Capítulo 18 - Filé flambado no conhaque com pimentas
Capítulo referente à 19.09. Gente, ainda não tô bem e notebook funciona quando quer. Desculpa pelo atraso. Tô pensando seriamente em postar tudo de uma vez no final de semana com o notebook do maridinho porque DETESTO atrasar capítulo. Tudo bem pra vocês? Sem capítulo amanhã e todos no domingo? Me respondam nos comentários, tá? Boa leitura!
Ah, me digam o que estão achando dessa reviravolta?!
Ingredientes
5 Filés-mignon de 200 g cada
Azeite de oliva
Manteiga
Sal
Conhaque
1 ramo de manjerona
Pimenta verde
Creme de leite fresco
Pimenta-do-reino
Batata
Tomilho
Alecrim
Alho
150ml de mostarda
150g de creme de leite
300ml de vinagre
80ml de mel
Alface lisa
Alface-americana
500g de vagem americana
4ovos
150g de azeitona
Modo de preparo
Sele cada filé de filé-mignon por 3 minutos cada lado, mais 2 minutos as laterais.
Em seguida, aqueça uma frigideira com azeite, tempere com sal apenas o lados já selados da carne e flambe com conhaque.
Reserve a carne.
Na mesma frigideira, coloque um ramo de manjerona, pimenta-do-reino (já amassada com pilão ou triturada), adicione creme de leite fresco e deixe reduzir um pouco até ficar cremoso.
Cozinhe as batatas com casca na água com sal.
Ao retirar da água, corte no formato que desejar.
Aqueça uma frigideira com azeite, jogue as batatas nela, acrescente alho, tomilho, alecrim e corrija com sal se preciso.
Para a salada: Pique as folhas de alface-americana e lisa, corte as azeitonas em meia lua.
Reserve.
Cozinhe os ovos e corte-os em meia lua também.
Cozinhe a vagem americana.
Ao retirar da água quente, passe na água fria para esfriar.
Pique as vagens em três.
Para o molho de mostarda com mel, misture o creme de leite fresco, com mel, vinagre e mostarda.
Monte a salada e jogue o molho por cima.
~
Desci primeiro, tentando disfarçar meu sorriso, por causa da rápida e intensa prévia que eu tive com o Danilo. Uns cinco minutos depois, ele apareceu como se nada tivesse acontecido, com uma cerveja na mão.
Já estava tarde, e a maioria de nós meio alegrinho, então ninguém pareceu perceber. A esposa do Alfredo o arrastou para casa, e a partir daí os outros foram debandando. A Virna foi a penúltima a sair, com exceção do Danilo, que inventou que ia me ajudar com as louças antes de ir embora, com a desculpa que de dar um tempo para o álcool sair do sangue.
Segurei a gargalhada. Logicamente sabia que o motivo era completamente diferente. Foi só trancar a porta da frente para recomeçarmos. A louça ficou suja na pia, exatamente onde estava. Não sei se foram as cervejas, ou a nossa libido, mas aquela vez foi ainda mais intensa. Ficamos pela sala mesmo, porque nenhum dos dois conseguia parar e subir até o quarto, e foi maravilhoso.
Estávamos no chão, um de frente paa o outro, o Danilo encostado no sofá e eu com as pernas por cima das dele, a cabeça encostada no peito dele, tentando normalizar a respiração.
– Dan? – Consegui perguntar, mesmo ofegante.
– Hum? – Ouvi-o resmungar.
– Você prefere o sexo entre a gente como foi agora, ou gostava mais quando namorávamos?
– Para que essa pergunta?
– Ah, fiquei curiosa.
– Gostava naquela época. – Sorriu e deitou a cabeça no sofá de olhos fechados – Muito! Mas prefiro agora, não é que seja melhor, não sei, é diferente.
– Diferente como?
– Não sei explicar. Tenho a sensação de que a gente é mais livre. Somos adultos, temos as nossas vidas, não precisamos temer aquele papo chato que viviam tendo com a gente sobre sexo seguro. E você está bem mais solta.
– Você acha?
– Com certeza.
– Isso é bom?
– Definitivamente. – Ele sorriu com o canto da boca e eu o beijei.Por um longo tempo.
Eu amava o beijo do Danilo, disso tinha certeza. Beijei muitos caras depois que terminamos, mas nenhum beijo era tão bom quanto o dele. Gostava do beijo do Léo, mas agora que havia provado o beijo do Danilo de novo, percebi que para mim, esse beijo era o perfeito.
