Capítulo 15 - Panqueca Americana
07 de setembro! Capítulo de feriado!
Beijos e bom apetite!
Ingredientes:
1 e 1/4 xícara (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de açúcar
3 colheres (chá) de fermento em pó
2 ovos levemente batidos
1 xícara (chá) de leite
2 colheres (sopa) de manteiga derretida
pitada de sal
óleo
Modo de preparo
Misture em um recipiente: a farinha, o açúcar, o fermento e o sal. Em outro recipiente, misture os ovos, o leite e a manteiga. Acrescente os líquidos aos secos, sem misturar em excesso. O ponto da massa não deve ser muito líquido, deve escorrer lentamente.
Aqueça e unte a frigideira com óleo, coloque a massa no centro, cerca de 1/4 xícara por panqueca. Vire a massa para assar do outro lado e está pronto!
~~~
O sábado chegou rápido e eu estava muito bem disposta. Naquela manhã, depois de despachar as encomendas do final de semana e preparar a sobremesa do jantar, eu e Nina fomos almoçar nos meus pais. Após o cochilinho deles pós-almoço sentei com o pai pra fazermos os balancetes da empresa.
Estava contente por dois motivos, o primeiro: ver os bons resultados ali, enxergar nos números que meu trabalho estava dando certo, e o segundo: poder fazer aquilo com minha família. O pai era contador, e estava me ajudando bastante com essa parte das contas que não me agradava muito, e eu percebia a felicidade dele e da mãe em ver que eu estava conseguindo caminhar depois de todo aquele sofrimento.
Quando terminamos de organizar as contas, encontramos a mãe na varanda com uma amiga que vendia roupas a domicílio. Ela me obrigou a ver todas as peças, mesmo dizendo que não estava querendo comprar nada, mas ela insistia dizendo que eu havia emagrecido muito e que minhas roupas pareciam sacolas. Escolhi algumas e levei pro meu quarto (sim, continuava tendo um quarto lá), e quando as vesti e me olhei no espelho, reparei a diferença que fazia uma roupa ajustada no corpo. Eu parecia outra pessoa, com uns bons anos a menos, diga-se de passagem. Acabei ficando com todas as roupas que couberam em mim, mais de doze peças, e só não fiquei com mais, porque a maioria ficou folgada. A mãe queria me dar todas de presente, mas não aceitei, tentei fazê-la escolher apenas uma pra me presentear, mas não seria minha mãe se ela concordasse comigo, então, ganhei dois vestidos, um short e uma blusa, e comprei o restante.
Saindo de lá, passei numa lojinha de calçados no caminho de casa e comprei uma sandália rasteirinha, que combinasse com o clima da minha cidade, já que na Espanha eu não tinha calçados tão leves. Me encantei também com uma sandália amarela de salto, mas não levei, afinal não tinha onde usar.
Descansei um pouco com a Nina e depois a deixei com a babá pra que eu pudesse começar a preparar o jantar. Separei e temperei os ingredientes e fiz primeiro os molhos. Havia decidido promover uma experiência gastronômica completa pro Danilo, então ele literalmente participaria do processo de preparação dos pratos, apenas observando, claro. Assim, poderia servir tudo fresquinho e feito na hora. Depois de deixar o que podia pré-pronto, fui tomar o meu banho e me vestir. Escolhi um dos vestidos novos: simples, confortável, bonito, mas não apelativo. Ele era azul com detalhes bege, de alcinhas, que se ajustava no corpo sem marcar, e fazia com que me olhasse no espelho e me sentisse feminina de novo. Calcei minha rasteirinha nova e sequei os cabelos, o que levou mais tempo do que previa, já que eles estavam grandes demais. Não tinha mais maquiagem, acabei jogando fora quando me mudei da casa da mãe, pois já estava há tempo demais aberta e sem uso, então coloquei apenas hidratante no rosto, e nada de perfume, porque ia cozinhar. Quando desci, o Danilo já estava no chão, brincando com a Nina sob a supervisão e risos da Leila.
