Capítulo 20 - Risole de Abóbora
Ingredientes
Recheio
1 colher (sopa) de óleo
500g de carne seca dessalgada, cozida e desfiada (cozida na pressão por 40 minutos com 2 litros de água)
1⁄2 xícara (chá) de cebola picada (80g)
1 colher (café) de alho picado Salsa picadinha a gosto
Massa
2 colheres (sopa) de óleo
1 xícara (chá) de cebola picada (160g)
2 colheres (chá) de alho picado
1 Kg de abóbora cortada em cubos pequenos (cerca de 6 xícaras de chá)
1 litro de água do cozimento da carne seca
2 colheres (sopa) de margarina (30g)
3 xícaras (chá) de farinha de trigo (480g)
Montagem
Requeijão cremoso a gosto
3 ovos batidos para empanar
Farinha de rosca a gosto para empanar
Modo de preparo
Recheio
Em uma panela em fogo médio com 1 colher (sopa) de óleo refogue 500 g de carne seca dessalgada e desfiada, ½ xícara (chá) de cebola picada, 1 colher (café) de alho picado até dourar.
Retire do fogo, adicione salsa picadinha a gosto, misture e deixe esfriar.
Massa
Coloque em outra panela, em fogo médio, 2 colheres (sopa) de óleo, 1 xícara (chá) de cebola picada, 2 colheres (chá) de alho picado e refogue.
Adicione 1 kg de abóbora cortada em cubos pequenos, 1 litro de água do cozimento da carne seca e deixe cozinhar até reduzir toda a água (cerca de 30 minutos). Em seguida, misture bem até desmanchar a abóbora.
Acrescente 2 colheres (sopa) de margarina, 3 xícaras (chá) de farinha de trigo e misture bem, até soltar do fundo da panela.
Retire do fogo e deixe esfriar.
OBS: Se necessário acrescente sal a gosto.
Montagem
Depois de fria, abra a massa de abóbora (feita acima) entre 2 sacos plásticos.
Com um copo, corte discos de massa.
Sobre cada disco coloque uma porção de requeijão cremoso, uma porção de recheio de carne seca (reservado acima) e dobre no formato de meia lua apertando bem, formando o risole.
Em seguida, passe os risoles nos ovos batidos e na farinha de rosca.
Frite em óleo quente até dourar.
Retire e escorra em papel absorvente. Sirva em seguida.
~~
Mais um! Pápápá! Mais um! (respeitem meu surto! Kkkkkkkkkkkkkkkk!)
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Boa leitura!
Precisava saber mais. Estava na minha cama, com o Danilo ao meu lado, mas mesmo assim, morria de ciúmes apenas pelo fato dele ter convidado essa Renata para o casamento. Só de imaginar ele a buscando em casa, elogiando sua roupa, abrindo a porta para ela entrar no carro, já me fazia ter náuseas de tanta raiva.
- Danilo. - Chamei. Não me importava se ele estava cochilando ou não.
- Quer mais, gostosa? - Ele sorriu se espreguiçando.
- Não, quero saber o que aquela Renata é sua.
- É uma amiga, já te disse. - Respondeu me aninhando em seus braços.
- Amiga de onde?
- Do trabalho.
- Do trabalho? Quer dizer que você passa o dia inteiro com ela?
- Não passo o dia inteiro com ela, Mariana. Só trabalhamos na mesma empresa. E somos amigos, só amigos, e sempre seremos amigos.
- Quem garante? - Insisti, saindo da conchinha.
- Eu garanto. Vem cá, - ele me puxou de novo - estou aqui, com você, e é aqui que vou permanecer, nem que você diga para eu ir embora.
- Então por que você sumiu?
- Não sumi. Apenas te dei espaço. Sei que esse mês foi barra pesada, aniversário de morte do Léo, essa correria do casamento da Júlia, suas aulas, suas encomendas. Não foi fácil para você, e depois do falatório eu só não queria ser mais um problema.
- Você não é um problema. - Afirmei me aninhando nele, mas sem ter muita certeza do que estava dizendo.
Ficamos assim, juntos. Muitas coisas não ditas entre nós, mas que estavam lá, latentes, vibrando, esperando talvez, a serenidade suficiente para virem a tona.