– Amo o teu beijo. Nunca conheci um beijo que eu gostasse mais. – Confessei, ainda embriagada pela cerveja e por prazer. Ele me olhou nos olhos e não disse nada, mas parecia bem surpreso – Sua vez de dizer algo! – Reclamei do silêncio.
– Dizer o que?
– Quando alguém diz que ama algo em você, você deve retribuir. Ou pelo menos agradecer.
– Você quer que eu diga o que eu amo em você?
– Quero.
– Tem certeza? – Mordi os lábios e confirmei, ansiosa – Tenho que escolher uma coisa só? – Ele me fez relaxar e gargalhar.
– Bobão!
– Juro que não estou te imitando, mas seu beijo também é imbatível. – Falou já me puxando para mais um, e enquanto se deliciava com meus lábios e língua, falava ainda mais. – Tua boca é muito, muito gostosa. E o jeito que você beija, é impossível não desejar mais depois.
Sorri embevecida.
– E você beijou muitas bocas?
– Não muitas.
– Deixa de mentira, Danilo.
– Não estou mentindo. Sou um cara quieto, Mari. Não sou de dar em cima de ninguém, e na maioria das vezes nem percebo que alguém está a fim de mim.
– Um cara lindo como você, educado, gentil, independente, gostoso e bom de cama? Deve ter um harém se jogando nos teus pés.
– Sou tudo isso? – Perguntou sorrindo. Confirmei com a cabeça – Podiam ter uma mulher ou mil atrás de mim. Se não gostar de verdade, nem enxergo.
– Eu sei. – Deitei a cabeça de novo no peito dele.
– E você? Beijou muitas bocas depois que termminamos?
– Muuuuuitas! – Confessei. – Fiquei com tantos caras em Fortaleza que perdi as contas?
– Sério, Mari? – O cenho dele mudou, e vi o Danilo ficar sério em segundos.
– Sério, ué? Qual o problema? Estava solteira, desimpedida, e louca de vontade de te esquecer.
– Putz, essa doeu.
– Ah, Danilo. Tudo aquilo já passou. Não vai se incomodar com o passado, né?
– É inevitável. Não é bom saber que fui tão ruim pra você, a ponto de você precisar ficar com mil caras pra me superar.
– Deixa de exagero, não chegou a mil. – Provoquei. – E também houve coisas boas no nosso namoro, também não foi só tragédia, e nem a culpa do fim foi toda sua.
– Certo, senhora literaridade. Não preciso saber o número exato. Mas não deixa de ser desconfortável. Não queria te fazer sofrer.
– Mas fez. E já passou. Da mesma forma que eu sei que você também sofreu por mim. E passou, não foi?
Ele me olhou em silêncio, e fiquei um pouco tensa. E se o Danilo não tivesse me superado? E se ainda existisse algum sentimento ali? Estava agindo certo? Aplacando a minha carência com alguém que pode vir a sofrer? Insiti, precisava da resposta.
– Danilo?
– Você casou com outra pessoa, Mariana. Não foi fácil. – Ele me acusou.
"Eu teria casado contigo, se você não tivesse escolhido a Gisele ao invés de mim". Essas palavras surgiram na minha boca, mas não me permiti dizê-las em voz alta, até porque, não era isso que eu pensava. Ou era? Teria casado com o Danilo se ele não tivesse me trocado pela Gisele? Se o Léo não tivesse aparecido? Perguntas sem respostas.
– A gente já tinha terminado há anos. E você estava com a Gisele. – Dei a resposta certa.
– Mas era de você que eu gostava. E quando você casou, eu estava solteiro.
– Ah, Danilo, me economiza. Sério que você quer que eu acredite nisso? Posso ter sido besta um dia, mas hoje não sou mais.
– Você não é obrigada a acreditar, mas é a verdade. Era você que eu amava, mas os altos e baixos do nosso relacionamento não me faziam bem.
– E por que tu não tá com a Gisele até hoje? Já que era ela que te fazia tão feliz? Não vem me culpar pelas tuas escolhas, não. Não sei nem porque estamos discutindo isso. – Falei me afastando e começando a vestir as minhas roupas. A conversa estava indo pra um rumo que eu não esperava. Ter uma DR com o Danilo sobre o nosso namoro falido não estava nos meus planos.
– Calma, Mari, não tô te culpando. – Ele também levantou, vestiu a calça e sentou no sofá, me puxando pra perto. Você perguntou se eu tinha superado você, e estou tentando explicar que foi difícil. Acho que no fundo, tinha esperança que um dia daria certo. Que o tempo se encarregaria de, sei lá, ajustar as coisas.