A rasteira emborrachada não fez barulho enquanto eu descia a escada, então ninguém reparou que parei no meio do caminho e fiquei observando aquela cena. Era meio surreal ver o Danilo tão à vontade com um bebê, principalmente esse bebê sendo a minha filha. Ele passava o pé da Nina na barba e ela gargalhava por causa das cócegas. Era algo muito bonito de se ver, e por um lado triste, porque ela nunca viveria isso com o pai. Balancei a cabeça e tirei esse pensamento da minha mente, não queria mais pensar no que eu e ela perdemos, e sim no nosso futuro, e principalmente no presente.
Quando recomecei a descer, a Nina me viu e correu na minha direção balbuciando seu mã-mã. Eu a peguei no colo, abraçando aquele corpinho que me dedicava tanto amor, mesmo eu tendo sido uma péssima mãe nos seus primeiros meses, e sentindo seu cheirinho de bebê.
Quando direcionei minha atenção pro Danilo, vi algo diferente nos olhos dele, que a princípio, não soube identificar. Ele permanecia no chão, meio inclinado, apoiado em um dos braços, de camiseta e calça jeans, pés descalços (já que a regra da minha casa era deixar os sapatos na porta), e levemente boquiaberto. Eu estava assustadoramente magra? Quis perguntar, mas achei que ele não seria sincero com a resposta, então deixei pra lá.
– Oi, Danilo! Desculpa pelo atraso. – Pedi, me aproximando, só aí ele levantou.
– Não há o que desculpar, essa princesa me recebeu muito bem! – ele tocou a bochecha da Nina e ela sorriu, depois me deu um beijo na bochecha – Posso dizer, com todo respeito, que você está linda?
– Hoje não é primeiro de abril, Danilo. – Brinquei. Ele segurou meu braço e me olhou nos olhos, como quem quer que eu realmente acredite naquilo.
– Você sabe que eu não precisaria inventar isso. Você está muito bonita, dá pra deixar de ser turrona e aceitar o meu elogio?
O sorriso no rosto dele e o tom de brincadeira me desarmaram.
– Se você insiste! – falei e me inclinei um pouco, segurando a ponta do vestido, como naqueles filmes de época, fazendo-o revirar os olhos.
– Trouxe um vinho, não sei se vai ser do seu gosto ou se vai combinar com o que você preparou, mas decidi arriscar.
A Leila avisou que havia colocado o vinho na geladeira e eu pedi que ela distraísse a Nina enquanto eu preparava o jantar. Minha filha relutou um pouco pra sair do meu colo, mas quando a Leila foi na direção da porta da frente dizendo que ia passear, a minha cria logo se esticou querendo ir pro chão e correu atrás dela.
– Será se gosta da rua? – brinquei e convidei o Danilo pra minha cozinha – Vou logo avisando, você vai ter que me fazer companhia.
– Contanto que você não me obrigue a por a mão na massa. Não me orgulho em dizer isso, mas sou uma negação pilotando um fogão, é por isso que não tenho um. No máximo posso lavar a louça.
– Como assim? Você não tem um fogão? A sério?
– Claro! Pra que gastar dinheiro com o que não se usa?
– Te conheci sabendo fazer pelo menos tapioca com ovo, Danilo!
– Mas isso hoje não é nada prático para mim. Tomo café na padaria, almoço no trabalho e janto na rua. Mais rápido e não suja as louças.
– Tô chocada com essa informação. Essa é a minha cozinha – apresentei – e você pode sentar ali e abrir o vinho – afirmei apontando o balcão e tirando a garrafa da geladeira.
– Onde encontro o abridor? – indagou.
– Terceira gaveta de cima pra baixo.
– Tudo que eu perguntar a localização você vai saber dizer assim, automaticamente, sem olhar?
– Se for na cozinha, sim. – Respondi achando graça da surpresa dele. – Aqui é meu mundo.
– Dá pra perceber.
– É? Como?
– Seus olhos.
– O que tem meus olhos?