Naquela madrugada tive um sonho muito vívido, primeiro a Nina aparecia de mãos dadas com o Danilo, chamando-o de pai, depois vi a senhora das cartas em Madri, aquela que dissera tantas coisas sobre a minha vida, e acordei com algo muito vivo na cabeça: "Essa criança vai te dar muitas alegrias. Ela vai te levar de volta para o lugar certo, mesmo que pareça errado".
Fiquei tentando lembrar de tudo que ela dissera, e percebi que jamais esqueci, como se tivesse guardado no meu cérebro, esperando a hora de usar:
"Dois homens. Dois amores. Muita dúvida, indecisão. Uma fuga, um retorno as origens. Você atravessou o mar, teve que ficar longe, só assim viveria em paz com o escolhido. Essa é uma fase de transição, que está próxima ao fim. O aprendizado dessa fase vai te acompanhar o resto da vida. Vejo uma criança também. Fase difícil depois do parto. Uma vida chega e uma se vai. Muita dor, muitas lágrimas. Mas mesmo assim essa criança vai te dar muitas alegrias. Ela vai te levar de volta para o lugar certo, mesmo que pareça errado".
Era muito louco, na época não dei bola, mas tudo aconteceu conforme o previsto, e, o que mais me impressionava agora, era a tal volta para o lugar certo, mesmo que parecesse errado. Esse lugar certo era o Danilo? Ou queria acreditar que era, porque assim desejava?
Quando o Danilo, acordou pedi para não irmos para casa da vó. Queria passar o dia grudada nele. Liguei na mãe, para ver se ela ficava com a Nina, se não pudesse, ia só buscar a minha filha e voltava para casa.
- Bom dia, mãe!
- Oi, filha.
- Cadê a Nina, já acordou?
- Já, tá ali correndo no jardim com o teu pai.
- Ela dormiu bem?
- Dormiu. Acordou as cinco da manhã, pediu leite e dormiu de novo. A Leila já foi embora. Que horas você vai para casa da sua avó?
- Não vou hoje. Tô cansada. Se a senhora quiser vou só pegar a Nina e volto para casa.
- Você que sabe. - Ela respondeu, e percebi que havia algo errado só pela voz dela.
- Que foi, mãe?
- Quando você vai criar juízo, Mariana?
Saí de perto do Danilo e desci as escadas, sentia que o chumbo ia engrossar.
- Mãe, não quero brigar. Seja direta, por favor.
- Minha filha, conheço você, sei que você está com o Danilo, de novo! Meu Deus, rezei tanto para esse rapaz sair da sua vida, pensei que casar com o Léo tinha resolvido tudo, mas agora vejo que não adiantou nada! Se soubesse que seria assim, preferia que você nunca tivesse voltado de Madri!
- Você preferia me ter longe, a me ver com o Danilo?
- Mil vezes! - Esbravejou.
- Qual o teu problema, mãe? Me diz um motivo plausível para eu não me envolver com o Danilo! Só um!
- Vocês são primos, Mariana!
- E daí? Não seremos nem os primeiros e nem os últimos primos a namorar! Isso não é justificativa. O Danilo é um homem bom, honesto, trabalhador, educado, amoroso, gentil, não só comigo e a Nina, mas com todo mundo. Ele é um ser humano fora de série, e eu quero ficar com ele.
- Minha filha, por favor, não faz isso com a sua mãe.
- Não fazer isso, o que? Ser feliz do lado do homem que eu amo? É isso, mãe? É isso que a senhora não quer que eu faça?
- Você não é feliz ao lado dele!
- Sou, mãe. Sou muito, muito feliz. Sou tão feliz que até sinto culpa. Tão feliz que tenho até medo de admitir. E nem você e nem ninguém vai me tirar essa felicidade. Então, se você for mesmo ficar contra mim e provocar uma briga dessas cada vez que nos falarmos, vou ser obrigada a me afastar de você. - Desliguei o telefone chorando, sem esperar uma resposta dela. Senti alguém me abraçar por trás e desabei nos braços do Danilo. Solucei um tempo até me acalmar.
- Você ouviu? - Choraminguei. Ele assentiu com a cabeça.
- Você estava gritando. - Ele se acomodou melhor e recomeçou - Escuta, Mari, não quero ser o motivo pelo qual você se desentende com a sua mãe...
- Danilo, você não está pensando em se afastar de mim, está? Nós prometemos que seríamos amigos e que nunca mais nos afastaríamos.