– O tempo não resolve os problemas. Maturidade resolve. Nós não éramos maduros naquela época, e tudo bem, é normal. Estávamos saindo da adolescência, Danilo, começando a juventude. É natural que não tenha dado certo.
– Mas você não tinha nenhuma esperança que um dia pudesse dar?
– Nos primeiros meses depois do fim, tinha. Imaginava que você tinha ficado com a Gisele pra se vingar, pra me machucar de propósito por causa dos meus vacilos. E que ia mudar de ideia a qualquer momento e pedir perdão. Por um tempo acreditei que fosse ficar tudo bem. Mas depois veio a raiva, a tristeza, e por último a aceitação. E nessa fase, já não restava esperança. Eu só queria esquecer que um dia você existiu.
– Por isso tu ficava tão distante toda vez que vinha pra casa da vó? E quase sempre sumia nos finais de semana que eu ia passar em Fortaleza?
– Sim. A distância me fez bem. Eu consegui recuperar minha autoestima que ficou em frangalhos no fim. Com o tempo, viver sem você ficou fácil. Até que deixou de doer.
– Até que o Leonardo apareceu... – Ele ligou os pontos.
– Até que o Leonardo apareceu. – Confirmei. E aquilo me doeu. O que eu estava fazendo? Como ousava estar dormindo com o meu ex-namorado? – Danilo, acho que não quero mais conversar sobre isso.
Ele suspirou, apertando os lábios, mas não tentou continuar o assunto. Deu um beijo na minha cabeça, juntou as coisas, e foi embora.
Eu?
Voltei pra cozinha e virei alguns shots de tequila asté ser derrubada pelo sono. Precisava anestesiar a minha dor e os meus pensamentos.
...
No domingo, decidi não almoçar na casa da vovó. Preferi não ver o Danilo. Na verdade, não queria ver ninguém.
Além de tudo, uma enorme ressaca e dor de cabeça se apossou de mim, e passei a manhã em casa com a minha filha.
A tarde, a Virna me ligou, querendo conversar. Expliquei que estava morrendo de ressaca, sem nenhum ânimo para sair. Ela disse que estava saindo da casa da vó, e que chegaria em vinta minutos.
Acho que nem chegou a tudo isso, porque mal disse oi, e me pegou de surpresa com o motivo da visita.
– Você e o Danilo voltaram?
– Oi?
– Não finge demência, Mariana! Vocês enganam outros, não a mim.
– Que loucura é essa, Virna?
– Loucura? Loucura é você querer que eu não tenha percebido o jeito que vocês se olham. Loucura é você achar que ninguém percebeu que ele não consegue te perder de vista. Foi só você sair de onde a gente estava ontem, que ele ficou inquieto até a hora que finalmente saiu atrás de ti. Aí depois vocês demoram uns quinze minutos para reaparecer, um e depois o outro, o sorriso de orelha a orelha. Olha nos meus olhos e me diz se eu to ficando louca, Mari?
Eu vi que não daria para mentir. Mas não sei se ela acreditaria na verdade. Tentei pensar no que dizer, mas não saia nada.
– Prima, – ela respirou, buscando falar de outra forma – vocês não estão fazendo nada de errado! Não há motivo para esconder. Sempre foi muito óbvio para todo mundo que vocês se amavam e que um dia iam ficar juntos. Era uma questão de tempo.
Quando a Virna começou a falar de amor as coisas mudaram de figura e as palavras pularam da minha boca:
– Opa, opa. Calma lá, Virna. Tá sim rolando um lance com o Danilo, – confessei – mas não tem nada a ver com amor. A gente se gosta, se curte, mas é só isso.
Ela me olhou por um tempo, até confirmar que eu estava dizendo realmente isso.
– Vocês não estão enganando os outros, Mariana. Estão enganando a si mesmos.
– Não tem ninguém se enganando.
– Então você não sente nada pelo Danilo?
– Sinto, mas não isso que você está pensando.
– E ele sabe disso?
– Sabe.
– Pois então o Danilo gosta mesmo é de sofrer.
– Por que você está falando isso?
– Por quê? Porque vi como ele ficou quando você casou e foi embora. E vou te dizer uma coisa, não desejo aquele sofrimento nem para o meu maior inimigo. Espero muito que ele saiba o que está fazendo, ou então, ele te ama tanto, que está pouco se lixando para o que pode acontecer.
Perguntei mais sobre isso, mas a Virna não me respondeu. Minha prima foi embora, mas fiquei com aquilo na cabeça.