– Eles brilharam quando você apresentou sua cozinha.
– É... No fim das contas é sempre a gastronomia que me tira do fundo do poço. – admiti.
– Sempre? – acho que ele quis saber sobre as outras vezes que fiquei triste, mas era um assunto que não estava disposta a tocar – Sempre, afinal preciso ganhar dinheiro pra pagar essa cozinha linda! Mas dessa vez tive um grande empurrão da terapia.
– Não sabia que você estava fazendo terapia.
– Tô. Já tem uns meses. Mas não comento com ninguém.
– Por quê? Tem vergonha?
– Não. Acho que é uma forma de evitar perguntas que não quero responder. Tipo: "Sobre o que vocês falam? O que a terapeuta acha de você morar sozinha com a Nina"? Entre outras coisas. O que eu digo lá, quero que fique lá. É um momento só meu, tem me feito bem.
– Sendo assim, vou mudar de assunto. Você fez um bom trabalho nesse espaço. – Elogiou analisando a decoração – Aliás, lá fora também.
– Obrigada! As salas não estão ainda como eu gostaria, – expliquei enquanto prendia os cabelos e colocava o avental transparente – mas elas não são a minha prioridade. Aos poucos estou decorando a casa, acho que em mais um ano consigo terminar.
– Pelos detalhes a prioridade era a cozinha. – Arriscou.
– Também. Priorizei a cozinha, claro, por causa do meu trabalho, mas o principal mesmo foi o quarto da Nina. Na Espanha não fiz o quartinho dela porque não iríamos demorar, na casa da mãe também não, porque sabia que seria temporário, acabamos passando muito mais tempo do que o previsto, mas enfim, uma hora ou outra iríamos embora. Só aqui pude me dedicar a preparar um espaço lindo pra ela. Mais tarde te mostro lá em cima.
– O vinho está aberto. – Avisou e coloquei duas taças no balcão. Ele serviu e brindou – Ao seu novo lar!
– Ao meu novo lar! – respondi sorrindo, contente por ele ter brindado à minha casa, coisa que nunca tinha feito – E ao meu primo querido que possibilitou esse sonho! – completei, deixando-o visivelmente tímido – Nem fique sem graça assim, Danilo! Te convidei pra comer aqui porque queria te agradecer. Não sou boa com as palavras, mas modéstia a parte, sou boa na cozinha. Com sua habilidade você criou esse lugar lindo, que hoje posso chamar de casa, só poderia retribuir com o meu talento, e esperar que você goste.
– Posso dizer que não sei o que falar? – Se possível ele estava ainda mais tímido e com as bochechas coradas.
– Você fica fofo com essa carinha envergonhada!
– Fofo? – Ele colocou as mãos na cintura querendo aparentar zanga – Um homem másculo, forte, lindo, gostoso e inteligente como eu, e você me chama de fofo?? Que decepção!!
– E modesto, né? – Pisquei brincando. Ele apenas sorria e me olhava, e percebi que já tinha passado da hora de montar a entrada.
Enquanto preparava as taças comentei que o vinho era delicioso.
– Acho que é a primeira vez que eu bebo em muito tempo, – confessei – a última vez que coloquei álcool na boca foi antes de engravidar.
– Mentirosa.
– Como é?
– Você tomou uma caipisakê quando jantamos no sushi.
– Verdade! – gargalhei – Eu não lembrava, acredita?
– To vendo... Lembra pelo menos que jantou comigo?
– Lembro sim, mas isso já tem mais de seis meses! Inclusive lembro que amei aquele sushi, você precisa me ensinar onde fica.
– Vou te levar lá de novo. – Ele prometeu.
– Oba!
Acendi o forno e coloquei a carne, terminei de montar as verduras nas taças e salteei os camarões na manteiga, transferindo-os depois paras taças e acrescentando o molho.
– Isso ficou bonito. – Danilo elogiou, me fazendo sorrir.
– Isso é uma saladinha para entrada. – expliquei servindo-o.