- Deixa eu falar, Mari. - Calei, temerosa - Sabemos que não somos só amigos. A gente pode nunca ter conversado sobre isso, mas você, tanto quanto eu, sabe exatamente o que está acontecendo. O que quero dizer, é: fico triste com essa situação, mas não vou abrir mão de você, nem pela sua mãe e nem por ninguém. Ou ela aceita, ou aceita. Não existe outra opção.
Aquelas palavras trouxeram um alívio imenso para minha alma. Eu não sabia o que pensar, mas meu coração dizia o que fazer. E obedeci.
- Também não vou abrir mão de você, Danilo, nunca mais. Passei a vida tentando agradar a minha mãe. Fiz odonto porque ela não aceitava uma filha cozinheira. Grande parcela das crises do nosso namoro tinha a ver com ela, com as coisas que ela dizia de você, com as chantagens. Precisei sair de casa pra ser feliz, pra ser livre, pra encontrar a profissão dos meus sonhos, e sou tão feliz com o que eu faço. Não quero virar as costas pra ela, porque, apesar de tudo isso, meus pais foram meu porto seguro quando perdi o Léo. Tudo que ela não fez por mim a vida toda, fez esses dois anos, e não suportaria ser ingrata, mas se for preciso me afastar dela para ficar com você, eu faço. Da minha vida, quem tem as rédeas sou eu, as coisas vão ser como eu quero. - Desabafei.
- E você me quer? - Indagou sorrindo.
- Quero. Muito. Agora é de verdade. E pra sempre!
- Pra sempre! - Danilo repetiu, e me abraçou forte, por um longo tempo, acalmando nossos corações, que definitivamente, agora estavam no lugar certo.
~~
Decidimos passar no apartamento do Danilo para que ele pudesse trocar de roupa e depois buscamos a Nina na casa da mamãe. Ele quis descer e conversar com ela, esclarecer tudo, mas preferi deixar para outro dia. Nem a gente sabia em que pé estavam as coisas, como iríamos explicar? Só sabíamos que estávamos juntos, e uma conversa geraria perguntas que talvez não tivéssemos respostas. Ainda não era a hora de enfrentar a dona Janaína.
Usei minha chave para abrir a porta e encontrei a Nina e o avô na sala, arrumados para irem a casa da vovó.
Falei com o pai e peguei minha filha no colo.
- Sua mãe está se arrumando, vai lá no quarto falar com ela?
- Vou não, pai. Hoje não.
- Decidiu ir na sua vó?
- Não, quero ficar em casa.
- Hoje vai ter churrasco. Seu tio Alfredo disse que vai passar a semana comemorando o casamento da Júlia. Até os noivos vão também, eles só viajam amanhã.
O tio Alfredo era o irmão mais velho da minha mãe, pai do Júnior e da Júlia.
- Não sei, pai, vou ver.
Ele me levou até a porta, e não exibiu nenhuma surpresa ao encontrar o Danilo dirigindo meu carro. Cumprimentou-o com o carinho de sempre, e percebeu a alegria que a Nina ficou quando viu meu primo e se jogou nos braços dele.
- Veja se dão uma passadinha na dona Zilda, filho. - Ele falou para o Danilo - Se vocês não forem, o Alfredo pode ficar sentido. Vocês sabem como essa família é chegada numa comilança. Prometo manter a Janaína na dela.
Danilo garantiu tentar, e realmente insistiu até me convencer. Fiz com ele me jurasse que seria rápido, e que não iríamos conversar com a mãe.
Ele cumpriu mais essa promessa, então almoçamos e fomos embora depois da sobremesa. Não ficamos distantes e nem grudados, se mais alguém percebeu que nós estávamos juntos, não se manifestou. E assim, nós três passamos o restante do dia entre filmes, brincadeiras e carinhos.
Na semana seguinte, fui à terapia. O aprofundamento nas minhas questões e nos meus sentimentos continuou. Tantas perguntas e tanto remexido nas minhas questões emocionais me renderam uma bela enxaqueca. Mas fui percebendo que, o que eu tinha, na verdade, era medo. Medo de admitir publicamente que voltara a amar o Danilo. Medo de que esse amor diminuísse a importância do Léo na minha vida. Medo de que as pessoas achassem que nunca amei o meu marido, mas sim o usei enquanto o Danilo estava indisponível para mim, e medo de eu mesma achar que fiz isso.