Vi como o Danilo reagiu quando entreguei meu convite de casamento, mas sempre disse a mim mesma que aquilo era só apego, e não amor. Mas refletindo sobre a conversa de ontem, reparei que em nenhum momento ele afirmou que havia me superado.
E tudo ficava ainda mais erolado na minha cabeça.
Naquela semana, levei esse assunto para terapia, e pela primeira vez, falei sobre o Danilo, sobre o que estava acontecendo com a gente, e sobre tudo que já havia acontecido antes.
Minha prima foi embora, mas fiquei com aquilo na cabeça.
– Você já parou para pensar que nessa relação alguém pode sair machucado? – A terapeuta indagou.
– Não. Pelo menos não até que a minha outra prima tocasse nesse assunto. Mas é só sexo, o Danilo sabe disso.
– E por que tem que ser só sexo? Por que não pode ser mais que isso, Mariana?
– Porque não. Já namoramos antes, e não deu certo.
– Pelo que você falou o namoro entrou em crise e vocês terminaram, mas não foi o sentimento que acabou. Vocês eram muito novos, imaturos. Hoje tudo é diferente. Será que você não está com medo de admitir os seus sentimentos?
Ouvir isso de outra pessoa me fazia pensar. E pensei os minutos restantes da sessão, mas não soube o que dizer.
Só que esse assunto não saiu mais da minha cabeça. O Danilo continuava próximo, mas não havíamos mais transado. Nenhum dos dois tomou a iniciativa, e achei melhor assim.
Estava organizando o aniversário de dois anos da Nina com a mãe, a Clarice e a Júlia, e com as aulas e encomendas, não tinha muito tempo livre. Conversávamos por mensagem a noite, algumas vezes, antes de dormir, e só. Sempre assuntos leves, nada mais sobre nossa relação ou sobre o passado.
Aproveitei para mobiliar o quarto de hóspedes, já que ia receber a família do Leonardo. Os pais dele ficariam na minha casa, a Cláudia e o Vitor na casa da vovó, e o irmão do Léo, a esposa e os filhos na casa da mamãe.
O aniversário seria no sábado a tarde, mas a família do Léo chegou na quinta, eles queriam aproveitar o tempo com a Nina.
Não era a primeira vez que nos encontrávamos depois do acidente. De vez em quando os pais do Léo, ou a Cláudia e o Vítor vinham passar um final de semana em Teresina, mas era a primeira vez que vinham todos na mesma época. Antes, unidos por uma fatalidade, e agora, para comemorar nossa lembrança viva do Léo. A mãe dele chorou muito quando reviu a neta, era de praxe. A gente sempre se falava por mensagem, já que evitava as ligações dela porque me deixavam triste, e mandava fotos e vídeos quase diariamente, mas a emoção tomou conta, eu entendia bem, sentia isso quase todos os dias ao olhar para minha filha e reconhecer nela os traços do pai.
Tentei deixar a Nina bem a vontade com a família do pai, no começo ela ficou um pouco retraída, porque não era acostumada a conviver com nenhum deles, mas depois se soltou. No sábado já estava um grude com os avós, o que era maravilhoso.
O tema do aniversário era "O jardim encantado da Nina", montei mesas do lado de fora, e tudo imitava um jardim. As toalhas das mesas pareciam grama e havia vasos com flores em cada uma delas. Um arco de balões formando flores na entrada, com a faixa com o tema. Não contratei garçons, fiz uma mesa de docinhos com o bolo no meio e outra com os salgados, para as pessoas se servirem. Os docinhos também lembravam flores, e o bolo tinha formato de joaninha. Na outra mesa havia tortas salgadas, pão recheado, pão com patê, e alguns cremes, como creme de espinafre, camarão e ricota. Complementei a decoração com pelúcias de animais de jardim, como lagartas e borboletas, joaninhas e passarinhos e fadinhas, claro.
Apesar da comoção da família do Léo, foi tudo muito lindo, como a minha filhota merecia. Além da família, convidei as minhas amigas que já eram mães, e as crianças e tias da creche. Acostumada com muita gente ao redor desde o tempo que ficamos na casa da minha mãe, a Nina não estranhou em nada a movimentação, e passeou em todos os colos, e entre as pernas também, porque em alguns momentos ela só queria correr, e tirou fotos com todo mundo.
Ela passou um tempão perto do Danilo, eles se davam muito bem, e reparei que era prazeroso para ele estar com a Nina. Foi impossível não pensar que ele seria um bom pai para ela.
Ele me ajudou bastante durante a festa toda, levando bebidas do freezer para o jardim e no final auxiliando o meu pai a guardar as mesas e cadeiras que havia alugado.