– Saladinha é apelido, né? Isso é muito mais requintado que o alface e tomate do meu almoço de todo dia. – Ele falou antes de abocanhar a primeira garfada.
Fiquei observando-o comer. Se existe algo mais prazeroso para um chef do que ver alguém saboreando sua comida, não conheço. A sensação de ver nos traços de outra pessoa satisfação de sentir aquele sabor, era indescritível.
– Essa é definitivamente a melhor salada que já comi na minha vida! E antes que você não acredite, posso jurar.
– Não precisa jurar, exagerado! – sorri.
– Ah, então nisso você acredita? Mas quando eu disse que você estava linda não vi essa reação.
– É diferente.
– Nada disso, por favor, acredite no que eu disser.
– Se gostar de algo, vai dizer?
– Depois dessa salada acho difícil não gostar de algo feito por você, mas sim, farei o sacrifício de dizer a verdade.
– Bom saber!
Deixei-o saborear a salada e comecei o preparo do risoto que acompanharia o filé, que ficou pronto segundos antes do timing do forno disparar. Conferi a carne e vi que estava ao ponto. Despachei o Danilo para mesa de jantar e fui montar os pratos. Quando eu estava servindo, a Leila voltou com a Nina. Pedi que ela desse o banho da bebê e vestisse o pijama, e depois descesse para jantar. Coloquei o prato do Danilo na frente dele e apresentei enquanto tirava o avental:
– Filé ao molho cítrico acompanhado de risoto de abóbora com castanhas.
– O que é isso? – apontou para flor que estava na decoração.
– É uma flor comestível, mas se não quiser arriscar não precisa comer.
– E eu vou perder essa oportunidade? Nunca comi uma flor na vida! – falou empolgado. Eu gargalhei e sentei para comer. Aliás, percebi que estava gargalhando muito. Olhei para garrafa e vi que já havíamos bebido mais da metade. O Danilo comia em completo silêncio, queria não perguntar nada, mas não aguentei o suspense:
– E aí? Dá para comer?
Ele fez sinal com a mão para que eu esperasse, e depois de mais uma garfada ele perguntou:
– Posso ser sincero?
– Deve.
– Puta que pariu! – ele esbravejou e me pegou de surpresa – Me desculpe o termo, mas isso aqui está bom demais, Mariana!! Se você abrisse um restaurante e me cobrasse uma fortuna por esse prato pode apostar que eu iria à falência!
– Como você está exagerado, Danilo!
– Exagerado? Você só pode estar brincando! Eu exijo mudar os termos do contrato de venda da casa! Quero que você me pague com comida, porque depois de provar essa maravilha aqui, nunca mais vou me contentar com o almoço de todo dia do delivery. É impossível voltar a comer aquilo que eu chamava de almoço.
– A TV está perdendo um talento! – brinquei – Você quer mais?
– Por favor. – ele pediu e me acompanhou até a cozinha. Estávamos terminando de comer quando a Leila desceu com a Nina, fiquei na sala conversando com o Danilo, dando o leite da Nina enquanto a babá jantava, depois pedi licença e o deixei vendo TV e subi para colocar minha filha para dormir.
Ela demorou uns vinte minutos para pegar no sono, então liguei a babá eletrônica e desci. A Leila se despediu e foi para casa dela, e eu fui montar e buscar a sobremesa que eu havia feito pela manhã. Fiz rapidinho uma calda de chocolate quente para complementar e comemos na sala.
– Se eu soubesse que seria tão bom tinha trazido uns potes para levar a sobra. – Danilo brincou me fazendo sorrir – Fazia tempo que eu não te via tão bem. Não sei se é o trabalho, que está te ajudando a ocupar a mente, ou a terapia, ou se foi o fato de ter finalmente se mudado para sua casa, mas você parece outra pessoa, Mari.
– Acho que foram as três coisas. O tempo ajuda, claro, o trabalho e a minha terapia também. Eu sempre achei que se um dia eu me separasse do Léo eu não ia sofrer, sabe? Depois do que... – calei ao perceber que eu ia falar do nosso relacionamento passado.