Na terapia, fui levada a relembrar tudo que sofri com a perda do Léo. Tudo que vivemos antes, e o que eu sentia ao lado dele. E aí percebi finalmente o óbvio:
Eu amei sim o meu marido, muito! E, de certa forma, ainda o amava, mas ele não estava mais aqui, e meu coração se abriu, ou melhor, reabriu para o amor pelo Danilo, que estava lá, latente, tão bem guardadinho que nem eu lembrava dele.
Perceber tudo isso, me aliviou bastante, e pude finalmente, respirar aliviada e responder de forma simples e rápida quando a terapeuta perguntou se eu já havia percebido.
- Amo o Danilo. - Falei em voz alta - Me sinto quase da mesma forma que da outra vez que namoramos, mas com uma diferença, dessa vez, não sinto que preciso do Danilo, entende? - A terapeuta pediu que falasse mais sobre aquilo, então continuei - Quando namorávamos, estava muito apaixonada, mas era um sentimento desesperado, cheio de temores, inseguranças. Acreditava em tudo que minha mãe insinuava, e achava que qualquer hora ele poderia me deixar. Tinha tanto medo de perdê-lo, que não demonstrava claramente o que eu sentia, pra que ele sempre tivesse que se esforçar por mim. Achava que isso ia mantê-lo do meu lado, porque pensava que não conseguiria viver sem ele. Então, mesmo sabendo que ele me amava, não tinha paz. Agora não, não sei se aquele amor voltou, ou se me apaixonei de novo pela mesma pessoa, só sei que quero estar com ele, mas sobreviveria se isso não fosse possível.
- E o que falta para você admitir isso para ele?
- Não sei o que ele sente.
- Tem certeza?
- Sim. Acho que ele me ama, mas certeza não tenho.
- Por que você não experimenta perguntar?
- Porque não sei o que fazer com a resposta. Queremos ficar junto, e por enquanto, isso é suficiente.
- Tem certeza que não sabe?
Essa pergunta finalizou a sessão daquele dia, e saí com o pensamento a mil. Outra vez.
Pensar em ter essa conversa com o Danilo estava me deixando uma pilha. Passei a ter dores de cabeça diárias, e até tentei desmarcar a sessão de sexta por causa disso, mas a terapeuta insistiu que eu fosse mesmo com dor.
O incomodo ficava cada vez pior, ela percebeu meu desconforto e disse que íamos tentar algo diferente naquela tarde. Ela então, diminuiu as luzes e pediu que eu reclinasse a poltrona. Colocou uma música instrumental baixinha e num tom de voz bem mais suave que o comum começou a falar umas coisas que iam me relaxando. Aos poucos, meu corpo foi ficando todo mole e pesado, e eu me sentia desligada do mundo e completamente relaxada. Ela pediu que visualizasse lugares que me deixassem confortáveis, e minha mente me levou para o castelo que visitei com o Léo, mas dessa vez, ele não estava vazio, pelo contrário, havia muita gente e muito movimento. Parecia que estava vendo um filme, e fiquei tão relaxada que tive que fazer muito esforço para descrever o que estava vendo, e a terapeuta foi pedindo que eu falasse tudo.
Comecei pelo lugar, as pessoas, o que faziam e o modo como estavam vestidas. Eu me senti num filme de época. Andava pelo castelo, fingindo despreocupação, mas por dentro estava nervosa. Não sei explicar como sabia qual era o sentimento, eu só sentia o nervosismo, como se vivesse aquela cena no presente. Não estava sozinha, tinha uma moça perto de mim, e reclamava com ela, para que ela fosse discreta, senão iam perceber.
Ela estava nervosa, preocupada se seríamos descobertas, mas eu tentava tranquilizá-la para ninguém perceber. A moça teimava, insistindo que minha mãe estava desconfiada, mas fingia não ouvir.
Havia guardas patrulhando a entrada, falei algo a eles e nossa passagem foi liberada.
Entramos no bosque em uma direção, mas depois que não éramos mais vistas seguimos para outro lado, para o que parecia uma cabana de caça abandonada. Não sabia como, mas tinha certeza que aquele lugar pertencia ao meu pai e que quase não era mais utilizado, pois ele estava acamado.