Todos estavam exaustos e não demoramos a dormir. Mas na manhã seguinte, minha sogra bateu no meu quarto e perguntou se poderíamos conversar. Respondi prontamente que sim e ela enrolou muito até chegar ao objetivo, que era dizer que reparou na minha "intimidade" com meu primo. Falou que viu o quanto a Nina era apegada a ele e que talvez fosse cedo demais para substituir o pai dela, entre outras coisas menos agradáveis.
– Dona Leda, com todo respeito, mas acho que não deveríamos ter essa conversa. Primeiro que a minha intimidade com minha família não diz respeito a ninguém, segundo que, nunca, ninguém vai substituir o Leonardo nas nossas vidas. A Nina provavelmente não vai se lembrar do pai, mas ela escuta sobre ele todos os dias, vê as fotos, e vai sempre ter acesso a mais, todas as vezes que quiser.
– Mariana, querida, é óbvio que essa intimidade com o seu primo vai além do que é considerado familiar. É muito suspeita essa sua relação com o homem que estava com o Léo no dia do acidente e que milagrosamente foi o único a sobreviver.
– O que a senhora está insinuando?
– Não estou insinuando nada, mas isso obviamente me faz pensar.
– Dona Leda, o acidente foi investigado e nós sabemos o que aconteceu. Esse homem que a senhora está acusando, se arrastou na estrada, todo quebrado, para tentar salvar o seu filho. – Ela ficou visivelmente surpresa – Sei que perder o Leonardo não foi fácil, e que é impossível superar. Passei muito tempo na lama, por causa da minha dor, e estou me recuperando, com ajuda, inclusive, do Danilo, que apesar de não ter culpa nenhuma, não poupou esforços por mim e pela Nina. Respeito a sua dor, mas não admito que a senhora faça esse tipo de acusação dentro da minha casa, muito menos que envolva do Danilo nisso.
– Você vai negar que tem alguma coisa com esse homem?
– Não vou negar, e nem confirmar. Isso não diz respeito a ninguém. E se um dia eu decidir que a Nina terá um padrasto, a senhora será informada, e só informada, mas pode ficar tranquila, ninguém que não ame a minha filha como um pai não merecerá esse lugar.
A conversa terminou aí e dei graças a Deus pelo voo deles ser no domingo. A Cláudia foi ao aeroporto despedir-se também, e percebeu a mudança no meu comportamento com a mãe dela, me ligando assim que chegou em Fortaleza.
– A mãe foi te encher, não foi? – Indagou e apenas respirei fundo – Pedi tanto para ela não se meter.
– Pois ela não te ouviu. – Admiti.
– Mariana, posso te pedir para relevar? A mãe acha que você está substituindo o Léo, e isso é difícil para ela.
– Não estou substituindo teu irmão, Cláudia, isso é impossível. Ninguém é substituível, mas a vida segue, não posso chorar o resto dos meus dias.
– Eu sei, entendo, e ela também vai entender com o tempo. Só não se afasta dela, pela Nina.
– Não vou me afastar, mas não vou permitir que ela se meta na minha vida.
A Cláudia me entendia, e prometeu tentar fazer a mãe dela perceber os absurdos que havia me dito.
Ja eu, continuava levando esse assunto para terapia e cada vez tinha mais dúvidas. Tentei me afastar do Danilo, e ele percebeu, e apareceu de repente lá em casa, me perguntando o motivo da mudança.
– As pessoas já estão comentando, Dan. – E falei o que havia acontecido, a desconfiança da minha mãe, a percepção da Virna e da mãe do Léo, só não falei nada sobre as acusações.
– E você quer que a gente se afaste? – Indagou triste.
– Não. – Me imaginar longe do Danilo me machucava – Mas quero que as pessoas parem de falar.
– A gente dá bandeira assim?
– Dá. – Gargalhamos.
– E se a gente assumir de vez? – Questionou.
– Assumir para todo mundo que transamos? – Retruquei.
– Não, senhora literalidade. A gente pode namorar.
– Ta falando sério?
– Tô.
– Minha mãe infarta! – Levei na brincadeira. Ele riu e mudou de assunto. Minha cabeça pilhou de vez. Será se o Danilo gostava realmente de mim? E eu? Gostava dele? A ponto de tentarmos de novo? Estava tudo muito bagunçado, precisava da minha terapia, mas precisava ainda mais do Danilo. Precisava tê-lo na minha cama desligando o meu cérebro e me fazendo esquecer de tudo aquilo.
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