– Depois...? – Danilo insistiu.
– Deixa para lá...
– Não, não deixo. Você pode conversar sobre qualquer coisa comigo.
– Até sobre a gente? – sondei.
– Até sobre a gente. – ele respondeu de boa.
– Acho que nunca conversamos sobre nosso relacionamento de uma maneira madura.
– Não... Até porque não éramos maduros... e a ferida ficou muito tempo aberta. Hoje é diferente. Termina o que você estava dizendo.
– O final do nosso namoro me machucou demais, Danilo. – Confessei, e ele assentiu.
– A nós dois.
– E quando superei, me senti forte e acreditei que jamais nenhuma relação fosse me fazer sentir daquela forma. Tão incompleta. Foi assim que eu me senti quando você escolheu aquela namorada ao invés de mim. – Admiti. – Incompleta e abandonada. Doeu muito. Eu me perguntava todos os dias o que eu não tinha, principalmente porque você dizia que me amava, mas que eu te machucava demais, e preferia a segurança que ela te dava. Só que o Léo apareceu. E eu me apaixonei por ele, mesmo achando que nunca mais fosse conseguir me apaixonar. E o que eu sentia era incrível. Meu amor por ele era diferente. Mais independente. Mais seguro. Eu sentia que, talvez um dia, se não desse mais certo e nós seguiríamos caminhos opostos numa boa. Acho que era assim que você se sentia com a sua ex, seguro, tranquilo.
– Mas não foi assim, né? Não foi fácil perdê-lo. – Ele presumiu.
– Não, não foi. Eu continuei me sentindo independente, mas a diferença é que nós não escolhemos nos separar. Foi a morte que separou a gente. E de forma repentina. Então, vi o meu marido morrer, e com ele todos os nossos sonhos e planos. Eu me senti completamente desgarrada, como se eu flutuasse no ar e não conseguisse pôr os pés no chão de novo. E via todo mundo caminhar e seguir a vida, e parecia que a minha estava parada porque eu não conseguia voltar para o lugar.
– E agora você acha que está de volta ao chão?
– Sim. – Admiti sorrindo – No começo parecia errado, sentia culpa por querer sair daquele sofrimento, mas na terapia percebi que não tinha motivo para sentir culpa, e sei que o Léo gostaria que eu seguisse a minha vida. Se fosse o contrário, ia querer isso, que ele fosse feliz, mesmo sem mim.
– É bom te ver assim. Não sei se cabe aqui um pedido de desculpas pelo nosso término, afinal, já faz tanto tempo. Mas gostaria de me desculpar mesmo assim. Pelo jeito horrível como terminamos. Pelo fato de ter te beijado a força lá na casa da mamãe, pelas provocações com o Leonardo, e pelo papelão às vésperas do casamento. Eu fui um completo idiota no nosso relacionamento, principalmente quando ele acabou.
– Foi mesmo! – Não consegui não fazer piada. – Mas já passou. Desejei esse pedido muitas vezes, mas agora, ele não faz mais sentido. Não tenho mágoas de você, tenho gratidão. Fico satisfeita por conseguirmos manter uma relação amistosa, torna tudo mais fácil até pra nossa família, que não precisa mais disfarçar o climão.
– Você tem razão em ter esperado essa atitude de mim... Mas eu imaginava que você me odiava. Achava que viraria o rosto pra mim, se me visse em algum lugar. E fui covarde, preferi o silêncio.
– Ódio é uma palavra muito forte, Danilo. Passei muito tempo com raiva, não vou mentir. Mas a distância ajudou muito. Esses anos em Madrid, mudaram a minha vida. Deixei muita coisa pra trás, inclusive... – Parei aí. Percebi o quanto ficaria chato se continuasse.
– ...Inclusive a mim. – Ele pegou no ar.
– É, não tenho como voltar atrás nessa frase. Não me leve a mal, mas foi isso mesmo.
