E agora somos dois namorados disputando quem toma banho primeiro, quem ensaboa quem, quem enxuga quem, quem é que é o culpado por não perceber que o sol estava intenso porque a manhã estava em seu ápice do ápice. Mas sabe qual o melhor disso tudo? Ten é meu namorado. Meu namorado.

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