Quando chegamos, alguém já me esperava, eu sabia por causa da flor na porta, nosso código. Deixei minha dama de companhia de vigia do lado de fora e entrei, as janelas estavam fechadas, mas a pouca luminosidade que entrava pelas frestas me deixavam enxergá-lo. Sufoquei com a visão. Vi um homem, aliás, um rapaz, bem jovem, no máximo dezoito anos, ele tinha feições bem distintas, e não sei explicar o motivo, só tinha certeza que era o Danilo, mesmo sendo outro corpo e outro rosto. Nos abraçamos e nos beijamos muito. Conversamos bastante, fizemos planos e mais planos e nos amamos. Percebi que aquela era nossa uma rotina. Uma doce e perigosa rotina.
Voltamos para o castelo com toda inocência, e tinha que disfarçar minha felicidade. Meus pais, nobres, não permitiam um envolvimento com um rapaz da vila, mas nós nos amávamos e fazíamos planos de fugir com os ciganos. Passamos pela guarda e atravessamos o castelo sem nenhum problema. Entrei no meu quarto e minha dama foi providenciar meu banho. Dali a pouco seria a hora de descer para o jantar. Cantarolei pelo quarto até perceber a presença da minha mãe, estaquei com o que havia nas mãos dela, sabendo que todo meu segredo fora por água abaixo.
Minha mãe segurava uma espécie de esponja natural, que minha dama conseguira com a curandeira da vila para que eu não engravidasse. Nem sempre ela conseguia, então algumas vezes, eu corria o risco.
Minhas desculpas e mentiras foram infrutíferas. Minha mãe brigava o tempo todo, só não gritava, para ninguém mais descobrir o que estava acontecendo. Me acusava de traidora e leviana, e dizia que eu não respeitava meu pai e o nome da minha família.
Chamou minha dama e indicou o vestido que eu deveria usar, e anunciou que me comportasse bem naquele jantar, se não quisesse ver meu amante morto. Achava que ela não sabia de quem se tratava, mas ela fez questão de citar o nome dele e todas as informações que havia colhido sobre. Implorei que ela não fizesse nada contra ele, que matá-lo seria me matar também.
Naquela noite, fui obrigada a noivar com o homem que minha família escolheu para mim. Era um nobre, como eu, que devia tomar conta de tudo que era do meu pai, agora que ele estava quase no fim. Tive que escolher entre esse casamento e a vida do homem que amava, e me tornei prisioneira dentro da minha própria casa. Tinha guardas no meu encalço dia e noite. Minha mãe, com razão, temia que eu fugisse, e que isso, além de envergonhá-la, matasse papai mais cedo.
Não tive sequer como avisá-lo. Me doía o coração saber que ele devia me esperar naquela cabana nos dias marcados e eu não podia fazer nada. A notícia do casamento foi divulgada, e quase morri ao pensar na dor dele, sentindo-se trocado. Rapidamente a cerimônia ocorreu. Fiquei cabisbaixa e triste o tempo todo, e ainda ouvi o homem que se tornara meu marido me dizer que eu não precisava ficar tímida.
As lembranças acabaram aí. Pensei que fosse estar assustada, mas ao invés disso, senti que essas cenas poderiam ser uma explicação.
- Isso foi real? - Indaguei, parecia que tinha visto um filme sobre a minha vida.
- O que você acha?
- Não sei... Vi tantos detalhes, reconheci pessoas, mesmo em outros rostos, não sei o que pensar. Só sei que sinto que algumas coisas se explicam com isso. Será que foi tudo uma criação da minha mente?
- O que te pareceu?
- Não sei se consigo explicar, mas vi pessoas que conheço hoje, porém com outros rostos. O rapaz com quem me encontrava escondido, por exemplo, ele não tinha nenhum semelhança física com o Danilo, mas eu sei que era ele. O outro, com quem fui obrigada a casar, também não parecia com o Leonardo, mas era ele. E a mulher que eu chamava de mãe, era ruiva e forte, ao contrário da minha mãe, mas senti que as duas são a mesma pessoa. Já meu pai, naquela vida não apareceu, mas sabia que ele existia e que estava doente, como se tivesse acesso as lembranças, mesmo não vendo as imagens. Consegui explicar?
- Sim.
- Isso já aconteceu antes?
- Sim, chama-se regressão de memórias, ou de vidas passadas, como você preferir.
- Todo mundo que faz terapia passa por isso?
- Não, nem todas as pessoas. Tente escrever também essas lembranças, veja se elas te ajudam a entender os acontecimentos atuais. Se você tiver algum sonho com lembranças dessa, ou de outras vidas, quero que você anote e traga para discutirmos.
Aquela sessão acabou ali. Mas na sessão seguinte as lembranças continuaram com força total.
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