– Tudo bem. Eu entendo, de verdade. No fundo, eu tinha noção do quanto tinha te magoado. Por isso fiz questão de estar naquele almoço de boas vindas, quando vocês voltaram, pra tentar reparar de alguma forma meu comportamento imaturo, pra tentar ser um bom primo, já que fui um traste como namorado. E aí tive a estúpida ideia daquela viagem. Quando eu pensava que poderia me redimir, acontece aquele acidente horrível e tira da sua vida a pessoa que te curou das feridas que eu fiz. Se eu já me sentia um merda por tudo, depois daquilo então...
– Em nenhum momento senti raiva de você pelo acidente, Danilo. Acredite em mim. E hoje, tenho provas concretas que era a hora do Léo, isso iria acontecer de qualquer forma. E eu acho que o Léo também sentia isso, o fato dele ter feito o seguro de vida alguns meses antes, certeza que, de alguma forma, ele queria deixar a mim e a Nina seguras.
– Como assim provas concretas?
– Quem sabe eu te conto um dia.
– Tudo bem. Vou esperar. – sorrimos um para o outro e ficamos num silêncio confortável, onde palavras não se faziam necessárias. Até que ele decidiu que era hora de ir para casa.
– Não quer mais sobremesa? Ainda tem lá dentro.
– Hoje não cabe mais nada. – Falou colocando a mão no abdômen. Bem mais reto do que quando a gente namorava, observei e sacudi a cabeça para tirar a imagem do corpo do Danilo da minha cabeça.
– O que foi? – Ele indagou.
– O que foi o que?
– Por que você me olhou e balançou a cabeça?
– Eu balancei a cabeça? Não percebi.
– Então por que você está vermelha? – Perguntou sorrindo.
– Não estou vermelha, Danilo! Me dá essa taça aqui, deixa eu levar para pia.
Ele segurou o meu braço e levantou do sofá, me olhando nos olhos. Minha respiração acelerou e comecei a achar que a gente estava perto demais.
– Te ajudo com as louças. – Ele finalmente disse. Fiquei tão surpresa com a minha reação que não tive condições de recusar.
Ele lavou a louça e eu enxuguei e guardei tudo, e acabamos combinando um passeio ao zoológico no dia seguinte....
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Capítulo novo postado! Êêê! Agora, continua aí que ainda vem notícia boa!
Uma das coisas que atrapalhou bastante o andamento do livro, foi um livro de contos que eu estava preparando com a Tânia, que já está lindjão na Amazon!! São três contos da @TâniaPicon e dois inéditos meus. Coisa fofa, com muito amor, carinho e felicidade, porque o mundo está precisando disso!! Então, quem quiser adquirir o seu, é só procurar Ano Novo, Vida Nova e outros contos na amazon.com.br. Você pode comprar e ler no kindle, ou pode baixar o aplicativo de leitura do kindle (DE GRÁTIS!!!! =))0800) no Iphone, Ipad, e pc e em seguida baixar o livro. Facinho! Qualquer dúvida só chama a tia Diras por aqui, pela página doFace (Indira Arrais), pelo Instagram (dira_arrais) ou que a gente resolve a treta.
Coisas lindjas de Deus, tem mais novidadinha! Novo Horizonte e Confissões de Heloísa também estão na Amazon!!
Vocês vão amar!!
Ah, a Tânia está com outros livros lá, maravilhosos por sinal: Perdendo o Controle; Abrindo a Porta; Maravilhas de Alice, Desde que você nasceu e Amor, raiva e dois balanços. Quem quiser e puder comprar, não vai se arrepender.
E quem quiser conversar com essa pessoa lunática que vos fala, é só me adicionar aí em qualquer dessa redes (endereço mais em cima para você que é ansioso e pulou o recadinho da tia) e a gente bate um papo, filosofa, fala da vida alheia, e da nossa também, troca dicas de livros, conselhos amorosos, simpatia pra arrumar marido, receita de bolo, inveja a Angelina Jolie, deseja o marido da Fernanda Lima, e essas coisas todas. Beijo, me liga!
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